O jogo perfeito! Erling Haaland, Lionel Messi, Kylian Mbappé e os 18 jogadores que receberam a raríssima nota 10 do L'Equipe

Os primeiros jogadores a receber a nota máxima 10 do L’Équipe foram dois jovens franceses: Franck Sauzée e Bruno Martini. Depois de um 0 a 0 no jogo de ida contra a Grécia, na final do Europeu Sub-21, a França decidiu tudo em Besançon com uma vitória marcante por 3 a 0.

Sauzée brilhou com dois belos gols, enquanto Martini fez grandes defesas que garantiram a vantagem no placar.

Ambos construíram carreiras de destaque: Sauzée disputou mais de 500 partidas de liga e marcou 102 gols atuando como zagueiro e meio-campista. Já Martini virou ídolo do Auxerre, defendeu a seleção principal da França e, depois de se aposentar, se tornou treinador de goleiros da equipe nacional.

Nem o rigor do L’Équipe impediu que Oleg Salenko recebesse um 10/10 após sua atuação histórica na Copa do Mundo de 1994, nos Estados Unidos.

Ele segue até hoje como o único jogador a marcar cinco gols em uma única partida de Mundial. Além disso, havia balançado as redes contra a Suécia, o que lhe garantiu a artilharia ao lado de Hristo Stoichkov — mesmo com a Rússia eliminada ainda na fase de grupos.

O modesto Aarhus, da Dinamarca, não era levado a sério quando caiu contra o Nantes na primeira fase da Copa da Uefa de 1997/98.

Mas surpreendeu: segurou um empate por 2 a 2 fora de casa e depois venceu por 1 a 0 em seus domínios. O gol foi de Torben Piechnik, mas o grande herói foi o goleiro Lars Windfeld, que fez uma exibição incrível, com defesas decisivas, para segurar os franceses.

Apesar disso, Windfeld nunca foi convocado pela seleção dinamarquesa. Culpa de Peter Schmeichel, que reinava absoluto na posição.

Foram longos 13 anos até que o L’Équipe desse outra nota 10. Quem conseguiu quebrar esse jejum foi um jovem argentino de cabelo bagunçado chamado Lionel Messi.

Naquela noite mágica de Champions League, Messi foi simplesmente imparável contra o Arsenal. O Barça precisava dele: havia empatado por 2 a 2 no jogo de ida, em Londres, e precisava de uma grande atuação no Camp Nou. O craque respondeu à altura, no auge de sua genialidade.

Velho conhecido por aqui. Dessa vez, Messi fez história ao marcar cinco gols em um único jogo da Champions League, algo inédito, enquanto o Barcelona atropelava o Leverkusen. O goleiro Bernd Leno sofreu: levou dois gols de cobertura de La Pulga e ainda acabou desviando uma bola nos pés do argentino para o quarto gol da noite.

A semifinal da Champions de 2013 marcou uma virada de poder no futebol europeu: Espanha em baixa, Alemanha em alta, com Bayern e Dortmund eliminando Barça e Real. O nome daquele duelo foi Lewandowski, que deixou o Signal Iduna Park em festa ao marcar quatro vezes contra os merengues. A atuação antecipou o que o polonês viria a se tornar: um dos maiores artilheiros da sua geração.

Na temporada 2014/15, Carlos Eduardo fez 10 gols pelo Nice – e cinco deles saíram em uma única partida, no massacre por 7 a 2 contra o Guingamp. O mais bonito? O primeiro: uma cobrança de falta de longa distância, com o lado do pé, que caiu certinho no gol. Uma pintura.

Depois de uma sequência de notas 10 no início da década de 2010, o L’Équipe ficou quatro anos sem dar uma avaliação máxima. Quem quebrou o jejum foi Neymar, com uma atuação de gala na goleada por 8 a 0 sobre o Dijon. Ele marcou quatro gols naquela noite, metade dos tentos do PSG, em um jogo que foi um verdadeiro pesadelo para os visitantes.

O Ajax entrou em campo no Bernabéu precisando reverter a derrota por 2 a 1 do jogo de ida. E conseguiu. Surpreendeu o Real Madrid com um 4 a 1 histórico e garantiu vaga nas quartas da Champions. O grande nome foi Dusan Tadic: um gol, duas assistências e, provavelmente, a melhor atuação da sua carreira.

Se tirar seu time do fundo do poço e levá-lo a uma final de Champions League não vale nota 10, então nada vale.

Depois de um primeiro tempo apagado, Lucas Moura voltou do intervalo com tudo – marcou duas vezes em poucos minutos e deixou o Tottenham a um gol do sonho. No último lance, já nos acréscimos, fez o terceiro.

O título não veio, mas aquele gol é uma lembrança perfeita do porquê o futebol é o esporte mais emocionante do mundo.

De um dos maiores dias da história do Tottenham para um dos piores...

Levar 7x2 já é doloroso, mas ver Gnabry – formado na base do Arsenal – fazer um hat-trick e ainda dar uma assistência deixou tudo pior para os Spurs.

Aquela atuação também marcou a chegada do alemão ao topo do futebol europeu. Nada mal para quem não tinha espaço no time de Tony Pulis no West Brom alguns anos antes.

Mbappé já empilhou atuações de craque, mas só uma vez recebeu nota 10 do L’Équipe.

Não foi em uma final, mas sim nas Eliminatórias da Copa contra o Cazaquistão, no Parc des Princes. O atacante fez quatro gols – algo inédito na seleção francesa – e garantiu o 10/10.

O PSG quase nunca perde no Campeonato Francês. E quando perde, normalmente é porque o goleiro adversário faz milagre.

Foi o que Lafont fez: segurou a vantagem de 3x0 no primeiro tempo com defesas incríveis e ajudou o Nantes a conquistar três pontos históricos. Mesmo com 3,93 de xG (gols esperados) do PSG, só levou um gol graças às suas intervenções.

O segundo 10/10 de 2022 foi para Haaland, no clássico de Manchester que virou passeio.

Ele marcou seu terceiro hat-trick seguido em casa, feito inédito na Premier League, e ainda deu uma assistência. Pode se preparar: não vai ser a última nota máxima do norueguês.

O goleiro croata viveu noite de herói nas quartas da Copa do Mundo, praticamente sozinho segurando o Brasil. Foram 11 defesas no tempo normal.

Nos pênaltis, brilhou ainda mais: defendeu a cobrança de Rodrygo e abriu caminho para a Croácia avançar à semifinal.

Haaland voltou a receber um 10 do L’Équipe após outro show. Ele marcou cinco vezes nas oitavas da Champions contra o Leipzig.

Era a chance de completar um “duplo hat-trick”, mas Guardiola o tirou do jogo com meia hora ainda por jogar.

A Atalanta chegou como zebra à final da Europa League contra o Leverkusen invicto na temporada. Mas Lookman mudou a história.

O nigeriano marcou um hat-trick de golaço, desmontou a defesa de Xabi Alonso e levou os italianos a um título histórico em Dublin.

Durante muito tempo, o PSG foi alvo de piadas na Liga dos Campeões. Mesmo dominando o futebol francês e tendo em seu elenco os dois jogadores mais caros da história — Neymar e Kylian Mbappé —, o time colecionava fracassos na Europa. Mas em 2024/25, já sem Mbappé, surgiu um novo PSG, jovem, vibrante e cheio de energia, embalado pelo técnico Luis Enrique.

O resultado foi histórico: a conquista da primeira Champions League, coroada com uma goleada de 5 a 0 sobre a Inter de Milão na final. Em Munique, o grande nome foi Désiré Doué. O meia deu a assistência para o gol de abertura de Hakimi e ainda marcou dois, tornando-se o primeiro jogador a participar diretamente de três gols em uma decisão de Liga dos Campeões. Aos 19 anos, deixou os defensores da Inter perdidos durante os 67 minutos em que esteve em campo — uma atuação de gala que mostrou por que ele já é visto como estrela mundial.

Vale lembrar também que Luis Enrique recebeu a nota 10/10 do L’Équipe ao se tornar o primeiro treinador a conquistar a Tríplice Coroa europeia com dois clubes diferentes.

Quem disse que a Ligue 1 não tem emoção? A vitória maluca do PSG por 6 a 3 contra o Toulouse, logo no começo da temporada 2025/26, teve de tudo: nove gols, pênalti perdido e, principalmente, uma atuação inesquecível de João Neves.

O jovem meio-campista fez um hat-trick, mas não foi um hat-trick qualquer. Ele marcou dois gols de bicicleta, com apenas sete minutos de diferença, ambos ainda nos primeiros 14 minutos da partida. Uma coisa simplesmente absurda.

O PSG foi para o intervalo já vencendo por 4 a 1, com gols de Barcola e Dembélé, além dos de Neves. No segundo tempo, Dembélé marcou o quinto de pênalti e, para fechar, Neves fez seu terceiro da noite. Depois disso, não havia como o L’Équipe negar: nota 10 mais do que merecida.