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Botafogo v Bragantino - Brasileirao 2025Getty Images Sport

Falta mental ou pernas? Botafogo que "não reage" com Davide Ancelotti é, assim como John Textor, pressionado a dar respostas

O Botafogo não vive o melhor momento em 2025. A derrota por 2 a 0 para o Fluminense, pelo Brasileirão, seguiu o roteiro de oscilações em uma equipe que não inspira confiança. A temporada alvinegra tem sido marcada por momentos muito aquém do esperado para o vigente campeão brasileiro e da Libertadores.

Pressionado a conseguir uma vaga para a próxima Libertadores, o Alvinegro precisa dar uma resposta e tem pela frente um verdadeiro confronto direto contra o Bahia, nesta quarta-feira (1º), no Rio de Janeiro.

Nos últimos seis jogos, foram apenas uma vitória, duas derrotas, empates frustrantes e a eliminação na Copa do Brasil. Oito gols sofridos e seis marcados. O fato desta sequência ter acontecido logo após a mais recente Data Fifa, quando Davide Ancelotti e sua comissão técnica tiveram, em teoria, mais tempo para trabalhar, aumenta ainda mais as críticas sobre os ombros do treinador italiano, cuja passagem pelo Botafogo é a sua primeira experiência efetiva como treinador de um time profissional.

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  • Fluminense v Botafogo - Brasileirao 2025Getty Images Sport

    Dificuldade para gerir frustração

    Ou seja, o Botafogo precisa reagir. E é bom que não use como exemplo a postura dos jogadores quando sofrem um gol. O atual campeão brasileiro venceu apenas uma vez de virada neste Brasileirão: nos 2 a 1 sobre o Juventude, pela 21ª rodada, no Alfredo Jaconi. Dentre os times atualmente no G4 de classificação, apenas o Mirassol não conseguiu virar um placar adverso. Justamente o mesmo Mirassol que fez os alvinegros vivenciarem o pior momento de sua temporada até aqui, no empate por 3 a 3 após o Botafogo abrir 3 a 0 no placar.

    Um dos muitos diagnósticos a serem feitos é que este Botafogo de 2025 é, ao contrário de sua versão de 2024, um time que se desliga muito fácil. Esta dificuldade para reagir em meio aos cenários adversos foi, inclusive, abordada por um cabisbaixo Davide após a derrota para o Fluminense: “É um time que tem muita dificuldade, somos conscientes das dificuldades que temos. E temos problemas na gestão da frustração”, afirmou o italiano.

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  • Botafogo v Corinthians - Brasileirao 2025Getty Images Sport

    Por que os jogadores se “desligam” tanto?

    “Temos que ter mais continuidade, mais focados no jogo. É verdade que está sendo difícil manter essa continuidade. Temos momentos em que jogamos com mais confiança e mais energia. E momentos onde não temos essa confiança e essa energia”, seguiu Davide, resumindo muito da enorme oscilação nos resultados de um time que regularmente joga bem numa rodada apenas para fazer a sua pior atuação logo no compromisso seguinte.

    O enorme número de desfalques ajuda um pouco a explicar. Nos últimos jogos, o Botafogo teve mais de dez ausências: 13 contra os gaúchos, 10 no clássico. A falta de continuidade também pode ser explicada pelo excesso de mudanças, obrigatórias ou não, que Davide faz no time a cada jogo.

    É visível o cansaço dos jogadores quando o jogo atinge os meados do segundo tempo. O maior exemplo de “perna cansada” aconteceu na eliminação para o Vasco, nas quartas de final da Copa do Brasil, quando Artur saiu do banco de reservas e ficou em campo apenas 15 minutos, antes de precisar ser substituído por causa de lesão muscular. Principal contratação da temporada, o meio-campista Danilo também “estourou” e só deve voltar para fazer os últimos poucos jogos da temporada. O atacante Arthur Cabral é outro que parece lutar contra o preparo físico. O goleiro Neto chegou, protagonizou algumas falhas e, por causa de lesão, não vai mais atuar neste ano.

  • Botafogo v LDU Quito - Copa CONMEBOL Libertadores 2025Getty Images Sport

    Por que tantas lesões?

    Quando tantas lesões acontecem sem parar, impossível não pensar que algo em relação à preparação física dos jogadores esteja sendo feito errado. Enquanto tinha pernas e força física, dificilmente o Botafogo entregava seus pontos: é muito mais fácil você condicionar o aspecto mental a vencer quando possui energia para construir sua vitória. Sem pernas, sem intensidade, com seus jogadores esbaforindo em campo... não há cabeça que faça as pernas responderem. Quanto mais reagir frente a uma situação adversa. Davide precisa responder quanto a isso.

  • Textor Joao Paulo Magalhçaes Botafogo 2025Vitor Silva/Botafogo

    O maior culpado...

    O que não é culpa de Davide, no entanto, é a aula de péssimo planejamento do Botafogo no ano que deveria ser de sua reafirmação entre os postulantes a títulos. O clube ficou meses sem técnico apenas para escolher Renato Paiva, que embora tenha conseguido uma vitória histórica sobre o Paris Saint-Germain, no Mundial de Clubes, não fez um trabalho dos melhores (mesmo tendo à sua disposição jogadores que não estão mais no clube, como Igor Jesus, Jair Cunha, Gregore e o goleiro John, por exemplo). O filho de Carlo Ancelotti chegou ao Estádio Nilton Santos como aposta arriscada de John Textor.

    O empresário norte-americano já reconheceu ter uma enorme lista de erros na forma como planejou o ano do Botafogo. Mas só isso não é o bastante. Falta dar uma posição mais certa da situação da SAF do clube no meio das disputas judiciais do Grupo Eagle. Apesar de ter garantido, após a queda contra o Vasco, que havia chegado a um acordo com o Grupo Eagle, Textor foi rapidamente desmentido. E aí?

    A confiança que parecia inabalável por tudo que havia sido feito entre 2022 e 2024 ficou fragilizada pelas palavras do americano, assim como pelos erros administrativos que ele permitiu que acontecessem em um time que, em 2025, foi preparado para derreter. Terminar 2025 sem vaga para a próxima Libertadores não vai deixar as coisas mais fáceis – até porque a cadeia de problemas que envolvem, hoje, a Eagle e Textor são gigantes.

    Se hoje faltam tanto pernas quanto um aspecto mental reforçado, é porque faltou o básico de planejamento do início do ano até aqui. E é dentro deste cenário que o Botafogo precisa reagir.