Fim da fase de grupos da Champions League feminina: balanço dos classificados e o que esperar do mata-mata

Com a melhor campanha da fase de grupos, o Chelsea terminou na liderança do Grupo A – considerado por muitos o ‘grupo da morte’ desta edição. Com 16 pontos, as inglesas passaram invictas por PSG, Real Madrid e Vllaznia, anotando dezenove gols e sofrendo apenas um.

O sentimento das Blues é de redenção e alívio. De vice-campeão da UWCL 2020/21 a eliminado nos grupos em 2021/22, o Chelsea precisava dar uma resposta positiva nesta temporada, e ela veio graças a atuações sólidas e seguras, com a classificação sendo garantida sem sofrimento e de forma antecipada.

A treinadora Emma Hayes destacou, ao longo da competição, a maturidade da equipe para enfrentar as dificuldades pelo caminho. É fato que as inglesas, que têm boa mescla de juventude e experiência no elenco, criaram ‘casca’ e vêm navegando muito bem no torneio. Como destaques, vale apontar Guro Reiten, Erin Cuthbert e Sam Kerr.

De olho nas quartas de final, é provável que mudanças de momentum e de peças (talvez) tragam alguma dificuldade para as equipes. No entanto, a tendência é de que o Chelsea, que nunca perdeu uma partida nesta fase (três vitórias em três jogos), chegará forte.

Roma, Lyon e Bayern serão os possíveis adversários das Blues. Caso o confronto seja contra as italianas, as inglesas terão bom favoritismo, já que francesas ou alemãs oferecem um duelo mais equilibrado.

Com dez pontos, o PSG terminou em segundo lugar do Grupo A. Mesmo tendo somado apenas um dos seis primeiros pontos em disputa, as francesas se recuperaram no grupo e conquistaram a vaga de forma antecipada após baterem o Real Madrid, em Paris.

Com elenco curto, sem ter feito uma janela de transferências de destaque e com sua craque com uma lesão grave (Marie-Antoinette Katoto rompeu o ligamento cruzado anterior do joelho em julho), as parisienses têm enfrentado diversas oscilações na temporada.

O técnico Gerard Prêcheur ainda busca dar consistência ao time. Devido à falta de profundidade do elenco, Kadidiatou Diani, ponta de origem, foi a escolhida para ocupar o lugar de Katoto no centro do ataque. Mesmo não sendo sua melhor posição, ela tem sido o grande destaque da equipe. Além da atacante, vale destacar também Grace Geyoro e as laterais Ashley Lawrence e Sakina Karchaoui, muito consistentes.

Lieke Martens, grande contratação do clube, não tem conseguido sequência por questões físicas e pode ser apontada como decepção até aqui, já que não conseguiu entregar o bom nível esperado.

Olhando para o mata-mata, o PSG, que tem histórico de seis vitórias e apenas uma derrota em quartas de final de Champions, pode enfrentar Wolfsburg, Arsenal e Barcelona. Todos os três confrontos se desenham complicados, sendo que o time inglês é, em tese, o adversário mais acessível entre as possibilidades. O sucesso das parisienses passará muito pela condição física de suas atletas, bem como pela chegada de novas peças em janeiro.

Mesmo com a liderança do Grupo B, com 14 pontos, não é exagero cravar que o Wolfsburg decepcionou na fase de grupos: o sorteio sorriu para as alemãs ao posicioná-las ao lado de Slavia Praga, St. Pölten e Roma na chave. A expectativa era de que a classificação viesse com dezoito pontos e sem qualquer tipo de susto durante as partidas. No entanto, o que se viu foram performances com falta de concentração e imperfeições, que custaram ao conjunto quatro pontos – especialmente nos empates contra Roma e Slavia.

Após o susto do empate com a Roma, na primeira partida, as comandadas por Tommy Stroot elevaram o nível no segundo compromisso e tiveram sua melhor performance na vitória por 4 a 2. Artilheira da competição com sete gols, Ewa Pajor é um dos destaques da equipe no torneio ao lado de Lena Lattwein e Svenja Huth.

Com foco no mata-mata, as alemãs atingiram a marca de onze classificações consecutivas às quartas desde sua estreia, na temporada 2012/13. Com bom elenco e jogadoras decisivas, o Wolfsburg é tido como um dos favoritos para levantar o troféu, mas, para isso, vai precisar ser mais clínico.

PSG, Lyon e seu grande rival, Bayern de Munique, serão os possíveis adversários, logo, o desafio será complicado e equilibrado. Se conseguirem manter o elenco saudável, a tendência é que as Lobas, ainda invictas na temporada, cheguem fortes para a sequência do torneio.

Estreante em Champions League, a Roma da brasileira Andressa Alves fez ótima campanha e terminou em segundo do Grupo B com 13 pontos. As italianas, que estavam no pote 4 do sorteio da fase de grupos, conseguiram pegar uma tabela acessível, aproveitaram esse fato e garantiram classificação de forma antecipada.

Dirigidas por Alessandro Spugna, as Giallorossi surpreenderam em termos de rendimento e competiram bastante, especialmente nos duros confrontos contra o favorito Wolfsburg.

A meio-campista Manuela Giugliano foi o grande destaque do conjunto com três gols e duas assistências. A seu lado, Valentina Giacinti e Elena Linari também lideraram o time.

As atuais líderes do Campeonato Italiano chegarão no mata-mata como azarãs. Com a possibilidade de enfrentar Chelsea, Arsenal ou Barcelona, não existe a perspectiva de um confronto fácil. A Roma irá precisar de um dia e cenário bastante favoráveis para alçarem voos maiores nessa Champions, ainda que, vale lembrar, essa participação já é histórica

Tendo alcançado a marca de mais de cem partidas disputadas na história da UWCL, o Arsenal, da brasileira Rafaelle, terminou em primeiro lugar do Grupo C, um dos mais complicados da competição. Com 13 pontos e campanha sólida, as Gunners desbancaram o atual campeão Lyon, a Juventus e o Zürich.

A atuação sublime na vitória sobre o Lyon por 5 a 1, na França, foi o ponto alto das inglesas nessa Champions. Nas demais partidas, bons resultados, sem muito sofrimento para assegurar a vaga de forma antecipada. Como destaques, é necessário apontar Frida Maanum, Lia Wälti e Laura Wienroither, decisivas até aqui.

O lado negativo, que terá impacto na sequência da temporada, fica com as graves lesões das atacantes Beth Mead e Vivianne Miedema, as melhores jogadoras das Gunners, ambas com rompimentos no ligamento cruzado anterior do joelho. Com problemas de profundidade de opções no elenco, o Arsenal deverá ir ao mercado em janeiro para tentar repor as peças, o que não será tarefa das mais fáceis.

De olho nas quartas de final, o Arsenal poderá enfrentar PSG, Roma e Bayern de Munique. Terminar em primeiro foi vital para fugir de Barcelona, Wolfsburg e, seu companheiro de grupo, o Lyon. Em termos de perspectiva, o adversário desejado, por garantir uma possibilidade maior de passagem, é a Roma. No entanto, o sucesso das inglesas passará muito pela situação de elenco no momento em que o mata-mata de fato começar.

Lutando por classificação no confronto direto com a Juventus até a última rodada, o Lyon somou 11 pontos e terminou o Grupo C na segunda colocação. Com começo complicado, somando apenas um ponto de seis disputados, as francesas se recuperaram para conseguirem desbancar as italianas.

Sofrendo com muitas lesões no elenco, o que prejudicou a profundidade de opções, Sonia Bompastor tem enfrentado dificuldades para dar consistência para equipe que oscila não só na Champions, como também no Campeonato Francês. Com alguns retornos no último mês, fica a expectativa de chegada no mata-mata de um time mais encorpado.

As atuais campeãs chegam com o recorde de doze vitórias e uma derrota na fase de quartas de final. Como as partidas serão apenas no final de março, há a expectativa de contar com os retornos de Ada Hegerberg e Catarina Macario, por exemplo. Buscando maior poder de fogo no ataque, as francesas tentarão reforços na janela de transferências em janeiro.

De olho no mata-mata, o Lyon poderá cruzar com Chelsea, Wolfsburg e Barcelona, o que significa que podemos ter uma espécie de ‘final antecipada’ já nesta fase. A única certeza é que, independentemente do confronto, veremos um duelo com cenário de equilíbrio.

Atual vice-campeão, o Barcelona desbancou o Bayern de Munique no saldo de gols e, com os mesmos 15 pontos, terminou na ponta do Grupo D. As Culés, sem a craque Alexia Putellas (lesionada), fizeram boa fase de grupos, mas também apresentam margem para melhora.

Com mudanças no elenco para temporada, especialmente no meio-campo e no ataque, o Barça ainda busca ajustes para o melhor entrosamento e funcionamento das peças. Apesar disso, já vimos ótimos momentos na competição, em especial o primeiro confronto contra o Bayern. Por outro lado, a segunda partida contra as alemãs deixou evidente fragilidades no sistema defensivo e na saída de bola das espanholas, que precisarão ser corrigidas pelo técnico Jonatan Giráldez.

Como destaques, vale apontar a brasileira Geyse, que vem de excelente temporada de estreia, somando quatro gols e quatro assistências na competição. Ao seu lado, Aitana Bonmatí e Mapi León também têm sido peças-chave do conjunto Blaugrana.

De olho no mata-mata, o Barcelona vem de quatro classificações consecutivas em quartas de final e pode pegar agora PSG, Roma ou Lyon. Definitivamente, o adversário dos sonhos será a estreante Roma, o que também não significa que as catalãs conseguirão escapar de um duelo equilibrado. Um sorteio que leve ao Lyon fará com que haja uma reedição da última final da Champions.

Equipe da brasileira Tainara, o Bayern terminou em segundo do Grupo D, derrotado unicamente pelo saldo de gols. As alemãs, apesar dos 15 pontos, tiveram uma fase de grupos com altos e baixos e enfrentaram dificuldades não só contra o Barcelona, mas também contra o Benfica.

Alexander Straus, em sua temporada de estreia, busca levar as bávaras aos títulos. O treinador ainda busca maior consistência e solidez da equipe, mas já é possível perceber crescimento na parte de criação e segurança defensiva de uma equipe que ainda peca na hora de concluir na frente.

O grande destaque até o momento é a meia Georgia Stanway, que tem brilhado e encaixou como uma luva no time. Ao seu lado, Glódís Viggósdóttir e Sarah Zadrazil também têm entregado excelentes performances.

Agora, no mata-mata, o Bayern busca chegar em sua primeira final de Champions, e precisará superar Chelsea, Wolfsburg ou Arsenal nas quartas para manter vivo o sonho. Qualquer duelo sorteado será bastante complicado para as bávaras e a tendência de equilíbrio é grande. Com um time titular forte, o time almeão pode ir longe se as jogadoras conseguirem se manter saudáveis.

• Sorteio das quartas de final – 10 de fevereiro de 2023 (às 9h de Brasília)

• Quartas de final: ida – 21 e 22 de março de 2023; volta – 29 e 30 de março de 2023

• Semifinal: ida – 22 e 23 de abril de 2023; volta – 29 e 30 de abril de 2023

• Final: 3 de junho de 2023

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