+18 | Conteúdo Comercial | Aplicam-se termos e condições | Jogue com responsabilidade | Princípios editoriais
Geovanni Hull City Ultimate BarclaysmenGOAL

Lembra do Geovanni? O brasileiro que fez o Hull City sonhar na era Barclays da Premier League

Embora a Premier League tenha sido oficialmente patrocinada pelo banco Barclays entre 2001 e 2016, o período que os fãs de uma certa época lembram com nostalgia é a primeira década dos anos 2000.

Após sua criação inicial em 1992, a principal liga inglesa passou por um segundo 'boom' de popularidade após a virada do milênio. Negócios internacionais de televisão e uma nova onda de estrelas estrangeiras deram à liga um verdadeiro apelo global. Ela também foi palco de alguns dos maiores ícones do futebol moderno, como Cristiano Ronaldo, Thierry Henry e Didier Drogba, que encantavam os fãs da Premier League semanalmente.

No entanto, quando os fãs se referem a "The Barclays", não estão falando desses grandes nomes. Em vez disso, referem-se aos jogadores que, embora não estivessem sempre nas manchetes, eram vistos pelos fãs mais dedicados como peças fundamentais na engrenagem da Premier League, e ainda assim eram capazes de produzir momentos mágicos.

Esses jogadores ficaram conhecidos como os "Barclaysmen", mas o que os tornava tão queridos, e o que aconteceu com eles após o fim de suas carreiras na era Barclays? Aqui na GOAL, nos dedicamos a descobrir isso com nossa nova série, "Ultimate Barclaysmen".

Recentemente, enquanto a tendência dos Barclaysmen varria as redes sociais, o Hull City entrou na brincadeira prestando homenagem a um ícone brasileiro cujo talento, imprevisibilidade e coleção de gols inesquecíveis deixaram uma marca duradoura, apesar de sua breve passagem pela Inglaterra. Para celebrar o inigualável Geovanni, os Tigers escolheram o sucesso "Golden Touch", de Razorlight, lançado em 2004, para acompanhar uma coleção de seus melhores momentos em East Yorkshire – um hino perfeito para um verdadeiro Barclaysman.

  • Barcelona's Dutch Giovanni van BronkhorsAFP

    De onde ele veio

    Geovanni é um dos raros "Barclaysmen" que não chegou à Premier League como um completo desconhecido. Quando o Barcelona o trouxe para a Catalunha aos 21 anos, ele já era um jogador da seleção brasileira e o clube pagou £17,6 milhões de libras para convencer o Cruzeiro a liberá-lo.

    As luzes brilhantes do Camp Nou eram irresistíveis, mas Geovanni teve dificuldades para se firmar em um time que contava com Rivaldo, vencedor da Bola de Ouro, e deixou o clube após apenas dois anos.

    O Benfica ofereceu a ele um ambiente para continuar refinando suas habilidades longe dos holofotes, e ele teve vários momentos de destaque durante seu tempo em Portugal. Em 2006, Geovanni voltou ao Cruzeiro para ficar mais perto de sua família e amigos, mas não demoraria muito até que o futebol europeu chamasse novamente.

    Esse chamado veio em 2007, quando o Manchester City o trouxe para a Premier League. O City estava entrando em uma nova era sob a gestão de Thaksin Shinawatra, e Geovanni foi a terceira contratação em um verão europeu que também trouxe Elano, Martin Petrov, Rolando Bianchi e Benjani. O City quase perdeu a oportunidade de contratá-lo – o Portsmouth o convidou para um teste, mas não ofereceu contrato – e, em poucas semanas após sua chegada, Geovanni já mostrava seu talento com gols contra o West Ham e um memorável gol da vitória contra o Manchester United. Ele estava em alta.

  • Publicidade
  • Destaques do Barclays

    Marcar o gol da vitória em um clássico de Manchester garantiu que Geovanni nunca mais precisaria pagar por uma cerveja no lado leste da cidade. Foi sua primeira partida como titular com a camisa do City, e ele deixou sua marca ao vencer Edwin van der Sar com um chute de quase 30 metros, garantindo uma vitória por 1 a 0. No entanto, esse foi o ponto alto para ele – não começou mais nenhum jogo pelo clube após dezembro e foi liberado ao final da temporada.

    Apesar da participação limitada de Geovanni no Man.City, o Hull City viu o suficiente para contratá-lo, enquanto Phil Brown e sua equipe tentavam montar um time capaz de sobreviver na Premier League. A temporada 2008/09 foi a primeira dos Tigers na primeira divisão do futebol inglês em toda a sua história, e eles precisavam de um toque de magia para permanecer. Entra Geovanni.

    Bastaram 22 minutos de sua estreia para ele escrever seu nome na história do Hull. Ele marcou o primeiro gol do clube na primeira divisão, com um belo chute curvado que passou por Mark Schwarzer, e o Hull venceu a partida por 2 a 1.

    Esse gol nunca será esquecido pelos torcedores do Hull, mas um público mais amplo lembrará seu impressionante gol na extraordinária vitória sobre o Arsenal no Emirates Stadium. Poucos jogadores teriam ousado sequer pensar em chutar da posição de Geovanni, mas nem todos possuem a habilidade de criar momentos de pura genialidade. "O gol de uma vida", disse o técnico do Arsenal, Arséne Wenger. Geovanni seguiu esse feito com um gol de falta em uma vitória por 1 a 0 sobre o Tottenham, uma semana depois. O Hull tinha uma nova estrela.

  • Hull City's Brazilian midfielder GeovannAFP

    "Ele é um garoto ensolarado"

    O Hull City não tinha certeza do que esperar quando contratou Geovanni. Ele não havia durado muito no Barcelona ou no Manchester City, e o Benfica rescindiu seu contrato apenas seis meses depois de ele ter marcado o gol que eliminou o Manchester United da Champions League. Isso gerou certa preocupação no técnico da época, Phil Brown, mesmo após o início promissor de Geovanni no clube.

    "Com o sol nas costas, ele é um jogador muito bom", disse Brown após a vitória sobre o Tottenham. "Só quando estiver ventando forte, no pior campo da Premier League, e estiver chovendo, poderei responder essa pergunta. Quando o tempo mudar e o jogo bonito e inteligente se transformar em um ambiente de trabalho mais duro, espero ter a mesma resposta."

    Ao final da temporada 2008/09, Brown não tinha do que reclamar. Geovanni foi o artilheiro do time, com oito gols na Premier League, e ajudou o Hull a se manter na primeira divisão por uma margem mínima. No entanto, os mesmos heroicos não se repetiram no ano seguinte, e o Hull foi rebaixado de volta à segunda divisão. Apesar disso, Brown guardou boas lembranças de seu tempo com o brasileiro.

    "Ele foi uma contratação inspirada", disse Brown, ao The Athletic, em 2023. "Quando descobri que estávamos trazendo ele, quase pulei de empolgação. Sua genialidade individual nos ajudou a quebrar defesas."

  • ENJOYED THIS STORY?

    Add GOAL.com as a preferred source on Google to see more of our reporting

  • Hull City v Wigan Athletic - Premier LeagueGetty Images Sport

    Seguindo em frente

    O conto de fadas de Geovanni e do Hull City na Premier League chegou ao fim na temporada 2009/10, quando o time terminou em 19º lugar, vencendo apenas uma de suas últimas 13 partidas.

    A inconsistência que marcou as atuações de Geovanni no Benfica começou a aparecer – sua expulsão contra o Burnley, em outubro de 2009, não era o tipo de contribuição que Phil Brown precisava de seu talismã, que não marcou mais gols na liga a partir de novembro. No entanto, Geovanni já havia deixado um impacto duradouro no Hull, e o clube também deixou sua marca nele. "Só de falar sobre o clube, eu me emociono", disse ele em entrevista ao The Athletic. "Foi um sonho para mim. Aqueles podem ter sido os melhores dias da minha vida como jogador."

    O rebaixamento forçou o Hull a vender seus jogadores mais bem pagos para equilibrar as contas, e o contrato de Geovanni foi rescindido um ano antes de seu término. Ele afirmou que "adoraria" voltar um dia, e não há dúvidas de que seria bem-vindo de braços abertos. "Eu senti o amor que os fãs tinham por mim", acrescentou. "Eles cantavam meu nome sem parar. Foi um momento especial."

  • MLS Playoffs - Eastern Conference Finals - San Jose Earthquakes v Colorado RapidsGetty Images Sport

    A vida depois dos Barclays

    Geovanni tinha 30 anos quando assinou com o San Jose Earthquakes, da MLS, após deixar a Inglaterra. Houve muita empolgação nos Earthquakes, já que ele se tornou o primeiro jogador designado da história do clube, e com razão, considerando os clubes de alto nível pelos quais passou em sua carreira. "Ele será ótimo para nós. Precisamos de um jogador assim", comentou o meio-campista André Luiz, enquanto o técnico Frank Yallop esperava que o brasileiro pudesse "nos ajudar a ir além".

    No entanto, ele não conseguiu repetir a mágica que havia encantado os torcedores do Hull, e, apenas três meses após assinar, os Earthquakes anunciaram que Geovanni não retornaria para a temporada de 2011.

    "Acho que ele nos deu um grande impulso quando precisávamos", disse o gerente geral dos Earthquakes, John Doyle. "Mas, para mantê-lo... o que ele queria era um pouco alto demais em comparação com o que entregou. Ele estava buscando um contrato de três anos com um salário elevado. Acredito que poderíamos ter um impacto maior com esse valor."

    Um retorno ao Brasil o aguardava, onde ele encerraria os últimos anos de sua carreira antes de pendurar as chuteiras aos 33 anos. Alguns podem olhar para aquele gol contra o Arsenal, ou para a oportunidade de se tornar uma estrela no Barcelona, e se perguntar se Geovanni poderia ter alcançado mais, mas ele tem poucos arrependimentos. "Nunca esperei ir tão longe", disse ele.

    Hoje, ele ainda está envolvido com o futebol como agente e participa de várias iniciativas comunitárias em Belo Horizonte. Ele ajuda pessoas vulneráveis em um centro de reabilitação, além de encontrar tempo para jogar futebol com amigos nos fins de semana.

  • Legado duradouro

    Geovanni ainda é bem-vindo de volta ao Cruzeiro e ao Barcelona para partidas de veteranos, e se o Hull tivesse um time de masters, ele seria um dos primeiros nomes a ser convocado. Os torcedores do Hull tinham expectativas modestas quando o clube conseguiu a promoção à Premier League em 2008. Nessas situações, não se trata de sonhar com glórias, mas de apreciar momentos – aqueles flashes inesquecíveis que ficam com você, independentemente do resultado final ou da posição na tabela ao fim da temporada. Foi isso que tornou o tempo de Geovanni no Hull tão especial. Ele proporcionou esses momentos.

    "Meu jogador favorito do Hull City de todos os tempos", diz uma das respostas à homenagem do Hull a Geovanni. Outro torcedor o chama de "o melhor jogador que já tivemos". Deixar um impacto tão grande após apenas 65 aparições fala muito sobre seu talento extraordinário. Ele era o garoto com o toque de ouro, um verdadeiro Barclaysman.

0