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Valverde - Madrid's unsung GalacticoGetty

Federico Valverde: o coadjuvante galáctico que carrega a temporada do Real Madrid

Federico Valverde não deveria ter jogado no segundo jogo dos playoffs da Champions League contra o Manchester City, há três semanas. O uruguaio estava com uma lesão na coxa esquerda, mas mesmo assim fez uma performance impressionante. Ele jogou mais minutos do que qualquer outro atleta do Real Madrid nesta temporada e, mesmo debilitado, mostrou um esforço que muitos não conseguiriam.

Valverde atuou na lateral-direita, uma posição pouco familiar, e cobriu o setor com dedicação. Para conseguir isso, precisou de infiltrações.

Costumamos admirar jogadores que se sacrificam pelo time, mas Valverde vai além disso. Ele não se importa com a posição ou o sacrifício pessoal, sempre colocando o time em primeiro lugar. Há quem o veja como uma versão moderna de Steven Gerrard ou até um James Milner muito talentoso.

Independentemente de sua posição ideal, Valverde é essencial para o Real Madrid. Em uma equipe marcada pelo individualismo, ele cumpre seu papel e se torna a peça chave que une o time.

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  • Valencia CF v Real Madrid CF - La Liga EA SportsGetty Images Sport

    Versatilidade

    Os desempenhos de Valverde jogo a jogo são impressionantes. A maioria dos jogadores atua em uma posição, enquanto alguns poucos conseguem jogar em duas ou três. Mas, segundo oFBRef, nos últimos três anos, Valverde foi escalado em seis funções diferentes: meio-campista central, meio-campista ofensivo, meio-campista defensivo, ponta direita, meio-campo direito e lateral-direita. Embora essas posições tenham algumas semelhanças, executá-las no mais alto nível é uma tarefa desafiadora.

    Carlo Ancelotti já falou sobre isso várias vezes. "Fede é um jogador completo e muito importante", afirmou o técnico italiano em janeiro. "Ele pode jogar em várias posições e se sai bem em todas elas. É difícil encontrar um lateral-direito como ele. Para mim, é um desafio definir sua melhor posição dependendo do jogo. Às vezes precisamos dele mais como lateral, outras como volante."

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  • Toni Kroos Federico Valverde Real MadridGetty

    Substituto de Kroos?

    Valverde revelou que ficou emocionado quando Toni Kroos lhe entregou a camisa número 8 ao se aposentar na última temporada. Foi um gesto simbólico, já que Kroos era o jogador que fazia o time do Madrid funcionar, sendo um dos melhores passadores da história. Mais que isso, ele era um veterano respeitado no grupo, e o gesto também demonstrou admiração.

    No entanto, havia um pequeno problema: Valverde não é Kroos. Ele tem qualidades que Kroos, aos 34 anos, não tem, como correr mais, disputar e jogar com intensidade por 90 minutos. Mas, por outro lado, ele não consegue passar a bola ou controlar o jogo da mesma maneira. No início da temporada, Ancelotti tentou usá-lo como substituto de Kroos, mas o resultado não foi bom.

    Então, o técnico fez ajustes e percebeu que Valverde poderia ser ideal para um papel diferente. Com a saída de Kroos, Ancelotti formou um meio-campo com Valverde como o jogador versátil, capaz de fazer um pouco de tudo. Sua energia permitia que Camavinga ou Tchouaméni ocupassem a posição central, enquanto liberava espaço para Jude Bellingham criar. Isso exigiu ajustes de todos, não apenas de Valverde, mas acabou resultando em uma nova configuração no meio-campo.

  • Atletico de Madrid v Real Madrid CF  - La Liga EA SportsGetty Images Sport

    Tapando buracos

    No entanto, isso já não importa mais. O Real não foi totalmente afetado por lesões nesta temporada, mas sofreu com ausências importantes. A lateral-direita, por exemplo, foi muito prejudicada por duas lesões graves no joelho. Primeiro, Dani Carvajal precisou de cirurgia para tratar danos nos ligamentos, e depois, Eder Militão sofreu uma ruptura de ligamento cruzado anterior pela segunda vez seguida. Quando Lucas Vázquez, o substituto natural de Carvajal, também precisou de descanso, Valverde foi chamado para a função.

    O resultado foi surpreendente. O uruguaio se saiu muito bem, mostrando que é um substituto capaz. Sua leitura de jogo foi essencial para o sucesso, algo que se refletiu no fato de ele estar no 96º percentil entre os laterais em interceptações, com uma média de 1,78 por jogo. Ancelotti, por sua vez, afirmou que Valverde é o terceiro melhor lateral-direito do mundo, atrás apenas de Carvajal e Vázquez.

  • Kylian Mbappe, Vinicius JuniorGetty Images

    Sem problema com ego

    O destaque de Valverde não vem só pela sua habilidade, mas também pela atitude de compensar as falhas dos outros. Em termos de talento, poucos times têm a mesma qualidade que Ancelotti tem à disposição. Porém, isso também traz um certo problema com ego. Vinícius Jr. e Kylian Mbappé, em particular, são exemplos de jogadores que, às vezes, deixam a fama subir à cabeça.

    Vinícius não é preguiçoso; ele corre, se posiciona fora da sua função e até tenta defender quando necessário. Mas ele não recua, não preenche espaços ou antecipa falhas. Isso não é falta de habilidade, mas sim uma questão de economizar energia. Vinícius não se esforça defensivamente porque isso pode significar perder uma oportunidade no ataque.

    O mesmo pode ser dito sobre Mbappé, mas de forma diferente. O capitão da França só se dedica ao trabalho defensivo de maneira superficial. Isso faz com que, às vezes, o Real Madrid jogue com nove jogadores, especialmente quando não tem a posse de bola. Isso não significa que Valverde tenha que cobrir todas as falhas, já que outros jogadores também devem se esforçar. Mas é uma questão de efeito dominó. A falta de empenho de Vinícius e Mbappé faz com que Bellingham tenha que pressionar mais, o que deixa espaço no meio, e Valverde precisa correr para cobri-lo.

  • Real Madrid CF v UD Las Palmas - La Liga EA SportsGetty Images Sport

    Sua melhor posição?

    Valverde fará 27 anos em julho e, embora seja um jogador muito útil, ele parece destinado a algo maior. Sua capacidade de jogar em várias posições é valiosa, mas também pode ser uma limitação. Como diz o ditado, ele pode ser visto como um "pau para toda obra", mas sem se destacar em uma função específica.

    Suas atuações pela seleção mostram o tipo de meio-campista que ele pode ser. Marcelo Bielsa costuma usá-lo em um duplo pivô, dando-lhe liberdade para avançar, enquanto Manuel Ugarte, do Manchester United, fica mais recuado. Em alguns momentos, ele até joga como um camisa 10, atrás de um atacante móvel. Isso mostra que seria interessante vê-lo em uma posição fixa no clube também.

    O Real parece estar em boa posição para dar isso a Valverde na próxima temporada. Se Trent Alexander-Arnold chegar, Carvajal terá uma boa competição na lateral direita, e o retorno de Militao vai dar mais cobertura defensiva ao lado de Vázquez. Assim, Valverde poderá finalmente se tornar a melhor versão de si mesmo.

    Por enquanto, ele continuará sendo o jogador versátil e brilhante que, embora não receba todos os aplausos, faz toda a diferença em uma das melhores equipes do mundo.