Liverpool lidera, mas Manchester United e Barcelona precisam fazer melhor: a avaliação do mercado dos gigantes da Europa

O Bayern de Munique está em boa forma no campo, mas parece estar em completo desarranjo fora dele - e uma janela de transferências caótica é o motivo.

O diretor esportivo, Max Eberl, ou fez uma bagunça na estratégia de contratações, ou foi prejudicado pelas restrições financeiras impostas a ele pela diretoria. Seja qual for a verdade, é claro que, como Eberl admitiu, "o elenco do Bayern está muito curto" para uma equipe com aspirações de vencer tanto a Bundesliga quanto a Liga dos Campeões.

As partidas de Kingsley Coman, Thomas Müller, Leroy Sané, Eric Dier e João Palhinha fazem sentido de forma isolada, mas não quando comparadas à quantidade - e qualidade - das chegadas.

Como Luis Díaz já está provando, ele adicionará muito ao ataque do Bayern (mesmo custando mais do que deveria), enquanto Jonathan Tah representa uma transferência gratuita fantástica. No entanto, concordar em pagar ao Chelsea uma taxa de empréstimo de € 16,5 milhões (R$ 105 milhões) por Nicolas Jackson, bem como aceitar uma opção de compra por € 64 milhões (R$ 408 milhões), é um indicativo do nível ridiculamente alto de desespero que tomou conta dos bávaros durante os últimos dias da janela de transferências.

Vincent Kompany tem indiscutivelmente um time titular muito forte, capaz de enfrentar qualquer das principais equipes da Europa, mas o belga claramente está desfalcado em áreas-chave; e os problemas no nível do conselho, juntamente com a forma como o Bayern perdeu seus principais alvos, Florian Wirtz e Nick Woltemade, também foram fatores que colocaram os alarmes da Allianz Arena para tocar. 

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O Barcelona continua sendo um clube que tenta desesperadamente voltar ao equilíbrio após a desestabilização causada por anos de má gestão financeira. Consequentemente, a janela dos catalães seria mais sobre se livrar de jogadores indesejados do que de contratar novas estrelas. Nesse contexto, os Culés foram razoavelmente bem, já que acabaram fazendo mais dinheiro (€ 37 milhões) do que gastaram (€ 29 milhões).  

Claro, o Barça realmente não precisava de um goleiro, mas Hansi Flick queria um - então o diretor esportivo Deco merece crédito por aproveitar a cláusula de rescisão extremamente baixa no contrato de Joan Garcia, com o Espanyol (€ 29 milhões), para contratar um dos melhores jovens goleiros da La Liga. Os € 3 milhões gastos no jovem dinamarquês Roony Bardghji também podem acabar parecendo uma pechincha em alguns anos.

No entanto, não se pode negar o fato de que acabar com Marcus Rashford depois de perseguir Nico Williams e Luis Díaz é seriamente decepcionante. Perder Williams foi particularmente doloroso, já que o espanhol estava ansioso para se mudar para a Catalunha. No entanto, ele compreensivelmente desistiu da transferência após o Barça se recusar a inserir uma cláusula em seu contrato que lhe permitiria sair se o clube não conseguisse registrá-lo na La Liga. 

Em outro duro golpe para os catalães, Iñigo Martinez foi para o Al-Nassr, fazendo o Barça cumprir a promessa de que liberaria o defensor veterano se ele recebesse uma oferta lucrativa da Arábia Saudita. Como resultado, Flick perdeu uma das figuras-chave do time que venceu, na última temporada, três títulos nacionais, por absolutamente nada.

Então, enquanto o treinador alemão ainda tem alguns dos jogadores mais empolgantes do mundo à sua disposição, seu elenco realmente não está mais forte do que há um ano atrás. 

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O Paris Saint-Germain, sem surpresa, optou por não fazer mudanças radicais no elenco que venceu a tríplice coroa na temporada passada. No entanto, Luis Enrique teve dois pedidos.

Primeiro, ele queria outro zagueiro forte e com boa saída de bola para fornecer cobertura a Willian Pacho e Marquinhos, e Illia Zabarnyi certamente se encaixou nesse perfil.

Em segundo lugar, e de forma muito mais significativa, o treinador pediu um novo goleiro. Gigi Donnarumma pode ter sido extremamente importante para o triunfo do PSG na Liga dos Campeões, mas Luis Enrique nunca esteve satisfeito com a distribuição de bola do italiano.

Consequentemente, ele tomou a decisão controversa de dispensar Donnarumma em favor de Lucas Chevalier, ex-Lille, que é muito mais adequado ao papel de goleiro líbero. No entanto, o fato de Donnarumma ter sido prontamente contratado pelo Manchester City significa que este é um negócio que provavelmente será analisado durante toda a temporada. 

Ainda assim, Luis Enrique está justamente satisfeito com sua situação atual. Olhando para a janela de transferências como um todo, talvez a única decepção do ponto de vista do PSG seja o fracasso na transferência permanente de Randal Kolo Muani para a Juventus, fazendo com que os atuais campeões europeus aceitassem uma oferta de empréstimo do Tottenham para mantê-lo fora do elenco por mais uma temporada.

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O Manchester United obviamente ainda está contando o custo de mais de uma década de transferências terríveis, então vai demorar algum tempo antes que eles voltem a competir por grandes títulos. No entanto, algum progresso foi feito - pelo menos no mercado de transferências.

O United conseguiu encontrar novos lares para os pontas que queriam sair, Alejandro Garnacho (Chelsea) e Antony (Real Betis), enquanto devem se livrar oficialmente de Rasmus Højlund no próximo verão, já que o empréstimo do atacante dinamarquês ao Napoli se tornará permanente se os italianos se qualificarem para a Liga dos Campeões na próxima temporada - o que devem fazer facilmente.

Os ex-atacantes da Inglaterra, Marcus Rashford e Jadon Sancho, também foram removidos da folha de pagamento, mas apenas por um ano, e realmente não seria surpresa vê-los de volta a Old Trafford no final da campanha de 2025/26.

Ainda assim, todas as saídas colocaram o United em uma posição para reformular seu ataque, o que eles fizeram com as contratações de Matheus Cunha, Bryan Mbeumo e Benjamin Šeško - embora o trio tenha conseguido apenas um gol na Premier League até agora, e Šeško parece preocupantemente sem preparo físico e confiança.

Além disso, o United não fez nada para resolver seus problemas evidentes no meio-campo (além de manter Kobbie Mainoo contra a vontade dele) e eles realmente precisam do inexperiente belga de 23 anos Senne Lammens para resolver seu caro problema de goleiro.

Resumindo, pode ser outra temporada de testes para os torcedores de Old Trafford, cuja paciência já está sendo testada há tempos por Ruben Amorim e seu dogma tático.

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Este verão tem sido uma verdadeira montanha-russa para os fãs do Spurs. Como se ver o Nottingham Forest bloquear a mudança de Morgan Gibbs-White para o norte de Londres não fosse ruim o bastante, o Tottenham então sofreu a amarga vergonha de perder Eberechi Eze para seus rivais mais odiados, o Arsenal, no último minuto.

No entanto, a janela terminou muito bem para o técnico Thomas Frank, que viu uma linha de ataque afetada por lesões ser reforçada pelas chegadas tardias de Xavi Simons e Randal Kolo Muani.

Considerando que Mohammed Kudus já parece ser uma excelente contratação, o Spurs de repente parece bem reforçado no ataque. No entanto, a melhor contratação do Tottenham pode ser João Palhinha, a máquina portuguesa de recuperação de bolas que chegou por empréstimo do Bayern de Munique.

Se há uma área a ser preocupada, é na defesa, onde o Spurs parece um pouco desprotegido, mas os torcedores estarão bastante ansiosos para o restante da campanha.

As limitações ofensivas da equipe podem ter sido expostas pelo Bournemouth no fim de semana, mas Frank tem um histórico comprovado de melhorar jogadores, então seria uma surpresa se ele não conseguisse extrair o máximo de Simons e Kolo Muani, dois talentos internacionais que não faltarão com motivação com a Copa do Mundo cada vez mais próxima.  

O Manchester City precisava desesperadamente que sua janela da metade do ano fosse muito mais bem-sucedida do que a do início. Dos cinco jogadores adicionados ao plantel principal em janeiro, a um custo combinado de £ 180 milhões (R$ 1,32 bilhões), apenas Omar Marmoush até agora causou uma impressão positiva no Etihad.

Tijjani Reijnders, Rayan Cherki e Rayan Aït-Nouri, que chegaram agora, definitivamente têm potencial para se provarem contratações inteligentes, embora ainda reste ver se eles são capazes de recolocar o City no topo.

A decisão de efetivamente substituir Ederson por Gigi Donnarumma também levantou sobrancelhas por alguns motivos. Primeiro, o City já havia contratado James Trafford, do Burnley. Em segundo lugar, o italiano foi descartado pelo Paris Saint-Germain porque Luis Enrique queria um goleiro mais adequado para jogar com a bola desde a defesa, o que é uma característica do plano de jogo de Guardiola — logo, a chegada do italiano marcou uma certa contradição com os princípios futebolísticos dos ingleses.

Um bom dinheiro foi arrecadado com a venda de jogadores como James McAtee e Maximo Perrone, mas não se pode deixar de perguntar se parte desses fundos não deveria ter sido direcionada para contratar um lateral-direito adequado, enquanto a decisão de dispensar Jack Grealish não está refletindo particularmente bem para Pep no momento.

É justo dizer, então, que os movimentos do City na janela - assim como seu pobre início na nova temporada da Premier League - trouxe mais perguntas do que respostas.

Foi uma janela intrigante no Santiago Bernabéu. O técnico Xabi Alonso a chegada mais notável do Real Madrid, que não trouxe nenhuma superestrela e concentrou-se principalmente em reformular sua defesa.

O zagueiro espanhol Dean Huijsen se juntou tardiamente aos Merengues após rejeitar o clube quando era mais jovem; o lateral esquerdo do Benfica, Álvaro Carreras, também chegou em Madri; e Trent Alexander-Arnold, craque do Liverpool, se transferiu pouco antes do Mundial de Clubes — com o detalhe de que o Real Madrid estava tão ansioso que pagou € 10 milhões para contratá-lo um mês antes da expiração de seu contrato com os Reds.

Alexander-Arnold é obviamente um jogador fascinante, capaz de adicionar uma dimensão diferente ao time de Xabi, mas sua principal preocupação deve ser apenas provar ser uma opção melhor na lateral direita do que Dani Carvajal. Os primeiros sinais são, no entanto, de que Franco Mastantuono pode facilmente se tornar uma grande estrela na Espanha, com o cria da base do River Plate impressionando em suas primeiras aparições no Bernabéu.

No entanto, persistem dúvidas sobre a força do meio-campo, área na qual o Real foi exposto por Barcelona e Arsenal na última temporada. O futuro de Aurélien Tchouaméni é incerto, e os Merengues continuam à procura de um sucessor digno de Toni Kroos.

Foi mais uma janela insana em Stamford Bridge, onde a política de contratações em massa continua a todo vapor. Para ilustrar o ponto, o Chelsea gastou mais de £ 300 milhões (R$ 2,2 bilhões) em novos jogadores, mas arrecadou praticamente a mesma quantia em vendas. 

Das novas contratações mais notáveis, João Pedro já parece uma compra fantástica, após começar com o pé direito no Mundial de Clubes, e o compatriota brasileiro Estevão Willian rapidamente se tornou um favorito dos torcedores no oeste de Londres.

O versátil Jorrel Hato também deve ser uma opção muito útil na defesa, mas é realmente difícil entender por que o Chelsea está tão preocupado em contratar tantos jogadores com um padrão semelhante, com Jamie Gittens e Alejandro Garnacho, ambos pontas, tendo vestido a camisa dos Blues neste verão europeu. 

Por outro lado, o Chelsea conseguiu se livrar de quase todos os membros que buscavam descartar, exceto Raheem Sterling, que continua sendo um enorme peso na folha salarial do clube.

A forma como o Chelsea trata os jogadores como mercadorias pode irritar muitas pessoas, mas dando o devido reconhecimento, eles são de fato os melhores vendedores do mercado, como mais uma vez demonstraram ao ganhar mais de £ 20 milhões (cerca de R$ 150 milhões) por jogadores como Carney Chukwuemeka, Armando Broja e Renato Veiga, além de convencer o Arsenal a desembolsar quase £ 50 milhões (aproximadamente R$ 370 milhões) por Noni Madueke.

Os Blues podem ter uma abordagem louca no mercado de transferências, mas este modelo está claramente funcionando para os atuais campeões mundiais.

O Arsenal tem clamado por um artilheiro há anos. Agora, finalmente conseguiram um, com os Gunners trazendo Viktor Gyökeres, que marcou incríveis 97 gols em 102 jogos pelo Sporting CP.

Mas a equipe não parou por aí. O ataque também foi reforçado com a adição do empolgante Eberechi Eze, enquanto Noni Madueke deve oferecer uma boa - e muito necessária - cobertura para o propenso a lesões Bukayo Saka na ponta direita.

No meio-campo, Christian Nørgaard é uma contratação muito sensata, mas Martín Zubimendi é o potencial divisor de águas, uma melhoria significativa em relação a Thomas Partey, que deveria ter dado o apoio necessário a Declan Rice.

Enquanto isso, a chegada da dupla versátil Cristhian Mosquera e Piero Hincapie significa que o técnico Mikel Arteta tem uma quantidade invejável de profundidade na defesa. De fato, pode-se facilmente argumentar que o espanhol agora possui o elenco mais forte da Inglaterra.

A desvantagem, no entanto, é que o Arsenal fez apenas £ 13 milhões (R$ 95 milhões) em vendas, resultando em um gasto líquido ainda maior do que o do Liverpool, então nada menos do que um triunfo na Premier League ou na Liga dos Campeões será suficiente nesta temporada.  

Uma janela recorde e quase impecável do Liverpool, que aproveitou ao máximo sua posição de força financeira e esportiva sem precedentes.

Enquanto os acordos para Jeremie Frimpong e Milos Kerkez estavam em andamento há algum tempo (a chegada do primeiro foi oficialmente confirmada no mesmo dia em que Trent Alexander-Arnold partiu formalmente para o Real Madrid), os campeões da Premier League fizeram sua primeira grande compra ao superar Bayern de Munique e Manchester City para assinar com Florian Wirtz, do Bayer Leverkusen, por um valor inicial de £ 100 milhões (R$ 735 milhões).

Depois, realizaram o cheque-mate ao interceptar a movimentação do Newcastle por Hugo Ekitiké, e posteriormente retirar o astro sueco, Alexander Isak, dos Magpies.

A única decepção foi perder Marc Guéhi, com o Crystal Palace interrompendo a transferência do defensor para Anfield no último momento, razão pela qual negamos ao Liverpool a nota máxima aqui. No entanto, não importa o que aconteça a partir daqui, este foi o verão mais notável na história dos Reds - principalmente porque eles cobriram bem mais da metade de seus gastos históricos com vendas de jogadores.

Foi um trabalho verdadeiramente notável do clube mais bem administrado da Inglaterra - e, possivelmente, da Europa.