A hora de Nico Williams: destaque da Espanha na Eurocopa vai dar passo para gigantes de LaLiga e Premier League?

Nico Williams nasceu em Pamplona, no dia 12 de julho de 2002. Ele é espanhol e viveu toda a sua vida na Espanha. No entanto, sua ascendência traz uma história de superação e dor. Seus pais chegaram ao país vindo da África, atravessando o deserto vindo de Gana. As altas temperaturas do caminho deixaram marcas eternas em suas pernas e pés, conforme relata Iñaki, irmão mais velho de Nico e também jogador do Athletic Bilbao.

"Meu irmão é tudo para mim. Ele é um pai, um irmão, um amigo", explica o ponta. Com oito anos de diferença, Nico ia vê-lo jogar quando ainda era um menino que sonhava em estar no mesmo campo. Em 2024, alcançaram um marco: tornaram-se campeões da Copa do Rei, quebrando um jejum de quatro décadas sem levantar o troféu.

"Quando eu era pequeno, assistia muitos vídeos de Cristiano Ronaldo quando ele jogava no Manchester United, do Neymar quando ele jogava no Santos e no Barcelona. Eu passava 24 horas por dia, 7 dias por semana na praça do meu bairro jogando futebol, tentando fazer dribles", explica Nico Williams sobre seu amor pelo futebol.

Com a prática, ele conseguiu as habilidades que queria. Tem uma arrancada devastadora que o torna imprevisível no um contra um, seu ponto forte. Além disso, possui grande capacidade de conduzir a bola com ambos os pés, embora prefira a perna direita para finalizar. Com chutes fortes, mas também definições sutis, ele soma gols e assistências à sua habilidade estética, plasticidade e imaginação para driblar.

Em 27 de abril de 2024, na derrota fora de casa por 3 a 1 para o Atlético de Madrid, pela 33ª rodada de LaLiga, um pequeno grupo de torcedores colchoneros proferiu insultos racistas contra Nico Williams. O jogo foi interrompido de acordo com o protocolo e, ao ser retomado, Nico marcou um gol e acabou comemorando com uma mensagem clara.

Depois do jogo, ele disse: "Fui cobrar um escanteio e ouvi sons de macaco, foram poucos na verdade. Há pessoas ignorantes em todos os lugares, mas não tem problema, temos que continuar trabalhando. Espero que isso vá mudando aos poucos porque no final estamos lutando interna e externamente contra isso. A comemoração veio com um pouco de raiva, não é normal ainda ser insultado por causa da cor da sua pele, mas não tem problema, temos que continuar trabalhando".

Durante as oitavas de final da Eurocopa 2024, na vitória avassaladora por 4 a 1 da Espanha sobre a Geórgia, houve um momento divertido entre Nico Williams e Lamine Yamal jogando pedra, papel ou tesoura para beber água. "Estava quase acabando a garrafa que eu estava segurando; eu estava contando para ele, ele pegou a garrafa e eu disse 'o que você está fazendo, ainda tem um pouco'. Jogamos pedra, papel ou tesoura, ele ganhou e o garoto esperto bebeu e cuspiu a água", explicou Yamal entre risos.

A conexão entre os dois é natural. Dentro de campo, são os pontas que causam desequilíbrio dentro da estrutura de jogo espanhola. São como flechas que se destacam no aparente ritmo tranquilo do meio-campo clássico de passes curtos. Com eles buscando espaço, os rivais têm muito mais preocupações.

Cinco anos mais velho, Nico vê Yamal como um irmão mais novo. Além de compartilharem o quarto, eles dividem o dia a dia na Alemanha. Usam pedra, papel ou tesoura o tempo todo, um jogo de crianças para decidir desde onde vão sentar até quem vai levantar para fazer alguma tarefa. Entre os deveres escolares do jogador do Barcelona e a diversão no campo, Luis de la Fuente encontrou uma dupla que eleva o nível de seu time.

A primeira vez que jogaram juntos foi em setembro de 2023, nas Eliminatórias do torneio, na goleada por 7 a 1 contra a Geórgia. Aos 28 minutos do segundo tempo, Nico Williams pegou a bola no lado esquerdo, correu até a linha de fundo e cruzou para trás, onde Yamal finalizou com um chute de canhota, em sua estreia com a camisa da seleção espanhola.

No entanto, a confirmação de ambos como titulares habituais teve que esperar até os amistosos deste ano contra Brasil e Irlanda do Norte.

Era evidente que o mercado europeu não iria ficar de braços cruzados diante de um talento dessa envergadura. O sobrenome Williams ressoa fortemente em vários pontos do continente, especialmente na Inglaterra e na Espanha.

Embora Nico tenha declarado, em entrevista ao El Partidazo de COPE em 12 de junho, que está muito contente no Athletic Bilbao e que "sabe muito bem onde vai jogar", as ofertas não param de chegar.

Segundo o AS, o Chelsea estaria disposto a oferecer-lhe o triplo do salário que ganha hoje e pagar a sua cláusula de rescisão de 58 milhões de euros (R$ 343,5 milhões). Outro clube inglês na disputa é o Arsenal.

O Barcelona também deseja contratá-lo para levar a dupla de pontas da seleção para o time de Hansi Flick e diminuir o impacto da chegada de Mbappé ao Real Madrid. No entanto, economicamente é improvável que consiga competir com os ingleses. Precisariam vender Raphinha ou Frenkie de Jong para pagar a cláusula de rescisão. Além disso, segundo relatos, Williams não acertaria com outro clube espanhol, pois tem grande lealdade ao Athletic.