Como a volta de Romeo Lavia pode mudar a temporada do Chelsea

Atrelado ao longo período de ausência, você seria perdoado por esquecer do que Lavia é capaz. Mas é preciso ser algo – ou alguém – especial para construir uma reputação e valer uma taxa de transferência tão significativa, apesar de fazer parte de um time que sofreu rebaixamento.

Retirado da linha de produção do Manchester City pelo que pareciam custar 14 milhões de libras há pouco mais de um ano, o belga surgiu como uma das contratações do verão em meio às dificuldades do Southampton em 2022/23.

Demonstrando a confiança precoce e a capacidade técnica que se pode esperar de um jovem formado nas famosas bases do Anderlecht e do City, a sua capacidade de evasão sob pressão, sua capacidade de carregar a bola e os passes excelentes.

Mas, apesar de tudo isso, ele é um meio-campista defensivo, classificado entre os 15 melhores jogadores de toda a liga em recuperações de bola a cada 90 minutos e fazendo mais desarmes do que qualquer outro jovem, com 53. Dos meio-campistas centrais com 22 anos ou menos, ele ficou em terceiro lugar em interceptações, atrás apenas do novo companheiro de equipe Moises Caicedo e Amadou Onana, do Everton.

A presunção é que Lavia terá que se contentar com um lugar no banco assim que recuperar a forma física, já que Pochettino admitiu anteriormente, embora em tom de brincadeira, que está sob alguma pressão por ter contratato Caicedo e Enzo Fernandez, homens de mais de 100 milhões de libras.

No entanto, Lavia terá planos para começar e espera dar ao seu treinador uma decisão a tomar. Se ele conseguir replicar a forma da temporada passada, não será fácil.

Seja qual for a conclusão a que chegar, o estrategista argentino ficará encantado por ter outra opção de qualidade à sua disposição. Apesar do esforço astronômico, o Chelsea ainda parece leve no meio-campo, além dos titulares regulares Conor Gallagher, Fernandez e Caicedo, além do jovem de 19 anos, Lesley Ugochukwu, cujo jogo é significativamente menos desenvolvido do que o de sua equipe.

O alarme teria soado para os torcedores do Chelsea assim que Ugochukwu foi nomeado titular na derrota por 4 a 1 em Newcastle, mas Lavia, seja fora do banco ou como titular, daria muito mais segurança.

Lavia certamente não está apenas inventando números, já que a falta de profundidade de qualidade do Chelsea foi agravada pelas três Datas Fifa desde setembro. Em uma era em que contratações são impulsionadas por dados e análises, é um descuido que a dupla de meio-campo de 220 milhões de libras dos Blues venha da América do Sul.

Nem Fernandez e nem Caicedo encontraram a sua melhor forma nesta temporada, com ambos recebendo críticas por parecerem regularmente um pouco lentos. O caso deles certamente não terá sido ajudado por viajar pelo mundo para representar Argentina e Equador, respectivamente, três vezes nesta temporada e retornar poucos dias antes de uma rodada nacional. Pochettino notou isso, mas com opções limitadas, a sua mão foi muitas vezes forçada.

“É uma loucura os jogadores voltarem da América do Sul na quarta-feira e jogarem no sábado”, disse Pochettino no início desta temporada. "Hoje o Caceido e o Enzo chegaram depois de dois jogos na América e não estavam frescos. Mas são jogadores importantes para nós. É muito difícil chegar assim."

Ele ficará entusiasmado, então, com o fato de que a próxima pausa para a seleção nacional será daqui a quatro meses e, nesse ínterim, Lavia pode oferecer um adiamento, com seus colegas sul-americanos evidentemente bem aquém do condicionamento ideal.

Na verdade, uma vez que seja dada uma oportunidade, há todas as hipóteses para aproveitar e garantir um lugar de titular, tendo potencialmente um efeito fundamental na forma como o Chelsea joga e proporcionando ao seu treinador uma série de novas opções tácticas.

Pochettino construiu sua reputação com uma abordagem de alta intensidade no 4-2-3-1, mas também usou o 4-3-3 ocasionalmente. Dados os problemas recentes dos Blues na defesa, ter um segundo meio-campista defensivo ao lado de Caicedo proporcionaria a estabilidade necessária, talvez em um 4-3-3, sem posse de bola, e no 4-2-3-1, preferido de Pochettino com a bola.

Em teoria, Enzo deveria se beneficiar ao ser dispensado de suas funções defensivas, com dois "destruidores" de meio-campo excepcionais, fazendo o trabalho sujo atrás dele. O retorno simultâneo de Nkunku complica um pouco as coisas, mas o treinador certamente não verá as opções como algo negativo.

Com apenas 20 anos em 2024, Lavia tem potencial para se tornar uma figura-chave do Chelsea nos próximos anos, ao lado dos jovens meio-campistas Enzo e Caicedo, mas terá que superar o mesmo obstáculo que o impediu de fazer sua estreia pelo clube até o momento. O envolvimento do jovem foi inicialmente adiado para que ele pudesse recuperar a forma física no verão, mas ele sofreu uma ruptura no ligamento do tornozelo durante um treinamento em setembro, o que o manteve afastado dos gramados desde então.

Apesar da pouca idade, esta não é a primeira lesão grave que Lavia sofre. Ele passou dois meses da temporada passada devido a um problema no tendão da coxa, e seus treinadores no Southampton e no Anderlecht ficaram exasperados com seu condicionamento físico.

Jean Kindermans, diretor técnico da base do Anderlecht, disse ao The Athletic: "A única coisa que poderia impedi-lo - e isso é o mesmo para todos os jogadores dessa idade - são as lesões. Mas sei que o cara é muito profissional e está trabalhando duro no seu físico". Saúde e o mental dele é muito forte."

Tendo sido forçado a esperar tanto tempo para fazer sua estreia em azul, Lavia estará absolutamente determinado a permanecer em forma no longo prazo. Se ele conseguir fazer isso, ao que tudo indica, ele poderá ser uma presença transformadora em Stamford Bridge.