Jude Bellingham, Cole Palmer e os oito talentos da Inglaterra sob risco após aviso de Thomas Tuchel

Apesar de ser indiscutivelmente um dos melhores laterais do mundo, Trent Alexander-Arnold nunca foi titular garantido da seleção. Um jogador criativo, de estilo particular, que muitas vezes parece um desencaixe tático. E essa tendência continuou sob o comando de Tuchel.

O jogador do Real Madrid atuou apenas 26 minutos pela Inglaterra desde o início efetivo da era Tuchel, e isso foi contra a fraca Andorra, em junho. Ele ficou fora da convocação de março por lesão e acabou preterido na Data Fifa do meio do ano, quando Reece James e Tino Livramento foram escolhidos em seu lugar. “Ele é um grande jogador, que sempre estará na disputa”, disse Tuchel na época. “Sei que ele queria estar aqui, e isso é importante. Apenas optei por outros, por questão de concorrência.”

No entanto, outro problema físico impediu Alexander-Arnold de participar dos compromissos internacionais mais recentes, reduzindo ainda mais suas chances de mostrar serviço. Com James, que trabalhou com Tuchel no Chelsea, agora à frente na hierarquia, o lateral precisará reagir rápido. Se não conseguir voltar à seleção em novembro, suas chances de ir à Copa podem estar seriamente comprometidas.

Parece impensável que Jude Bellingham não esteja no centro dos planos da Inglaterra para a Copa nos Estados Unidos, Canadá e México no próximo ano, caso a classificação se confirme, mas as palavras de Tuchel e a surpreendente decisão de deixá-lo fora da convocação de outubro colocaram essa certeza em dúvida.

O meio-campista dinâmico não participou da Data Fifa de setembro após finalmente passar por cirurgia no ombro, problema que o incomodava há tempos. Mesmo recuperado, o astro do Real Madrid ficou novamente fora da lista, já que o técnico decidiu manter o grupo que havia disputado os jogos contra País de Gales e Letônia.

“Jude é um jogador muito especial, e para jogadores especiais podem existir regras especiais”, disse Tuchel ao justificar a polêmica. “Entendo isso. Mas, para esta convocação, decidimos seguir de forma simples, chamando o mesmo grupo. Isso também se aplica a Jude — ele sempre merece estar aqui.”

“Acho que há uma camada a mais nessa situação: ele ainda não retomou completamente o ritmo no Real Madrid. Voltou ao time, mas ainda não completou uma partida inteira, só foi titular uma vez. Está nesse processo de readaptação física e competitiva. Mesmo assim, mantivemos a decisão para esta Data Fifa.”

Um talento geracional, Bellingham certamente ainda deve estar no avião rumo à Copa, mas a questão agora é: até que ponto faz sentido manter o mesmo grupo se os resultados continuarem bons?

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Confira os detalhes

Jack Grealish deve estar se perguntando o que mais precisa fazer para voltar à seleção inglesa, quase um ano depois de sua última partida, quando marcou na vitória por 3 a 1 sobre a Finlândia. Um dos jogadores mais talentosos de sua geração no país, o ponta continua afastado do time nacional, mesmo tendo reencontrado seu melhor futebol no empréstimo ao Everton, com cinco participações em gols em sete jogos da Premier League até aqui.

Mesmo com o lado esquerdo do ataque sendo uma das principais carências dos Três Leões, e apesar de Tuchel ter admitido que o jogador de 30 anos está “muito próximo de sua melhor versão, um jogador muito especial, com uma personalidade única”, Grealish voltou a ser deixado de fora da convocação para os amistosos de outubro.

O meia-atacante reagiu com elegância à decisão e disse à Sky Sports: “Eu entendo. Conversei com o treinador, e sei que há muita concorrência, especialmente nessa posição pela esquerda. O Rashy (Marcus Rashford) está voando, o [Eberechi] Eze, o Anthony Gordon... todos estão indo muito bem. Não posso reclamar, é o que é.”

Mas, nos bastidores, é natural que Grealish comece a se frustrar. As próximas semanas serão decisivas para suas chances de voltar à seleção.

Outro jogador elogiado por Tuchel, mas que ficou fora da última convocação, Phil Foden dava sinais de retorno à forma que o tornou quase imparável no Manchester City duas temporadas atrás, embora ainda sem brilhar como antes.

O meio-campista não fez o suficiente para ser novamente chamado: não atuau sob Tuchel desde os dois primeiros jogos do técnico, lá em março, e foi vítima das decisões divisivas do treinador no verão, além de ter sofrido uma lesão no tornozelo em setembro.

O técnico reconhece que Foden “voltou a influenciar jogos, a decidir partidas pelo Manchester City”, mas há a sensação de que ele ainda está um pouco atrás na hierarquia por nunca ter feito um impacto consistente pela seleção, com nomes como Morgan Rogers, Morgan Gibbs-White e Eze à sua frente atualmente, e outros desta lista parecem ter mais chance de forçar seu retorno aos planos do ex-técnico do Bayern.

Parecia certo que Myles Lewis-Skelly faria a lateral esquerda da Inglaterra por anos após uma temporada de estreia impressionante pelo Arsenal, mas mesmo antes dos comentários sobre os “mais talentosos”, Tuchel já havia feito um alerta individual ao jovem.

O garoto de 19 anos não vem sendo titular regular no clube em 2025/26, com Mikel Arteta preferindo o versátil Riccardo Calafiori na esquerda, e Lewis-Skelly tendo de se contentar com minutos limitados, normais para alguém da sua idade.

O técnico deixou claro que ele precisa jogar mais, mesmo com poucas opções na posição. “Talvez isso vire um problema para ele, sim”, disse Tuchel sobre a falta de minutos. “Ele foi um ótimo jogador e companheiro no último período de treinos. Mas ser um bom companheiro pode não ser suficiente para ficar o ano inteiro conosco. Você tem que desempenhar regularmente no clube. Na última convocação recebeu crédito porque achei que devíamos cuidar dele e nomeá-lo — aceleramos a carreira dele ao chamá-lo na temporada passada. Mantemos isso. Ele é um dos beneficiados por manter o mesmo grupo, mas as atuações pelo Arsenal serão fator decisivo no próximo mês.”

Parece que faz muito tempo desde que Kobbie Mainoo despontou como uma das promessas da Inglaterra, ganhando destaque na Euro 2024 sob o comando de Gareth Southgate. O meio-campista foi titular em todos os jogos do mata-mata, até a derrota para a Espanha na final.

De lá pra cá, o cenário mudou completamente. Já faz mais de um ano desde sua última convocação, e o jogador de 20 anos viu sua rápida ascensão estagnar em meio à fase instável do Manchester United. Mainoo tem tido dificuldades para se encaixar no esquema de Rúben Amorim, e a falta de minutos em campo desde a chegada do técnico português em Old Trafford vem afetando seu espaço na seleção.

Mesmo assim, Thomas Tuchel ainda o mantém no radar. “O que falta pra ele são minutos. De resto, não falta nada”, disse o treinador em setembro. “Ele tem experiência, força, qualidade e talento pra estar na nossa lista — e ele está —, mas nas posições 6, 8 e 10 temos jogadores em ritmo e com papel importante em seus clubes. Esse é o próximo passo pra ele.”

Se estivesse em boas condições físicas, seria difícil imaginar uma Inglaterra sem Cole Palmer nos planos de Tuchel para a Copa do Mundo. O craque do Chelsea tem talento e regularidade suficientes para ser peça-chave, mas uma sequência de lesões no momento errado o afastou da seleção desde que o treinador assumiu o cargo em março.

Palmer disputou apenas 65 minutos sob o comando de Tuchel, justamente contra Andorra, no meio do ano, e ficou fora de três das quatro convocações até agora. Ausente em setembro e outubro por causa de um problema na virilha, o atacante agora corre contra o tempo para voltar em novembro. Caso contrário, suas chances de disputar o Mundial estarão em risco.

“Ele só esteve conosco em junho, e isso é preocupante”, disse Tuchel após os jogos contra País de Gales e Letônia. “O mais importante é que ele volte a jogar sem dor, porque essa lesão é perigosa e pode se tornar crônica. Quando está bem e com ritmo, ele decide jogos, no clube e pela seleção. Sabemos do potencial dele, mas a realidade é que ele ficou fora de cinco das últimas sete convocações. Agora restam apenas duas antes da Copa.”

Considerado um dos meio-campistas mais talentosos que a Inglaterra revelou nos últimos anos, Adam Wharton também ficou fora da última convocação, o que causou surpresa e reforçou a ideia de que ele é um dos “mais talentosos” que podem acabar perdendo espaço, já que Tuchel quer montar uma equipe sólida e equilibrada.

O jogador do Crystal Palace tem feito uma grande temporada, mas ainda não foi o bastante para garantir o retorno à seleção. E, aos 20 anos, ele sabe que o tempo para impressionar está ficando curto, ainda mais com Elliot Anderson, do Nottingham Forest, ganhando destaque no meio-campo.

Mesmo assim, Tuchel deixou claro que a porta segue aberta. “Ele me mandou uma mensagem dizendo que eu estou jogando bem, que estou perto e mereço estar lá, mas que vai seguir com o mesmo grupo”, contou Wharton. “Faz parte do futebol. Não estou frustrado. Vou aproveitar o tempo livre, visitar meus avós… não é o fim do mundo. Tem outra convocação no mês que vem.”

“Meu foco é o Crystal Palace. Se eu continuar jogando bem, a oportunidade vai aparecer. Estar na seleção seria um bônus.”