Cole Palmer, Trent Alexander-Arnold e os sete jogadores que mais têm a provar para Thomas Tuchel na Inglaterra

Exceto pelo risco (cada vez mais presente) de uma lesão séria no futebol moderno, não há qualquer motivo plausível para acreditar que Cole Palmer ficará fora do avião rumo à América do Norte no meio do próximo ano. A verdadeira dúvida está em seu papel na seleção: será titular ou o primeiro a sair do banco?

No meio da temporada 2024/25, Palmer vinha jogando em altíssimo nível pelo Chelsea. Por cerca de 18 meses, suas atuações foram tão impressionantes que parecia inevitável que fosse incluído em qualquer escalação possível da seleção inglesa — mesmo com Bukayo Saka e Jude Bellingham atuando em zonas semelhantes do campo. Chegou-se a dizer que ele era, sozinho, o melhor jogador da Premier League no período.

Mas essa sensação esfriou nos últimos tempos. Em 2025, Palmer marcou apenas três gols e deu três assistências no campeonato, o que levantou questionamentos. Também passou a ser acusado de depender demais de situações de transição ofensiva, com suas limitações ficando evidentes contra defesas em blocos baixos ou médios. Ainda assim, segue com moral na seleção após ter marcado na final da Eurocopa 2024. No entanto, por ter ficado fora da primeira convocação de Thomas Tuchel, devido a lesão, ele agora corre atrás dos concorrentes diretos pela vaga.

Outro nome que também ficou fora dos compromissos de março foi Trent Alexander-Arnold — agora oficialmente jogador do Real Madrid —, que provavelmente estará de olho no Mundial de Clubes com sua nova equipe ainda este mês. Mas, quando veste a camisa da seleção, não há mais espaço para distrações.

Acredite se quiser, a Eurocopa 2024 foi o primeiro grande torneio em que Alexander-Arnold teve minutos significativos pela Inglaterra. Ele mal foi utilizado nas Copas do Mundo de 2018 e 2022 e ficou fora da Euro 2020 por lesão. Mesmo no torneio do ano passado, atuou principalmente no meio-campo, em uma experiência que não funcionou e foi abandonada já na fase de grupos. Apesar do talento inegável e de um currículo recheado de conquistas em alto nível, ele soma apenas 33 partidas pela seleção principal.

Alexander-Arnold tem sido, na maior parte do tempo, uma figura secundária na seleção inglesa. E, se quiser ser titular em uma Copa do Mundo pela primeira vez, terá que disputar a vaga de lateral-direito com Reece James — antigo protegido de Tuchel no Chelsea.

Nos últimos oito anos, antes de cada grande torneio, o público inglês questionou se Jordan Pickford deveria mesmo ser o goleiro titular da seleção — e, a cada vez, ele respondeu à altura. Mesmo hoje, com 75 partidas pelos Três Leões e temporadas consistentes com atuações de destaque pelo Everton, ainda há quem duvide de sua qualidade e influência.

Mais uma vez, surgem rumores de que Pickford está sendo testado pelo novo técnico Thomas Tuchel para provar que merece continuar vestindo a camisa 1 da Inglaterra. Caso ele falhe em algum momento, Dean Henderson surge como o principal nome para assumir o posto. Após passar por diversos clubes ao longo da carreira, o goleiro de 28 anos agora está consolidado no Crystal Palace, e foi peça-chave na conquista da FA Cup nesta temporada.

Henderson, assim como Pickford, tem um estilo ousado debaixo das traves e exibe o mesmo carisma típico do norte da Inglaterra. A diferença entre os dois talvez esteja apenas nas habilidades técnicas como goleiro, e o camisa 1 do Palace estará pronto para agarrar qualquer oportunidade que surgir na próxima semana.

Há um ano, os torcedores da Inglaterra imploravam para que Gareth Southgate desse uma chance a Anthony Gordon na ponta esquerda, em meio a um time estagnado que precisava de velocidade e profundidade. Doze meses depois, sua posição já não parece tão segura — e não há mais o mesmo clamor por seu protagonismo.

Gordon ainda é um dos pontas mais eletrizantes à disposição da seleção, mas vem de uma temporada pessoalmente decepcionante, apesar da boa campanha do Newcastle, coroada com o título da Carabao Cup (sem Gordon, suspenso na final) e a classificação para a Champions League. Seu brilho também foi parcialmente ofuscado por Harvey Barnes, que somou nove gols e cinco assistências, contra seis de Gordon em cada quesito.

Com Eberechi Eze vivendo grande fase e Noni Madueke exibindo boas atuações pelo Chelsea atuando pela esquerda, Gordon agora precisa lutar apenas para continuar sendo lembrado por Tuchel. Já não basta cavar faltas ou correr em direção a becos sem saída. É hora de entregar desempenho real.

Levi Colwill estava apenas começando a despontar como uma promessa do Chelsea durante a passagem de Thomas Tuchel por Stamford Bridge, mas o atual técnico da seleção inglesa certamente conhece bem o potencial do zagueiro. Afinal, foi o próprio alemão quem o convocou pela primeira vez, embora ele não tenha entrado em campo naquela ocasião.

Por algum motivo, Tuchel parece não se interessar por Jarrad Branthwaite, do Everton, enquanto as dúvidas físicas que cercam John Stones e Harry Maguire tornam improvável a presença da dupla na convocação final para a Copa do Mundo do ano que vem. Com Marc Guehi e Ezri Konsa sendo os zagueiros destros mais confiáveis à disposição, Colwill precisa aproveitar a oportunidade para garantir um lugar no time titular, possivelmente à frente de Dan Burn.

O jovem defensor do Chelsea ganhou experiência valiosa nas últimas temporadas, tendo espaço para aprender com os próprios erros e canalizar sua intensidade juvenil em atuações sólidas. Hoje com quatro partidas pela seleção principal, Colwill tem chances reais de aumentar consideravelmente esse número até o fim do Mundial, isso se souber jogar suas cartas.

Dois ex-atacantes do Brentford aparecem juntos por motivos evidentes. Kane ainda é o centroavante absoluto da Inglaterra quando está em plenas condições, mas a última Euro deixou claro que ele não pode e nem deve jogar os 90 ou 120 minutos de todas as partidas, especialmente em sua atual fase da carreira. Por isso, é essencial ter opções de qualidade no banco.

Ollie Watkins e Ivan Toney formaram uma dupla eficiente naquele torneio. Ambos tiveram seus momentos de destaque, dando a Gareth Southgate (então técnico) motivos para considerá-los com atenção. Na final contra a Espanha, inclusive, foram ele que terminaram em campo na derrota da Inglaterra.

Isso mostra que há espaço para os dois em uma convocação para torneio grande, mesmo com Kane presente. Ainda assim, Watkins e Toney devem disputar ponto a ponto a posição de reserva imediato do capitão, especialmente agora, com Tuchel deixando claro que quer vê-los em ação antes do próximo período de treinos. Essa foi a justificativa para a ausência de Dominic Solanke, do Tottenham, da convocação.

"Tive uma conversa com o Dom Solanke, claro. Ele merecia estar conosco. Conquistou um título importante pelo Tottenham e foi uma peça fundamental para o time. Mas ele já esteve no acampamento anterior. Tenho uma ideia clara do que ele pode oferecer ao grupo e do que já demonstrou", explicou Tuchel. "Agora é o momento de observar novos nomes, sentir quem são esses jogadores e como se encaixam no elenco. E como Ollie e Ivan não estiveram conosco em março, essa foi basicamente a razão da decisão."