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Gabriel Jesus Arsenal GFX GOAL

Gabriel Jesus inegociável? Por que o Arsenal recusou conversar com Palmeiras sobre o atacante

O Palmeiras recolocou, nos últimos dias, o nome de Gabriel Jesus nas manchetes nacionais. Conforme apurou a GOAL, o clube paulista entrou recentemente em contato com o Arsenal em meio a uma tentativa de repatriar o atacante.

A reportagem ouviu de uma fonte ligada às conversas, porém, que o clube inglês "descartou completamente, de pronto, essa possibilidade". A negativa veio, ainda conforme revelou a fonte, a pedido do técnico Mikel Arteta, que "não abre mão" do brasileiro neste momento.

E o pé batido dos Gunners reacendeu uma grande discussão levantada nas últimas temporadas, mas que acabou, nos recentes meses, abafada pelas lesões do ex-Palmeiras: a importância do camisa 9 para o Arsenal.

Abaixo, portanto, a GOAL analisa e relembra quais os motivos que, mesmo depois de uma série de contusões, ainda mantêm Gabriel Jesus como um ativo inegociável de Arteta no Emirates...

  • Arsenal FC v Manchester City - Premier LeagueGetty Images Sport

    Criador do caos

    A primeira temporada de Gabriel Jesus no Arsenal foi, indiscutivelmente, sua melhor em Londres. Logo após ser contratado por £45 milhões junto ao Manchester City, ele inspirou rapidamente novos ares no sistema de ataque de Arteta.

    Em 33 jogos, foi titular de 27 e participou diretamente de 18 gols. Tudo isso, claro, antes de sofrer uma grave lesão na Copa do Mundo de 2022, no Qatar, que o tirou de campo entre dezembro daquele ano e março de 2023. Mesmo assim, ele recuperou o posto de titular e conseguiu marcar seis gols nos últimos dez jogos da Premier League, sendo crucial para o retorno dos Gunners à Champions League, depois de sete anos de ausência.

    Àquela altura, Jesus vinha se reinventando como atacante, após passar a atuar pelo lado direito do campo sob o comando de Pep Guardiola, no Manchester City. Com Arteta, sob outro aspecto, o camisa 9 passou a atuar sobretudo no centro do ataque e em espaços mais curtos, apoiando-se, em grande parte, em sua agilidade para tanto marcar quanto servir adversários em situações de gol.

    Jesus passou a ser visto pelo técnico, então, como um jogador capaz de "criar o caos", como o próprio espanhol disse, em setembro do ano passado: "Em certas áreas do campo, eu adoro. Em outras, eu odeio. Então, é sobre onde você cria esse caos. Ele obviamente atrai muita atenção dos adversários com a maneira como joga e cria espaço para os outros. Essa é uma grande qualidade dele".

    Já disse Bruce Lee, 'onde há caos, há oportunidade'.

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  • FBL-EUR-C1-MAN CITY-PSGAFP

    "Melhor pressão do mundo"

    "Frustrante. Individualmente falando, me cobro muito, trabalhei muito. É difícil você abdicar de muitas coisas para chegar em um torneio tão grande, que todos sabem que é um sonho. Logo ali, depois da estreia, virou uma obsessão, o sonho ficou para trás, já estava vivendo isso. É muito frustrante, vai ser difícil assimilar isso. Parece que tiraram um pedaço de mim".

    Isso foi o que disse Gabriel Jesus logo após a eliminação da seleção brasileira na Copa do Mundo de 2018, na Rússia, diante da Bélgica. Aquela derrota por 2 a 1 confirmou a campanha do camisa 9 sem nenhum gol marcado em seu primeiro mundial.

    E mesmo em meio a uma chuva de críticas - muitos acreditavam que Roberto Firmino devesse ter sido preferido ao então jogador do City -, o técnico Tite sempre manteve o apoio a Gabriel: "Artilheiro vive de fazer um grande jogo", contrapondo o ditado 'artilheiro vive de fazer gol'. "Gabriel Jesus joga muito. Não fez gol na Copa do Mundo? Não fez. Mas é o goleador da seleção", completou.

    E tudo isso se deve à sua grande qualidade durante a composição defensiva. Mesmo em meio à falta de bolas na rede, a proatividade na pressão e recuperação de posse de bola sempre foram dos principais ativos de Jesus. Não à toa registrou 92 recuperações de posse na primeira temporada em Londres (média de 2,79 por partida), outras 83 nos 36 jogos de 2023/24 (2,3 a cada 90 minutos) e 13 nos sete jogos desta campanha (quase duas por partida).

    E isso já era defendido por Tite àquela época. Não só pelo técnico brasileiro, aliás - Guardiola também fez questão de elogiar Jesus, em coletiva semanas após a Copa da Rússia: "Gosto de como se movimenta. A sua pressão à defesa adversária é a melhor do mundo".

  • Arsenal v Bayer 04 Leverkusen - Pre-Season FriendlyGetty Images Sport

    Homem-gol que não vive só de gols

    Guardiola, na verdade, continuou: "Ainda é um jogador jovem e, naturalmente, tem muito para evoluir no último terço, nas tomadas de decisão, nos pequenos espaços. Mas o mais importante no Gabriel é o desejo de melhorar, está sempre atento aos treinamentos buscando essa melhora”.

    E essa é a história da carreira de Gabriel até aqui - a evolução. Se antes os motivos que embasavam sua escalação passavam principalmente por sua contribuição sem a bola, hoje ele é um ativo indispensável pois conseguiu elevar seu futebol em situação de ataque.

    Resumindo: agora, além de roubar bolas, interceptar passes, forçar erros e marcar adversários, Jesus faz (mais) gols e dá (mais) assistências.

    E os números comprovam, naturalmente, isso. Nas duas temporadas passadas, por exemplo, ele registrou 15 assistências, mesmo tendo um xA (assistências esperadas) de apenas 7,85 - sugerindo uma produtividade quase duas vezes maior do que a esperada.

    Isso comprova que, mesmo evoluindo como homem-gol, Gabriel não se limita a isso.

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  • FBL-ENG-PR-ARSENAL-CRYSTAL PALACEAFP

    "Ele mudou nosso mundo"

    “Ele trouxe tanta confiança e energia para a equipe, e precisa se destacar nesses momentos. Ele fez isso. É assim que um jogador se torna responsável pela equipe", afirmou Arteta, após a vitória sobre o Sevilla na Espanha, na fase de grupos da Champions passada.

    Mas a verdade é que esses tempos eram outros. Hoje, o Arsenal já mostrou não depender inteiramente dos gols de Gabriel - ou até mesmo dele, como um todo. Martin Odegaard é o maestro, Kai Havertz vem sendo o artilheiro, Bukayo Saka e Gabriel Martinelli, o desafogo pelos lados, e o brasileiro ainda luta por espaço com Leandro Trossard.

    Há, portanto, um argumento para achar que, na realidade, o Arsenal poderia muito bem colocá-lo na lista de dispensas, em meio aos vários problemas físicos e ao fato citado de que talvez o clube já tenha encontrado soluções para o atual camisa 9.

    O ponto, porém, é que Gabriel Jesus é um jogador quase perfeito para Mikel Arteta. O espanhol já compartilhava o apreço pelo atacante enquanto auxiliar de Pep Guardiola, no Manchester City, e trouxe o brasileiro ao Arsenal quando teve a oportunidade. A versatilidade de Jesus, ademais, o torna um jogador hábil para várias posições - nas mais recentes ocasiões em campo, Arteta vinha o utilizando como alternativa a Saka e Martinelli. A principal questão seria manter-se saudável. Mas a negativa dos Gunners ao Palmeiras é sinal claro de que o clube ainda não largou o osso e escolheu confiar em um futuro com o brasileiro.

    "Acho que ele mudou nosso mundo", continuou Arteta, naquela mesma coletiva pós-jogo contra o Sevilla. Mas, considerando as ambições do Arsenal para o futuro próximo, talvez Gabriel Jesus possa ajudar ainda mais...

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