Hora da vingança? Vinícius Junior tenta melhorar desempenho de olho na Bola de Ouro enquanto rumores de saída do Real Madrid aumentam

A Bola de Ouro de 2024 certamente voltou ao foco esta semana, enquanto o Real Madrid se prepara para enfrentar o Manchester City no Etihad Stadium. Como lembrete: o clube soube que Vinícius não venceria e ficou tão ultrajado que boicotou a glamorosa cerimônia em Paris, lançou uma campanha midiática descartando a premiação como um absurdo e fez de tudo para provar que Vinicius era o melhor jogador de futebol do mundo.

No fim, foi uma questão de escolha. Esse foi um raro debate futebolístico com nuances e pontos válidos de ambos os lados. Embora tenha havido pontos controversos, Vinícius perdeu e Rodri ganhou. Acontece.

Assista à Liga dos Campeões na Max

Veja os detalhes

Em resposta, o camisa 7 brasileiro prometeu mostrar ao mundo do que era feito. Com Rodri já fora da temporada devido a uma ruptura do ligamento cruzado anterior do joelho e o Real Madrid entre os favoritos para conquistar praticamente todas as competições em que estava, enquanto Kylian Mbappé enfrentava dificuldades para se adaptar ao Santiago Bernabéu, poucos apostariam contra o segundo lugar de 2024 cumprir sua promessa.

Desde então, porém, as coisas não saíram exatamente como planejado. Vinícius não marca um gol em LaLiga há mais de três meses. Ele foi expulso contra o Valencia em janeiro por um empurrão desnecessário e sofreu lesões que o forçaram a perder alguns jogos. Quando esteve em campo, cometeu alguns erros e demonstrou menos precisão do que o habitual. Aquele que poderia ser um vencedor da Bola de Ouro de repente parece um pouco fora de ritmo. Carlo Ancelotti, por sua vez, manteve seu apoio ao astro em janeiro.

O técnico italiano defendeu seu jogador, mas também abordou um ponto que nem sempre é mencionado ao se discutir a fase do brasileiro. Vinicius é constantemente alvo de racismo, vaias e provocações dos torcedores na Espanha. A expectativa sobre ele é enorme, e grande parte de seu jogo exige atenção, mas isso resulta em uma combinação peculiar de espetáculo e pressão. O mundo do futebol se encanta com Vini porque ele é extremamente talentoso. Mas seu estilo, sua confiança e sua franqueza tornam muito difícil ser Vinícius.

"Quando as pessoas falam sobre Vini provocando [adversários], estão desviando o foco dos insultos que ele recebe", disse Ancelotti. "Todos ouvimos o que acontece em campo. É difícil para Vinícius... Estamos encantados com ele em todos os sentidos."

Além disso, a queda de forma de Vinícius foi ainda mais evidente diante das melhorias apresentadas por Mbappé. O capitão da França teve um início instável em sua trajetória no Real Madrid, frequentemente se deslocando para a ponta esquerda quando Ancelotti queria que ele atuasse como um camisa 9, o que gerou um problema tático. Com a confiança abalada, Mbappé começou a desperdiçar pênaltis com frequência e aparentava ter ainda menos disposição para correr do que o habitual. Houve um receio de que esse Galáctico — contratado com um generoso bônus de assinatura de 150 milhões de euros — pudesse ter sido um investimento equivocado de Florentino Pérez.

Essas preocupações ainda não desapareceram completamente, mas boas atuações podem mudar percepções rapidamente. A realidade é que Mbappé está encontrando seu ritmo. Ele marcou nove gols nos últimos oito jogos, incluindo um empate crucial contra o Atlético de Madrid no sábado (8). Em janeiro, foi eleito Jogador do Mês de La Liga e tem média de 0,9 gols e assistências a cada 90 minutos.

Não é mera coincidência, porém, que essa grande evolução tenha começado quando Vinícius estava fora do time. Com a ausência do brasileiro, Mbappé pôde atuar com mais liberdade, sem a preocupação de atrapalhar seu companheiro de equipe. Embora ainda jogasse como atacante, um leve deslocamento para a esquerda acabou lhe fazendo bem.

Desde o retorno de Vini após a suspensão, a dupla não conseguiu se entrosar plenamente. Nos primeiros cinco meses juntos, Mbappé e Vinícius combinaram para apenas cinco gols — um número abaixo do esperado, considerando a qualidade individual de ambos.

Antes do clássico de Madri, surgiu a informação de que Vinícius havia rejeitado uma oferta impressionante de extensão de contrato do Real. O brasileiro tem vínculo com o clube até 2027, e normalmente o Real só inicia discussões sobre novos acordos quando restam dois anos de contrato. Parece, então, que desta vez abriram uma exceção.

E por que não fariam? Vinicius tem 24 anos, é um dos melhores do mundo e provavelmente só tende a evoluir. Mbappé e Jude Bellingham vendem muitas camisas, mas, olhando o cenário de forma ampla, é o brasileiro que tem tudo para ser o grande líder da próxima geração do Real Madrid.

Ele é, portanto, o tipo de jogador que precisa ser assegurado com um contrato de longo prazo, presumivelmente nos termos mais vantajosos possíveis. O fato de Vini ter recusado a primeira investida de Florentino Pérez é ao mesmo tempo preocupante e compreensível. Naturalmente, toda essa situação será tratada de forma pública; ele é um jogador muito grande para que algo assim permaneça em segredo. Além disso, a atenção gerada pela chegada de Mbappé — sem falar em seus salários astronômicos — tornará ainda mais difícil acertar qualquer renovação no Bernabéu num futuro próximo.

Também persiste o burburinho de que clubes sauditas estão na fila para fazer de Vinicius o novo rosto da liga local. Ele poderia ganhar uma quantia inimaginável — supostamente 1 bilhão de euros — ao se transferir para o Oriente Médio e ainda retornar à Europa no auge, caso desejasse. Certamente, não está fora de questão que cogite uma saída já ao final desta temporada.

Vinícius, então, está em uma encruzilhada. Ancelotti teria repreendido o brasileiro e seus companheiros de equipe no intervalo do dérbi de Madri, após um primeiro tempo bastante apático, enquanto surgiram rumores isolados de que Luka Modric e outros jogadores estariam cansados de sua atitude. A suspensão de dois jogos pelo cartão vermelho em janeiro foi infeliz — e talvez injusta —, mas só agravou a situação. Nos últimos três meses, tudo o que poderia dar errado parece ter acontecido com o brasileiro.

O Manchester City, portanto, representará um grande desafio. Ancelotti admitiu que o confronto se tornou algo como um "Clássico da Champions League", dado o número de vezes que esses dois times se enfrentam na competição. Provavelmente será o melhor duelo das oitavas de final — independentemente do momento irregular do City. Tradicionalmente, esses são os jogos em que Vinícius brilha. Suas melhores atuações pelo Real Madrid aconteceram nas fases finais da Champions League. Seu recorde de nove gols em 20 partidas eliminatórias desde o início da temporada 2021/22 pode não ser extraordinário, mas inclui performances decisivas contra Liverpool e Bayern de Munique, além de gols em duas finais vitoriosas.

Agora, o craque tem a chance de reativar sua temporada. Sua hora da vingança pode voltar aos trilhos justamente na casa do clube cujo meio-campista partiu seu coração em outubro. Mas, se tiver mais uma noite apagada, certamente novas dúvidas surgirão sobre um jogador de elite que, no momento em que prometia grandeza, está enfrentando dificuldades.