Lamine Yamal é um talento especial - mas merece as comparações com Lionel Messi?

No início da última temporada, Xavi claramente viu algo em Yamal. Embora não seja incomum o treinador do Barça incluir os melhores produtos da La Masia nos treinamentos da equipe principal, Xavi garantiu que Yamal ficasse perto dos jogadores mais experientes. Em setembro, Yamal já era uma presença constante, treinando diariamente com Raphinha, Robert Lewandowski e outros, antes de passar seus fins de semana jogando pelo sub-19 - tudo isso com apenas 15 anos de idade. O jornal espanhol AS escreveu na época que o Barça havia encontrado o seu "Novo Ansu", uma caracterização ao mesmo tempo lisonjeira e ameaçadora.

A estreia de Yamal aconteceu em abril, quando a La Liga já estava efetivamente ganha, tornando-se o mais jovem jogador do torneio no século XXI, contra o Real Betis. Ele quase marcou logo no seu segundo toque na bola, chutando com força na direção do goleiro com a perna esquerda. Alguns minutos depois, ele deveria ter registrado sua primeira assistência, com passe para Ousmane Dembélé, mas que desperdiçou, de curta distância.

As análises pós-jogo foram elogiosas. O Marca descreveu sua estreia como "deslumbrante". Xavi afirmou que Yamal poderia "marcar uma era" no Camp Nou. A empolgação só cresceu a partir daí. A atuação de destaque no Troféu Joan Gamper, contra o Tottenham - uma exibição de 15 minutos na qual deu assistência para o gol de empate e desempenhou papel crucial em outros dois gols - serviu como uma espécie de anúncio para o mundo do futebol.

Essa exibição foi suficiente para mantê-lo na equipe principal na estreia da temporada 2023/24. Rapidamente se tornou o jogador mais jovem do Barça a iniciar uma partida da La Liga, o mais jovem a dar assistências e o mais jovem a marcar gols na competição. Tudo isso culminou em uma convocação para a seleção espanhola, embora tenha sido, reconhecidamente, uma convocação precoce. Yamal, é claro, marcou em sua estreia pela seleção nacional. Algumas semanas depois, assinou um novo contrato, que inclui uma cláusula de rescisão de €1 bilhão (R$ 5,3 bilhões) - o máximo permitido no futebol espanhol - na documentação. A lenda, ao que parece, está apenas

Essa exibição foi suficiente para mantê-lo na equipe principal na estreia da temporada 2023/24. Rapidamente se tornou o jogador mais jovem do Barça a iniciar uma partida da La Liga, o mais jovem a dar assistências e o mais jovem a marcar gols na competição. Tudo isso culminou em uma convocação para a seleção espanhola, embora tenha sido, reconhecidamente, uma convocação precoce. Yamal, é claro, marcou em sua estreia pela seleção nacional. Algumas semanas depois, assinou um novo contrato, que inclui uma cláusula de rescisão de €1 bilhão (R$ 5,3 bilhões) - o máximo permitido no futebol espanhol. A lenda, ao que parece, está apenas começando.

A trajetória de Yamal em Barcelona até agora soa familiar - especialmente entre os jovens recentemente saídos de La Masia. Ansu Fati, Alejandro Balde e Gavi emergiram na equipe principal de maneiras semelhantes, se destacando antes de estarem verdadeiramente prontos, acumulando recordes e estabelecendo expectativas assustadoramente altas. Ansu era o próximo grande atacante do Barça e assumiu a camisa 10 de Messi quando o argentino a deixou vaga. Gavi, de alguma forma, se tornou o próximo Xavi, apesar de funcionar de maneira totalmente diferente do atual treinador. Até mesmo Pedri, que não era jogador de La Masia, mas que estreou pela equipe também muito jovem, parece a reencarnação de Andrés Iniesta.

Yamal, no entanto, é diferente. Começando pela sua posição. Meio-campistas habilidosos no molde de Pedri e Gavi surgem no futebol espanhol o tempo todo, mas alas atléticos não são necessariamente o ponto forte do país. É por isso que as comparações com Messi estão sendo feitas prematuramente, não importa o quão injustas possam ser.

Ironicamente, uma comparação mais apropriada para Yamal seria com Bukayo Saka. Embora seja excelente com a bola nos pés e tenha um verdadeiro faro de gol, Yamal não é um atacante de dentro da área tão perigoso quanto Messi. Mas também não é exatamente um ponta que fica na linha lateral. Ao invés disso, ele faz muito do que tornou Saka famoso, driblando sem tocar na bola e usando cortes precisos e movimentos inteligentes para criar jogadas.

Se Yamal chegar perto dos números de Saka, já seria um sucesso avassalador. O inglês acumulou 50 contribuições para gols apenas na Premier League desde o início da temporada 2021/22, com uma média de um gol ou assistência a cada 100 minutos. E, ao que parece, o Barcelona não reclamaria muito se tivesse o próximo Saka em seu elenco.

Messi, por outro lado, é um fenômeno. Seus números no Barcelona não eram de classe mundial, mas deixavam claro desde cedo que o Blaugrana tinha um talento gigante nas mãos. Yamal ainda não está exatamente nesse nível - pelo menos, ainda não.

E se os números são a questão, então Messi também tem uma vantagem. Em sua primeira temporada completa, aos 19 anos, marcou 14 gols e deu três assistências na La Liga - tudo isso em 23 partidas como titular. Após quase dois meses, Yamal marcou um gol e deu uma assistência em cinco partidas como titular, embora seja bem mais jovem. Se for treinado corretamente, não jogará tantos minutos quanto o argentino em sua adolescência - tornando essa uma comparação inviável para que gosta das estatísticas.

Yamal provavelmente fará bem em se livrar das expectativas em relação a Messi. Afinal, tem sido uma maldição imposta a muitos 'crias da La Masia' nos últimos anos.

Bojan Krkic foi o primeiro a herdar o título de 'novo Messi'. O ponta surgiu no sistema de base do Barcelona em 2007, com 17 anos. Dizia-se que ele marcou quase mil gols em equipes de diferentes faixas etárias durante nove anos na academia.

Ele quebrou o recorde de Messi como o jogador mais jovem do Barcelona a atuar em uma partida do Espanhol e faria o mesmo na Liga dos Campeões, três dias depois. Bojan marcou 12 gols em sua primeira temporada pelo clube catalão, mas nunca se estabeleceu completamente na equipe. Em 2011, lutava para entrar na equipe titular da Roma, mas encerrou sua carreira no Vissel Kobe, no Japão, aos 32 anos. Mais tarde, o ponta admitiu que sofria de problemas de ansiedade, causados pela pressão da fama em uma idade jovem, o levaram a desistir da seleção espanhola que venceu a Euro 2008.

Giovani Dos Santos surgiu por volta do mesmo período. Um jogador da seleção mexicana que se juntou à La Masia aos 13 anos, Dos Santos subiu rapidamente nas fileiras de base. Ele foi incluído na equipe principal do Barça em uma turnê de pré-temporada com apenas 17 anos e impressionou em sua estreia. No ano seguinte, se firmou na equipe e, em 2 de setembro de 2007, substituiu Thierry Henry em sua estreia oficial. No entanto, ele não correspondeu às expectativas e marcou apenas três gols - todos na mesma partida. Depois de passagens por Tottenham, Mallorca, Villarreal e LA Galaxy, foi liberado pelo Club América em sua terra natal, em 2021.

Munir El Haddadi foi o próximo. O marroquino desfrutou de uma rápida ascensão pela base do Barça, e após marcar em sua estreia em agosto de 2014, a empolgação atingiu um ponto crítico. Ele substituiu bem o lesionado Neymar e foi apontado como o garoto-propaganda de uma equipe reformulada do Barça sob o comando de Luis Enrique. Ele também recebeu uma indicação ao prêmio Golden Boy e conquistou a Liga dos Campeões. No entanto, nunca seguiu nos trilhos do sucesso inicial e acabou emprestado para vários clubes antes de se juntar ao Las Palmas no início desta temporada.

Riqui Puig é um exemplo mais recente. Nativo da Catalunha, com cerca de 1,70 m de altura e muito habilidoso, tinha todas as características estéticas para ser comparado a um clone de Messi. No entanto, essa comparação talvez tenha sido a mais improvável. A capacidade de marcar gols nunca foi o ponto forte de Puig, e ele também não jogava como ponta. E Xavi, talvez para o benefício de ambas as partes, percebeu que Puig não seria um jogador regular no Camp Nou. Desde então, desfrutou de 15 bons meses no LA Galaxy. Mas, apesar de ter apenas 23 anos, parece que seu tempo como manchete já acabou.

Quanto a Ansu, teremos que esperar para ver. Depois de receber um tratamento semelhante ao de Yamal quando se destacou aos 16 anos, alguns problemas de lesões e quedas de forma e confiança levaram o ala espanhol a se juntar ao Brighton por empréstimo, em agosto. Como ele se sairá na Premier League provavelmente decidirá se ele tem futuro no Barça.

O que é diferente aqui? Como Yamal pode exorcizar os demônios de Puig, Bojan, Munir, Dos Santos e até Fati? O talento é certamente parte da equação. Yamal é, simplesmente, melhor do que todos eles. Sua habilidade em duelos individuais, instinto no terço final do campo e visão para passes superam todos os outros. E embora Fati provavelmente seja um melhor finalizador, não há motivo para acreditar que Yamal não possa melhorar nesse aspecto e se tornar um artilheiro mais eficaz.

Talvez o que seja mais importante, ainda, seja a relativa falta de pressão sobre o atacante. Embora ele tenha tido um excelente início de carreira tanto no clube quanto na seleção, o Barcelona não necessariamente precisa que ele seja a peça principal. Raphinha provavelmente é o ponta-direita preferido - algo que Xavi deu a entender ao escolher o brasileiro à frente do adolescente quando ambos estavam saudáveis. Com Ferrán Torres e João Félix como opções nas áreas de ataque, há certamente profundidade naquele setor - e quando Vitor Roque chegar do Athletico-PR, em janeiro, haverá ainda mais opções. Yamal poderá fazer apenas cerca de 40 aparições nesta temporada - um grande contraste com as 62 aparições de Saka na temporada passada e as 60 que Pedri fez em sua primeira na Catalunha.

Um Yamal cansado pode ser deixado no banco. Um Yamal sem condicionamento físico pode ser poupado. Um Yamal um pouco fora de forma pode ser protegido dos holofotes. Tudo isso indica um talento de geração ainda com muito espaço para crescer.

Mas nem sempre as coisas funcionam assim. A história de Bojan, marcada por um início promissor seguido de uma intensa análise e resultando em problemas de ansiedade, deve ser evitada. Fati, também, mostrou como tudo pode dar errado com uma série de lesões e uma crise de confiança.

A pressão de outras partes já começou a se acumular, com vozes pouco elogiosas também dando suas opiniões. O treinador da Espanha, Luis de La Fuente, supostamente irritou a direção do Barça ao expressar a sua: "Mas vocês se lembram quando Messi ou Maradona tinham 16 anos? Não devemos impor limites a esses bons jogadores. Devemos permitir que eles desenvolvam todo o seu potencial. É o que estamos tentando fazer com este jogador aqui e em seu clube".

O ex-meio-campista do Barça, Rafa Márquez, também deu sua opinião, comparando Yamal a Ronaldinho: "Ele pertence a esse grupo de garotos com esse talento inato e, não importa a idade que tenham, podem competir em qualquer categoria e fazer a diferença. Ronaldinho, Messi... Lamine pode ser o próximo".

Portanto, provavelmente dependerá de Xavi. O treinador do Barça fez o possível para diminuir as expectativas em torno do jogador, mas as opiniões externas, as vozes que gerarão manchetes e promoverão cliques nas redes sociais, também estão presentes.

As comparações com Messi inevitavelmente surgiram. O desafio agora é garantir que elas diminuam e não prejudiquem o que poderia tem tudo para ser uma carreira impressionante.