Defesa falha do Liverpool não é suficiente para lutar pelo título da Premier League

Para ser justo com Murphy, seu otimismo é compreensível até certo ponto. Esta temporada definitivamente começou muito melhor do que a anterior. Em oito jogos da campanha da Premier League de 2022-23, o Liverpool havia vencido apenas duas partidas e estava em nono lugar na tabela, com apenas 10 pontos.

Um ano depois, eles estão em quarto lugar, apenas três pontos atrás do surpreendente líder Tottenham - apesar de já terem visitado o Spurs, o Chelsea, o Newcastle e o Brighton. O time, como até mesmo Gary Neville admitiu, "tem sido muito melhor" do que a maioria das pessoas esperava.

Eles também só foram derrotados uma vez, e mesmo assim nas circunstâncias mais controversas do norte de Londres. De fato, se não fosse por uma arbitragem horrível contra o Tottenham, o Liverpool poderia estar invicto e no topo da tabela.

Ainda assim, não há como deixar de lado o fato de que, antes do início da temporada, Klopp teria aceitado de bom grado uma conquista de 17 pontos em uma sequência de jogos tão complicada.

Entretanto, as dúvidas que cercavam o Liverpool não se dissiparam de repente. Continua bastante claro que, apesar de todo o bom trabalho realizado durante a janela de transferências de verão, Klopp ainda não resolveu os problemas defensivos que fizeram com que os Reds terminassem em quinto lugar na última temporada (talvez porque ele não tenha conseguido o zagueiro e o volante que realmente queria).

O Liverpool sofreu, em média, 1,24 gol por jogo em 2022-23; o número desta temporada não é muito menor (1,13), e é significativo e profundamente prejudicial que eles tenham conseguido apenas um jogo sem sofrer gols até agora, em uma vitória por 3 a 0 sobre o Aston Villa que foi muito mais competitiva do que o placar sugere.

De fato, uma das coisas que mais chama a atenção nos jogos do Liverpool até agora é o quanto eles têm sido disputados e emocionantes. Muitas das partidas poderiam ter tido qualquer resultado, e o empate com o Brighton é um exemplo perfeito disso.

Mas, para que ninguém se esqueça, eles também conseguiram vencer duas vezes jogos com 10 homens, principalmente na casa do rival Newcastle, que está entre os quatro primeiros colocados, e tiveram correr atrás no placar algumas vezes, com o Liverpool sofrendo o primeiro gol em cinco dos oito jogos do campeonato até agora.

Nesse sentido, Klopp e seus jogadores merecem muito crédito, por seus respectivos ajustes táticos durante o jogo e pelo admirável espírito de luta. Enquanto na temporada passada o Liverpool parecia perdido quando estava perdendo, nesta temporada eles parecem completamente convencidos de sua capacidade de virar o jogo.

E isso é perfeitamente explicável. O Liverpool possui um leque de opções no ataque sem igual, não apenas na Inglaterra, mas em toda a Europa. Sempre que sua equipe está com dificuldades, Klopp geralmente tem pelo menos dois de Diogo Jota, Darwin Nunez, Luis Diaz e Cody Gakpo esperando para entrar em campo - todos eles provaram ser potenciais transformadores de jogo desde que chegaram a Anfield -, enquanto Mohamed Salah continua sendo o grande destaque da equipe.

No entanto, como Alan Shearer apontou em sua coluna para a BBC Sport, embora "os Reds sejam empolgantes de se ver quando avançam, vimos novamente no empate com o Brighton que eles sofrem gols com muita facilidade - falta algo na defesa".

Sinceramente, é difícil discordar.

Os dois gols sofridos em Brighton foram realmente um presente. No primeiro, Virgil van Dijk colocou Alexis Mac Allister em perigo com um passe que o argentino não conseguiu dominar, permitindo que Simon Adingra abrisse o placar.

Van Dijk reconheceu depois que havia colocado seu companheiro de equipe em apuros com "uma bola arriscada", mas argumentou que erros como esse podem acontecer quando se "joga na defesa"."Se você erra, você é punido", disse o zagueiro holandês com naturalidade em sua entrevista à Sky Sports, "mas a maneira como nos recuperamos foi uma ótima reação".

E não há como contestar essa afirmação. A fantástica reação do Liverpool ao ficar atrás no placar realmente deveria ter ganho o jogo, principalmente se considerarmos que, após o segundo gol de Salah, Ryan Gravenberch perdeu um gol incrível, mandando a bola no travessão.

No entanto, a razão pela qual isso não aconteceu foi mais um daqueles desastres defensivos tão conhecidos, decorrentes de uma "falta de comunicação" na linha de fundo, que permitiu que Lewis Dunk empatasse o jogo, após o cruzamento passar por dois defensores do Liverpool antes de chegar ao capitão do Brighton na entrada da pequena área.

"Acho que Robertson ouviu um grito e pensou que fosse Alisson", explicou Van Dijk à Sky. "É uma falha de comunicação e não deveria acontecer. Mas ninguém quer cometer erros."

O problema, no entanto, é que o Liverpool comete muitos erros na defesa, o que anula completamente grande parte do seu bom trabalho, como foi dolorosamente sublinhado pelo horrível gol contra de Joel Matip nos acréscimos do jogo contra o Tottenham.

O camaronês tem se saído razoavelmente bem depois de entrar no time após a lesão de Ibrahima Konate, mas a esperança é que o francês seja reintegrado ao time titular após a pausa da data Fifa. É claro que o simples fato de Matip ter jogado tanto aponta para um problema que foi repetidamente apontado no verão: A falta de opções na defesa do Liverpool.

Klopp e o clube estão claramente cientes do problema, é claro. Foi feito um esforço concentrado para contratar um zagueiro durante o verão - de preferência um que pudesse jogar pelo lado esquerdo - mas ninguém chegou, e sempre houve o temor de que o Liverpool pagasse um preço por não reforçar sua defesa.

Certamente não foi uma surpresa ouvir o agente de Piero Hincapie afirmar na semana passada que os Reds estão pensando em contratar o jogador do Bayer Leverkusen em janeiro.

Também se falou na contratação do meio-campista André, do Fluminense. O Liverpool estava interessado em trazer o jogador da seleção brasileira durante o verão, mas o clube carioca foi firme em sua recusa em vender um de seus jogadores mais importantes no meio da temporada.

Certamente, a necessidade de um volante titular continua urgente, já que Thiago Alcântara continua com problemas de lesão e Stefan Bajcetic também está com dificuldades para voltar à plena forma.

A viagem para Brighton parecia ter sido "feita para Endo", mas Klopp optou por colocar Mac Allister mais uma vez como meio-campista defensivo central - o que não é sua melhor posição.

Como o ofensivo e leve Harvey Elliott também foi titular no Amex, os Reds mais uma vez não tiveram o equilíbrio certo no meio-campo, especialmente quando se tratava de proteger uma frágil defesa.

De fato, não é coincidência que o Liverpool esteja cometendo muitas faltas nesta temporada (99, no total, a quarta pior marca da Premier League), tamanho é o desespero para tentar controlar os jogos e matar os contra-ataques. Mas, na realidade, tudo o que essa agressividade descabida está fazendo é aumentar a pressão sobre a defesa.

Como o Liverpool poderia ter um Declan Rice ou um Rodri, o tipo de meio-campista defensivo que restauraria o tipo de solidez na equipe de Klopp que eles tinham quando Fabinho estava jogando no auge de suas forças. De fato, ao assistir ao jogo do Arsenal contra o Manchester City no domingo, foi impossível não ficar impressionado com o contraste com o jogo entre Brighton e Liverpool que ocorreu antes.

O City, sem Rodri, seu jogador mais importante, e Kevin De Bruyne, seu talento mais criativo, tentou buscar o empate. O Arsenal, com Jorginho ditando o ritmo do jogo e Rice correndo livremente ao seu lado, tentou forçar as jogadas. O resultado final foi uma disputa apertada e tensa que só foi decidida por um gol no final do jogo.

No Amex, entretanto, o caos reinou, com dois times abertos e ofensivos se enfrentando em uma partida emocionante. E esse é o medo que persiste quando se trata do Liverpool, que está se destacando pela empolgação e pela garantia de gols nesta temporada - mas em ambos os lados do campo.

No momento, eles realmente parecem ser a equipe mais divertida da Premier League - mas não os eventuais campeões.