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El Clásico sem classe: Barcelona x Real Madrid virou duelo dos reclamões que não sabem perder

Por enquanto, o clássico entre Barcelona e Real Madrid está confirmado para domingo, às 11h15 (horário de Brasília). Mas, até lá, muita coisa ainda pode acontecer.

Um dos focos de polêmica é o árbitro escolhido para o jogo, Alejandro Hernandez Hernández. Ele já apitou 35 partidas do Real Madrid no campeonato nacional, e o time perdeu nove delas. Isso tem incomodado os torcedores madridistas, que veem a estatística como sinal de erro ou até má-fé. Quando o time perde, muitos colocam a culpa nos juízes — por isso, o clube tem pressionado por mudanças na arbitragem espanhola.

Essa atitude tem gerado críticas. Muitos adversários do Real, incluindo o Barcelona, dizem que o clube está atacando um sistema que, na verdade, sempre o favoreceu. Os catalães, que lideram o campeonato, veem as reclamações como uma forma de desvalorizar sua campanha. Além disso, o Barça também acredita que tem sido prejudicado fora da Espanha — como na recente derrota para a Inter de Milão, na Champions League.

Ainda há esperança de que o clássico seja lembrado pelas atuações brilhantes de jogadores como Lamine Yamal, Raphinha, Pedri, Vinícius Jr, Mbappé ou Bellingham. Mas, ao que tudo indica, esse jogo tem mais chances de virar assunto por causa de teorias da conspiração do que por futebol bonito.

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  • FBL-AWARD-BALLON D'OR-2024AFP

    Outro protesto sem sentido?

    Pra quem não lembra, antes do último El Clásico, no dia 26 de abril, havia dúvidas reais se o Real Madrid sequer entraria em campo. O clube se recusou a participar das entrevistas obrigatórias antes do jogo e, segundo a imprensa espanhola, chegou a cogitar boicotar a final da Copa do Rei.

    Isso não surpreende tanto. O Real tem histórico de reações fortes. Um exemplo foi quando o clube simplesmente não foi à cerimônia da Bola de Ouro no ano passado ao descobrir que Vinícius não seria premiado.

    Apesar disso, o clube merengue negou que pensou em desistir da final e disse que só jogou "por respeito aos torcedores que viajaram até Sevilha ou já estavam lá".

    Mas, afinal, o que deixou o clube tão irritado? Alega-se que foi o clima de “hostilidade e animosidade” por parte da equipe de arbitragem escalada para a decisão.

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  • Ricardo de Burgos Bengoetxea 2025@rfef / X

    "Alvo nas costas de um colega"

    O árbitro Ricardo de Burgos Bengoetxea e o responsável pelo VAR, Pablo González Fuertes, talvez nunca devessem ter sido autorizados a dar entrevistas antes do jogo. A ideia da Federação Espanhola de Futebol (RFEF) era promover mais transparência, mas, diante do clima pesado que já existia em torno do clássico da Copa do Rei, era difícil imaginar que isso não geraria polêmica.

    Ainda assim, os dois fizeram questão de apontar que o Real Madrid — e especialmente seu canal oficial, que costuma criticar arbitragem diariamente — ajudou a criar esse ambiente tóxico. Por isso, também viram na entrevista uma chance de se posicionar.

    "As consequências de ficar falando em roubo e usando palavras pesadas são sérias", disse González Fuertes. "Essa frustração que se espalha entre os torcedores acaba respingando nos árbitros mirins, nas crianças que estão começando no apito. Isso é o que acontece quando se coloca um alvo nas costas de um colega."

    De Burgos foi ainda mais emotivo ao falar sobre os efeitos das críticas no dia a dia da sua família.

    "Quando uma criança vai pra escola e ouve que o pai dela é ladrão, é muito difícil", disse, com a voz embargada. "Tudo o que posso fazer é ensinar ao meu filho que o pai dele é honesto, mostrar o que é ser árbitro, e pedir que todos pensem o rumo que estamos tomando. Só queria que as pessoas entendessem o quanto isso pesa."

    Infelizmente, esse pedido por mais empatia não foi ouvido — e não só pelo Real Madrid.

  • FC Internazionale Milano v FC Barcelona - UEFA Champions League 2024/25 Semi Final Second LegGetty Images Sport

    “Não podemos perder o respeito pelos árbitros…”

    O técnico do Barcelona, Hansi Flick, defendeu com firmeza os árbitros enquanto o Real Madrid vivia uma crise antes da final da Copa. “O que está acontecendo não é certo”, disse ele. “Não podemos perder o respeito pelos árbitros. Isso é futebol, e todos nós temos a responsabilidade de proteger quem faz parte do jogo: jogadores, treinadores e árbitros. Dentro de campo há emoção, mas, depois do jogo, precisamos seguir em frente.”

    Mas na última terça-feira (6), no San Siro, o próprio Flick teve dificuldades para sustentar esse discurso. Após a derrota por 4 a 3 para a Inter de Milão — resultado que eliminou o Barcelona nas semifinais da Liga dos Campeões, com 7 a 6 no placar agregado — ele criticou a arbitragem.

    “A gente acha que o resultado foi injusto por causa de algumas decisões do árbitro, preciso dizer isso”, afirmou. E mesmo dizendo que não queria falar muito sobre o assunto, acabou insistindo: “Toda vez que havia uma decisão duvidosa, o lance era marcado a favor deles. Isso me deixa triste.”

    O mais lamentável, porém, foi o fato de Flick ter ido tirar satisfação com o árbitro Szymon Marciniak após o apito final — atitude que incentivou seus jogadores a também criticarem a arbitragem nas entrevistas pós-jogo.

  • FC Internazionale Milano v FC Barcelona - UEFA Champions League 2024/25 Semi Final Second LegGetty Images Sport

    “A UEFA deveria investigar isso”

    Ronald Araújo afirmou que o árbitro Szymon Marciniak “influenciou” o resultado do jogo. Eric Garcia lembrou de outras partidas polêmicas do juiz, e Pedri foi além: pediu que a UEFA investigue a atuação do polonês no segundo jogo contra a Inter.

    “Não é a primeira vez que isso acontece com esse árbitro. A UEFA deveria investigar, porque tem coisas que eu não entendo e são difíceis de explicar. Todas as decisões controvérsias foram a favor deles”, disse o meia, repetindo o tom crítico do técnico Hansi Flick.

    Mas a maioria dessas reclamações não faz sentido. Marciniak, na verdade, deixou de marcar falta de Pau Cubarsí em Lautaro Martínez no primeiro tempo. O pênalti só foi dado por causa do VAR, comandado por Dennis Higler — o mesmo que também corrigiu uma decisão de Marciniak ao anular um pênalti para o Barcelona, já que a falta de Mkhitaryan em Yamal aconteceu fora da área.

    A acusação de que Dumfries teria feito falta em Gerard Martin antes do gol de empate da Inter nos acréscimos também é forçada. E a tentativa de Iñigo Martínez de negar que cuspiu em Acerbi após o pênalti convertido por Çalhanoglu foi ainda mais constrangedora. Na verdade, diante de tantas reclamações do Barcelona, o maior alívio foi o zagueiro não ter sido expulso por um gesto baixo e covarde.

  • Raphinha Alessandro Bastoni Barcelona Inter 2024-25Getty Images

    "Arbitragem escandalosa do madridista"

    Como era de se esperar, o técnico Hansi Flick, vários jogadores do Barcelona e a maior parte da imprensa catalã ignoraram as decisões que favoreceram o Barça. A narrativa já estava pronta antes mesmo da bola rolar: o jornal Sport chegou a acusar o árbitro Szymon Marciniak de ser tendencioso a favor do Real Madrid, usando como “prova” uma foto em que ele aparece com uma necessaire com o escudo do clube — uma acusação séria e sem fundamento.

    O Mundo Deportivo reforçou esse discurso depois do jogo, dizendo que o Barça foi vítima de um “roubo” e que a arbitragem foi “escandalosa”, chamando Marciniak de “madridista”. Com esse clima de desconfiança e exagero, não surpreende que sigam acontecendo casos como os que o árbitro González Fuertes denunciou antes da final da Copa: torcedores nas redes sociais ameaçando e ofendendo árbitros sem nenhum tipo de punição.

    Diante de tudo isso, é difícil acreditar que o próximo El Clásico vá terminar em paz. A tensão entre os rivais só aumenta — dentro e fora de campo.

  • Kylian Mbappe Real Madrid 2024-25Getty Images

    Dois lados que não sabem perder

    O comportamento de vários jogadores do Real Madrid na derrota para o Barcelona na final da Copa do Rei foi lamentável. Antonio Rüdiger foi expulso e pegou seis jogos de suspensão por atirar um objeto no árbitro De Burgos Bengoetxea nos minutos finais. Uma atitude vergonhosa para um jogador de 32 anos — mas que combina com o perfil mimado que o time de Madrid costuma mostrar. Teve até um momento de pura ironia no começo da temporada, quando o goleiro Courtois reclamou dos times que criticam a arbitragem… enquanto o próprio Real Madrid atacava a competência e o caráter dos juízes espanhóis.

    Mas será que o Barcelona é tão diferente assim? Às vezes, o clube catalão parece tão arrogante quanto o seu maior rival. O antigo lema “mais que um clube”, que já foi símbolo de orgulho da identidade catalã, hoje soa mais como um discurso de superioridade.

    Sob a gestão de Joan Laporta, o Barça passa a impressão de que pode fazer o que quiser. Vale lembrar que o clube ainda está envolvido em um escândalo relacionado à arbitragem e vive em conflito com La Liga por causa do registro de jogadores.

    A forma como o jovem time de Hansi Flick lidou com a eliminação na Champions League mostrou imaturidade. Uma pena, porque há muito a se admirar no futebol que o técnico alemão está desenvolvendo com Lamine Yamal e companhia. O Barcelona tem jogado bonito, conquistou a Copa do Rei e chega ao clássico com chance real de vencer o Madrid e se aproximar do título espanhol.

    O foco, então, deveria estar em ver dois grandes times, cheios de talento, brigando até o fim pelo título do Campeonato Espanhol — como vimos naquele jogaço no San Siro. Mas, infelizmente, a realidade é outra: independentemente de quem vencer no Montjuïc, é provável que o clássico acabe de novo com um dos lados chorando e culpando o árbitro.