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Barcelona stay humble GFXGOAL

A lição de humildade que a derrota para o PSG ensina a Lamine Yamal e Pedri no Barcelona

Lamine Yamal fez questão de criar expectativa para seu retorno à escalação do Barcelona no duelo da Liga dos Campeões contra o Paris Saint-Germain, na última quarta-feira, no Estadi Olímpic Lluís Companys. O jovem de 18 anos publicou em sua conta no Instagram um trecho do filme O Advogado do Diabo, em que o personagem de Al Pacino, John Milton, fala sobre os efeitos da pressão: “Algumas pessoas, quando pressionadas, se concentram; outras desabam. Você consegue invocar o seu talento quando quiser? Cumprir um prazo? Dormir à noite?”

Em seguida, Yamal postou uma foto sua na conquista da Euro 2024 pela Espanha, acompanhada das palavras: “Pressão? Estou de volta, e a missão também está de volta.” A missão em questão era a tentativa do Barcelona de provar que é o melhor time da Europa — algo que seu companheiro de equipe, Pedri, insistiu que eles já eram, na véspera do jogo contra o PSG.

É claro que não há nada de errado em ter autoconfiança; pelo contrário, ela é absolutamente essencial no mais alto nível do esporte. Mas há uma linha tênue entre confiança e arrogância, e o problema de falar demais é que isso pode te fazer parecer ridículo se você não corresponder em campo. A quarta-feira foi um exemplo perfeito disso.

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  • FC Barcelona v Real Sociedad - LaLiga EA SportsGetty Images Sport

    Barcelona empolgado

    É perfeitamente compreensível por que o Barcelona estava de ótimo humor antes da visita do PSG.

    Depois de vencer o Real Madrid quatro vezes durante a conquista da tríplice coroa nacional na temporada passada, o time havia iniciado a defesa do título de LaLiga de forma invicta, somando 19 pontos em 21 possíveis e ocupando a liderança após sete rodadas. Ao mesmo tempo, também havia começado bem sua campanha na Liga dos Campeões, com uma impressionante vitória por 2 a 1 sobre o Newcastle em um eletrizante St. James’ Park.

    E tudo isso foi alcançado mesmo sem poder contar, por quatro partidas em todas as competições, com Yamal — seu mais brilhante talento ofensivo. Assim, mesmo com as ausências contínuas de Raphinha e do goleiro Joan Garcia, o Barcelona chegava em boas condições para o confronto de meio de semana no Montjuïc — o que não se podia dizer de seus adversários.

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  • FC Barcelona v Paris Saint-Germain - UEFA Champions League 2025/26 League Phase MD2Getty Images Sport

    O recado do PSG ao mundo

    Sabíamos com bastante antecedência que o PSG estaria sem seu capitão (Marquinhos) e toda a sua linha de ataque titular (Ousmane Dembélé, Khvicha Kvaratskhelia e Désiré Doué) para o jogo na Catalunha. No entanto, o time também teve que lidar com a ausência de um meio-campista fundamental, João Neves, que se lesionou durante o aquecimento.

    O resultado disso foi que o PSG entrou em campo sem seis jogadores do time titular que havia destruído a Inter na final da Liga dos Campeões da temporada passada: um por escolha (Gigi Donnarumma), mas outros cinco por lesão.

    Consequentemente, a sensação antes do apito inicial era de que o time de Luis Enrique estava vulnerável; que o Barcelona tinha uma oportunidade de ouro para fazer uma grande demonstração de força logo na segunda rodada da nova temporada da Liga dos Campeões. No entanto, como Vitinha destacou, foi o PSG quem acabou enviando uma mensagem a todos os pretendentes ao seu trono.

    “Essas coisas acontecem às vezes”, refletiu o português após sua equipe virar o jogo e vencer por 2 a 1 no Montjuïc. “Muitas vezes há declarações antes das partidas — pode acontecer. Mas nós não ligamos. Não nos importamos, só queremos jogar o jogo, e vencemos, então estamos felizes por isso.

    “Tenho orgulho deste time porque isso já aconteceu várias vezes: conseguimos virar um jogo. E veja, tínhamos cinco jogadores titulares que não estavam aqui, então alguns garotos jogaram ou entraram e foram muito bem. Depois, outros jogadores que atuam com menos frequência entraram e responderam de forma excelente.

    “Estávamos atrás no placar contra um dos melhores times da Europa, fora de casa, e mesmo assim conseguimos reagir no segundo tempo e virar o jogo. É uma grande demonstração de força da nossa equipe.”

    Para o Barcelona, porém, foi uma lição dolorosa.

  • FC Barcelona v Paris Saint-Germain - UEFA Champions League 2025/26 League Phase MD2Getty Images Sport

    Barça não deslanchou

    O Barcelona é um espetáculo quando está em plena forma. Na verdade, pode-se dizer que é um time até mais empolgante de assistir do que o próprio PSG, já que a abordagem de alto risco de Hansi Flick praticamente garante gols.

    Por isso, não foi surpresa vê-los marcar pelo 45º jogo consecutivo — um recorde do clube — na noite de quarta-feira. O time começou a partida de forma vibrante, e Yamal realmente parecia determinado.

    Apenas três minutos após o início do jogo, ele deixou três jogadores do PSG para trás com um drible pela ponta direita e também participou da construção do primeiro gol, marcado por Ferran Torres, que completou com categoria um belo passe de primeira de Marcus Rashford, aos 19 minutos.

    No entanto, o Barcelona não conseguiu aproveitar o bom início — ou, mais precisamente, não foi permitido que o fizesse. À medida que o primeiro tempo avançava, o PSG foi se tornando cada vez mais forte e confiante.

    Como o próprio Flick admitiu depois, apesar dos esforços de Pedri e Frenkie de Jong, Vitinha e companhia assumiram o controle da partida por volta da meia hora de jogo — e nunca mais o perderam.

  • FC Barcelona v Paris Saint-Germain - UEFA Champions League 2025/26 League Phase MD2Getty Images Sport

    Yamal no bolso de Nuno Mendes

    O desempenho de Nuno Mendes ao vencer seu duelo individual contra Yamal também foi fundamental para o PSG se tornar o primeiro time a vencer três partidas consecutivas fora de casa contra o Barcelona.

    Assim como havia feito na vitória de Portugal sobre a Espanha na Liga das Nações, durante o verão europeu, o lateral esquerdo tirou Yamal do jogo — a ponto de o vice-campeão da Bola de Ouro tentar convencer o árbitro a aplicar um segundo cartão amarelo a Mendes, pouco depois da marca de uma hora de partida, mesmo que o responsável pela falta tivesse sido Fabián Ruiz.

    Foi uma demonstração de fraqueza e falta de classe, refletindo o fato de que Nuno estava tendo uma influência muito maior no jogo — inclusive do ponto de vista ofensivo.

    Enquanto Yamal terminou a partida sem gol ou assistência, Mendes criou o gol de empate crucial do PSG pouco antes do intervalo, com uma arrancada impressionante pela ala esquerda e um passe milimétrico para os pés do autor do gol, Senny Mayulu.

  • FC Barcelona v Paris Saint-Germain - UEFA Champions League 2025/26 League Phase MD2Getty Images Sport

    Barça superado pela pressão do PSG

    O intervalo deu ao Barcelona uma bem-vinda oportunidade de se reorganizar — e as coisas poderiam ter sido bem diferentes se o decepcionante Dani Olmo tivesse aproveitado uma chance clara de gol na metade do segundo tempo.

    No entanto, o time já estava em declínio naquele momento, com Pedri e De Jong exaustos, principalmente porque passaram mais tempo correndo atrás da bola do que tocando nela.

    “Foi doloroso”, admitiu o zagueiro Eric García. “No segundo tempo, tivemos muitas dificuldades. Eles se sustentaram fisicamente porque tiveram mais posse de bola. E quando você não tem a posse, se cansa mais — e nós a perdemos com frequência.

    “Então, eles impuseram o estilo e o ritmo deles sobre nós, porque, quando um time te pressiona durante todo o segundo tempo, é isso que acaba te vencendo.”

    Em essência, o Barcelona desmoronou diante da pressão incessante do PSG. O time perdeu a forma e a compostura nos minutos finais porque já não pensava com clareza — o que tornou o gol da vitória do PSG, e a forma como aconteceu, nada surpreendentes. Alejandro Balde foi completamente pego fora de posição, permitindo que o magnífico Achraf Hakimi avançasse e colocasse a bola nos pés de Gonçalo Ramos para marcar.

  • FBL-EUR-C1-BARCELONA-PARIS SGAFP

    Gonçalo cala Pedri & Yamal

    Flick ficou furioso com o gol de Ramos aos 45 do segundo tempo, porque não era a primeira vez que via sua equipe sofrer um gol tardio por não conseguir “matar” o jogo.

    “Quando você está defendendo com o placar em 1 a 1, precisa jogar de forma mais inteligente no fim da partida — e isso não aconteceu”, disse ele na coletiva pós-jogo. “Precisamos ser mais estruturados e cobrir todos os espaços. É preciso resistir durante os 90 minutos: o time inteiro tem que defender, atacar, manter um alto nível com a bola, aproveitar os espaços, participar da posse.

    “No PSG, você vê que todos sabem explorar os espaços, querem a bola... são coisas que precisamos aprender e melhorar.”

    E a noite de quarta-feira foi realmente uma lição para Flick e seus jogadores. “Hoje, não adianta dizer que estamos no mesmo nível do PSG”, reconheceu humildemente o técnico alemão. “Mas eu acredito na minha equipe e vamos trabalhar ainda mais para atingir o nosso melhor nível.”

    Não há dúvida de que eles podem chegar lá. Os jogadores do Barça já mostraram uma evolução notável sob o comando de Flick, e se mantiverem os pés no chão e o foco, o treinador — exigente e obstinado — é perfeitamente capaz de conquistar a Liga dos Campeões com um clube que não chega a uma final desde o título de 2015 (o que torna a arrogância recente dos blaugranas ainda mais surpreendente!).

    Ainda assim, persistem dúvidas sobre a linha defensiva altíssima do time, que foi exposta no gol da vitória de Ramos — quando o atacante se posicionou propositalmente em impedimento para ganhar vantagem sobre os defensores antes de completar o cruzamento de Hakimi.

    “Para mim, ficar à frente da linha defensiva, mas atrás da bola, é o melhor lugar”, explicou o atacante do PSG. “Eu apenas espero ali. Há um vídeo do Harry Kane dizendo algo parecido com o que fiz no gol.” É justo dizer, portanto, que veremos cada vez mais atacantes copiando a abordagem de Kane ao jogar contra o Barcelona.

    De forma reveladora, Ramos também deixou um recado direto para jogadores como Pedri e Yamal, que talvez tenham perdido a lição central de O Advogado do Diabo — de que a vaidade é o pecado favorito do Diabo.

    “Se você é o melhor, tem que mostrar isso em campo, não falando”, disse Ramos. “Nós somos os campeões da Europa; não há nada mais a dizer.” E realmente não havia — ao contrário do Barcelona, o PSG deixou que seus pés falassem por eles.