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Klopp Alexander-Arnold Van Dijk Salah LiverpoolGetty/GOAL

Como Klopp pode recuperar o Liverpool após péssima largada em 2022/23

Foi um momento de muita honestidade, de um técnico sem saber explicar o que acabava de ver de sua equipe.

Jurgen Klopp já havia se desculpado com os torcedores do Liverpool - e com razão - quando foi entrevistado pela BT Sport depois do jogo no Stadio Diego Armando Maradona, do Napoli.

Seu rosto dizia tudo. Não é sempre que Klopp tem que analisar uma derrota - e esta já foi a quarta que o Liverpool sofreu em 2022 - mas ele não conseguiu oferecer defesa para esta, um revés de 4 a 1 que representa o pior início dos Reds nas competições europeias desde 1966.

“É difícil de aceitar. Parece que temos que nos reinventar", disse ele antes de acrescentar que o Wolves, o próximo adversário do Liverpool, "provavelmente não pode parar de rir" antes de sua viagem a Anfield neste fim de semana.

"Eles dirão - e eu diria - que é um momento perfeito (para jogar contra o Liverpool). Temos que tentar encontrar uma configuração para ser muito melhor em praticamente tudo”, concluiu.

Essas são palavras fortes, em sua entrevista coletiva pós-jogo, se ele teme a demissão em Anfield. Ele não faz, e nem deveria. Vimos algumas decisões estranhas no futebol, mas essa seria a mais estranha de todas. Isso não vai acontecer.

O Liverpool era o time que todos temiam, aquele que todos (a contragosto) admiravam; eram implacáveis, brilhantes, totalmente em sincronia e convencidos de seu estilo e talento. Eles não são nenhuma dessas coisas agora.

A 'reinvenção' precisa começar logo, mas o que vai acontecer, de fato? A GOAL te mostra.

  • Liverpool 2022-23Getty

    Melhorar os principais jogadores

    Apesar de toda a conversa sobre novas contratações e processos de adaptação, são os jogadores mais importantes do Liverpool que estão abaixo nesta temporada.

    Virgil van Dijk, por exemplo, parece uma sombra do homem que dominou a linha defensiva dos Reds desde sua chegada em 2018, enquanto seus companheiros, Trent Alexander-Arnold e Andy Robertson, foram preocupantemente fáceis de driblar e estão mal defensivamente.

    Fabinho parecia cansado e sobrecarregado no meio-campo, enquanto a frustração de Mohamed Salah aumenta a cada jogo. O egípcio não marca há quatro jogos e foi substituido a quase meia hora do fim em Nápoles.

    No fim de semana de estreia no Fulham, Klopp questionou a “atitude” de seus jogadores, sugerindo ter visto sinais de complacência ou falta de preparação mental. Ele poderia ter dito o mesmo após a derrota para o Manchester United e, certamente, após o jogo de quarta-feira, pela Champions League.

    “Não somos robôs”, disse Van Dijk após a vitória sobre o Newcastle na semana passada, e isso é justo, mas o Liverpool tem sido um time que se orgulha de sua mentalidade e recebeu muitos elogios a esse respeito. No momento, eles estão ficando aquém nesse departamento, e pode exigir algumas verdades duras do seu treinador e de sua equipe para tirá-los da zona de conforto.

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  • Virgil van Dijk Victor Osimhen Liverpool Napoli 2022-23Getty

    Fazer a equipe correr mais, só que de forma inteligente

    E o lado físico do jogo? O Liverpool não apenas parece cansado mentalmente nesta temporada, mas também mostra ser um time sem pernas.

    Em todos os oito jogos, eles foram o segundo em termos de distância percorrida, enquanto em seis deles conseguiram menos sprints do que seus oponentes. E considerando que eles sofreram o primeiro gol em todas, exceto uma dessas partidas, isso deve ser uma preocupação.

    Com lesões fortes nas primeiras semanas da temporada, Klopp tentou proteger a condição de alguns jogadores. Fabinho ficou de fora no Manchester United, por exemplo, Robertson estava no banco contra o Everton e Alexander-Arnold foi retirado duas vezes com 20 minutos ou mais para o final.

    Mas todos os três parecem cansados agora, e o Liverpool está perdendo a pressão e a intensidade das últimas temporadas. Eles estão rodando menos, mas também estão circulando com menos inteligência. A intensidade não está lá, e eles são muito, muito mais fáceis de envolver.

    As estatísticas de corrida por si só não dizem tudo, é claro, mas o que elas nos mostram sobre os Reds nesta temporada é preocupante, para dizer o mínimo.

  • Roberto Firmino Liverpool 2022Getty

    Mudar o esquema tático

    Finalmente chegou a hora de Klopp abandonar o 4-3-3 com o qual está ligado há tanto tempo?

    Em termos da "reinvenção" da qual ele falou, uma mudança no sistema pareceria o passo mais óbvio, e talvez o mais lógico também.

    Contra o Everton, o melhor e mais promissor estilo do Liverpool veio quando Roberto Firmino foi jogar como camisa 10 atrás de Darwin Nunez, e uma forma de 4-2-3-1 pode ser muito boa para os Reds, que procuram se recuperar nas competições.

    A pressão de Firmino, sua esperteza e sua capacidade de conectar o jogo com movimentos precisos e futebol de um e dois toques, significa que ele pode ser vital nas próximas semanas, enquanto o retorno de Thiago Alcântara e a chegada de Arthur Melo, mostram que Klopp finalmente tem opções experientes, caso deseje voltar a um meio-campo central de dois jogadores.

  • Thiago Alcantara Liverpool 2022-23Getty

    Deixar Thiago completamente à vontade

    “Até Thiago entrar em campo, não consigo me lembrar de uma situação de contra-pressão”, disse Klopp após o jogo com o Napoli, uma frase forte ao seu meio-campo titular, que ele disse ser “muito largo, com muita frequência”.

    O retorno do espanhol de lesão não poderia vir em melhor hora para o Liverpool, e eles estarão rezando para que o jogador de 31 anos permaneça em forma até a Copa do Mundo. Se ele fizer isso, então as coisas devem melhorar rapidamente.

    Thiago é o meio-campista dos Reds que tanto pode definir quanto mudar o ritmo do jogo, aquele que alimenta os atacantes com mais regularidade e precisão. Ele também é, no seu melhor, um leitor de elite do jogo defensivamente, pegando segundas bolas, mantendo seu lado na frente e garantindo que a ameaça do contra-ataque seja diminuída.

    Ele também é um vencedor, com todas as taças possíveis em sua coleção. O Liverpool deve usar suas habilidades, sua experiência e sua confiança para guiá-los para fora deste labirinto.

    Em primeiro lugar, porém, eles precisam que ele se mantenha saudável.

  • Darwin Nunez Liverpool 2022-23Getty

    Darwin Núñez no banco de reservas

    Depois de um início de vida complicado na Inglaterra, é hora de Darwin Núñez começar a trabalhar.

    O uruguaio ficou de fora do onze titular em Nápoles, mas deve ser titular contra o Wolves e, seja qual for o seu desempenho, também contra o Ajax, em Anfield, na próxima terça-feira.

    O centroavante foi contratado, com grande custo, para ajudar a trazer uma evolução no estilo de jogo do Liverpool e, embora seja justo esperar um certo período de adaptação, especialmente de um jogador que ainda tem apenas 23 anos, a melhor maneira de integrá-lo é através do jogo dele.

    Ele pode ainda não ser tão pronto quanto Erling Haaland ou Harry Kane, e seus companheiros de equipe ainda estão descobrindo a melhor forma de usar suas habilidades, mas Núñez é o único número 9 disponível no elenco. E precisa começar a ganhar protagonismo com a camisa dos Reds.

  • Jurgen Klopp Liverpool 2021-22Getty

    Manter o foco e lembrar dos tempos de sucesso

    Pode ser tentador, em tempos como este, entrar em pânico, procurar soluções mágicas e acreditar que apenas mudanças radicais podem consertar as coisas.

    O Liverpool não fará isso. Não é o jeito do clube e também não é de Klopp. Eles estão em baixa no momento, mas sabem quem são e acreditam em seus caminhos, mesmo sabendo que é necessário melhorar em quase todas as áreas.

    O senso de perspectiva nunca é ruim, e vale ressaltar que a derrota para o Napoli, por pior que tenha sido, foi apenas a quarta que o Liverpool sofreu em 2022, e que mesmo quando estava voando, em 2018 e 2019 , eles perderam no mesmo estádio.

    Deve-se dizer também que é melhor ter uma crise em agosto e setembro do que em abril e maio. O Liverpool está, apesar de todos os seus problemas, a apenas seis pontos do topo da Premier League e apenas cinco atrás do Manchester City.

    Até a equipe de Pep Guardiola perdeu pontos e tmouou gols, diga-se de passagem. O Chelsea acaba de demitir seu técnico, o Manchester United ainda está se adaptando ao novo e, embora Arsenal e Tottenham tenham feito bons começos de campanha, ambos se mostraram capazes de entrar em colapso no passado. O momento é temporário, e o Liverpool deve acreditar que a classe de sua equipe e de seu técnico é permanente.

    A situação, como diz Klopp, poderia ser muito melhor, mas bastam alguns resultados para mudar o clima e o debate.

    E se algum time provou ser capaz de levantar mais forte de uma queda nos últimos anos, é o Liverpool.