Kylian Mbappé foi o único que se salvou no PSG - e o Real Madrid deve manter o sonho vivo

Mbappé deve marcar gols. Ele provou, pela França, Mônaco e PSG, que está entre os maiores artilheiros do futebol mundial. Ele estabeleceu padrões reconhecidamente altos para si mesmo com apenas 17 anos, quando conseguiu 15 tentos e deu sete assistências no Mônaco, que venceu a Ligue 1. Mas ele manteve isso em todas as temporadas, até um histórico hat-trick na final da Copa do Mundo.

Ainda assim, uma olhada nos números sugere que esta é talvez a pior temporada de ataque de Mbappé desde 2020. O atacante está pressionado por Florian Balogun, Jonathan David e Alexandre Lacazette pela Chuteira de Ouro da Ligue 1, o último dos quais agora está empatado com ele no topo.

Embora os 26 gols de Mbappé e quatro assistências em 31 partidas não sejam nada para ser desprezado, seus números por 90 minutos estão no menor nível desde 2018, quando o francês caiu imperdoavelmente abaixo da média de um gol ou assistência em todos os jogos.

Essas são pequenas queixas, mas talvez indicativas de um jogador que ainda não alcançou o seu melhor. As lesões certamente tiveram um papel importante, destacado por um problema no tendão da coxa que o afetou por algumas semanas em fevereiro. Certamente também há algo a ser dito sobre o impacto mental de perder uma final de Copa do Mundo nos pênaltis, apesar de ser o melhor jogador em campo durante a maior parte da competição.

Em janeiro, Galtier fez o anúncio bastante inesperado de que Mbappé seria o vice-capitão do PSG daqui para frente. Foi, aparentemente, novidade para o ex-titular daquele cargo, Presnel Kimpbembe, que admitiu não ter sido informado de que Mbappé seria o segundo na fila para a braçadeira.

Ainda assim, Mbappé assumiu o papel da mesma forma e foi o capitão do clube algumas vezes, quando o habitual capitão Marquinhos esteve fora ou se machucou. E, nessas partidas, Mbappé se transformou em uma espécie de líder improvável.

Fica a visão cínica aqui: que Mbappé é a cara do projeto e um ego enorme que exige a braçadeira por aura ao invés de mérito. Mas talvez haja alguns pontos mais sensatos. Mbappé foi nomeado capitão da França, preferido entre vários jogadores mais velhos e experientes, principalmente Antoine Griezmann. Suas atuações em grandes jogos pelo clube e pelo país - como a final da Copa do Mundo ou os dois gols contra a Juventus na abertura da fase de grupos da Liga dos Campeões - certamente inspiram de maneira tangível. Ele também é um jogador com uma ligação profunda com o clube.

Embora tenha jogado pelo Mônaco e ainda anseie por vestir a camisa do Real Madrid algum dia, Mbappé é um parisiense. Ele conhece a cidade e certamente entende o que significa jogar pelo clube.

Ainda assim, as atuações de Mbappé sempre serão marcadas pela presença do Real Madrid. Ainda é um desejo revelado que ele quer jogar na capital espanhola um dia. Desde que recebeu a braçadeira, porém, Mbappé foi rápido em enfatizar que não planeja ir a lugar nenhum, pelo menos não imediatamente. Ele tranquilizou os torcedores em uma entrevista em abril, onde disse: "Sou parisiense e tenho contrato. Então é o PSG".

Essa foi uma afirmação significativa no âmbito de uma temporada cheia de problemas no elenco, uma promessa singular que acalmou momentaneamente os nervos em Paris.

Essa afirmação, no entanto, vem com um conjunto de suposições. Há uma aceitação de que o PSG perderá Messi no final da temporada, enquanto eles estão dispostos a ouvir ofertas por Neymar. Se ambas as saídas acontecerem, Mbappé será a estrela absoluta de um time que ainda quer disputar a Liga dos Campeões.

Mbappé fez sua parte. Agora, espera-se que o PSG faça o deles.

Esse investimento, se vier, ainda pode não ser suficiente. Os notícias sobre o Real Madrid continuam aparecendo, apesar das garantias de Mbappé aos torcedores do PSG. Recentemente, surgiu que o Real Madrid valoriza mais Vinícius Jr. do que Mbappé, e, embora esse possa ser o caso neste verão, especialmente quando os merengues ainda precisam finalizar um novo contrato com seu atual atacante. Mas, em 2025, quando Mbappé provavelmente poderá deixar o PSG de graça, o Real Madrid provavelmente será o principal candidato, se não o favorito absoluto, por sua contratação.

Eles chegaram perto de contratá-lo no verão passado, já que conversaram com Mbappé até a data limite do jogador acertar sua renovação com os parisienses. Foi uma jogada que pareceu ter pouco impacto na famosa e humilde hierarquia do Real Madrid. Tanto que, de fato, o presidente do Madrid, Florentino Perez, criticou Mbappé na imprensa, menos de um mês depois de assinar um novo contrato, alegando que "este Mbappé não é o Mbappé que eu queria".

Resta saber se o Real Madrid engole seu orgulho. Enquanto isso, o fato de ter vazado que eles gostam mais de Vinícius do que de Mbappé parece mais uma tática mesquinha do que uma verdade absoluta. Vinícius é um excelente jogador de futebol, mas Mbappé simplesmente está em outro nível.

Afinal, este é um jogador que marcou três gols na final da Copa do Mundo, teve uma média de quase um gol por jogo em sua carreira e levou um time notoriamente disfuncional a um título surpreendentemente difícil da Ligue 1. Mbappé pode estar no PSG este ano, mas é difícil não vê-lo eventualmente fazendo do Santiago Bernabéu sua casa algum dia.