Diante disso, é inevitável se perguntar se Maresca já não chegou à conclusão de que há um limite para o que ele pode fazer no Chelsea — e de que talvez seja hora de mudar a narrativa. Há, sem dúvida, quem defenda que a irritante irregularidade do time seja apenas um reflexo do permanente estado de turbulência no clube. E, em meio a tanta instabilidade, buscar resultados deveria render ao treinador ao menos alguma garantia de continuidade por parte da diretoria, em vez de uma vigilância constante e desgastante.
Sua falta de influência nas transferências também ficou evidente em agosto, quando ele fez pouca tentativa de esconder seu desejo por um substituto adequado para o lesionado Levi Colwill.
"O clube sabe exatamente o que eu penso", Maresca disse duas semanas antes do encerramento da janela. "Estamos procurando uma solução interna, mas como eu disse, o clube sabe exatamente o que eu penso. Acho que precisamos de um zagueiro central."
Não chegou nenhum, porém, e Maresca seguiu em frente (pelo menos publicamente) - mas a frustração que ele vinha guardando após as críticas que se seguiram às derrotas para Leeds e Atalanta transbordou no sábado. Foi afirmado que a explosão de Maresca foi impulsiva, uma reação emocional à pressão incessante que ele está enfrentando, mas foi notável que ele não tentou se afastar ou mesmo esclarecer seus comentários enigmáticos durante sua próxima coletiva de imprensa, antes do jogo contra o Cardiff, talvez porque ele esteja simplesmente cansado de ter que defender seu histórico - e não apenas para jornalistas.
"Posso falar italiano, minha língua, espanhol muito bem, francês muito bem, e inglês mais ou menos, então acho que quando quero dizer algo, sou bastante claro," ele disse. "Eu já falei depois do jogo, não preciso acrescentar mais nada. Está feito, está acabado." Não está, no entanto. Longe disso, na verdade.
Após rumores de que seu ataque foi direcionado ao coproprietário do Chelsea, Behdad Eghbali, a especulação sobre o futuro de Maresca só se intensificou depois que o jornalista David Ornstein, do The Athletic, revelou que Maresca é um dos principais candidatos a substituir Guardiola como técnico do Manchester City, caso o catalão decida se afastar no final da temporada. O relatório não poderia ter vindo em uma melhor hora para Maresca, pois sugere que ele é mais apreciado no Etihad do que em Stamford Bridge, adicionando assim outro nível de intriga a um caso já fascinante.
De fato, quando tanto Danny Murphy quanto Jamie Carragher apontaram que Maresca não teria chance de vencer uma guerra com os proprietários em Stamford Bridge, pareceu uma avaliação justa da situação. Mas talvez o treinador saiba exatamente o que está fazendo. Talvez a pergunta mais relevante agora não seja “o Chelsea pode demitir Maresca?”, e sim se ele realmente quer que isso aconteça…