O apelo do Wrexham foi tão grande que conseguiu atrair gigantes da Premier League como Chelsea e Manchester United para disputarem amistosos durante suas respectivas turnês pelos Estados Unidos, em 2023. E foi justamente contra os Red Devils que Mullin enfrentou sua primeira grande adversidade no clube, ao sofrer fraturas nas costelas e um pulmão perfurado após colidir com o goleiro Nathan Bishop. A lesão foi tão séria que ele precisou permanecer nos EUA enquanto o restante da equipe voltava para casa, a fim de ter tempo suficiente para se recuperar.
“Eu tentava respirar, mas nada acontecia”, relatou Mullin após o incidente. “Não conseguia fazer o ar entrar nos pulmões. Foi aí que percebi a gravidade. Naquela luta por ar, com os lábios ficando azuis, pensei que aquilo poderia ser o fim. Era assim que me sentia. Passei alguns minutos sem conseguir respirar direito. Pensava no meu filho pequeno, Albi. Odeio ficar longe dele e da minha parceira, Mollie, por muito tempo, mas me disse que seriam só duas semanas e logo estaria de volta. Acabou durando bem mais, mas sou muito grato por não ter sido pior.”
O carinho incondicional de Reynolds e McElhenney por Mullin os levou a fazer de tudo para apoiá-lo nesse momento difícil. Ele revelou: “Ryan se ofereceu para trazer toda a minha família de avião, e o Rob disse que eu podia ficar na casa dele em Los Angeles. Tenho certeza de que ele tem espaço, mas preferi não atrapalhar. Então eles providenciaram um apartamento para nós. O Rob me visitou lá antes de ir para o País de Gales para o jogo de estreia da temporada contra o MK Dons. Eu adoraria ter pegado aquele voo com ele, mas precisei ficar e descansar. Não conseguia andar por muito tempo, e toda vez que me movimentava, doía.”
Mullin ficou de fora do restante da pré-temporada e só retornou aos gramados em setembro, saindo do banco. Mas demorou a reencontrar o ritmo: marcou em apenas quatro partidas da quarta divisão até o fim do ano. O Wrexham entrou em 2024 fora do grupo dos três primeiros — que garantiriam o acesso automático pela segunda temporada seguida — e Mullin ainda não havia reencontrado sua melhor forma. Uma sequência negativa o deixou sete jogos sem marcar, entre janeiro e o fim de fevereiro, mas, quando mais importava, ele apareceu.
Com 14 gols nos últimos 13 jogos da temporada, o Wrexham disparou rumo ao segundo lugar e conquistou o acesso à League One — e Mullin, mais uma vez, foi o herói. Ele estava prestes a merecer, com justiça, o título de super-herói.