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Eze transfer hijacks GFXGetty/GOAL

Eberechi Eze, Ronaldinho e os "chapéus" mais marcantes do futebol europeu

Hoje em dia, o futebol já não é só esporte — é também um negócio sério e milionário. E nada mostra isso melhor do que o mercado de transferências, onde o dinheiro fala mais alto e a ideia de um “acordo de cavalheiros” simplesmente não existe. Por isso, é ingenuidade achar que um “Aqui vamos nós!” significa que a contratação está confirmada.

Na prática, nada está garantido até o jogador assinar contrato. Muita coisa pode dar errado no último minuto — até um detalhe burocrático, como um fax com defeito, já foi capaz de travar uma negociação.

Mas o maior risco de uma transferência não se concretizar é quando outro clube entra na jogada de última hora. Foi exatamente isso que o Tottenham voltou a sentir na pele recentemente. Pensando nisso, e com a novela da ida de Eberechi Eze para o Arsenal, a GOAL relembra alguns dos maiores “chapéus” de contratações da história do futebol.

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  • Portrait of Argentinian-born Spanish forward AlfreAFP

    Alfredo di Stefano

    A transferência de Alfredo Di Stéfano ainda hoje é cercada de mistérios e teorias. Em 1953, o craque jogava pelo Millonarios, da Colômbia, mas seus direitos pertenciam oficialmente ao River Plate, o que já deixava a negociação confusa.

    O Barcelona parecia ter fechado o negócio, mas o advogado do clube, Ramon Trias Fargas, se sentiu deixado de lado pelos dirigentes — e até surgiram acusações de que tudo seria uma “armação do Real Madrid com apoio do governo espanhol”.

    Para complicar ainda mais, a federação espanhola havia proibido a contratação de estrangeiros, mas abriu uma exceção para Di Stéfano… com uma condição estranha: ele teria que jogar um ano pelo Barça e outro pelo Real. O Barcelona até aceitou, mas a polêmica foi tão grande que o presidente Marti Carreto renunciou poucos dias depois.

    No fim, o Barça desistiu do acordo e ficou só com uma compensação financeira. Resultado: viu Di Stéfano transformar o Real Madrid na maior potência da Europa.

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  • Paul Gascoigne 1991 FA Cup Semi Final Tottenham Hotspur v ArsenalHulton Archive

    Paul Gascoigne

    Sir Alex Ferguson acreditava que Paul Gascoigne era o maior talento do futebol inglês desde Bobby Charlton. Por isso, ficou confiante quando, em 1988, o meia do Newcastle prometeu que se tornaria jogador do Manchester United assim que Ferguson voltasse das férias em Malta.

    Só que dois dias depois desse acordo verbal, o presidente do Tottenham, Irving Scholar, entrou em ação. Segundo Gascoigne, seu pai reagiu de forma direta: “Manda eles se f*derem, você vai assinar com o United.”

    Mas Scholar não desistiu e ofereceu um incentivo irresistível: prometeu ao pai de Gascoigne 120 mil libras se ele fechasse com o Spurs. Quando soube, o pai dele não pensou duas vezes: “O que você está esperando, filho?!”

    E não parou por aí. Gascoigne contou que o presidente ainda ofereceu um BMW conversível para o pai, um carro para a mãe e até uma cama de bronzeamento para a irmã.

    Quando Ferguson recebeu a notícia durante as férias, ficou furioso e cortou relações com Gascoigne por anos, convicto de que o meia tinha cometido “o maior erro da carreira” ao não jogar no United. O próprio Gascoigne acabou reconhecendo isso, dizendo em tom de ironia: “Minha irmã podia ter feito bronzeado artificial e eu teria alguns títulos!”

  • Roy KeaneHulton Archive

    Roy Keane

    Na noite de uma sexta-feira do verão de 1993, o jovem destaque do Nottingham Forest, Roy Keane, apertou a mão do técnico do Blackburn Rovers, Kenny Dalglish, selando um acordo de transferência para Ewood Park. Dalglish queria que o contrato fosse assinado na hora, mas todo o departamento administrativo do clube já tinha ido embora. Por isso, a papelada só poderia ser concluída na segunda-feira.

    Nesse intervalo, o técnico do Manchester United, Alex Ferguson, ligou e ainda se encontrou pessoalmente com Keane. Conseguiu convencê-lo a aceitar até um salário menor para se transferir para Old Trafford. A decisão deixou o Blackburn furioso. "Ninguém faz isso com Kenny Dalglish", disse a lenda do Liverpool ao jovem irlandês de 21 anos. "Você é um pequeno bastardo e não vai se safar dessa."

    Keane depois confessou que passou um tempo repensando a decisão e até “se sentiu mal” por ter voltado atrás. Mas nunca se arrependeu de fato — afinal, se tornou um dos maiores capitães da história do United. Anos depois, até Dalglish admitiu, em um programa de TV ao lado do ex-meio-campista, que Keane provavelmente tinha feito a escolha certa.

  • BRITAIN-ARSENAL-EMMANUEL PETITAFP

    Emmanuel Petit

    No verão de 1997, Emmanuel Petit viajou a Londres para negociar com o Tottenham. O francês, porém, não ficou totalmente convencido com a proposta e pediu um tempo para pensar.

    Em vez de voltar para o hotel, ele pegou um táxi pago pelo próprio Spurs e foi direto para a casa de Arsène Wenger, onde conversou sobre a possibilidade de reencontrar seu antigo técnico do Monaco no antigo Arsenal Stadium.

    "O Arsenal marcou o encontro lá porque queria manter tudo em segredo", contou Petit mais tarde à FourFourTwo. "A oferta deles era bem melhor que a do Spurs e eu queria muito trabalhar de novo com Arsène. Ele falava comigo em outro nível, como ser humano, e o David Dein (vice-presidente) também foi muito atencioso. Eu senti a vontade deles e fiquei empolgado com o projeto e com os jogadores que estavam montando."

    "Depois de três horas, eu disse: ‘Sim, quero assinar com vocês’." A escolha se mostrou perfeita: logo na primeira temporada com os Gunnerd, Petit ajudou o Arsenal a conquistar a dobradinha nacional.

  • FBL-EUR-C3-UEFA-BARCELONA-SK MATADOR PUCHOVAFP

    Ronaldinho

    O Manchester United esteve muito perto de contratar Ronaldinho na janela de transferências de meados de 2003. “Os números já estavam acertados”, contou o ex-diretor do clube, David Gill, no podcast de Rio Ferdinand, VIBE with Five. O craque brasileiro também estava disposto a se mudar para Old Trafford e revelou depois que a negociação estava a menos de 48 horas de ser fechada. Mas um telefonema de Sandro Rosell mudou tudo.

    Ronaldinho tinha ótima relação com Rosell, ex-executivo da Nike que havia acabado de ajudar Joan Laporta a se eleger presidente do Barcelona. Durante a campanha, a promessa era trazer David Beckham do United. Só que, quando o inglês fechou com o Real Madrid, a diretoria do Barça voltou as atenções para Ronaldinho.

    “Era só questão de detalhes com o United quando Rosell ligou para dizer que eles iam vencer a eleição lá”, explicou o brasileiro. “E Rosell já tinha me perguntado muito antes da oferta do United: ‘Se eu virar presidente do Barça, você vem?’. Eu disse que sim.”

    No fim, Ronaldinho acabou no Camp Nou, algo que Gill temia desde a entrada do Barça na negociação.

    “Se eles não estivessem no páreo, teríamos fechado. Já tínhamos quase tudo certo”, disse o dirigente. “Com todo respeito ao United, ele queria ir para lá. Mas o Barcelona apareceu. Estávamos perto, mas não deu.”

  • Mikel John Obi Manchester UnitedGetty Images

    Mikel John Obi

    Mikel John Obi disse certa vez que sua ida do Lyn para o Chelsea, passando pelo Manchester United, foi “como um filme” — e não é exagero.

    Em 29 de abril de 2005, o United anunciou que tinha assinado com o nigeriano por 4 milhões de libras e que ele chegaria a Old Trafford em janeiro do ano seguinte. Mas o Chelsea alegou já ter um acordo com o jogador e seus representantes, além de ter ajudado na sua ida ao Lyn justamente para contratá-lo depois.

    O caso virou uma novela de acusações dos dois lados. Em certo momento, Mikel chegou a “sumir”, o que gerou rumores de que teria sido sequestrado pelo Chelsea. Mais tarde, ele explicou: “Eu só estava evitando os olhares do público, não queria que ninguém soubesse onde eu estava. Mas anunciaram na Noruega que, se alguém me visse, devia avisar a polícia. Então precisei me esconder. O United tentava falar comigo, o Lyn também. Foi bem complicado”.

    No fim, os três clubes chegaram a um acordo: o Chelsea pagou 16 milhões de libras por Mikel, sendo 12 milhões de libras destinados ao United.

  • Dimitar Berbatov Manchester United 2008Getty Images

    Dimitar Berbatov

    No caso de Dimitar Berbatov, o “sequestro” virou de mão dupla. O United já estava de olho no atacante durante todo o verão europeu de 2008, mas o Tottenham reclamou junto à Premier League sobre supostas declarações de Alex Ferguson a respeito da contratação do búlgaro.

    A negociação se arrastou até o último dia da janela. Foi quando o Manchester City tentou atravessar a negociação, aceitando pagar 34 milhões de libras ao Spurs. Só que Berbatov não queria saber: “Eu disse ao meu agente: ‘Dane-se, vamos para o United!’”.

    Assim, no dia 31 de agosto, quando chegou ao aeroporto de Manchester, o atacante não foi recebido por dirigentes do City, mas sim por Ferguson. “Achei que ia ter um ataque cardíaco”, confessou o búlgaro.

    No fim, o Tottenham não viu alternativa a não ser vendê-lo ao United por 30,75 milhões de libras. Como parte do acordo, Fraizer Campbell foi emprestado ao clube londrino por uma temporada.

  • Manchester City's Brazilian forward RobiAFP

    Robinho

    Os patrocinadores do Manchester City, baseados em Abu Dhabi, saíram em busca de uma contratação de peso em 2008, e Robinho, do Real Madrid, preenchia todos os requisitos. Depois de cair em ruínas no Santiago Bernabéu, o brasileiro deixou claro que queria se mudar para a Premier League e foi muito aberto sobre o fato de que ele adoraria trabalhar com o compatriota e ex-técnico da seleçã brasileira, Luiz Felipe Scolari, no Chelsea.

    No entanto, apesar das longas negociações com os Blues, Robinho acabou se juntando ao City por 32,5 milhões de libras no último dia da janela de transferências daquele verão europeu. Até mesmo o atacante ficou atordoado com a reviravolta dramática, ao expressar sua alegria por assinar com o Chelsea em sua primeira entrevista com o City!

  • Willian Chelsea 2013Getty Images

    Willian

    Dois “chaéus” pelo preço de um! O Liverpool foi quem mais esteve perto de contratar Willian em 2013, mas parecia que o Tottenham tinha levado a melhor e acertado a vinda do brasileiro do Anzhi Makhachkala.

    Só que, na última hora, o Chelsea entrou em cena. Roman Abramovich ligou direto para Suleyman Kerimov, dono do Anzhi e também oligarca russo, e fechou o negócio por 32 milhões de libras. Os Blues descobriram que Willian estava em Londres para fazer exames médicos no Spurs e agiram rápido.

    “Esse é o risco de exames médicos antes do contrato”, comentou um Mourinho satisfeito após garantir mais uma opção de ataque. “O certo é fazer isso em segredo.”

    Daniel Levy, presidente do Tottenham, ficou furioso. Chegou a se dizer que o Chelsea só contratou Willian para provocar o rival londrino, mas o clube negou. Os Blues garantiram que já acompanhavam o jogador há muito tempo.

  • Pedro Chelsea 2015Getty Images

    Pedro

    Quando o Chelsea contratou Pedro em 2015, Louis van Gaal jurou que o Manchester United nunca tentou de fato levar o espanhol do Barcelona.

    “Vocês podem escrever o que quiserem, mas eu não posso dizer tudo que penso. Tenho responsabilidade com o clube e meus jogadores”, disse irritado o técnico holandês. “Quando me perguntaram se o Pedro se encaixava no perfil, eu disse sim. Mas nunca disse que queríamos contratá-lo. O que sai nos jornais não é verdade. Só os clubes e os jogadores sabem. E, pelo que li, o Barcelona nem queria liberar.”

    Mas o agente de Pedro contou uma versão bem diferente. Antonio Sanz disse que o United estava interessado, mas perdeu a chance por falta de agilidade.

    “Talvez o United tenha cochilado”, contou à Radio Club Tenerife. “O Chelsea foi muito rápido. Em 24 horas fechou com o Barça. Foi um furacão.”

  • Sergej Milinkovic-Savic Lazio 2015Getty Images

    Sergej Milinkovic-Savic

    Milinkovic-Savic estava com tudo pronto para assinar com a Fiorentina em 25 de julho de 2015, quando surpreendeu a todos. Em lágrimas, disse: “Desculpem, mas não posso. De verdade, não posso”.

    O diretor esportivo Daniele Pradè ficou chocado — e irritado.

    “Tínhamos acordo com o Genk e com o jogador, mas ele chegou ainda hesitante. Não dá para esperar por um garoto de 20 anos”, disse à Violanews. “Ele pediu tempo para falar com a namorada. Quem vem pra cá precisa chegar com fome de vencer. Isso não é profissional. Para nós, está encerrado.”

    Era claro que havia outro clube na jogada: a Lazio, que já vinha negociando com o sérvio. E pouco mais de uma semana depois, anunciou sua contratação.

  • Dani Alves PSG 2017Getty Images

    Dani Alves

    O Manchester City tinha tanta certeza de que Dani Alves estava a caminho do Etihad em 2017 que chegou a prometer aos jornalistas uma entrevista exclusiva com o lateral nos Estados Unidos, durante a pré-temporada.

    O brasileiro já tinha acordo verbal por dois anos e conversado pessoalmente com Guardiola em Barcelona. Mas, no fim de semana do seu casamento, surpreendeu a todos ao assinar com o Paris Saint-Germain. Enquanto isso, o City ainda esperava sua chegada a Manchester.

    O clube ficou indignado. A Juventus, que havia liberado o jogador antes do fim do contrato, também. Daniel Alves havia dito que queria reencontrar Guardiola. Mas, segundo ele, a decisão foi por motivos familiares.

    “Estava tudo pronto para ir ao City, mas escolhi Paris por uma questão pessoal. Foi difícil não trabalhar de novo com o Guardiola, porque tenho enorme carinho por ele. Mas queria um novo desafio”, disse à Sky Sports.

  • Jorginho Chelsea 2018Getty Images

    Jorginho

    Jorginho revelou em entrevista ao YouTuber brasileiro Ale Oliveira, em fevereiro de 2022: "Eu não era para ir para o Chelsea. Eu era para ter ido para outro clube. Outro clube inglês."

    O clube em questão era o Manchester City, que ficou furioso quando o meio-campista se mudou para Stamford Bridge em julho de 2018, acreditando que Jorginho teria sido "intimidado" pelo presidente do Napoli, Aurelio De Laurentiis, a escolher o Chelsea.

    O City já havia acertado termos com o jogador e com o Napoli duas semanas antes, mas ficou surpreso com o que chamaram de "falta de profissionalismo inédita" quando De Laurentiis voltou atrás no acordo, supostamente para incluir Jorginho no mesmo negócio que levou Maurizio Sarri do Napoli para o Chelsea.

    De Laurentiis, por sua vez, afirmou que o jogador simplesmente preferiu viver em Londres a Manchester. Já o agente de Jorginho, João Santos, disse ao Football Italia que a decisão foi "uma escolha do Napoli".

    "Eles negociavam com o Manchester City, mas depois começaram a conversar com o Chelsea, e foi lá que fechamos. Não temos nada contra o City. Jogar lá com Guardiola seria ótimo, mas é assim que transferências funcionam", explicou Santos.

  • Alexis Sanchez Manchester United 2018Getty Images

    Alexis Sánchez

    Alexis Sánchez parecia pronto para assinar com o Manchester City em meados de 2017. O Arsenal só bloqueava a transferência porque não conseguia encontrar um substituto à altura. Com seis meses de contrato restantes, a mudança para o Etihad parecia certa, e os termos pessoais já estavam acertados.

    Porém, o Manchester United entrou na disputa, oferecendo a Sanchez o posto de jogador mais bem pago da Premier League. Ele acabou indo para Old Trafford por cerca de 35 milhões de libras. Sánchez sempre disse que a decisão não foi por dinheiro, mas pela chance de vestir a camisa 7, prometida pelo técnico José Mourinho.

    "Foi quando pensei: jogador chileno no Manchester United, algo que nunca aconteceu. E ainda com o sete de Cantona, Beckham, Cristiano Ronaldo... Era um sonho", explicou.

    Infelizmente, a passagem de Sánchez pelo United foi um pesadelo. Ele marcou apenas três gols em 32 jogos na Premier League e se transferiu para o Inter em 2019.

  • Mural of Eberechi EzeX/NORTHBANKYSAFC

    Eberechi Eze

    A importância de Eberechi Eze ir para o Arsenal em vez do Tottenham não pode ser exagerada. Desde que Sol Campbell apareceu ao lado de Arsene Wenger sem aviso, uma transferência não causava tanta expectativa no norte de Londres.

    O Tottenham acreditava que tinha Eze garantido. Já haviam fechado um acordo com o Crystal Palace e acertado os termos pessoais com o jogador. O presidente Daniel Levy achava que o negócio estava fechado.

    Mas o Spurs acabou sendo surpreendido — e humilhado — porque o Arsenal voltou a mostrar interesse assim que soube que Kai Havertz poderia ficar fora por causa de uma lesão no joelho.

    A partir daí, o Tottenham sabia que não conseguiria convencer Eze a recusar a chance de jogar pelo Arsenal, clube que ele apoiava quando criança e que o liberou aos 13 anos.