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Clubes europeus não ligam para o Mundial de Clubes: verdade ou mito?

Quase tão certo quanto a piadinha do pavê, feita, ano após ano, pelo seu tio na ceia de Natal (é pá-vê ou pá-comê?) é o debate sobre a importância dada pelos times europeus ao título do Mundial de Clubes. Agora em 2023, a dúvida é repassada ao Manchester City, que enfrenta o Fluminense na grande decisão.

A resposta, contudo, vem em tons diferentes. Existem argumentos que atestam o desdém europeu, assim como outros que negam uma absoluta indiferença. No final das contas, cada caso é um caso e também é preciso voltar no tempo para levantarmos todo um contexto histórico.

Os times campeões da Champions League (ou da antiga Copa dos Campeões da Europa) já deram grande importância ao título mundial, depois a paixão se esfriou e atualmente a globalização deixou este grau de importância ainda mais complexo.

  • Estudiantes Milan 1969 Incidents

    Perdendo o interesse...

    “Essa competição não é tão popular na Europa, o que não é um desrespeito. Nós apenas não estamos acostumados a dar esse valor. Quando eu era criança, assistia a todas as partidas de futebol possíveis e simplesmente sei que não estamos acostumados à importância dada para essa competição”.

    A frase acima foi dita por Thomas Tuchel, em 2022, pouco depois de o seu Chelsea vencer o Palmeiras para sagrar-se, pela primeira e única vez na história, campeão mundial. Mais direto, impossível. Não é o único relato que atesta uma certa falta de interesse dos europeus na competição, mas como foi que a situação chegou a este nível?

    O histórico desde a edição inaugural da Copa Intercontinental, em 1960, mostra uma linha do tempo interessante: os primeiros dez anos de disputa marcaram o auge do torneio, tanto dentro do nível de importância dada por ambos os times ao troféu quanto na parte técnica. Encontros épicos, como os do Santos de Pelé contra o Benfica de Eusébio, ou em uma virada espetacular contra o Milan no ano seguinte, são histórias que seguem vivas no imaginário de quem ama o cânone do futebol.

    As equipes europeias, no entanto, começaram a deixar a competição de lado a partir da década de 1970. Além de uma certa dificuldade de calendário, por causa dos jogos com viagens longas em ida e volta, a escalada de violência protagonizada especialmente por equipes e torcida argentina fez diversos clubes do Velho Continente perderem um pouco o ímpeto, a emoção, de disputar a taça. A cena de um jogador do Milan ensanguentado, após seu time vencer, na Argentina, o Estudiantes de La Plata, retrata bem este momento na história da competição.

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  • Atletico de Madrid Independiente 1974Colchonero.com

    O Europeu que mais se importa

    Tanto é assim, que foi justamente nos anos 70 que a disputa deixou de acontecer em dois anos (em 1975 e 1978, por falta de acordo em relação às datas). Em outras quatro ocasiões, o campeão europeu não teve interesse na disputa e deu a chance para o vice-campeão. É por isso que o Panathinaikos, da Grécia, Borussia Monchengladbach, da Alemanha, ou Malmo, da Suécia, foram vice-campeões mundiais.

    O Atlético de Madrid, em 1974, foi a única exceção: o título sobre o Independiente ajudou a curar as feridas de uma traumática derrota para o Bayern de Munique na máxima decisão europeia. A situação envolvendo o Atleti ajuda a explicar por que a capital espanhola seja, talvez, a maior exceção quando falamos sobre o nível de importância dado pelos europeus ao Mundial de Clubes – mas pergunte a um torcedor colchonero se ele preferiria o Mundial ou uma Champions League, por exemplo.

  • Real Madrid Al Hilal ChampionsGetty

    Ganhando importância...

    Como é o maior campeão de todos, considerando Intercontinental e Mundial de Clubes da Fifa, o Real Madrid também costuma dar uma dose de importância à competição. Especialmente a partir do momento em que o campeão passou a ter a honra de carregar, em sua camisa, um escudo que mostra ao mundo qual é, oficialmente ao menos, o melhor time do mundo. É algo que dá status, mexe com marketing e com o orgulho.

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  • fifa club world cup trophyGOAL

    Valorização diferente

    Além do orgulho de exibir um patch dizendo que o seu time é, oficialmente, o melhor do mundo naquele ano, outra valorização óbvia que o Mundial de Clubes ganha para os europeus é devido ao enorme número de jogadores sul-americanos que defendem as equipes. Nomes como Rodrygo ou Vinícius Júnior cresceram escutando histórias sobre como os heróis de Santos e Flamengo, seus respectivos ex-clubes, conquistaram o mundo.

    "É uma das competições mais importantes para os sul-americanos, você pode ser campeão do mundo. Não é como na Europa, se um clube europeu ganhar o título eles apenas colocam o troféu no museu. No Brasil você pode ver grandes desfiles, festas incríveis", chegou a afirmar o lendário Roberto Carlos, lenda do Real Madrid, em entrevista para o OneFootball.

    Ainda que a Champions League seja o grande sonho, as estrelas sul-americanas que jogam no futebol europeu sabem o quanto o Mundial é valorizado onde nasceram. Ronaldo Fenômeno, por exemplo, jamais conquistou a maior taça da Europa, mas o título mundial do seu Real Madrid sobre o Olímpia, do Paraguai, fez o seu 2002 ser ainda mais espetacular do que já havia sido.

    No futebol de clubes ainda só há uma forma de se definir o campeão mundial, e o europeu que entra em campo neste tipo de jogo pode até não encarar a disputa como o seu maior sonho, mas entra para ganhar. Europeu não liga para Mundial de Clubes? Pode até não se importar, ou se concentrar, tanto quanto sul-americanos. Evidente que não é a obsessão que é em todos os outros cantos do planeta... mas dizer que eles não se importam também pode ser um erro.

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