Erling Haaland é especial, mas ainda está longe da maior temporada de Lionel Messi

Messi conseguiu marcar 73 gols em apenas 60 jogos (mais especificamente 5.221 minutos), sendo que 62 deles foram marcados com o pé esquerdo, o seu mais forte. Além disso, foram oito gols com o direito e mais três de cabeça para completar o recorde.

O jogador argentino teve uma média de um gol a cada 71,5 minutos pelo Barça, e 53 deles foram marcados com a bola rolando. Também foram 14 pênaltis convertidos e três gols de falta, enquanto os restantes foram em jogadas de bola parada.

Messi começou a contagem logo no primeiro jogo da temporada, na partida de ida da Supercopa da Espanha, contra o grande rival Real Madrid. Depois de se livrar da marcação de Pepe na entrada da área, o argentino rolou a bola por baixo de Iker Casillas para deixar o Barça na frente no placar de 2 a 1.

O Real reagiu e empatou em 2 a 2, mas o Barcelona, com mais dois de Messi, venceu no Camp Nou por 3 a 2, e garantiu o troféu.

Era um sinal do que estava por vir.

O Barcelona já começou a corrida pelo título da La Liga goleando no Villarreal por 5 a 0 e o Osasuna por 8 a 0. Neste segundo, Messi marcou o primeiro de seus nove hat-tricks da temporada.

Mais tarde, contra o Atlético de Madrid, no Camp Nou, veio o segundo triplete. Já vencendo os Colchoneros por 2 a 0 - e já tendo marcado um gol -, Messi aumentou a vantagem antes mesmo do intervalo com um incrível gol, que contou com drible em quatro defensores. No segundo tempo, fez mais um para fechar sua grande noite.

Quando o Racing Santander chegou ao Camp Nou em outubro, Messi já havia marcado 14 gols na temporada.

O Barça venceu com tranquilidade por 3 a 0, e Messi abriu o placar com um gol que resume a sua genialidade. Andrés Iniesta recebeu a bola no lado oposto da área e a passou para Messi que, com apenas um toque, tirou quatro defensores do lance.

Em seguida, ele deu mais um toque para se posicionar antes de passar pelo goleiro do Racing e bater para o gol vazio.

Quatro toques sublimes que o torcedor poderia ter perdido se tivesse piscado os olhos. E mais uma vitória para o Barça.

A final do Mundial de Clubes de 2011 foin anunciada como a grande batalha entre Messi e Neymar - que já estava atraindo interesse do Barcelona e do Real Madrid. Mas o brasileiro sofreu bastante com o futuro companheiro de equipe.

A equipe de Guardiola dominou completamente o primeiro tempo, e Messi abriu o placar aos 17 minutos com um chute atrevido após uma jogada de Xavi. Antes do intervalo, o próprio Xavi e Fabregas ainda aumentaram a contagem, antes de o argentino marcar mais um para fechar o placar.

Neymar acabou formando uma pareceria inesquecível com Messi quando defendeu o Barcelona, e o relacionamento dos dois se estreitou até virar uma grande amizade. Hoje em dia, aliás, estão repetindo a parceria no PSG.

Depois de uma vitória fora de casa por 2 a 1 no jogo de ida das quartas de final da Copa do Rei contra o Real Madrid em janeiro, o Barça enfrentou o Málaga pelo Campeonato Espanhol. E, mais uma vez, Messi teve uma exibição espetacular.

Na vitória do Barça por 4 a 1, o argentino marcou um hat-trick que até hoje é considerado o melhor de toda a sua carreira.

Os visitantes estavam precisando de uma faísca depois de uma primeira meia hora sem gols e, como de costume, Messi foi o responsável por mudar o rumo do jogo. Ele deu um passe incisivo para Iniesta, abrindo a defesa do Málaga, e continuou correndo enquanto o espanhol passava a bola para Adriano.

O brasileiro, então, fez um cruzamento perfeito de primeira para Messi, que saltou para cabecear com força no canto inferior da rede - calando os críticos que frequentemente afirmavam que ele não oferecia nenhuma ameaça no ar devido à sua baixa estatura.

Alexis Sanchez dobrou a vantagem do Barça logo após o intervalo, antes de outro momento de engenhosidade de Messi. Ele aproveitou uma bola perdida a 36 metros do gol, passou por três defensores do Málaga e finalizou com calma e rasteiro sob pressão.

Messi, então, resolveu o jogo com um gol vindo de uma jogada individual, depois de mostrar grande equilíbrio para passar por um carrinho de Martin Demichelis. Mais uma vez, ele mostrou seu ritmo e seu controle para deslizar até a área do Málaga, e conseguiu driblar o último homem da defesa com uma manobra rápida como um raio antes de empurrar a bola para o gol - quase tudo no mesmo movimento.

A lista de destaques da carreira de Messi inclui uma série de cobranças de falta excepcionais, mas talvez a melhor de todas tenha ocorrido em 26 de fevereiro de 2012, no Vicente Calderón.

O Barça corria o risco de perder dois pontos importantes contra o Atlético de Madrid, com o placar empatado em 1 a 1 nos 10 minutos finais. No entanto, surgiu uma oportunidade quando os culés tiveram uma falta na entrada da área, e o ângulo parecia perfeito para um chute de pé direito de Xavi.

Antes mesmo do espanhol pegar a bola, porém, Messi já estava olhando para a rede de Courtois. O camisa 1 do Atlético estava parado perto da trave, tentando arrumar a barreira para estar pronto para qualquer chute surpresa, e o argentino viu uma oportunidade.

Com metade dos jogadores na área ainda sem prestar atenção, Messi deu um grande passo à frente e acertou um chute maravilhoso no pedaço de gol que Courtois havia deixado aberto. Mesmo que ele estivesse pronto, provavelmente não teria defendido o gol.

Messi tinha o menor alvo para mirar a partir de uma distância assustadora e de um ângulo estranho, mas cobrou a falta com perfeição - quase como se tivesse em um treino. Apenas mais um dia de trabalho para o maior jogador de todos os tempos.

Na vitória do City por 7 a 0 no jogo de volta das oitavas de final contra o RB Leipzig, Haaland se tornou apenas o terceiro jogador na história da Liga dos Campeões a marcar cinco gols em um único jogo.

Luiz Adriano também já havia conseguido essa façanha pelo Shakhtar Donetsk em 2014, e não é difícil imaginar quem fez isso primeiro, dois anos antes.

O Barça enfrentou o Bayer Leverkusen na fase de mata-mata de 2011-12. No jogo de ida, na Alemanha, venceu por 3 a 1. Apesar da vantagem, o jogo na Espanha precisava de atenção. E Messi deu o tom.

Seu primeiro gol veio aos 25 minutos de jogo, e antes do intervalo ele já balançou as redes mais duas vezes, confirmando ao menos o hat-trick.

Na volta para o segundo tempo, o quarto gol veio de uma finalização à queima-roupa, e o último foi um golaço de fora da área.

A essa altura da temporada, Messi estava zombando de quase todos os times que o Barça enfrentava.

Apesar dos números insanos de Messi no terço final, a última temporada do Barcelona sob o comando de Guardiola foi a menos bem-sucedida. O Real Madrid terminou nove pontos à frente dos culés na La Liga, com um recorde de 100 pontos, enquanto o eterno pragmático José Mourinho também transformou os Blancos nos maiores goleadores da competição (121 gols).

Cristiano Ronaldo marcou 46 deles e chegou a 60 gols somando todas as competições ao final da temporada, mas ainda assim foi ofuscado pelo seu rival na Catalunha. Messi estabeleceu um novo recorde na La Liga com seus 50 gols, que dificilmente será quebrado.

Ele também teve 102 participações em gols após suas 60 partidas pelo Barça naquela temporada, 27 a mais do que Ronaldo - que registrou a melhor marca da carreira nesse departamento com cinco jogos a menos.

O Barça também teve um melhor histórico no confronto direto com o Real. Eles venceram três, empataram dois e perderam apenas um de seus seis jogos contra o rival. Depois de vencer a Supercopa, Messi e companhia também levaram a melhor sobre os comandados de Mourinho no caminho para o título da Copa do Rei, o que lhes deu a tríplice após a conquista do Mundial de Clubes.

Ronaldo pode ter dado a última gargalhada na La Liga, mas não havia dúvida de que Messi estava sozinho no topo da montanha do futebol no final do ano.

A melhor temporada de Messi não foi apenas por conta de seu número de gols. Ele também deu 29 assistências para seus companheiros de equipe, o que ainda hoje é o maior total entre as cinco principais ligas da Europa (ao lado de Juan Mata pelo Chelsea em 2013-14).

O ícone do Barcelona registrou 0,5 assistência a cada 90 minutos, sendo que 16 foram na La Liga, conquistando mais um recorde na competição.

Essa qualidade de criação de jogadas é o que realmente diferencia Messi dos demais. Sim, ele tem um faro inigualável para o gol, mas também vê passes que ninguém mais vê e tem a habilidade técnica para executá-los.

Com o passar dos anos, Messi passou a jogar um pouco mais recuado para ditar o ritmo dos jogos, o que o ajudou a prolongar sua carreira no mais alto nível - ao contrário de Ronaldo.

A campanha de 2011-12 foi extraordinária para Messi porque ele se tornou o melhor jogador de todos os tempos. Ele foi parte de vários outros times do Barça, alguns até muito melhores, mas foi nesse que mais se destacou, e ainda conquistou três troféus, tudo porque conseguiu atingir um nível que o futebol nunca tinha visto antes.

Ele também manteve o ritmo na campanha seguinte, chegando a 91 gols pelo clube e pelo seleção no ano civil, superando o recorde anterior estabelecido pelo ídolo alemão Gerd Muller.

Para Haaland, será impossível atingir esses mesmos números. Temos que parar de comparar todos os grandes jogadores com Messi, porque nunca haverá outro como ele.

Vida longa ao GOAT.