É agora ou nunca para Gabriel Martinelli no Arsenal: brasileiro encara desafio após chegadas de Eberechi Eze e Noni Madueke

Apesar da fase ruim, Martinelli ainda conta com a confiança total de Mikel Arteta. Durante a última janela de transferências, o Bayern de Munique demonstrou interesse no atacante, mas o treinador do Arsenal nunca pensou em liberá-lo.

“Gabi é um jogador superimportante para nós e vai continuar a ser. Precisamos dele tanto para começar quanto para terminar jogos”, disse Arteta antes do fechamento da janela de transferencias.

A confiança, porém, contrasta com o desempenho recente do brasileiro. Ele foi substituído cedo na vitória por 1 a 0 sobre o Manchester United e acabou no banco na goleada por 5 a 0 contra o Leeds. Voltou ao time titular diante do Liverpool em Anfield, mas teve atuação apagada: apenas 15 toques em 70 minutos e nenhum drible completo. Em um contra-ataque, preferiu arriscar sozinho em vez de passar para Gyokeres, desperdiçando uma ótima chance.

A falta de confiança ficou evidente. Contra Szoboszlai, improvisado na lateral, Martinelli pouco produziu, em mais uma atuação frustrante.

A atuação de Martinelli refletiu o desempenho geral do Arsenal contra o Liverpool, mas Madueke foi um ponto positivo. Escalado no lugar de Saka, o ex-Chelsea infernizou Milos Kerkez com velocidade e habilidade, criando as melhores chances dos Gunners.

Ao contrário de Martinelli, Madueke é ambidestro e consegue variar mais o jogo, avançando tanto por dentro quanto por fora. Isso abre espaço para Odegaard e Rice no meio e cria oportunidades para Gyokeres dentro da área. Ele já mostrou ser uma opção mais versátil e difícil de marcar.

Outra ameaça à titularidade de Martinelli é Eberechi Eze, contratado do Crystal Palace por 60 milhões de libras (R$ 435,6 milhões) em agosto. Ele entrou nos minutos finais contra o Liverpool e deu novo fôlego ao time, com dribles, passes incisivos e movimentação agressiva.

Apesar de perder uma boa chance de gol, foi mais perigoso que Martinelli e mostrou ter recursos que o brasileiro não apresenta no momento. Eze combina equilíbrio, força, visão de jogo e capacidade de decidir partidas difíceis.

Hoje, Martinelli continua sendo rápido e trabalhador, mas perdeu a ousadia e a criatividade que marcaram seu início no Arsenal. Se não reagir logo, corre sério risco de perder espaço no ataque de Arteta.

Para ser justo com Martinelli, o Arsenal mudou a forma de jogar e isso reduziu seu desempenho. Sua melhor fase foi em 2022/23, quando marcou 20 gols na Premier League em 36 jogos, em um time muito mais ofensivo.

Naquela época, ele aproveitava os espaços para acelerar e tinha uma parceria afinada com Gabriel Jesus. O centroavante saía bastante da área, abrindo caminho para que Martinelli atacasse por dentro. Mas as lesões constantes de Jesus atrapalharam essa dinâmica.

Outro ponto que pesou foi a saída de Granit Xhaka e Oleksandr Zinchenko, com quem também se entendeu bem pelo lado esquerdo. Nos últimos anos, Arteta passou a montar um Arsenal mais cauteloso, priorizando posse de bola segura e meio-campo fechado. Com isso, Martinelli deixou de ser um jogador imprevisível e virou apenas mais uma peça do esquema.

Mesmo assim, ainda há espaço para recuperação. A mudança de estilo de Arteta aconteceu em parte por causa das muitas lesões no elenco. Agora, após gastar 257 milhões de libras (R$ 1,86 bilhões) em reforços, o treinador tem mais opções e pode voltar a arriscar. Entre os contratados estão Mosquera, Zubimendi, Norgaard e Hincapié.

Mas a chegada mais importante pode ser a de Gyökeres. O sueco trouxe um jogo mais direto ao Arsenal, com foco em transições rápidas para aproveitar sua velocidade nas costas da defesa. Isso abre uma nova chance para Martinelli, que pode recriar com ele a conexão que teve com Gabriel Jesus.

Gyökeres também costuma cair pela esquerda, o que facilita essa sintonia. Além disso, Hincapié pode atuar como lateral avançado, liberando Martinelli para aparecer mais perto da área. Ainda vai levar tempo até que o time se ajuste, mas há potencial para o brasileiro voltar a brilhar.

Outra alternativa é colocá-lo como meia central. Com Havertz em recuperação de cirurgia no joelho, Arteta pode usar Martinelli como camisa 10 — função em que ele já teve bons momentos, inclusive marcando contra o Liverpool em 2024.

Martinelli voltou ao Arsenal após uma boa data Fifa com a seleção brasileira. Com Ancelotti, ganhou moral e foi titular pela segunda vez seguida nas Eliminatórias, contra o Chile. Participou da vitória por 3 a 0 e afirmou: “Sinto que estou melhor do que quando fui convocado pela primeira vez, em 2020, e quando joguei a Copa de 2022.”

A fala, porém, não condiz com os números. Entre março e setembro de 2024, ele passou 17 jogos sem gols ou assistências pelo Arsenal. Mesmo recuperando parte do ritmo depois, terminou a temporada 2024/25 com 10 gols e seis assistências em 51 partidas — números baixos para um ponta de elite.

O talento de Martinelli não está em dúvida, mas é fato que seu crescimento parou desde 2022/23. Esta temporada pode ser decisiva para seu futuro no Arsenal. Contra o Forest, não importa se começar jogando ou entrar do banco: ele precisa mostrar serviço. Do contrário, corre sério risco de perder espaço de vez.