“Essa competição não é tão popular na Europa, o que não é um desrespeito. Nós apenas não estamos acostumados a dar esse valor. Quando eu era criança, assistia a todas as partidas de futebol possíveis e simplesmente sei que não estamos acostumados à importância dada para essa competição”.
A frase acima foi dita por Thomas Tuchel, em 2022, pouco depois de o seu Chelsea vencer o Palmeiras para sagrar-se, pela primeira e única vez na história, campeão mundial. Mais direto, impossível. Não é o único relato que atesta uma certa falta de interesse dos europeus na competição, mas como foi que a situação chegou a este nível?
O histórico desde a edição inaugural da Copa Intercontinental, em 1960, mostra uma linha do tempo interessante: os primeiros dez anos de disputa marcaram o auge do torneio, tanto dentro do nível de importância dada por ambos os times ao troféu quanto na parte técnica. Encontros épicos, como os do Santos de Pelé contra o Benfica de Eusébio, ou em uma virada espetacular contra o Milan no ano seguinte, são histórias que seguem vivas no imaginário de quem ama o cânone do futebol.
As equipes europeias, no entanto, começaram a deixar a competição de lado a partir da década de 1970. Além de uma certa dificuldade de calendário, por causa dos jogos com viagens longas em ida e volta, a escalada de violência protagonizada especialmente por equipes e torcida argentina fez diversos clubes do Velho Continente perderem um pouco o ímpeto, a emoção, de disputar a taça. A cena de um jogador do Milan ensanguentado, após seu time vencer, na Argentina, o Estudiantes de La Plata, retrata bem este momento na história da competição.