Prolonguem a carreira de Lionel Messi: Inter Miami está certo em proteger o astro da Argentina

O Inter Miami esgotou os ingressos para todos os seus jogos em casa e fora da temporada da MLS de 2024 já em novembro, apesar de os preços dos assentos em certas áreas de seu estádio terem dobrado em relação à campanha anterior. De acordo com o The Athletic, o clube agora vale mais de US$ 1 bilhão, tendo valor disparando em US$ 400 milhões após a chegada de Messi, no meio do ano passado. Mais, seu acordo inovador de compartilhamento de receitas com a Apple provocou um aumento maciço na audiência da MLS.

A 'Messimania' tomou conta dos Estados Unidos, com astros de outros esportes, como LeBron James e Novak Djokovic, aparecendo para ver o mágico baixinho em ação, junto com celebridades como Leonardo DiCaprio, Kim Kardashian, Halle Berry e Selena Gómez. Porém, embora Messi tenha em grande parte sido capaz de dar aos torcedores o valor gasto em seus ingressos, muitos ainda têm expectativas irreais.

Além de seus compromissos com a MLS, o Miami defenderá o título da Leagues Cup, conquistado principalmente graças ao brilhantismo de Messi, e terá que competir na US Open Cup e na CONCACAF Champions Cup. A equipe de Tata Martino, é claro, está tentando vencer tudo, mas aproveitará qualquer oportunidade para descansar Messi para que ele esteja disponível nos jogos mais importantes, independentemente de qualquer possível reação negativa.

Miami embarcou em uma aguardada turnê de quatro jogos pela Ásia, que se estendeu de janeiro a fevereiro, sendo a atração principal, mas a tentativa de expandir seu império rapidamente se transformou em um desastre de relações públicas quando ele foi diagnostica com uma lesão muscular. Ele participou dos dois primeiros jogos no Oriente Médio, contra Al Hilal e Al Nassr, entrando em campo apenas nos últimos sete minutos do segundo confronto, mas nem sequer ficou no banco em um amistoso seguinte, contra uma equipe de estrelas de Hong Kong, o que causou uma revolta.

David Beckham, coproprietário do Miami e que desempenhou um papel fundamental em atrair Messi para os Estados Unidos, tentou aplacar a multidão de 40 mil pessoas após a vitória de sua equipe por 4 a 1, agradecendo-lhes pela hospitalidade, mas teve sua voz abafada por vaias. O governo de Hong Kong posteriormente pediu uma explicação aos organizadores sobre por que Messi não jogou.

Martino deu sua própria versão falando com a imprensa, explicando a também ausência de Luis Suárez, também contundido. "Essa decisão foi tomada em conjunto com a equipe médica. Corremos o risco de agravar suas lesões e é por isso que eles não puderam participar do jogo", disse ele. "Pedimos desculpas, mas espero que vocês possam entender que, se tivéssemos a chance de mandá-los a jogo por um tempo, teríamos feito. Mas estávamos correndo "sérios riscos" e é por isso que, junto com a equipe médica, tomamos essa decisão."

Messi entrou em campo nos últimos 30 minutos do último jogo da turnê do Miami, contra o Vissel Kobe, mas isso só serviu para gerar mais polêmica. O jornal chinês Global Times afirmou que sua participação em Tóquio "aumentou as dúvidas e suspeitas sobre a integridade do Inter Miami e do próprio Messi", antes de os organizadores anunciaram reembolsos de 50% para os fãs que haviam comparecido à partida, sob a expectativa de assistir ao argentino, conforme previamente anunciado.

O pedido de desculpas de Martino deveria ter sido mais do que suficiente. O Miami protegeu seu ativo mais valioso em vez de potencialmente comprometer suas chances de estar pronto para o início da temporada da MLS, e esse tipo de lealdade poderia ser muito benéfico para prolongar sua carreira.

A abordagem cautelosa do Miami deu resultado, pois Messi inicialmente produziu uma série de performances brilhantes para levar a equipe de Martino ao topo da Conferência Leste. No entanto, ele perdeu os últimos quatro jogos da MLS devido aos seus problemas musculares persistentes. O ex-atacante do Barcelona também teve que ficar de fora dos amistosos de março da Argentina, contra El Salvador e Costa Rica. "A lesão de Messi deve ser tratada semana a semana, e a avaliaremos. O que está claro é que há um objetivo com ele, que é jogar nas quartas de final da CONCACAF", explicou Martino.

Miami enfrentará o Monterrey no primeiro jogo das quartas de final da Champions Cup, nesta quarta-feira (03), e, se tudo correr bem, Messi estará de volta ao time titular. Como o técnico mencionou, esta é uma experiência de aprendizado para o clube e o próprio jogador, que historicamente foi capaz de evitar grandes contratempos de lesão.

Uma das principais razões pelas quais Messi conseguiu conquistar tantos troféus e Bolas de Ouro no Barcelona foi por causa de como ele cuidava cuidadosamente de seu corpo. Ele também conseguiu adaptar seu estilo de jogo ao longo dos anos, passando de ala dinâmico para falso nove nas fases iniciais de sua carreira, antes de se tornar mais um meia, aos 30 anos e, finalmente, abraçar um papel semelhante ao de um quarterback.

Muito tem sido feito sobre quanto Messi anda em campo desde sua transição para essa fase final, mas é apenas uma tática para conservar energia, para que ele possa explodir nos momentos oportunos e ter um impacto decisivo no terço final do campo. E mesmo agora, não há outro jogador no futebol mundial que dê mais gosto de se assistir, em boa forma.

"Isso é o que eu estava procurando quando tomei a decisão com minha família: aproveitar mais uma vez, como tenho feito ao longo de toda minha carreira, após dois anos difíceis, a verdade é que passamos por momentos difíceis [no Paris Saint-Germain]", disse Messi em uma entrevista à ESPN , em agosto. "Mas, por sorte, estamos em um lugar onde estamos felizes não apenas pelos resultados em campo, mas pela vida cotidiana com minha esposa, meus filhos, nosso estilo de vida e a forma como passamos nosso tempo. A verdade é que estamos aproveitando muito este momento".

Muito tem sido falado sobre os decepcionantes dois anos de Messi no PSG, e esta não foi a primeira vez que ele falou sobre suas dificuldades na capital francesa, mas certamente não pode ser considerado um completo fracasso. Messi conquistou dois títulos consecutivos da Ligue 1 e acumulou 32 gols e 27 assistências em 75 partidas, apesar de nunca ter se estabelecido completamente no Parque dos Príncipes, e também liderou a Argentina para o terceiro título da Copa do Mundo.

Ele resolveu o eterno debate sobre o maior de todos os tempos na Copa do Mundo do Qatar de 2022, garantindo sua oitava Bola de Ouro como consequência. Messi fez a escolha certa ao se mudar para os Estados Unidos, onde agora tem a mistura ideal entre futebol e vida familiar e a liberdade para jogar no seu próprio ritmo.

Não há absolutamente nenhuma dúvida de que Messi ainda poderia estar jogando no mais alto nível na Europa. Um retorno ao Barcelona estava em pauta antes de sua mudança para a MLS, assim como uma ida ao Manchester City ou à Inter de Milão, mas alcançar longevidade e paz de espírito eram seus principais objetivos.

Miami assinou com Messi um contrato de dois anos e meio com a opção de mais um ano, o que poderia mantê-lo na Flórida até o final de 2026, após o Canadá, México e Estados Unidos sediarem a Copa do Mundo. Depois do Qatar, Messi deu a entender que estava próximo de se aposentar do futebol internacional, mas ingressar no Miami mudou tudo, e é totalmente possível que ele ainda possa ter uma última despedida no palco global.

Messi estará na linha de frente da Argentina nesta Copa América, que será disputada nos Estados Unidos, e ninguém ficaria surpreso se ele levasse a equipe de Lionel Scaloni a um terceiro troféu consecutivo. À medida que o jogo continua a se tornar mais uma questão tática e os técnicos se envolvem na escolha das formações mais eficientes, exigindo que até mesmo seus jogadores mais talentosos se restrinjam a papéis muito específicos, verdadeiros 'rebeldes' no molde de Messi estão se tornando cada vez mais raros.

O futebol ainda precisa de Messi por esse motivo. A próxima geração deve aspirar a se expressar livremente, como ele fez durante a maior parte dos últimos 20 anos, em vez de se obcecar com as complexidades do jogo que parecem estar sempre aumentando.

Messi faz com que tudo em campo pareça simples, e toda vez que ele joga, haverá pelo menos um momento em que ele faz algo para fazer seu queixo cair. É emocionante de assistir, e seu gênio deve ser valorizado o máximo possível.

Ele não tem nada a provar a ninguém neste estágio, mas ainda consegue evocar a mesma resposta emocional especial, porque ele continua sendo um mestre em sua arte. E somente quando Messi finalmente parar de jogar e não houver ninguém para ocupar seu lugar é que a verdadeira magnitude de seu talento será compreendida.

Messi sempre foi um vencedor nato, um homem que tantas vezes assumiu o controle dos jogos quando sua equipe estava em situações difíceis. Mudar para a MLS não mudou isso.

"Os número um mantêm ao longo de toda a sua carreira a maneira como competem e o desejo de vencer, independentemente de onde joguem," disse Martino, no início deste mês. "Isso é uma grande característica dele. Hoje ainda vejo da mesma forma que na primeira vez em Barcelona, o desejo de ir atrás de tudo o que aparece em seu caminho".

O Inter Miami não é o lugar que Messi escolheu para se encaminhar para a aposentadoria. Ele quer viver mais um capítulo repleto de troféus e aprimorar seu legado elevando o perfil da principal competição dos Estados Unidos.

Mas, acima de tudo, ele apenas quer aproveitar jogar futebol. Quer seguir fazendo o que faz de melhor. E o Miami está fazendo tudo ao seu alcance para criar o ambiente perfeito para isso.

Beckham e companhia estão trabalhando para preservar o ativo mais valioso do futebol, e não importa se isso envolve superprotegê-lo de vez em quando. Nunca haverá outro Messi, e todos nós devemos apenas ser gratos por ele estar em um clube que compreende plenamente o quão especial ele é.