Gabriel Martinelli, Real Madrid e até José Mourinho: os vencedores e os perdedores do final de semana na Europa

Gianluca Mancini disputou seu 15º dérbi da capital no domingo, mas confessou depois do jogo que ainda sente “borboletas no estômago” antes de cada clássico.

“Quem está de fora não entende o que significa um dérbi”, disse o defensor da Roma ao DAZN. Lorenzo Pellegrini, claro, não é um estranho nesse cenário. Nascido e criado em Roma, o camisa 10 sempre viveu esse duelo de forma especial.

A emoção foi ainda maior desta vez. Depois de marcar o gol da vitória sobre a Lazio, Pellegrini revelou que quase foi vendido na janela do meio do ano, mas uma lesão muscular acabou barrando qualquer negociação.

“É verdade que fiquei muito emocionado ao fazer o gol”, disse o meia, que fica sem contrato no próximo ano. “A vida é imprevisível: nunca se sabe o que pode acontecer. Ganhar o dérbi é para o meu povo e para a minha família. Vocês são todos a minha família e me ajudaram nesse momento difícil.”

Antes da bola rolar, um grupo de torcedores já havia estendido uma faixa com os dizeres “Bem-vindo de volta, capitão!”. Mesmo que a braçadeira estivesse com Bryan Cristante, o gesto foi sentido como um recado direto a Pellegrini.

“Eu sei que há gente que me ama nas arquibancadas, e nunca duvidei disso. Amo todos eles também”, completou. “Sinto orgulho de ser um dos muitos capitães, responsáveis por passar a paixão pela Roma para quem acabou de chegar e ainda não entendeu onde está. Isso vale também para o Mancini, que é meu irmão de outra mãe."

"Apesar de todo o raciocínio e palavras, entretanto, há uma constante, que é que eu amo a Roma. Enquanto eu vestir esta camisa, não haverá um momento em que eu irei me segurar."

O Monaco começou sua campanha na Champions League levando 4 a 1 do Club Brugge fora de casa na última quinta-feira (18), mas ao menos teve uma boa notícia: o primeiro gol de Ansu Fati com a camisa do clube, vindo do banco.

O melhor, no entanto, ainda estava por vir. No domingo, no Stade Louis II, o atacante emprestado pelo Barcelona brilhou logo na estreia pela Ligue 1, marcando dois gols na vitória por 5 a 2 sobre o Metz, resultado que deixou os monegascos empatados em pontos com o PSG na liderança.

“Me sinto muito bem e capaz de ajudar o time”, disse Fati ao site oficial do Monaco. “Estou feliz de voltar a jogar futebol. É preciso viver o presente e encarar um dia de cada vez. Ninguém sabe o que o futuro reserva, mas, seja como for, hoje estou muito feliz.”

O discurso é correto: ainda é cedo e não dá para cravar nada sobre um jogador que já sofreu tanto com lesões. Mesmo assim, é difícil não se empolgar com a possibilidade de o ex-prodígio reencontrar o rumo da carreira após tantos obstáculos nos últimos anos.

Como destacou Deco, diretor esportivo do Barça, durante a pré-temporada, Fati ainda tem só 22 anos. E poucos clubes na Europa trabalham tão bem jovens talentos quanto o Monaco.

Depois do fracassado empréstimo ao Brighton em 2023/24, ninguém parecia querer Fati, nem o próprio técnico Hansi Flick, em Barcelona. Mas o Monaco pode ter feito um grande negócio ao garantir opção de compra de € 11 milhões (R$ 71 milhões) ao fim do vínculo.

O jornal El Nacional noticiou no fim de semana que o Barcelona avalia Harry Kane como possível substituto de Robert Lewandowski, ideia que soa absurda à primeira vista. Por que trocar um atacante de 37 anos por outro que completa 33 no ano que vem?

Por outro lado, Kane não dá sinais de queda de rendimento. Pelo contrário: vive um dos períodos mais produtivos da carreira.

Depois de marcar dois gols na estreia do Bayern na Champions contra o Chelsea, o inglês foi além no fim de semana e anotou um hat-trick na vitória por 4 a 1 sobre o Hoffenheim, fora de casa.

Com isso, Kane soma incríveis oito gols em apenas quatro rodadas da Bundesliga, além de 13 em sete jogos considerando todas as competições. Não à toa, parte da imprensa alemã já se desculpou publicamente por ter dito que o Bayern pagou caro demais por ele. E é por isso que até os rumores vindos da Espanha não parecem mais tão descabidos assim.

As coisas acabaram se ajeitando para José Mourinho. Pouco mais de três semanas depois de o Benfica de Bruno Lage praticamente lhe custar o emprego no Fenerbahçe, o "Special One" voltou a Lisboa, 25 anos após iniciar sua carreira vitoriosa como treinador justamente nos Encarnados.

Embora nunca tenha sido uma boa ideia tentar prever o que Mourinho fará, ou dirá, a seguir, tudo indica que sua segunda passagem em Lisboa durará bem mais que a primeira (apenas nove jogos), já que ele acredita que o Benfica, ao contrário do Fenerbahçe, está em seu “nível”.

"Vim treinar um grande clube, vim treinar um gigante", afirmou após comandar o bicampeão europeu a uma vitória por 3 a 0 sobre o AVS no sábado (22). "Já estive com gigantes: Real Madrid, Inter, Manchester, Roma – não um gigante em títulos, mas em dimensão social. Então, já passei por grandes clubes e agora tive a oportunidade de vir treinar um gigante, e foi isso que me trouxe aqui.”

No fundo, talvez até Mourinho saiba que deu sorte em conseguir um cargo desse porte depois de fracassar no Fenerbahçe, mas isso pouco importa agora.

O que conta é que ele está de volta a um dos clubes mais prestigiosos da Europa, e também de volta à Champions League. A verdade é que já dá para contar os dias para o seu reencontro com Stamford Bridge. Só a coletiva pré-jogo promete ser um espetáculo à parte.

Que semana terrível para Diego Simeone! Depois de ser expulso ao discutir com um torcedor do Liverpool na derrota no apagar das luzes em Anfield, na quarta-feira, o técnico do Atlético de Madrid ainda viu Alexander Sorloth receber cartão vermelho no jogo contra o Mallorca no domingo (21), apenas 10 minutos após substituir um Julian Álvarez visivelmente irritado.

Surpreendentemente, mesmo com um a menos, o Atleti conseguiu abrir o placar com outro reserva, Conor Gallagher, mas acabou cedendo o empate nos minutos finais, com gol de Vedat Muriqi.

A sensação é de que nada dá certo para Simeone no momento, mas soa difícil acreditar quando ele diz que o clube já esperava dificuldades nessa fase de transição após a chegada de tantos reforços.

“Estamos tentando construir um novo time”, declarou após o 1 a 1 que deixou o Atleti em 12º lugar, com apenas seis pontos em cinco rodadas. “Sabíamos que isso poderia acontecer, que passaríamos por esse processo.”

Quando questionado se ainda acredita que a equipe pode brigar com Real Madrid e Barcelona pelo título espanhol, respondeu: “Sim, temos o Rayo Vallecano na quarta-feira.” Mas é um jogo que os colchoneros simplesmente precisam vencer. Caso contrário, as especulações sobre o fim de um ciclo no Metropolitano vão aumentar ainda mais, justamente na véspera do clássico de Madri.

Xabi Alonso foi o primeiro a admitir que a vitória por 2 a 0 sobre o Espanyol foi “sólida, mais do que brilhante”. Ainda assim, o técnico saiu satisfeito com alguns pontos positivos de uma partida pouco atrativa.

Para começar, os meias Jude Bellingham e Eduardo Camavinga voltaram a atuar após lesões (mesmo que o francês só tenha entrado no último minuto do tempo regulamentar). Além disso, Rodrygo, Arda Güler e Brahim Díaz também saíram do banco, o que deixa clara a profundidade do elenco merengue.

Outro destaque é a capacidade de Alonso em manter os resultados positivos enquanto experimenta diferentes formações. Contra o Espanyol, o time atuou em um clássico 4-4-2. Embora Gonzalo García não tenha ido bem no ataque, Kylian Mbappé brilhou como segundo atacante e manteve o ótimo início de temporada (sete gols em seis jogos), marcando com um chute preciso de fora da área.

“Kylian atuou mais como armador hoje”, disse Alonso. “E fez isso muito bem. Conversamos sobre o que precisamos com e sem a bola, e ele entende o jogo muito bem. Se você explica, ele executa.”

Mbappé pode até já ter conquistado a Chuteira de Ouro Europeia em sua primeira temporada no Santiago Bernabéu, mas há motivos de sobra para acreditar que a segunda será ainda mais bem-sucedida, especialmente para o Real.

Gabriel Martinelli tinha razões para se sentir desvalorizado após o Arsenal contratar dois pontas, Noni Madueke e Eberechi Ez, na última janela. O jogador revelado pelo Ituano, titular em apenas duas das seis primeiras partidas, teve que se adaptar a um papel diferente.

No entanto, no domingo (21), mostrou novamente sua capacidade única de decidir jogos em momentos cruciais, ao marcar o gol de empate aos 48 minutos do segundo tempo contra o Manchester City. Foi uma finalização de classe, um toque sutil por cima de Gianluigi Donnarumma, goleiro que parecia intransponível até então.

Esse foi o segundo gol decisivo de Martinelli contra o City nas últimas três temporadas, responsável por “tirar” quatro pontos dos comandados de Pep Guardiola nesse período. Além disso, foi a segunda vez na semana em que ele saiu do banco para mudar a história de uma partida, depois de marcar e dar assistência contra o Athletic Bilbao.

Após o jogo, Arteta o descreveu como “um finalizador”, mas a verdade é que Martinelli já fez mais do que o suficiente para merecer voltar ao time titular no próximo compromisso, contra o Newcastle.

Apesar de Gabriel Martinelli ter saído como vencedor no fim de semana, ele foi um dos poucos a se destacar no empate entre Arsenal e Manchester City, especialmente em meio ao peso do resultado para Mikel Arteta e Pep Guardiola.

O placar de 1 a 1 neste domingo (21), no Emirates Stadium, manteve os Gunners na vice-liderança, agora cinco pontos atrás do Liverpool, líder da Premier League, enquanto o City aparece oito pontos distante do topo.

Atualmente, o time de Guardiola ocupa apenas a nona colocação, com sete pontos em cinco rodadas. Embora tenha flertado com a vitória e com o fim do jejum de seis jogos sem vencer o Arsenal, o City acabou frustrado: Martinelli estragou a festa nos acréscimos.

No fim das contas, o empate não foi bom para nenhum dos lados, ainda que o gol no último lance tenha dado um alívio momentâneo aos donos da casa.

Hugo Ekitike deve ter sentido um certo desconforto ao saber que o Liverpool contrataria Alexander Isak pouco tempo depois de desembolsar £ 79 milhões (R$ 597 milhões) por sua chegada a Anfield. Ainda assim, manteve o foco em si mesmo, sem se preocupar com o companheiro mais caro. No sábado (20), marcou seu terceiro gol em cinco jogos pela Premier League, justamente o que garantiu a vitória no clássico contra o Everton.

Ekitike já foi comparado a Thierry Henry pelo estilo de corrida e pela finalização elegante, mas os torcedores do Liverpool começam a enxergar nele semelhanças com outro ídolo dos Reds, famoso também pelos cabelos com mechas loiras: Fernando Torres. O espanhol também balançou as redes três vezes nos primeiros cinco jogos pelo clube, mas, diferentemente do francês, não precisou disputar posição com um reforço contratado por valor recorde.

Pela fase atual, porém, Ekitike deve seguir como a principal opção de Arne Slot, cabendo a Isak esperar pela sua chance no banco. O francês, por sua vez, mostra não se incomodar com a concorrência. Em entrevista à TNT Sports, resumiu: “Esse é o problema do treinador, eu só faço o meu trabalho. E está ótimo assim.”