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PSG turnaround GFXGetty/GOAL

Como Luis Enrique colocou o Paris Saint-Germain em posição de finalmente realizar o sonho da Champions League: de lidar com saída de Kylian Mbappé até colocar Ousmane Dembelé nos eixos

O cargo no Paris Saint-Germain há muito tempo é considerado um cálice envenenado. Dinheiro não é problema para os proprietários cataris do clube, o que obviamente é um cenário ideal para qualquer treinador, mas o apoio financeiro ilimitado significa que a paciência está sempre em falta.

Carlo Ancelotti, Laurent Blanc, Unai Emery, Thomas Tuchel, Mauricio Pochettino e Christophe Galtier conquistaram troféus durante seus respectivos períodos no Parque dos Príncipes, mas não o que o PSG desejava acima de todos os outros - a Champions League.

No sábado (31), em Munique, porém, Luis Enrique tem uma chance preciosa de ter sucesso onde todos os seus antecessores de alto perfil fracassaram. Então, como o espanhol fez isso? O que Luis Enrique fez para colocar o PSG em uma posição melhor do que nunca para finalmente realizar o sonhoeuropeu? GOAL explica tudo abaixo...

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  • TOPSHOT-FBL-FRA-LIGUE1-PSG-MONACOAFP

    Apoio inabalável

    O PSG conquistou a Ligue 1 com três rodadas de antecedência na temporada 2023/24 - mas isso dificilmente foi um feito notável. Esperava-se que Luis Enrique levasse o PSG ao seu 10º título em 12 temporadas. O que não tinha sido antecipado, no entanto, foi a queda nas semifinais da Champions League para o Borussia Dortmund.

    O time alemão foi um adversário digno, emergindo do 'Grupo da Morte' da competição antes de chegar às semifinais com uma vitória surpreendente sobre o Atlético de Madrid. No entanto, o PSG era o grande favorito para prevalecer contra um conjunto que tropeçava constantemente na Bundesliga alemã - e particularmente após um investimento de mais de €430 milhões (£360m/$480m) no elenco durante as janelas de transferências de verão e inverno.

    Consequentemente, o treinador foi submetido a intensas críticas após derrotas consecutivas por 1 a 0 para o Dortmund (que avançaria até a decisão para ser derrotado pelo Real Madrid). Felizmente para Luis Enrique, o presidente do clube, Nasser Al-Khelaifi, estava do seu lado: "Não consigo acreditar no que está sendo escrito e até acho ridículo," disse o catariano ao L'Equipe. "Mas não vamos deixar que isso afete nosso futebol de forma alguma. Temos uma estratégia de curto, médio e longo prazo e tenho total confiança no treinador, nos jogadores e em toda a nossa equipe."

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  • Real Madrid Unveils New Signing Kylian MbappeGetty Images Sport

    Saída atrasada

    Não há como esconder o fato de que a ida de Kylian Mbappé para o Real Madrid foi um golpe amargo para o PSG, tanto como equipe quanto como negócio. Eles perderam, por absolutamente nada, seu maior artilheiro de todos os tempos e jogador mais comercializável. No entanto, sempre houve a suspeita de que isso poderia acabar sendo uma bênção disfarçada, simplesmente porque Mbappé tinha se tornado grande demais para suas botas - e, possivelmente, para o clube.

    O constante flerte com o Madrid havia se tornado uma grande fonte de distração (e irritação para Luis Enrique, que detesta lidar com a imprensa mesmo nas melhores ocasiões), enquanto o comportamento de prima donna do atacante dificilmente ajudou a construir um senso de espírito de equipe. A sensação era de que Mbappé sempre tinha que ser mimado, o que significava que ele podia fazer o que quisesse, dentro e fora do campo.

    A saída do último remanescente da era 'bling-bling', portanto, permitiu que Luis Enrique construísse um time muito mais unido e trabalhador - com a ajuda do diretor esportivo do PSG, Luis Campos, que sem dúvida se beneficiou da remoção do gigantesco salário de Mbappé da folha de pagamento, para investir o dinheiro no que realmente importava: montar um time de futebol.

  • FBL-FRA-LIGUE1-PSG-MONTPELLIERAFP

    Verão de contratações bem-sucedidas

    O recrutamento do PSG na metade de 2023 esteve longe de ser impecável, e Bradley Barcola foi, provavelmente, a única nova contratação a justificar seu valor durante sua primeira temporada no clube. Um ano depois, no entanto, o PSG fez menos movimentos, mas com muito mais sucesso.

    Enquanto outros membros da elite europeia ponderavam se João Neves realmente valia €70m (£58m/$79m), o PSG agiu rapidamente e agora está colhendo os frutos, com o jovem de 20 anos dando pinta de ser um craque daqueles para ter durante longos anos.

    Ex-zagueiro do Eintracht Frankfurt, Willian Pacho também provou ser uma verdadeira pechincha por €40m (£34m/$45m), o incrivelmente empolgante Desiré Doue já justificou sua taxa de €50m (£42m/$57m), enquanto trazer Khvicha Kvaratskhelia, no meio da temporada, se revelou um verdadeiro golpe de mestre, com a adição de mais um driblador devastador tornando o PSG ainda mais difícil de enfrentar.

    "Claro que gostaríamos de manter Kylian", Luis Enrique admitiu, "porque todos gostavam do Kyky. Mas a equipe está respondendo muito positivamente, em um nível espetacular. Eu fui muito corajoso na última temporada quando disse que teríamos um time melhor no ataque e defesa, mas os números estão aí para apoiar isso. Os jogadores encararam isso como um desafio."

    E eles passaram com louvor, com o PSG jogando não apenas mais unido e coeso do que nunca, mas também com maior potência (147 gols marcados nesta temporada em comparação com 120 no último ano de Mbappé, Lionel Messi e Neymar!).

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    Estabelecendo as regras

    Vale lembrar, porém, que o PSG não parecia exatamente a soma de suas partes coletivas durante os estágios iniciais da temporada, pelo menos não na Europa. Depois de passar por cima do Girona na estreia da Champions League, graças a um gol contra no último minuto do goleiro Paulo Gazzaniga, o PSG sofreu uma derrota por 2 a 0 no Arsenal em 1º de outubro.

    O resultado em si não foi particularmente prejudicial - graças ao novo formato de liga - mas a natureza da performance foi muito preocupante e Luis Enrique não fez nenhuma tentativa de esconder sua insatisfação com seus jogadores na coletiva de imprensa pós-jogo.

    "Estávamos muito longe dos padrões necessários para este tipo de jogo", exclamou. "O Arsenal foi muito melhor em termos de pressão e intensidade. É impossível jogar por um resultado positivo quando você não ganha nenhum dos seus duelos em campo. E nós não ganhamos nenhum."

    Luis Enrique também mostrou seu lado rígido antes da partida, ao deixar Ousmane Dembelé fora do time por não "cumprir ou respeitar as expectativas da equipe". Foi uma situação muito negativa, mas enviou uma mensagem positiva para o restante do elenco de que, sob sua liderança, nenhum jogador, não importa quão valioso, receberia tratamento preferencial dentro de seu regime igualitário.

  • dembeleGetty

    Resolvendo o dilema Dembelé

    O choque de ser deixado de fora de um jogo da Champions também desempenhou um papel crucial em Dembelé finalmente entrar nos eixos porque, após anos de preguiça enraizada em sua abjeta falta de disciplina, Luis Enrique finalmente conseguiu transmitir-lhe a importância do trabalho em equipe.

    "Aqui todos atacam e defendem. Se você não defende como atacante, não começa", disse Dembelé aos repórteres. "O treinador nos diz para acreditar até o fim, e isso molda quem somos. Do jogador mais jovem ao mais velho, ninguém desiste até o apito final".

    No entanto, uma mudança de posição também transformou o retumbante fracasso do Barça, que chegou lá como substituto de Neymar, em possivelmente o atacante mais perigoso do futebol mundial em 2025. O francês sempre foi utilizado na ponta por causa de seus pés rápidos e velocidade explosiva, mas Luis Enrique decidiu movê-lo para uma posição mais central - o que o técnico do Montpellier, Jean-Louis Gasset, descreveu como "a ideia do século".

    Certamente tem sido um golpe de mestre. Desde o início do ano, nenhum jogador das principais ligas da Europa esteve envolvido em mais gols (31) do que Dembelé, que está jogando com um sorriso no rosto pela primeira vez em muitos, muitos anos.

  • FBL-FRA-LIGUE1-PSG-AUXERREAFP

    'Gênio' tático

    Dembelé não é o único jogador que está adorando a vida sob o comando de Luis Enrique. Achraf Hakimi diz que alcançou "um nível de jogo que nunca havia imaginado" e "se tornou um jogador mais completo" ao trabalhar com um "gênio" com um olho meticuloso para os detalhes. "Ele construiu um grande time em pouco mais de um ano," disse recentemente o lateral-direito do PSG sobre seu treinador.

    Neves, por sua vez, diz que nunca viu uma "visão de futebol" tão simples, mas eficaz, que é baseada em uma liberdade posicional e fluidez tática que o colega meio-campista Vitinha diz que torna o PSG impossível de prever - e, assim, de conter.

    "O time começou a temporada com princípios que já estavam bem assimilados, e o treinador tentou incorporar ainda mais mobilidade," revelou o português. "Hoje, um número 5 pode ser um 8, um 8 pode ser um 10, um 10 pode ser um 5 e com os atacantes, você nunca sabe se eles estão na esquerda, na direita ou no meio. O treinador tentou colocar esse sistema em prática e eu acho que essa foi a chave. É muito difícil para os oponentes, seja pressionando um a um, ou não pressionando e optando por ficar em um bloco baixo."

    Mais do que qualquer outra coisa, porém, o veterano defensor Marquinhos diz que é o espírito de união que Luis Enrique criou que o diferencia de todos os treinadores que vieram antes.

    "Ele é muito exigente, mas muito claro com os jogadores, e sempre traz algo a mais," disse o capitão do PSG. "Durante as partidas, ele sempre sabe como liderar com sua personalidade, e toda a experiência que adquiriu ao longo dos anos. Acho que é isso que o torna um grande treinador."

    E também pode ser o que finalmente o ajude a alcançar algo especial que Ancelotti e companhia não conseguiram.

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