Lesão de Cole Palmer mostra que Chelsea já começa a pagar o preço pelo sucesso no Mundial de Clubes

De forma preocupante, trata-se de uma lesão que Palmer vem carregando há algum tempo, o que significa que ela pode ter sido agravada pelo Chelsea ter chegado até a final e ao título do Mundial de Clubes e pela pré-temporada reduzida que se seguiu, já que o desgastante torneio no verão do hemisfério norte só terminou em meados de julho.

Após sua retirada de última hora antes da goleada sobre o West Ham, na sexta-feira — aparentemente depois de os analgésicos não surtirem o efeito desejado —, o técnico Enzo Maresca admitiu que seu talismã já havia jogado no sacrifício na estreia da temporada contra o Crystal Palace, cinco dias antes, quando o atacante foi criticado por uma atuação apagada no empate sem gols. A decisão de escalá-lo naquela partida merece algum questionamento, caso a ausência de Palmer se mostre prolongada.

“Cole, nos últimos quatro ou cinco dias, não estava 100%”, revelou o treinador italiano. “Ele tentou o aquecimento, mas sentiu algo. Preferimos não correr riscos. Vamos ver se é algo grave ou não. [É na] virilha. Contra o Crystal Palace, ele não estava 100%, mas tentou fazer um grande esforço pelo clube, pelos torcedores e pela equipe. Hoje ele também tentou, mas não estava muito bem.”

Palmer passou por uma ressonância na terça-feira, embora ainda não se saiba quando os resultados desses exames serão divulgados, já que o Chelsea só volta a jogar no sábado, às 8h30, contra o rival Fulham — quando já terão se passado oito dias desde sua saída de última hora da partida contra o West Ham.

Segundo o setorista do Chelsea, Si Phillips, o atacante pode ficar afastado por até seis semanas. Ainda assim, há otimismo de que o tempo de recuperação seja menor e que ele possa até estar disponível logo após a próxima pausa para as eliminatórias da Copa do Mundo.

Embora a seleção inglesa quase certamente não conte com Palmer, o Chelsea considera o intervalo da data Fifa bem-vindo, já que seus jogadores se dispersarão após o jogo contra o Fulham. No entanto, a estrela da equipe ainda pode perder os confrontos da Premier League contra Brentford, Manchester United e Brighton, em setembro, enquanto os Blues farão de tudo para tê-lo de volta na visita do campeão Liverpool, no sábado, 4 de outubro, em pouco menos de seis semanas.

Tendo desempenhado papel fundamental para levar o clube a esse estágio, o jogador de 23 anos também pode ficar de fora dos dois primeiros jogos do Chelsea na volta à Liga dos Campeões, em meados e no fim de setembro, além da terceira fase da Copa da Liga Inglesa (Carabao Cup).

Qualquer que seja o resultado da ressonância, esta lesão representa um duro golpe para o Chelsea em um estágio tão inicial de uma temporada que havia trazido renovada esperança. É de conhecimento geral que Palmer tem sido fundamental desde que chegou aos Blues há menos de dois anos, destacando-se como força criativa e goleadora, mas sua durabilidade é um atributo subestimado.

Desde sua chegada vindo do Manchester City, é possível contar nos dedos de uma mão o número de jogos que ele perdeu; em 2023/24, ficou de fora apenas da derrota por 5 a 0 contra o Arsenal por conta de uma doença, e houve uma curiosa coincidência na temporada passada, quando ele também não atuou contra o mesmo adversário devido a um problema no tendão da coxa.

Seu histórico com a seleção é, curiosamente, mais irregular; após ser desfalque em dois jogos da Inglaterra depois da derrota para o Arsenal no Emirates, em março, Palmer só participou de três das últimas dez partidas de sua seleção, tendo se retirado de duas convocações durante o período interino de Lee Carsley após a Euro 2024 — e agora está prestes a perder mais uma data Fifa.

O atacante e seu clube podem até considerar a pausa como oportuna, mas este ainda pode ser o período de afastamento mais longo desde que ele chegou ao Chelsea — e o mais significativo desde a grave lesão no pé sofrida ainda nos tempos de City, em 2022.

Não há muitas dúvidas de que esta é uma lesão que Palmer poderia ter evitado — ou que teria sido menos grave — se não fosse pela trajetória do Chelsea rumo a uma glória inesperada no Mundial de Clubes, onde o jogador de 23 anos voltou a ser o herói ao praticamente desmontar o campeão europeu Paris Saint-Germain sozinho na final. Ironia do destino, foi justamente essa atuação que gerou grande parte do otimismo em Stamford Bridge no início da nova temporada, agora ofuscado pelo contratempo de Palmer.

Palmer só foi poupado do duelo contra o marroquino Espérance — acumulando mais de 550 minutos em seis jogos em pouco menos de um mês. Acredita-se que o problema na virilha tenha surgido em algum momento durante o torneio, em que as partidas eram disputadas sob um calor e uma umidade extenuantes e fisicamente desgastantes.

É fácil esquecer que ele também esteve envolvido na completamente equivocada concentração da seleção inglesa em junho, atuando desnecessariamente em um jogo que deveria ter sido uma vitória de rotina contra Andorra, antes de ficar no banco contra Senegal.

Em circunstâncias normais, Palmer teria tido tempo de sobra na pré-temporada para se recuperar, mas chegar até a final do Mundial de Clubes teve seu preço. Após a decisão, em 13 de julho, o elenco recebeu apenas três semanas de descanso antes de se reapresentar para treinos no início de agosto, dentro de uma preparação reduzida. Mesmo sem estar totalmente em forma, Palmer jogou mais de 100 minutos nos amistosos contra Bayer Leverkusen e Milan, realizados no mesmo fim de semana.

Inevitavelmente, a ausência iminente de Palmer gerou ceticismo sobre como os comandados de Maresca lidarão com os próximos jogos. Antes do confronto contra o West Ham, o comentarista da Sky Sports e torcedor do Chelsea, Paul Merson, afirmou:

“Se Cole Palmer não for capaz de desmontar uma defesa, não sei quem poderá fazer isso pelo Chelsea. Se os adversários conseguirem marcá-lo bem, não vejo qual ameaça o Chelsea pode oferecer. Palmer é o nome mais citado nas conversas de vestiário antes de enfrentar o Chelsea. Os times tentam pará-lo porque acreditam que, parando ele, param o Chelsea.”

O ex-jogador do Arsenal prosseguiu: “Não é só responsabilidade do Palmer, porque o treinador também precisa encontrar soluções. Ele tem que arrumar uma forma de entregar a bola para o Palmer em zonas onde ele pode machucar os adversários. Mas, para o próprio Palmer, a paciência é fundamental. Ele precisa esperar mais pela bola, em vez de recuar tanto para buscá-la.”

De qualquer forma, os Blues se saíram muito bem sem ele no Estádio Olímpico de Londres, aplicando uma goleada por 5 a 1 — embora uma defesa desastrosa de um West Ham totalmente desorganizado no início da temporada tenha contribuído para todos os gols.

Ainda assim, foi uma vitória que levou Maresca a destacar que o Chelsea não é o time de um homem só, como alguns críticos acreditam, já que sua equipe apresentou uma atuação coesa mesmo sem o principal jogador, com cinco nomes diferentes deixando sua marca no placar.

“Aqueles que dizem que somos ‘apenas o time do Cole’... é claro que o Cole é nosso melhor jogador, sem dúvida”, disse o italiano. “Com o Cole, somos uma equipe muito melhor, mas acho que já mostramos no ano passado, nos dois ou três meses em que ele não estava 100%, quando alcançamos o quarto lugar — algo que ninguém esperava.”

E, com justiça, se esta lesão for um prenúncio de uma ausência mais frequente ou de uma queda de rendimento de Palmer, as contribuições de Estevão e João Pedro, em especial, serão bastante animadoras. O primeiro substituiu Palmer no time titular e foi eleito o melhor em campo após uma atuação brilhante que desmentiu sua pouca idade e experiência na Premier League — incluindo uma arrancada espetacular até a linha de fundo antes de servir Enzo Fernández para empurrar a bola às redes. Já o segundo marcou um gol de cabeça e ainda deu duas assistências aos companheiros atuando justamente na posição de número 10, geralmente ocupada pelo colega lesionado.

Nos bastidores, o Chelsea pode muito bem estar trabalhando em uma solução mais permanente. O gigante da Premier League ainda está atrás de Xavi Simons, do RB Leipzig, nesta reta final da janela de transferências. O holandês é visto como um jogador capaz de dividir a responsabilidade criativa e ofensiva que tantas vezes recai sobre Palmer. No entanto, sua chegada parece depender de saídas no elenco.

Enquanto isso, Fermín López, do Barcelona, é o mais recente nome criativo a ser ligado a uma mudança para Stamford Bridge. Os Blues estariam tentando aproveitar o excesso de opções no meio-campo da equipe catalã e já teriam aberto conversas com seus representantes, além de apresentar uma proposta de € 50 milhões (R$ 316 milhões). Isso mostra claramente que o Chelsea enxerga a contratação de uma alternativa ao seu talismã como prioridade — antes que seja tarde.

Independentemente do que acontecer até o fechamento da janela, em 1º de setembro, está claro que o Chelsea precisa aliviar a carga de trabalho do seu camisa 10. Eles podem até se safar se essa lesão for apenas leve, mas, com o acúmulo de jogos ao longo da temporada, correm o risco de perder Palmer por um período muito mais longo após um meio de ano sem descanso.

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