Josko Gvardiol é a peça que falta na revolução de Pep Guardiola na defesa do Manchester City

Gvardiol é abençoado com uma força brutal, uma qualidade que Guardiola sempre exigiu de seus defensores: habilidade técnica que gera confiança com a bola. E ele possui algo que se tornou requisito mais recentemente para o treinador: notável destreza física. O defensor, com 1,85m de altura, é abençoado com uma força brutal, e ele parecia ainda mais intimidante durante a Copa do Mundo, quando usava uma máscara preta para proteger o nariz quebrado.

Ele também demonstrou sua força no primeiro jogo das oitavas de final da Liga dos Campeões entre RB Leipzig e City, marcando o gol de empate de sua equipe com uma cabeçada poderosa. Naquela noite, ele também levou a melhor sobre Erling Haaland em uma batalha física cativante, limitando o norueguês a um único chute. Mas é justo dizer que Haaland se vingou no segundo jogo, marcando cinco gols em uma goleada de 7 a 0.

Mas é a tranquilidade com a bola e a tomada de decisão sensata que fazem Gvardiol se destacar dos demais defensores, especialmente considerando que ele só jogou duas temporadas em uma das cinco principais ligas europeias. Como disse seu companheiro de equipe na Croácia, Borna Barisic, durante a Copa do Mundo: "Ele joga como se tivesse 100 partidas pela seleção nacional. Mas isso é o que acontece quando Deus te dá tudo."

Gvardiol é um recurso altamente cobiçado no futebol: um zagueiro canhoto. Sua habilidade com o pé esquerdo permite que ele inicie ataques com facilidade após recuperar a posse de bola, e também significa que ele pode se encaixar nas posições de lateral esquerdo durante as partidas, ou até mesmo no lado esquerdo do meio-campo. E é isso que o torna tão atraente para Guardiola, considerando a nova visão do treinador para sua equipe.

O treinador catalão sempre parecia ser um entusiasta dos laterais ofensivos e habilidosos. Seu time imbatível do Barcelona devia muito às incursões e cruzamentos de Dani Alves, enquanto Philipp Lahm foi um dos jogadores mais importantes durante sua passagem pelo Bayern de Munique.

E em sua segunda janela de transferências no City, Guardiola chamou a atenção ao gastar 130 milhões de libras em três laterais - Kyle Walker, Benjamin Mendy e Danilo. Oleksandr Zinchenko, uma pechincha por menos de 2 milhões de libras em 2016, também se tornou um jogador importante no elenco atuando como lateral esquerdo. A chegada de Haaland mudou a forma como o City jogava, e a presença de um centroavante significava que eles tinham menos controle da posse de bola do que quando jogavam com um falso nove, deixando-os mais vulneráveis a contra-ataques.

Essa mudança levou Guardiola a priorizar defensores fortes e tradicionais, como Nathan Ake, a quem ele transformou de zagueiro em lateral esquerdo após a Copa do Mundo, eventualmente escolhendo-o em vez de Cancelo. Quando Ake sofreu duas lesões nos últimos três meses da temporada, Guardiola fez a mesma coisa com Manuel Akanji. Apesar de nunca ter jogado como lateral antes, o defensor suíço também se destacou nessa posição, tendo performances especialmente impressionantes contra o Arsenal e nos dois jogos das semifinais da Champions League contra o Real Madrid, mesmo que tenha enfrentado algumas dificuldades na final contra a Inter.

John Stones também foi uma parte crucial da reformulação da defesa de Guardiola, transformando-se em um meio-campista de contenção visionário depois de assumir o papel de lateral/meio-campista híbrido de Rico Lewis. Stones agora está desfrutando de uma nova fase como um dos jogadores mais importantes do City, tendo sido um dos destaques na final da Champions.

Quando Guardiola começou a experimentar jogar com quatro zagueiros centrais em março, isso significou deixar Kyle Walker no banco por um curto período, e o treinador expressou suas dúvidas sobre a capacidade do defensor inglês de atuar como lateral invertido. No entanto, à medida que a equipe se tornava mais forte e avançava rumo à tríplice coroa, Guardiola parecia mais entusiasmado com seus defensores mais tradicionais.

E quem poderia culpá-lo? O City encerrou a temporada da Premier League com a melhor defesa ao lado do Newcastle, vencendo 12 jogos consecutivos entre meados de fevereiro e maio, sofrendo apenas sete gols nesse período. Nas seis partidas da Copa da Inglaterra, sofreram apenas um gol, que foi um pênalti controverso de Bruno Fernandes na final contra o Manchester United. E nas fases eliminatórias da Champions League, sofreram apenas três gols em sete jogos, goleando o Real Madrid por 4 a 0, o Bayern de Munique por 3 a 0 e o RB Leipzig por 7 a 0 em casa.

Quando o City conquistou o título da Premier League, Guardiola fez questão de ressaltar a influência de Ake, dizendo que o holandês "nos deu aquele impulso que eu não tinha no passado". E ele elogiou ainda mais sua defesa logo após o City conquistar a Champions em Istambul, após uma performance aguerrida contra a Inter. "Ser um bom defensor, considero o maior talento do futebol", disse ele.

Foi uma mudança e tanto para um treinador que construiu uma das equipes mais fascinantes de todos os tempos no Barcelona e que parecia ter uma visão de superioridade sobre como o futebol deveria ser jogado. O homem que sempre pareceu ser um ideólogo do ataque agora está exaltando as virtudes da defesa. E sua busca por Gvardiol mostra que ele está reforçando essa nova abordagem.

Se o City conseguir concretizar essa contratação, eles não apenas poderão contar com um dos melhores zagueiros do mundo, mas também estarão oferecendo a ele a estrutura defensiva ideal para prosperar e ajudá-los a continuar conquistando o mundo.