Erro ou acerto? Como as contratações que passaram dos 100 milhões de euros se saíram nos clubes

Gareth Bale pode não ser unanimidade entre os torcedores do Real Madrid, mas sua passagem pela capital espanhola foi, sem dúvida, bem-sucedida. Durante oito anos no clube, conquistou impressionantes cinco títulos da Champions League, incluindo o gol espetacular de bicicleta na final de 2018 contra o Liverpool, que virou o jogo a favor do Real Madrid.

Além disso, Bale ajudou o time a conquistar três títulos da La Liga e uma Copa do Rei em 2014, marcando um gol decisivo e icônico na final, driblando Marc Bartra e finalizando com categoria contra José Pinto, do Barcelona.

Considerando essas conquistas, é surpreendente que algum torcedor madridista tenha críticas a Bale. Porém, seu gosto pelo golfe, a aparente falta de empenho em aprender espanhol e os longos períodos afastado por lesões desgastaram sua relação com a torcida.

Veredito: SUCESSO

Dizem que você nunca deve voltar atrás — e, em retrospectiva, tanto Paul Pogba quanto o Manchester United provavelmente gostariam de ter seguido esse conselho. Revelado nas categorias de base dos Red Devils, o francês se consolidou como um dos melhores meio-campistas do mundo durante quatro anos na Juventus.

No retorno a Old Trafford, teve uma primeira temporada discreta, mas brilhou nas campanhas de 2017/18 e 2018/19. Embora irregular, protagonizou momentos de pura magia que indicavam que o United havia, de fato, recuperado um talento de elite.

A partir daí, no entanto, tudo começou a ruir. Pogba sofreu com lesões que o limitaram a apenas 16 jogos na Premier League na temporada seguinte, e nunca mais retomou seu melhor nível. Seus últimos anos no clube foram marcados por frustração, polêmicas e críticas sobre sua postura fora de campo, inclusive com acusações de falta de profissionalismo, apesar de seu status de campeão mundial.

Veredito: FALHA

A decisão de Neymar de deixar o Barcelona em 2017 para se juntar ao Paris Saint-Germain continua sendo uma das transferências mais debatidas da história do futebol. Para muitos, a mudança representou um fracasso tanto para o clube quanto para o jogador. A ausência de um título da Champions League com o PSG e a não conquista da Bola de Ouro são apontadas como sinais claros de que ele deveria ter continuado no Camp Nou.

Esse argumento tem força, embora desconsidere o excelente desempenho ofensivo do brasileiro. Neymar deixou o PSG rumo ao Al Hilal em 2023 com 118 gols em 173 partidas, sendo especialmente eficiente na Ligue 1.

Ainda assim, é difícil não sentir que ele ficou aquém do esperado. Seja pelas constantes lesões ou pelo ambiente mais permissivo do clube parisiense, o atacante nunca ultrapassou a marca de 22 jogos em uma temporada da liga francesa durante toda sua passagem.

Para uma contratação que custou um valor recorde mundial, isso simplesmente não parece suficiente.

Veredito: FRACASSO

Substituir Neymar seria uma missão complicada para qualquer jogador, mas o Barcelona claramente apostou na escolha errada com Ousmane Dembélé. Apesar do talento inegável e de alguns lampejos de qualidade durante sua passagem pelo clube, o francês foi sinônimo de extrema irregularidade.

Relatos frequentes apontavam problemas extracampo: má alimentação, vício em videogames e uma postura pouco profissional, o que levantava dúvidas sobre seu comprometimento. Uma fonte chegou a dizer que sua dieta lembrava a de um competidor de fast-food, não a de um atleta de elite.

Além do desempenho abaixo do esperado, Dembélé ainda irritou a diretoria ao prolongar de forma desgastante as negociações contratuais, apenas para renovar por mais uma temporada decepcionante antes de partir para o PSG — onde, ironicamente, começou a mostrar o futebol que se esperava dele desde o início, tornando-se até candidato à Bola de Ouro.

Veredito: ERRO

Se ignorarmos o circo fora de campo, a transferência de Kylian Mbappé para o PSG pode ser considerada um sucesso retumbante. Temporada após temporada, o atacante francês manteve um ritmo impressionante de gols e foi o principal destaque da equipe nas campanhas da Champions League — mesmo sem conquistar o título durante sua permanência.

Fora das quatro linhas, é verdade que Mbappé foi uma figura complexa. Criticou publicamente o clube em diversas ocasiões e seu longo flerte com o Real Madrid causou desconforto para diferentes treinadores ao longo dos anos.

Ainda assim, quando se tem o talento de Mbappé, certos conflitos motivados pelo ego acabam sendo tolerados. Por isso o PSG atendeu tantas de suas exigências — e mesmo após sua esperada saída para o Real Madrid, ele ainda foi publicamente elogiado pelo presidente do clube, especialmente após o título da Champions League conquistado justamente na temporada seguinte à sua despedida.

Veredito: SUCESSO

Philippe Coutinho parecia um craque absoluto no Liverpool, mas nunca chegou nem perto de repetir esse nível de desempenho após sua tão sonhada transferência para o Barcelona, em janeiro de 2018.

Rapidamente, os torcedores deixaram claro que estavam decepcionados com suas atuações, e após apenas uma temporada completa, o meia foi emprestado ao Bayern de Munique. Num episódio irônico e bastante simbólico, marcou duas vezes contra o próprio Barça nas quartas de final da Champions League, no inesquecível 8 a 2 aplicado pelos alemães.

Ao retornar ao Camp Nou em 2020, Coutinho ainda buscou uma nova chance, mas não conseguiu reencontrar seu futebol. Foi emprestado ao Aston Villa, que depois comprou seus direitos em definitivo em 2022. Nem mesmo o retorno à Premier League serviu para reativar sua carreira, que entrou em espiral descendente com passagens discretas pelo Oriente Médio e pelo futebol brasileiro. Agora, aos 33 anos, está próximo de uma aposentadoria melancólica. Uma queda impressionante.

Veredito: PERDA

Cristiano Ronaldo já estava acostumado a transferências de alto valor quando, em 2018, a Juventus decidiu abrir os cofres para levá-lo a Turim. A contratação foi impulsionada pelo desejo da família Agnelli de encerrar a longa espera do clube por um título da Champions League.

Se considerado apenas por esse objetivo específico, o investimento pode ser visto como um fracasso. No entanto, é difícil argumentar que Ronaldo poderia ter oferecido muito mais dentro de campo durante suas três temporadas na Itália.

Em duas delas, manteve uma média próxima de um gol por jogo na Série A, liderando a equipe nas conquistas do Campeonato Italiano em 2019 e 2020, além da Copa da Itália em 2021. Apesar da frustração nas competições europeias, seu impacto foi significativo — tanto esportivamente quanto comercialmente.

Ao se considerar tudo isso, a Juventus, no fim das contas, provavelmente fez um bom negócio.

Veredito: ACERTO

A passagem de Eden Hazard pelo Real Madrid teve um início preocupante e simbólico: ele se apresentou para a primeira pré-temporada com cinco quilos acima do peso. Sua justificativa — “Quando estou de férias, estou de férias” — foi vista como um sinal claro de uma atitude relaxada que jamais combinou com o peso da expectativa sobre a contratação mais cara da história dos merengues.

Os números de Hazard no clube são desanimadores. Em quatro temporadas, participou de apenas 76 partidas, marcou sete gols e deu 12 assistências — estatísticas muito aquém do que se espera de um jogador de seu calibre.

Na temporada 2022/23, sua última como jogador do Real, foi visto em campo apenas dez vezes. Apesar das tentativas públicas de Carlo Ancelotti de amenizar a situação, era evidente que o clube estava ansioso para encerrar o vínculo. Eventualmente, Hazard concordou em rescindir o contrato antecipadamente. Sem motivação para buscar uma nova equipe, decidiu pendurar as chuteiras aos 32 anos, encerrando de forma melancólica e quase cômica uma passagem marcada por decepção.

Veredito: FALHA

Antoine Griezmann causou grande alvoroço ao deixar o Atlético de Madrid, especialmente após lançar o mini-documentário La Decision, no qual afirmava seu compromisso com os Rojiblancos — apenas para, pouco tempo depois, optar por uma controversa mudança para o Barcelona.

Após toda essa expectativa, sua passagem pela Catalunha foi, na melhor das hipóteses, mediana. Em sua primeira temporada, marcou apenas nove gols na La Liga, e embora tenha apresentado melhora em 2020/21, não chegou a justificar o alto investimento feito pelo clube. Com a grave crise financeira que o Barça enfrentava, Griezmann rapidamente entrou na lista de saídas.

Ironicamente, acabou voltando ao Atlético de Madrid — primeiro por empréstimo, depois em definitivo. Apesar de não ter sido um completo fracasso no Camp Nou, o retorno em campo ficou muito aquém do esperado para uma contratação tão cara.

Veredito: FALHA

Quando homens adultos enfrentam uma crise de meia-idade, costumam comprar uma moto ou deixar o cabelo crescer. Diego Simeone, por outro lado, decidiu gastar mais de €100 milhões de euros em um jogador completamente incompatível com seu estilo de jogo e filosofia tática.

Reconhecido como um dos maiores treinadores defensivos da história, Simeone construiu um Atlético de Madrid competitivo e aguerrido, onde jogadores criativos e temperamentais geralmente encontram dificuldades para prosperar. Ainda assim, em 2019, o técnico argentino apostou alto na jovem promessa João Félix, acreditando que poderia moldá-lo dentro de sua estrutura rígida.

Durante um tempo, ambos tentaram manter a ilusão de que a parceria funcionaria, e até houve lampejos de evolução na temporada 2021/22. No entanto, a relação logo desandou. Após um desentendimento com Simeone, Félix foi emprestado ao Chelsea na metade final da campanha 2022/23, passou a temporada seguinte no Barcelona e, depois, retornou ao Chelsea em novo empréstimo.

Sem conseguir se firmar em nenhum dos clubes, o português seguiu para o Milan, onde mais uma vez teve um desempenho abaixo do esperado. No fim das contas, o projeto João Félix foi um desperdício de tempo e recursos para todas as partes envolvidas.

Veredito: FRACASSO

Aqui está mais um exemplo clássico de como retornar a um antigo clube nem sempre é uma boa ideia. Após uma passagem turbulenta pelo Manchester United, Romelu Lukaku reencontrou seu bom futebol na Inter de Milão, formando uma dupla letal com Lautaro Martínez e sendo peça fundamental na conquista do título da Serie A em 2021.

Mesmo a contragosto, foi vendido ao Chelsea ao fim daquela temporada — e a mudança não funcionou. No início, até parecia promissor, com três gols nos três primeiros jogos da Premier League. Mas os gols logo pararam de sair, e uma sequência de lesões o deixou fora de ação por longos períodos até dezembro.

Foi durante uma dessas ausências que uma entrevista mal calculada veio à tona. Em conversa com a Sky Sports Italia, Lukaku expressou abertamente o desejo de voltar à Inter e ainda criticou o técnico Thomas Tuchel — uma atitude ousada, especialmente para alguém que ainda buscava se firmar no clube.

Após o episódio, marcou apenas mais cinco vezes na liga e acabou sendo emprestado de volta à Inter para a temporada 2022/23. Surpreendentemente, conseguiu também desgastar sua relação com os torcedores nerazzurri ao flertar com uma possível transferência para a Juventus, antes de acertar com a Roma, onde ao menos reencontrou parte da confiança perdida.

O Chelsea encerrou o vínculo com Lukaku no último verão europeu, e o belga, já no Napoli, conquistou seu segundo Scudetto. Uma carreira marcada por altos, baixos e decisões questionáveis — o verdadeiro enigma do futebol moderno.

Veredito: ERRO

A confirmação de que a transferência de Jack Grealish para o Manchester City quebrou o recorde britânico gerou muitas dúvidas, e o meia inglês pouco fez para calar os críticos em sua primeira temporada no Etihad, marcando apenas três gols e distribuindo três assistências na Premier League.

Grealish teve papel importante na conquista da Tríplice Coroa de Guardiola em 2022/23 e comemorou o título com entusiasmo, mas parecia não se encaixar perfeitamente no esquema tático rígido do treinador catalão. O jogador deixou de apresentar o risco e a criatividade que o destacavam no Aston Villa, mostrando falta de impacto consistente no terço final.

Nas últimas duas temporadas, sua trajetória no City foi de razoável a decepcionante. Com Jeremy Doku e Savinho à sua frente na hierarquia ofensiva, Grealish só começou 17 jogos na Premier League e acabou fora da lista ampliada de 27 jogadores para o Mundial de Clubes de 2025.

Agora, aos 29 anos, Grealish precisa buscar novos ares para tentar voltar à seleção inglesa, mas parece ter desperdiçado seus melhores anos.

Veredito: FRACASSO

Se tem algo que o Benfica domina é a arte de vender seus jogadores. Após a saída milionária de João Félix, venderam Enzo Fernández para o Chelsea, que buscava reforços urgentes para o meio-campo na época.

Dois anos e meio depois, ainda é difícil afirmar se Fernández justificará o investimento feito. Seus primeiros 18 meses em Stamford Bridge foram decepcionantes, com sérias dúvidas sobre sua capacidade física para se adaptar à Premier League.

A chegada de Enzo Maresca mudou o cenário. Apesar de ter perdido espaço no início de novembro de 2024, Fernández reagiu e foi um dos principais destaques do Chelsea na segunda metade da temporada 2024/25, acumulando impressionantes 22 participações em gols em todas as competições.

Maresca não só potencializou o desempenho do argentino ao posicioná-lo mais avançado, como também salvou sua carreira no clube, fazendo-o lembrar o jogador decisivo que brilhou na conquista da Copa do Mundo de 2022 pela Argentina. Agora, cabe a Fernández provar que manterá esse alto nível daqui para frente.

Veredito: JÚRI AINDA EM DELIBERAÇÃO

Jude Bellingham se firmou como um dos melhores meio-campistas da Europa no Borussia Dortmund, mas foi no Real Madrid, após sua transferência em 2023, que se tornou um jogador completo e versátil. Durante boa parte de sua primeira temporada no Santiago Bernabéu, liderou o trio ofensivo ao lado de Vinícius Jr. e Rodrygo, anotando impressionantes 23 gols em 40 jogos.

Embora Vinícius tenha atraído a maioria das atenções, Bellingham foi a principal força por trás do sucesso do Real na La Liga e na Champions League, impressionando pela rápida adaptação às demandas de um dos maiores clubes do mundo.

Superar esse desempenho em 2024/25 foi um desafio. A chegada de Mbappé no verão europeu alterou a dinâmica da equipe de Ancelotti, com Bellingham assumindo uma função mais recuada, e o Real terminou a temporada sem grandes títulos. Ainda assim, ele se manteve como o jogador mais consistente do time, totalizando 28 participações em gols em todas as competições. Os troféus certamente voltarão a acompanhar a trajetória do inglês, que nasceu para ser um verdadeiro Galáctico.

Veredito: SUCESSO

“Mikel Arteta foi um dos principais motivos que me fizeram escolher o Arsenal”, afirmou Declan Rice após sua transferência recorde do West Ham para o clube londrino, há dois anos. “Eu sabia que ele poderia tirar o melhor de mim. Sei que ainda tenho muito a evoluir, e sinto que ele é o treinador certo para me levar a esse próximo nível.”

E a previsão de Rice se confirmou. Sob o comando de Arteta, o meio-campista aprimorou suas principais qualidades, como a capacidade de desarme e a circulação de bola, além de se tornar um especialista em bolas paradas, contribuindo tanto no ataque quanto na defesa.

Embora essas melhorias ainda não tenham trazido títulos ao Arsenal, Rice se tornou peça fundamental na equipe e acostumou-se a aparecer nos momentos decisivos. Suas duas cobranças de falta impecáveis na vitória sobre o Real Madrid nas quartas de final da Champions League da temporada passada consolidaram seu status de ídolo no Emirates. O ex-jogador do West Ham também segue sendo exemplo para os mais jovens, graças à sua ética de trabalho e profissionalismo.

Veredito: SUCESSO

Harry Kane marcou impressionantes 213 gols na Premier League em nove temporadas pelo Tottenham, ficando a apenas 47 do recorde histórico de Alan Shearer — mas, apesar de seu desempenho excepcional, não conquistou títulos significativos no clube. Quando o Bayern de Munique surgiu como opção em 2023, Kane enfrentou uma difícil escolha: permanecer fiel ao clube de infância ou buscar finalmente a glória em solo alemão. A promessa de sucesso quase certo pesou na decisão.

Porém, a conquista não veio tão rápido quanto ele esperava. Na sua temporada de estreia no Bayern, Kane anotou 44 gols, mas a equipe terminou sem títulos pela primeira vez em 12 anos, perdendo a Bundesliga para o Bayer Leverkusen. Para muitos torcedores, isso reforçou a ideia de uma “maldição” que o perseguiu.

Apesar das críticas intensas a cada resultado negativo, Kane nunca se abalou. No ano seguinte, 2024/25, liderou novamente a artilharia da Bundesliga e desta vez levou o Bayern ao título, encerrando seu jejum de conquistas.

Hoje, Kane é visto como o legítimo sucessor de Robert Lewandowski no Bayern, destacando-se também pela habilidade na criação de jogadas, e está no caminho para se tornar uma lenda do clube.

Veredito: SUCESSO

A contratação de Moisés Caicedo pelo Chelsea em agosto de 2023, por €135 milhões de euros, gerou muitas dúvidas. O meio-campista equatoriano chegou a Stamford Bridge após uma temporada impressionante no Brighton, mas, aos 21 anos, ainda não havia provado seu valor nos mais altos níveis.

Essa inexperiência ficou evidente durante seu primeiro ano no clube. Apelidado de “novo N’Golo Kanté”, Caicedo acabou ficando aquém das expectativas, com o Chelsea sofrendo para encontrar consistência sob o comando de Mauricio Pochettino. O próprio jogador admitiu que perdeu a confiança e não era mais o mesmo destaque que brilhou no Amex Stadium.

A situação mudou com a chegada de Enzo Maresca ao comando técnico. O italiano reposicionou Caicedo como meio-campista mais defensivo no duplo pivô, fazendo com que ele prosperasse nessa função mais estruturada na última temporada. Caicedo liderou a Premier League em passes completados e recuperações de bola.

Reconhecido pelo desempenho, foi eleito Jogador do Ano do Chelsea após garantir a vaga na Champions League. Hoje, ninguém mais questiona o valor investido nele.

Veredito: SUCESSO