De Moises Caicedo a Rasmus Hojlund: dez contratações que mostram como o mercado da bola enlouqueceu na Europa

A inclusão de Harry Kane nesta lista nem é tanto pelos valores de sua transferência, mas pelo perfil do time que o contratou. Apesar de ser, de longe, o clube mais rico da Alemanha, o Bayern de Munique não costuma gastar rios de dinheiro em uma contratação. Ex-CEO do clube, Karl-Heinz Rummenigge chegou até a afirmar que jamais teria pagado os 100 milhões de euros que a Juventus gastou, em 2018, para tirar um Cristiano Ronaldo de 33 anos do Real Madrid. Portanto, quando o Bayern desembolsou 117 milhões de euros para contratar Harry Kane, de 30 anos, dá para ver que o mercado de transferências realmente enlouqueceu.

Enzo Fernández foi uma das grandes sensações da Copa do Mundo de 2022, se eternizando na seleção argentina campeã mundial. O Benfica, contudo, não tinha pressa e vender o jovem meio-campista e o motivo era simples: os lisboetas já haviam arrecadado uma boa quantia em dinheiro com a venda de Darwin Nuñez para o Liverpool e o plano era de seguir com Enzo. Os valores apresentados pelo Chelsea, contudo, fizeram a direção benfiquista mudar de ideia.

A ida de Mason Mount para o Manchester United não faz sentido. Ele obviamente possui uma versatilidade que pode ser útil para o time treinado por Erik Ten Hag, mas não era uma posição que os Red Devils estivessem desesperados para reforçar. O gasto alto fica ainda mais sem sentido quando se considera que havia meio-campistas mais baratos e em fase melhor. Campeão do mundo com a Argentina, Alexis Mac Allister tinha uma cláusula de rescisão de 35 milhões de libras em seu contrato com o Brighton, enquanto o Leicester estava disposto a deixar James Maddison sair por "apenas" 40 milhões de libras.

Apesar de ter feito o gol do título da Champions League de 2021 para o Chelsea, Kai Havertz nunca conseguiu se estabelecer regularmente com a camisa dos Blues. A falta de regularidade não fez valer os 62 milhões de libras investidos pelo Chelsea, mas ainda assim o clube de Stamford Bridge conseguiu lucrar 3 milhões de libras ao vendê-lo para o Arsenal. Os Gunners sequer precisavam de um meia-atacante tão caro, o que torna o movimento ainda mais bizarro.

Vinte e nove jogos. Foi o suficiente para Chelsea e Liverpool disputarem uma verdadeira guerra para contratar Romeo Lavia. Os Blues levaram a melhor também nesta disputa, mas os valores em dinheiro são claramente supervalorizados. Lavia é um jogador de grande potencial - e pode realizá-lo em Stamford Bridge - mas não podemos esquecer que foi o volante de um Southampton rebaixado, que sofreu 73 gols. Vale ressaltar também que o belga é revelado pelo Manchester City, mas Pep Guardiola não fez grandes esforços para mantê-lo no clube.

Muitos treinadores e especialistas dinamarqueses que acompanham a carreira de Rasmus Hojlund de perto, desde que ele fez sua estreia profissional aos 17 anos, ficaram surpresos com a decisão do Manchester United de pagar inicialmente 64 milhões de libras pelo jogador. Afinal de contas, o Copenhagen decidiu lucrar com o atacante em 2022, vendendo-o para Sturm Graz por meros € 1,8 milhão, porque não acreditava que ele fosse bom o suficiente para se tornar titular.

Hojlund, é claro, melhorou muito desde então e mostrou ser uma interessante promessa em sua mais recente temporada pela Atalanta, na Itália. Contudo, foram apenas nove gols marcados. As comparações com Erling Haaland também não irão ajudar. Ele claramente tem os ingredientes de um grande artilheiro e já está brilhando pela seleção dinamarquesa. Mas os valores de sua venda são escandalosos.

Declan Rice é bom jogador, com experiência provada na Premier League, e o Arsenal estava precisando de alguém com o seu perfil e característica. Mas quando comparamos os valores de sua compra junto ao West Ham com o que, por exemplo, o Newcastle pagou para tirar Sandro Tonalli do Milan (60 milhões de libras), fica evidente que os valores foram absolutamente exagerados.

Jogadores famosos do cenário europeu começaram a rumar para a Arábia Saudita, como você já deve ter percebido. Poucos clubes europeus teriam considerado igualar o dinheiro que os sauditas pagaram por nomes como Neymar, Fabinho, Riyad Mahrez e Ruben Neves, por exemplo. Mas 60 milhões de euros para tirar Malcom do Zenit, da Rússia, soam como um grande exagero. Um valor gigantesco para um atleta de 26 anos que não possui o mesmo talento ou status de um Neymar.

O Arsenal ficou furioso quando o Chelsea atravessou seu acordo por Mykhailo Mudryk, durante a janela de transferência de janeiro. No final das contas, seus rivais de Londres fizeram um grande favor. Mudryk parecia uma grande promessa do Shakhtar Donetsk. O "Neymar ucraniano" se mostrou rápido e extremamente habilidoso, mas muito caro, com o Chelsea concordando em pagar 62 milhões de libras, de forma adiantada, além de outros 27 milhões em adicionais.

No final das contas, Mudryk passou a maior parte do tempo no banco de reservas e ainda não marcou o seu gol pelo Chelsea. Aos 22 anos, Mudryk ainda pode dar certo, mas no momento o certo é que os valores pagos por ele foram muito acima do que ele é capaz de entregar.

Caicedo é uma tremenda promessa. O equatoriano tem 21 anos, já disputou e fez gol em Copa do Mundo e, na última temporada, foi importantíssimo para a classificação do Brighton para a Europa League pela primeira vez na história do clube. Exatamente por isso, não foi uma surpresa ver o Arsenal tentar contratá-lo em janeiro, ou Liverpool e Chelsea disputando sua assinatura mais recentemente. No entanto, a taxa final de sua transferência é simplesmente absurda. Caicedo disputou apenas 45 jogos de Campeonato Inglês.