+18 | Conteúdo Comercial | Aplicam-se termos e condições | Jogue com responsabilidade | Princípios editoriais
England HIC Getty Images

Dilema Jude Bellingham-Phil Foden repete desperdício da Inglaterra com Frank Lampard e Steven Gerrard

Grandes torneios frequentemente trazem uma forte sensação de déjà vu para a Inglaterra. Há uma enorme expectativa inicial devido aos jogadores terem tido grandes temporadas nos clubes, mas tem um começo decepcionante e é eliminada para o primeiro bom time que enfrentam no mata-mata, geralmente perdendo nos pênaltis.

Gareth Southgate quebrou esse padrão ao priorizar o coletivo sobre os egos individuais, tornando assistir a Inglaterra, em competições, em algo mais agradáveis. Porém, na Euro 2024, após uma vitória pouco convincente sobre a Sérvia e dois empates desastrosos contra a Dinamarca e a Eslovênia, as críticas voltaram.

Southgate é responsável pelas performances péssimas ao cair na cilada de tentar encaixar muitas estrelas no time sem considerar a maniera como elas se complementam e funcionam juntas.

  • Quer saber, pelo WhatsApp, quem seu time está contratando? Siga aquio canal da GOAL sobre mercado da bola!
  • EnglandGETTY

    Ajustes táticos

    A Inglaterra chegou à Alemanha com uma qualidade ofensiva superior às demais equipes do torneio. Harry Kane, vencedor da Chuteira de Ouro Europeia, Jude Bellingham, principal artilheiro do Real Madrid na conquista do título espanhol e da Champions League, e Phil Foden, eleito o melhor jogador da Premier League.

    Apesar das lesões que afetaram sua preparação, o time titular escolhido por Southgate para os jogos da fase de grupos mostrava nomes impressionantes, mas eles não conseguiram atuar bem juntos.

    Kieran Trippier atuou fora de posição como lateral-esquerdo, agindo mais como um terceiro zagueiro nos dois jogos. John Stones pareceu estar abaixo de sua forma física ideal, retornando ao papel de zagueiro tradicional sem sua usual habilidade com a saída de bola pelo Manchester City.

    Declan Rice teve que se jogar mais recuado do que o habitual no Arsenal na temporada passada, enquanto Trent Alexander-Arnold pareceu deslocado em seu segundo jogo no meio-campo, posição que Jurgen Klopp sempre evitou colocá-lo no Liverpool.

  • Publicidade
  • Phil Foden EnglandGetty

    As estrelas não clicam

    Os três principais astros - Bellingham, Kane e Foden - não se entenderam. Kane volta muito para buscar a bola, ocupando o espaço de Foden e Bellingham, que ambos desejam ocupar como camisa 10.

    Bellingham pareceu cansado após seu desempenho intenso contra a Sérvia, enquanto Foden teve uma leve melhora em relação ao primeiro jogo, acertando a trave na chance mais clara de gol. No entanto, seu deslocamento para o meio não melhorou o desempenho da equipe, evidenciando os problemas no lado esquerdo da Inglaterra. Esses problemas persistiram no terceiro jogo da fase de grupos, resultando em um deprimente empate por 0 a 0 contra a Eslovênia.

    Os Three Lions estão desequilibrados pela falta de um lateral-esquerdo de origem até a plena recuperação de Luke Shaw. A solução óbvia seria colocar um ponta-esquerda propriamente dito à frente de Trippier, mas ao posicionar Foden nessa função, o lado esquerdo do ataque da Inglaterra praticamente desapareceu, facilitando a defesa da Dinamarca e deixando uma área vulnerável para explorar no ataque.

  • Frank Lampard Steven GerrardGetty

    Dejà vú da questão Lampard-Gerrard

    A falta de opções na ponta esquerda tem sido um fantasma que assombra a Inglaterra há tempos. Raheem Sterling se apresentou como uma solução, enquanto Marcus Rashford, Jack Grealish e Foden como atacante pelos lados ampliaram as possibilidades.

    Com Sterling fora e Grealish e Rashford não convocados, Southgate tem apenas Eberechi Eze e Anthony Gordon, ambos com boas temporadas mas pouca experiência pela seleção. Mesmo assim parecem ser opções melhores do que colocar Foden e Bellingham juntos atrás de Kane novamente.

    O dilema de Southgate lembra os problemas de Sven-Goran Eriksson ao tentar combinar Lampard e Gerrard, dois meio-campistas similares. Isso levou Scholes, deslocado para a ponta-esquerda, a se aposentar da seleção antes dos 30 anos e resultou na eliminação nos pênaltis contra Portugal nas quartas de final da Euro 2004, repetindo-se na Copa do Mundo de 2006.

  • Gareth Southgate Phil Foden England Euro 2024Getty

    "Um velho problema"

    Jamie Carragher, que errou um pênalti na Copa do Mundo de 2006 contra Portugal, viu semelhanças após o empate com a Dinamarca. Ele escreveu no The Telegraph: "A maior crítica das nossas primeiras duas performances na Euro 2024 é que me lembraram da era da Inglaterra em que joguei. Recebemos um lembrete sério de que o futebol é sobre escolher o melhor time, não apenas os melhores jogadores."

    "Gareth Southgate enfrenta um velho problema de todos os técnicos da Inglaterra desde 1966. Você olha para o elenco indo para Eurocopas e Copas do Mundo, vê um grupo talentoso que se sai bem em seus clubes, e se deixa seduzir pela ideia de juntá-los todos."

    "No meu tempo, víamos Rooney, Lampard, Gerrard, Scholes e Owen e pensávamos que poderíamos vencer qualquer um se conseguíssemos fazê-los funcionar juntos. Mas nunca aconteceu. Algo precisava mudar, mas a decisão de deixar um grande nome de fora nunca era tomada nos jogos decisivos."

    "Eriksson não teve coragem de deixar de fora Lampard ou Gerrard, e Southgate relutou em tirar Foden da equipe ou mesmo Alexander-Arnold. Ele terá que fazer escolhas difíceis para o próximo jogo contra a Eslovênia e nos mata-matas."

  • Jude Bellingham Phil FodenGetty

    Contrariando sua própria natureza

    O que é frustrante é que Southgate parecia não ter medo de fazer escolhas difíceis ao divulgar sua lista preliminar em maio, deixando de fora Jordan Henderson e Marcus Rashford antes de cortar Grealish da lista final.

    Havia fortes justificativas para essas decisões, já que os três jogadores tiveram temporadas decepcionantes. Mas ele parece estar escolhendo jogadores com base em suas reputações em vez de sua adequação ao time, indo contra suas tendências habituais, quando o coletivo deveria ser o mais importante.

    "Apesar das críticas ao longo de seu reinado, Southgate evitou comparações desfavoráveis com a 'geração de ouro'. Este elenco da Inglaterra tem sido tão unido quanto qualquer um nos últimos 40 anos", disse Carragher.

    "Para haver uma melhoria radical, eles precisam voltar a isso imediatamente, o que significa que Southgate deve mostrar coragem, fazer mudanças drásticas e deixar de fora algumas estrelas pelo bem do time."

  • Gareth Southgate Trent Alexander-Arnold England 2024Getty Images

    Southgate tem que ser corajoso

    Gary Lineker também sentiu que já tinha visto esse filme antes. "Já vi torneio após torneio, com um grupo de jogadores incrivelmente talentosos", disse o ex-atacante da Inglaterra e apresentador da BBC no podcast 'The Rest is Football'. "Você precisa ser corajoso. Não dá para jogar preocupado com as fraquezas da sua equipe. É preciso jogar explorando as suas forças."

    Gary Neville, outro membro da geração de ouro que não teve sucesso ao lado de Carragher, viu Southgate cair na cilada de sempre. "Essa abundância de talentos está causando mais problemas do que fornecendo respostas", disse ele na ITV. "Algo precisa mudar aqui, porque isso está indo mal."

    Southgate se tornou o técnico mais bem-sucedido da Inglaterra em torneios desde Sir Alf Ramsey, campeão da Copa do Mundo, sendo fiel a seu próprio estilo e escolhendo o time que funciona. No entanto, agora ele enfrenta críticas como nunca antes. É hora de ele retornar aos princípios que o diferenciaram des seus antecessores.