- Organizadas invadiram o Parque São Jorge, exigindo mudanças estruturais
Augusto Melo tenta reassumir após afastamento e causa tumulto no clube
Garro admite impacto da crise nos resultados dentro de campo
| 📱Veja a GOAL direto no Whatsapp, de graça! 🟢 |
AFPArticle continues below
Article continues below
Article continues below
Augusto Melo tenta reassumir após afastamento e causa tumulto no clube
Garro admite impacto da crise nos resultados dentro de campo
| 📱Veja a GOAL direto no Whatsapp, de graça! 🟢 |
A sede social do Corinthians, no Parque São Jorge, foi invadida nesta terça-feira (03) por membros de seis torcidas organizadas — entre elas, Gaviões da Fiel, Camisa 12 e Estopim da Fiel. O grupo fechou os portões com correntes, estendeu faixas e entoou cantos contra ex-presidentes do clube. O protesto foi descrito como pacífico, mas carregado de exigências: direito de voto para sócios do Fiel Torcedor, mudança imediata no estatuto e punição a ex-gestores que aumentaram a dívida do clube.
A ação é reflexo do caos institucional que tomou conta do Corinthians após o afastamento do presidente Augusto Melo, investigado no caso “Vai de Bet” e alvo de um processo de impeachment. No sábado (31), a crise no Corinthians atingiu um novo pico. Afastado da presidência pelo Conselho Deliberativo, Augusto Melo tentou reassumir o cargo à força, amparado por um ofício assinado por Maria Angela de Souza Ocampos — aliada política que se autodeclarou presidente do Conselho após a suspensão de Romeu Tuma Júnior. A movimentação foi rejeitada por Osmar Stabile, atual presidente interino, que permaneceu firme no cargo, alegando respaldo do Conselho e do próprio estatuto do clube.
A tentativa de retorno de Melo gerou tumulto no Parque São Jorge, com a sala da presidência sendo invadida por apoiadores do dirigente e exigindo a intervenção da Polícia Militar para conter os ânimos. O episódio escancarou o racha político dentro do clube, envolveu disputas sobre a legitimidade de decisões internas e expôs ao torcedor um Corinthians mergulhado em incertezas. Sem respaldo oficial do Conselho, Augusto deverá recorrer à Justiça comum para tentar voltar ao cargo.
Enquanto isso, a presidência segue sob comando de Stabile — pelo menos até que a Assembleia Geral de sócios, marcada para 9 de agosto, decida o futuro definitivo de Melo. Tudo isso acontece em meio a uma crise financeira profunda, com a dívida do Corinthians ultrapassando os R$ 2,5 bilhões, entre obrigações financeiras do clube e o financiamento da Neo Química Arena.
Getty Images SportEm nota conjunta, as torcidas afirmaram que “o Corinthians sangra há anos nas mãos de gestões incompetentes, amadoras, omissas e elitistas”. O protesto no PSJ foi definido como “um ato de resistência contra o sistema político que prejudica o clube há décadas” e não teve vínculo com nenhuma corrente interna ou grupo político. O comunicado destacou ainda que o clube precisa ser devolvido à sua torcida — “o verdadeiro dono do Corinthians”.
Leia na íntegra:
“TORCIDAS ORGANIZADAS OCUPAM O PSJ CONTRA AS MÁS ADMINISTRAÇÕES QUE PREJUDICAM O CLUBE E EXIGEM MUDANÇAS IMEDIATAS As torcidas organizadas do Corinthians — Gaviões da Fiel, Camisa 12, Pavilhão Nove, Estopim da Fiel, Coringão Chopp e Fiel Macabra —, junto aos associados do clube e demais torcedores corinthianos, estão, neste momento, ocupando o Clube Social, em um ato de resistência contra o sistema político que vem prejudicando o Sport Club Corinthians Paulista há décadas. O protesto ocorre de forma pacífica e exige MUDANÇAS URGENTES e ESTRUTURANTES, para que, de fato, esse cenário não continue a se repetir e a prejudicar ainda mais o SCCP. O Corinthians sangra há anos nas mãos de gestões incompetentes, amadoras, omissas e elitistas, que viraram as costas para quem sustenta esse clube há mais de 114 anos: O POVO! As exigências são claras e inegociáveis:
Não aceitaremos mais:
O CORINTHIANS NÃO TEM DONO E VAMOS FAZER VALER A SUA ESSÊNCIA DO POVO E PARA O POVO!
Não aceitaremos que esse sistema corrompido e claramente ineficaz continue decidindo o futuro de milhões de corinthianos. O Corinthians é do povo, e é o povo que vai resgatá-lo, reconstruí-lo e devolvê-lo para de onde nunca deveria ter saído: SUA TORCIDA! Nossa reivindicação é pela nossa instituição, como sempre foi. Nosso único lado é o Corinthians. Não estamos com lado A ou lado B. Queremos a expulsão de todos os responsáveis que colocaram o SCCP nessa situação lastimável. A REVOLUÇÃO CORINTHIANA COMEÇA AGORA!”.
AFPApós o empate sem gols com o Vitória, pelo Brasileirão, no último domingo (01), o meia argentino Rodrigo Garro admitiu os impactos da crise política no desempenho esportivo:
“Sem dúvida, a gente escuta, vive o dia a dia do Corinthians. Vou falar por Rodrigo Garro, ok? A guerra política do Corinthians, infelizmente, atrapalha, atrapalha o nosso trabalho.”
“Atrapalha, não é bom a gente não escutar e saber o que acontece. Eu também não quero saber o que acontece, estou aqui para jogar futebol, para que o Corinthians seja melhor do que ontem.”
Garro, que ficou dois meses afastado por lesão no joelho, ainda expressou otimismo:
“Pessoalmente, acho que se a gente colocar a cabeça em ganhar, dá para ganhar o Brasileirão e a Copa do Brasil. Mas a gente precisa reagir e pensar grande.”
Getty Images SportO presidente Augusto Melo, alvo de impeachment no Corinthians, foi indiciado pela Polícia Civil por associação criminosa, furto qualificado e lavagem de dinheiro. A investigação revelou que parte do valor pago à intermediária do contrato com a Vai de Bet — ex-patrocinadora que rompeu unilateralmente com o clube — chegou ao crime organizado. O escândalo envolveu uma empresa “laranja” e um intermediador ligado à campanha de Augusto. Além disso, o clube registrou um salto da dívida de R$ 1,9 bilhão para R$ 2,5 bilhões em apenas um ano de gestão.
Getty Images SportEnquanto cresce a mobilização por eleições diretas para sócios, o time tem uma pausa por conta da data Fifa e volta a jogar no dia 12 de junho, contra o Grêmio, pela 12ª rodada do Campoenato Brasileiro.