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Lamine Yamal burnout GFXGOAL

Lamine Yamal com burnout? Acúmulo de lesões e brigas entre Barcelona e seleção espanhola são pedras no caminho para o jovem ter a chance de igualar Lionel Messi

Apesar da empolgação compreensível, Lineker fez questão de deixar um alerta: Yamal já havia disputado mais de 100 jogos pelo Barcelona antes mesmo de completar 18 anos, algo tão impressionante quanto preocupante. “Fico um pouco receoso de que acabem esgotando ele”, admitiu o ex-jogador.

Infelizmente, a carga de jogos do garoto virou um tema ainda mais debatido nos últimos seis meses, culminando em uma discussão pública entre o técnico do Barça, Hansi Flick, e o treinador da seleção espanhola, Luis de la Fuente, por causa do novo problema físico do atacante.

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    Superstar aos 16 anos

    Yamal tinha apenas 15 anos, nove meses e 16 dias quando estreou pelo Barcelona, contra o Betis, em 29 de abril de 2023. Poucos meses depois, já era titular do time principal. Na temporada 2023-24, ficou de fora de apenas um dos 38 jogos do Barça em LaLiga e participou das 10 partidas do clube na Champions League, começando em campo em sete delas.

    As atuações sensacionais por um dos maiores clubes da Europa inevitavelmente renderam uma convocação para a seleção espanhola na Euro 2024. Na época, ele ainda tinha 16 anos e levou livros escolares para a Alemanha, pois precisava estudar para os exames, mas o jovem atacante, de aparelho nos dentes, deu uma lição dura em Adrien Rabiot durante o título europeu conquistado por La Roja.

    Já não dava mais para esconder: o fenômeno era real. Yamal já era melhor do que Messi e Cristiano Ronaldo na mesma idade. Basicamente, desde Pelé na Copa de 1958, na Suécia, nenhum adolescente havia causado um impacto tão imediato e impressionante no futebol internacional.

    O problema é que, desde então, a importância de Yamal para Barcelona e Espanha só aumentou, o que significa ainda mais pressão sobre um corpo que, como o próprio Lineker destacou, ainda está em formação.

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  • FC Barcelona v SL Benfica - UEFA Champions League 2024/25 Round of 16 Second LegGetty Images Sport

    Buscando a dosagem ideal

    Yamal participou dos 11 primeiros jogos do Barcelona na temporada 2024/25. A única partida que não começou jogando, contra o Osasuna, terminou em derrota do Barça. Também atuou nas três primeiras partidas da Espanha na Liga das Nações. Porém, após jogar os 90 minutos da vitória por 1 a 0 sobre a Dinamarca, em 12 de outubro, ficou fora do jogo seguinte, contra a Sérvia.

    “Lamine sentiu um desconforto no fim do jogo do fim de semana”, explicou De la Fuente. “Conversei com ele, e ele me disse que não se sentia 100% para terça-feira. Quando há dúvida, sempre priorizamos a saúde do atleta.”

    Após a Data Fifa, Yamal voltou a atuar pelo Barcelona, mas acabou sofrendo uma lesão no tornozelo que o tirou de quatro partidas, duas pelo clube (ambas sem vitória dos catalães) e duas pela seleção. Mesmo assim, o garoto conseguiu completar o restante da temporada sem maiores dores e terminou com 55 jogos disputados em todas as competições (cinco a mais que no ano anterior), além de ter defendido a Espanha nas finais da Liga das Nações.

    Vale destacar que, segundo o próprio Yamal, ele não sentiu tanto cansaço na reta final da temporada. Inspirado em Messi, o jovem contou que passou a economizar energia durante as partidas, guardando explosões para os momentos decisivos.

    “Acho que uma coisa que aprendi este ano foi a me dosar”, disse à ESPN. “Tem gente que pergunta: ‘Por que você fica parado por 10 minutos?’ Mas, no fim das contas, há momentos em que não é preciso correr o tempo todo.

    “É preciso saber se administrar durante o jogo, durante a temporada, saber o que fazer nos treinos... Acho que isso é algo que aprendi. E, para ser sincero, estou indo muito bem.”

    Infelizmente, já não é mais o caso. Agora surge a pergunta: quem é o culpado?

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    Uso de analgésicos

    Yamal começou a atual temporada voando pelo Barcelona, participando de cinco gols nas três primeiras rodadas de LaLiga. Também brilhou pela Espanha nas vitórias sobre Bulgária e Turquia, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo, no início de setembro.

    Mas foi aí que começou o problema. O atacante voltou ao clube com dores na virilha, e Hansi Flick ficou furioso.

    “Ele foi para a seleção já com dor e não treinou. Deram analgésicos para ele jogar. A Espanha vencia por pelo menos três gols de diferença em cada partida, e mesmo assim ele atuou 73 e 79 minutos. Entre um jogo e outro, ele sequer conseguiu treinar”, desabafou o técnico alemão.

    “Isso não é cuidar do jogador. A seleção espanhola tem um elenco fantástico, com alguns dos melhores do mundo, mas não cuidaram bem dos atletas, e isso me deixa muito triste.”

    Por conta do problema, Yamal perdeu quatro partidas do Barcelona antes de voltar aos gramados, em 28 de setembro. No retorno, entrou no segundo tempo e deu a assistência para o gol da vitória por 2 a 1 sobre a Real Sociedad, apenas um minuto após ser substituído. Dias depois, jogou os 90 minutos do confronto com o Paris Saint-Germain pela Champions League.

    Mesmo assim, para a frustração de Flick e do Barcelona, De la Fuente voltou a convocá-lo para os jogos das Eliminatórias da Copa do Mundo de outubro, contra Geórgia e Bulgária.

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    “Eu sempre digo a verdade”

    De la Fuente insistiu que “não há conflito com Flick” por causa de Yamal, mas ainda assim demonstrou decepção com o técnico alemão, que havia criticado publicamente a forma como a Espanha lidou com o jovem atacante.

    “Ele mesmo já foi técnico de seleção, e eu achei que teria essa empatia”, afirmou De la Fuente. “Ele sabe como tratamos os jogadores. Por isso, me surpreende que um ex-treinador tenha essa opinião.”

    O técnico espanhol também negou que houvesse qualquer sinal de que Yamal estivesse com problemas físicos antes ou durante os compromissos internacionais de setembro.

    “Eu sempre digo a verdade”, garantiu De la Fuente. “São dores normais, desconfortos controláveis. Ele nunca relatou nada antes do jogo, apenas mencionou um incômodo depois.”

    No fim, Yamal acabou não se apresentando à seleção, já que o Barcelona revelou que o atacante agravou a lesão na virilha durante o jogo contra o PSG e agora enfrenta um período indefinido fora dos gramados.

    “Com esse tipo de lesão, não é fácil prever quando ele voltará”, disse Flick, na véspera da partida contra o Sevilla, que terminou em derrota do Barça por 4 a 1. “Não dá pra dizer ‘ele volta em duas, três ou quatro semanas’... ou se poderá jogar o clássico (em 26 de outubro). Isso não é possível. Temos que esperar.

    “Ele está treinando com a equipe de recuperação e passará as próximas semanas com eles. Vamos passo a passo. Precisamos ver como evolui. Temos que gerenciar sua carga de trabalho.”

    No entanto, muitos já argumentam que nem a Espanha nem o Barcelona souberam fazer isso direito até agora.

  • FC Barcelona v CD Leganes - La Liga EA SportsGetty Images Sport

    Mais minutos antes dos 18 anos do que qualquer vencedor do Golden Boy

    Quando a FIFPRO publicou seu relatório anual de monitoramento de minutos em 2024, todos se espantaram com a quantidade jogada por Jude Bellingham, do Real Madrid e da Inglaterra, antes de completar 18 anos: 6.216 minutos. Mas a edição deste ano revelou que Yamal somou quase 2.000 minutos a mais do que o inglês até essa mesma idade.

    O relatório também lembrou que vários vencedores do prêmio Golden Boy tiveram suas carreiras prejudicadas por lesões após surgirem como adolescentes promissores. São os casos de Mario Gotze, Paul Pogba, Anthony Martial e Renato Sanches, além de Pedri e Gavi, companheiros de Yamal no Barcelona.

    Antes da Euro 2024, Yamal chegou a ser questionado se temia seguir o mesmo caminho de Pedri, que se esgotou completamente após disputar 73 partidas em um único ano entre clube e seleção. O garoto respondeu com naturalidade: “No fim das contas, tudo depende da pessoa.”

    É claro que o jogador também tem responsabilidade sobre seu próprio bem-estar, mas, considerando sua pouca idade, é inegável que Barcelona e Espanha têm a obrigação de protegê-lo, talvez até dele mesmo, já que todo jogador quer estar em campo e, às vezes, minimiza dores para continuar jogando.

    O Barça, aliás, sabe bem o que acontece quando uma joia é sobrecarregada. Ansu Fati, que aos 16 anos também quebrou recordes e foi chamado de “o novo Messi”, acabou sofrendo uma série de lesões que atrasaram sua carreira, e só agora, emprestado ao Monaco, começa a reencontrar seu melhor futebol.

  • RCD Espanyol de Barcelona v FC Barcelona - La Liga EA SportsGetty Images Sport

    União pode ser a chave para lidar com o problema

    O papel de Flick na recuperação de Yamal será fundamental. O técnico alemão, ex-Bayern de Munique, foi peça-chave para colocar Pedri em boa forma física, e a esperança é de que consiga fazer o mesmo com Yamal.

    Claro que não é fácil limitar os minutos de um atacante tão decisivo, mas parece algo necessário. Para se ter uma ideia, Messi só disputou 50 jogos em uma temporada pelo Barcelona aos 22 anos — Yamal já fez isso duas vezes antes dos 18.

    Por isso, foi animador ouvir Flick adotar um tom mais conciliador no fim de semana e pedir uma abordagem conjunta para cuidar do maior talento do futebol espanhol.

    “Pra mim, o assunto está encerrado. Não tenho ressentimentos sobre essa situação”, disse o treinador. “Eu conheço o outro lado. Não é fácil pra mim, nem pra De la Fuente. Mas eu preciso proteger meu jogador; é por isso que fiz mais barulho do que normalmente faria — e não me arrependo disso.

    “Agora, o importante é gerenciar isso juntos. O jogador, o clube e a Federação Espanhola (RFEF) — temos que lidar com isso em conjunto.”

    Manter Yamal saudável é do interesse de todos. Quanto mais ele jogar, melhor será para todos os envolvidos — e, acima de tudo, para ele próprio.

    No fim das contas, não importa se ele vai conseguir ser tão bom quanto Messi; o essencial é garantir que uma carga absurda de jogos não o impeça de, pelo menos, tentar.

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