Jude Bellingham decide El Clásico, Liverpool se afunda em crise e uma nova estrela brilha no Bayern: os vencedores e os perdedores do fim de semana na Europa

Parece que, finalmente, este pode ser o ano do Arsenal. Depois de três temporadas seguidas batendo na trave e ficando com o vice da Premier League, os Gunners começaram a atual campanha sob enorme pressão para, enfim, levantar o troféu que não conquistam desde os Invencíveis de 2004. E o início não poderia ser melhor.

O time de Mikel Arteta vem jogando com autoridade, especialmente no último mês, e ainda tem se beneficiado dos tropeços dos rivais. No fim de semana, o Arsenal venceu o Crystal Palace por 1 a 0, mais uma vez com gol em jogada de bola parada, enquanto Liverpool, Manchester City e Chelsea perderam seus compromissos. Resultado: quatro pontos de vantagem na liderança, com o surpreendente Bournemouth em segundo, seguido por Tottenham e o recém-promovido Sunderland.

Ainda há muito campeonato pela frente, mas o Arsenal já superou pedreiras como Anfield, Old Trafford e St. James’ Park e saiu de todas com boa margem no topo. A esta altura, só uma queda colossal tiraria o título de Londres.

A derrota mais preocupante dos concorrentes do Arsenal foi, sem dúvida, a do Liverpool, que levou 3 a 2 do Brentford fora de casa. Depois de golear o Eintracht Frankfurt por 5 a 1 no meio da semana, parecia que os Reds tinham reencontrado o rumo, mas os velhos problemas voltaram com força. A defesa foi desastrosa e o ataque sem coordenação alguma.

Agora são quatro derrotas seguidas na Premier League, e o atual campeão já vê o líder a sete pontos de distância. Com isso, começam a pipocar dúvidas sobre o trabalho de Arne Slot, que parecia intocável após conquistar o título em sua primeira temporada pós-Jürgen Klopp. O técnico holandês tem demonstrado insegurança nas decisões e parece não saber nem sua formação ideal nem como reagir durante os jogos.

Prova disso é que o Liverpool tem terminado partidas com até cinco atacantes em campo, tentando o tudo ou nada. No duelo contra o Brentford, Slot fez quatro mudanças ofensivas e acabou tendo que tirar Florian Wirtz para colocar Joe Gomez nos minutos finais, já que o reposicionamento de Szoboszlai na lateral direita desorganizou completamente o time.

Com Aston Villa e Manchester City pela frente antes da pausa para a Data Fifa, o Liverpool vai precisar mudar drasticamente de postura para não sair de vez da briga pelo título, se é que já não saiu.

O jogo mais aguardado do fim de semana na Europa foi, obviamente, o El Clásico entre Real Madrid e Barcelona. O time merengue levou a melhor por 2 a 1, abrindo cinco pontos na liderança de LaLiga. A revolução de Xabi Alonso no Santiago Bernabéu começa a tomar forma.

Um dos protagonistas foi Jude Bellingham, que enfim parece engrenar na temporada. O inglês decidiu novamente um clássico: marcou o gol da vitória, o terceiro em cinco duelos contra o Barça na liga, e deu a assistência para o primeiro gol, de Kylian Mbappé.

O lance do passe foi puro talento: Bellingham recebeu na intermediária, deu um drible desconcertante em Pedri e enfiou uma bola milimétrica para Mbappé bater cruzado, sem chance para Wojciech Szczesny.

Mais do que isso, o camisa 5 do Real mostrou intensidade e domínio total do meio-campo, sem dar sinais de que ainda sente o ombro operado durante as férias. É difícil entender quem ainda duvida da importância de Bellingham para a Inglaterra. Será que Thomas Tuchel é um deles?

Do outro lado do clássico, todas as atenções estavam voltadas para Lamine Yamal antes da bola rolar. Com Raphinha e Lewandowski lesionados, o garoto de 18 anos era a principal esperança ofensiva do Barça. Mas, além disso, Yamal incendiou o pré-jogo ao afirmar que o Real Madrid é um time que “rouba e reclama”, comentário que muitos interpretaram como uma crítica à pressão que o clube costuma exercer sobre a arbitragem.

O resultado foi previsível: o Bernabéu pegou fogo e o jovem foi vaiado a cada toque na bola. Talvez pela pressão, talvez por não estar 100% fisicamente, Yamal esteve muito abaixo do esperado. Errou passes, finalizou mal e foi neutralizado com facilidade por Álvaro Carreras, que o deixou sem espaço para criar.

Para piorar, ao fim da partida, foi alvo dos jogadores do Real. Carvajal, Courtois e Vinícius Júnior o abordaram no gramado, cobrando as provocações da semana. Yamal ainda terá muitos El Clásicos pela frente, mas esse ficará marcado como um dos piores de sua curta carreira.

A corrida pelo título mais aberta entre as cinco principais ligas da Europa é a da Serie A, e, mais uma vez, houve mudanças no topo da tabela. Milan e Inter de Milão começaram o fim de semana ocupando a primeira e a segunda posição, respectivamente, mas ambos tropeçaram em uma rodada para ser esquecida pelos clubes da capital da moda.

O Milan abriu a rodada na sexta-feira (24), recebendo o recém-promovido Pisa, que ainda busca sua primeira vitória na elite italiana após 34 anos longe. Os rossoneri começaram bem, com Rafael Leão abrindo o placar logo aos sete minutos no San Siro, mas não conseguiram transformar o domínio em vitória. O Pisa virou a partida a quatro minutos do fim, e um gol do zagueiro Zachary Athekame, nos acréscimos, salvou um ponto para o time de Massimiliano Allegri.

No dia seguinte, a Inter visitou o Napoli em um duelo entre os dois primeiros colocados da temporada passada. Em uma noite cheia de emoções no Estádio Diego Armando Maradona, o time de Antonio Conte venceu por 3 a 1, mesmo após perder Kevin De Bruyne lesionado ainda no primeiro tempo. Foi a terceira derrota da Inter na liga, resultado que deixou a equipe de Cristian Chivu em quarto lugar, três pontos atrás de Napoli e Roma, líderes após oito rodadas.

Enquanto os clubes de Milão continuam vivos na disputa pelo título, a Juventus corre o risco de ficar para trás. A má fase dos bianconeri continuou no domingo (26), com uma derrota por 1 a 0 para a Lazio. O time já soma oito partidas sem vencer em todas as competições, sequência que o empurrou para o oitavo lugar do Campeonato Italiano. Como resultado, o técnico Igor Tudor começou a sentir a pressão.

O croata escalou Jonathan David ao lado de Dusan Vlahovic no ataque, mas a dupla não conseguiu encerrar o jejum de gols, que agora é de quatro jogos, o pior desde 1991. Assim, Tudor foi demitido na manhã desta segunda-feira (27), após apenas sete meses no comando. Roberto Mancini, Luciano Spalletti e Thiago Motta, seu antecessor, surgem como possíveis substitutos no Allianz Stadium.

Na Alemanha, um novo nome começa a brilhar: Lennart Karl, de apenas 17 anos, se apresentou ao mundo com atuações impressionantes pelo Bayern de Munique. O jovem marcou um golaço em sua estreia como titular na Champions League, contra o Club Brugge, e voltou a balançar as redes no sábado, ajudando o time de Vincent Kompany a manter os 100% de aproveitamento na Bundesliga.

O Bayern precisou ter paciência diante do Borussia Monchengladbach, lanterna do campeonato e com um jogador a menos desde os 20 minutos de jogo, mas o empate só foi quebrado no segundo tempo, com gols de Joshua Kimmich, Raphael Guerreiro e Karl, que fechou o placar com um lindo chute de fora da área, no ângulo, com a canhota ao estilo Arjen Robben.

Chelsea e Manchester City já demonstraram interesse no garoto, que vem confirmando o motivo de tantos o considerarem o talento mais promissor da base do Bayern desde Jamal Musiala.

Quando um jogador sente necessidade de se desculpar nas redes sociais após um jogo, é sinal de que sua atuação foi para esquecer. Foi o caso de Benjamin Pavard, que viveu uma noite desastrosa na derrota do Olympique de Marseille por 2 a 1 para o Lens, no sábado (25).

O time de Roberto De Zerbi começou a rodada na liderança da Ligue 1 e parecia consolidar a posição quando Mason Greenwood abriu o placar. A partir daí, tudo deu errado para Pavard: ele cometeu um pênalti convertido por Odsonne Edouard e, no segundo tempo, marcou contra o próprio gol, decretando a derrota do Marseille.

“Torcedores do Marseille, me desculpem”, escreveu Pavard no Instagram após o jogo. “Essa derrota é culpa minha. Cometi erros e assumo total responsabilidade. Quando se veste esta camisa, é preciso ser impecável, e hoje eu não fui. Prometo dar tudo para reconquistar sua confiança e honrar este escudo. Obrigado pelo apoio, mesmo nos momentos difíceis. Vamos nos reerguer juntos.”

Com o tropeço, o Marseille caiu para o terceiro lugar, ultrapassado pelo Lens, enquanto o Paris Saint-Germain retomou a liderança ao vencer o Brest.

Na Holanda, os dois primeiros colocados da Eredivisie se enfrentaram no domingo (26), com o Feyenoord recebendo o PSV em De Kuip. Invicto nas primeiras nove rodadas, o time de Robin van Persie liderava o campeonato, mas o marroquino Ismael Saibari estragou a festa.

Vindo de uma grande atuação na Champions League, quando marcou na goleada por 6 a 2 sobre o Napoli, Saibari anotou um hat-trick espetacular em Roterdã, comandando a vitória do PSV por 3 a 2 e igualando a pontuação do rival na tabela.

Após o jogo, o técnico Peter Bosz destacou o potencial do atacante de 24 anos, dizendo que ele tem as qualidades físicas e técnicas para se destacar em uma liga mais competitiva, como a Premier League. Por ora, o PSV espera que ele mantenha o ritmo e ajude o clube a defender o título nacional.

Por fim, na Escócia, começa a se desenhar uma das campanhas mais surpreendentes da Europa. Desde 1985, quando o Aberdeen de Sir Alex Ferguson conquistou o título, nenhuma equipe fora de Celtic e Rangers venceu o Campeonato Escocês. Mas o Hearts parece disposto a mudar essa história.

Após a vitória por 3 a 1 sobre o Celtic neste domingo (26), em Tynecastle, o time abriu oito pontos de vantagem na liderança após nove rodadas. O sucesso vem acompanhado de uma gestão moderna: Tony Bloom, dono do Brighton e do Union Saint-Gilloise, adquiriu 29% do clube e implantou um modelo baseado em dados e eficiência, semelhante ao que deu certo em suas outras equipes.

Com um elenco reformulado e rendimento impressionante, o Hearts venceu oito de seus nove jogos até aqui. Ainda há um longo caminho pela frente, e três confrontos diretos restantes com o Celtic, mas o time de Derek McInnes já merece ser levado a sério como um dos candidatos mais improváveis ao título escocês em décadas.