Inglaterra pode ter achado solução para o meio-campo, mas não para a monotonia: os vencedores e perdedores da vitória sem graça sobre Andorra

O meio-campista do Nottingham Forest vinha chamando atenção de Tuchel a temporada toda, e quando finalmente teve sua chance, aproveitou bem. Anderson conduziu a bola da defesa ao ataque com rapidez, e foi em uma dessas jogadas que a Inglaterra marcou o primeiro gol.

Ele cumpriu bem o papel de “camisa 5”, mas não conseguiu se segurar totalmente, mostrando seu lado ofensivo típico de "camisa 8” no clube. No segundo tempo, chegou a uma ótima posição de chute e poderia ter aproveitado melhor o passe de Harry Kane.

Mesmo com a atuação apagada do restante da equipe, a exibição de Anderson foi um alívio para Tuchel, além de beneficiar Rice e Bellingham. O trabalho seguro de Anderson no meio deu liberdade para Rice avançar e mostrou que há alternativas promissoras para o lesionado craque do Real Madrid, que costuma jogar mais adiantado.

O técnico disse que gostou da atuação da equipe, chamando-a de “boa” e “sólida” contra um time fechado. Mas quem estava à beira do campo percebeu o contrário: Tuchel parecia pouco impressionado, irritado com a falta de eficiência e, em alguns momentos, até entediado.

Vencer por 2 a 0 em casa pode ser desculpável contra um adversário respeitável, mas Andorra é apenas o 174º do ranking mundial da Fifa, venceu apenas sete jogos oficiais na história e tem uma população equivalente a 80 mil pessoas.

Outro ponto: a Inglaterra deveria estar acostumada a enfrentar times fechados, e na Copa do Mundo terá que lidar com seleções muito mais qualificadas e rápidas no contra-ataque. Este foi o quinto jogo de Tuchel, e ainda não há sinais de que a equipe esteja assimilando suas ideias ou jogando com confiança.

A decisão de Tuchel de deixar Kyle Walker e Trent Alexander-Arnold de fora praticamente abriu uma vaga permanente de lateral-direito na Inglaterra — e Reece James aproveitou a oportunidade, mostrando-se o candidato ideal.

James foi um dos destaques de Tuchel no Chelsea e provou que pode ter papel tão importante na seleção quanto tinha no clube. Contra o bloco baixo de Andorra, ele atuou como ala, e todos os melhores momentos da Inglaterra no jogo vieram pelo seu lado.

Ele quase abriu o placar no primeiro tempo e, no segundo, sua assistência para Rice garantiu o segundo gol. Com a carreira de Walker na seleção praticamente encerrada e Alexander-Arnold ainda mostrando falhas defensivas, James deve assumir a lateral-direita na Copa do Mundo — só seu histórico de lesões preocupa.

Tuchel havia dito que Kane começaria o jogo porque não havia espaço para experimentos, mesmo contra um adversário fraco como Andorra. O capitão e maior artilheiro da Inglaterra deveria ter somado mais gols ao total de 73, mas passou quase o jogo todo apagado.

Cercado pelos três zagueiros da defesa de cinco de Andorra, Kane teve apenas uma chance real de gol. Suas tentativas de recuar e participar da construção não funcionaram, e a única ação de destaque foi liderar a volta olímpica no final, com o estádio já quase vazio.

A Inglaterra enfrentou Andorra no Villa Park no sábado (06), já que o Wembley estava ocupado com um show do Coldplay. Bukayo Saka, Jude Bellingham e Cole Palmer estavam lesionados, assim como John Stones e Phil Foden, abrindo espaço para outros jogadores mostrarem serviço. Mas nenhum dos substitutos conseguiu substituir o brilho do trio.

Noni Madueke tentou trazer velocidade ao time, mas ficou longe do impacto de Saka. Sem Bellingham, a equipe perdeu sua força motriz. E ninguém conseguiu criar jogadas como Palmer, que sempre surpreende nos momentos decisivos. Tuchel, sem dúvidas, vai ficar feliz em ter esses jogadores de volta para os próximos jogos contra Gales e Letônia.

Rashford começou três das quatro partidas de Eliminatórias da Inglaterra e, sem lesão, teria jogado contra Andorra. Mas, assim como nos jogos anteriores, não conseguiu justificar sua presença no time titular.

No Villa Park, ele parecia distante e desperdiçou boas chances. Um passe errado de Rashford estragou um ataque promissor, e ele ainda perdeu uma oportunidade clara de gol. Considerando seu início pouco impressionante no empréstimo ao Barcelona — que o clube já pensa em encerrar — sua convocação por Tuchel pode estar por um fio. Se não se redimir contra a Sérvia, pode ser a última chance na seleção.