Christian Pulisic voltou a ser o Capitão América no Milan e faz até a seleção dos EUA sonhar com título sobre Brasil e Argentina

Stefano Pioli é um admirador de Pulisic há muito tempo e aproveitou a oportunidade para contratá-lo quando ficou claro que o Chelsea estava pronto para vender o atacante. O Lyon também manifestou grande interesse no americano, mas Pioli o convenceu de que o San Siro era o lugar certo para ele recuperar sua carreira.

"Embora tenha demorado um pouco para resolver o acordo, tomei a decisão de aceitá-lo desde o início", disse Pulisic em sua primeira coletiva de imprensa como jogador do Milan. "Falei com Pioli e tive a sensação real de que ele queria me ter aqui e sou grato a ele."

O talismã dos Estados Unidos nunca foi capaz de reproduzir suas atuações pela seleção com os Blues, mas não perdeu tempo em se tornar um dos líderes do time de Pioli.

Pulisic começou na ponta direita do Milan, mas mudou para a esquerda quando Rafael Leão sofreu uma grave lesão em novembro, e foi utilizado como número dez nas partidas mais recentes. Sua versatilidade tem sido inestimável para Pioli, que disse depois de vê-lo marcar outro gol decisivo contra o Sassuolo no último jogo do Milan em 2023: "Chris é um grande jogador. Ele tem qualidade, intensidade e disposição. Ele está marcando muito também. Ele pode desempenhar várias funções."

Crucialmente, o respeito de Pioli por Pulisic é correspondido, o que nem sempre pareceu ser o caso com os seus treinadores em Stamford Bridge. “Ele é um excelente treinador”, disse Pulisic. “Ele incentiva você a dar o seu melhor sem fazer concessões, mas também está pronto para te animar e ajudar quando você cometer erros. Sinto a confiança dele e isso é fantástico. Estou muito feliz por tê-lo como treinador.”

As atuações de Pulisic ajudaram o Milan a subir para o terceiro lugar na tabela da Série A no meio da temporada, e atualmente têm 6 pontos de vantagem em relação à Fiorentina. Caso não sofram um colapso dramático, os rossoneri devem se classificar confortavelmente para a Liga dos Campeões da próxima temporada.

Ganhar o Scudetto pode ser um exagero, já que o Milan ficou nove pontos atrás da líder Inter, que sem dúvida é o melhor time da Itália até agora em 2023-24. Contudo, as exibições individuais de Pulisic já fizeram a diferença em vários jogos para os rossoneri, e se ele conseguir se manter em forma, eles não poderão ser descartados da corrida pelo título ainda.

É justo dizer que Pulisic nunca conseguiu acompanhar totalmente o ritmo da Premier League. Ele não teve tempo suficiente com a bola para causar impacto no terço final e muitas vezes foi derrotado nos duelos um contra um.

Pulisic teve um desempenho muito abaixo durante a decepcionante campanha do Milan na fase de grupos da Champions League. Os gigantes italianos só conseguiram terminar em terceiro no chamado “Grupo da Morte”, atrás de Dortmund e Paris Saint-Germain, e o ex-jogador do Chelsea marcou apenas uma vez em seis partidas.

Isso não quer dizer que qualquer culpa deva ser atribuída a Pulisic pelo fracasso do Milan. O time de Pioli simplesmente não está preparado para competir regularmente nas fases finais da Liga dos Campeões, apesar de ter chegado nas semifinais da temporada anterior. Uma boa campanha na Europa League pode, na verdade, ser mais benéfica para o desenvolvimento da equipe.

Assinar com Pulisic foi um grande risco para o Milan. O atacante da seleção americana ficou de fora de 53 jogos do Chelsea devido a uma variedade de lesões e, como resultado, não conseguiu manter sua vaga no time titular.

Contudo, Pulisic passou a garantir que problemas físicos não o atrapalhariam mais e começou a trabalhar para estar em sua melhor forma possível para o próximo capítulo da sua carreira. Ele se inscreveu em um programa que auxilia jogadores de futebol profissionais de acordo com suas necessidades e passou cerca de uma semana no sul da Flórida trabalhando com Ethan Sonis, CEO desse programa.

Além de trabalhar a parte tática do jogo de Pulisic, Sonis também analisou cuidadosamente seu histórico de lesões com o objetivo de "ganhar confiança para jogar as partidas sem sentir nada e estar confiante na frente do gol".

Os torcedores do Milan estão vendo os frutos do trabalho de Pulisic para se tornar um "finalizador letal" e a boa administração dos seus minutos por Pioli no início da temporada contribuiu para isso, já que Pulisic só jogou os 90 minutos em apenas uma partida nos seus 12 primeiros jogos.

O Milan tem tomado todas as medidas necessárias para evitar que outra grande lesão o afaste dos gramados, o que tem ajudado o atleta a construir uma boa sequência em um clube, pela primeira vez, desde os tempos em Dortmund.

Este é um grande ano para a seleção estadunidense. Pela segunda vez em uma década, a Copa América será sediada nos EUA, e Berhalter tem uma enorme tarefa nas mãos de igualar ou superar o quarto lugar conquistado pela equipe em 2016.

O Pulisic, de 17 anos e com um novo conjunto de jovens americanos começando a pedir passagem, disputou três partidas naquele torneio, incluindo a derrota dos “Stars & Stripes” por 4 a 0 na semifinal para a Argentina, quando viu Messi marcar.

A seleção dos Estados Unidos fez grandes avanços desde então. Pulisic é agora o principal homem de seu país, com nomes como Weston McKennie, Tim Weah, Sergino Dest, Tyler Adams e Antonee Robinson formando um forte elenco.

Berhalter também pode agora contar com o ex-atacante do Arsenal, Folarin Balogun, que jurou lealdade aos Stars & Stripes sobre a Inglaterra no início deste ano, e ainda há esperança de que o ex-companheiro de Pulisic no Dortmund, Gio Reyna, possa suprir as expectativas sobre ele depois alguns anos frustrantes na Alemanha.

A Copa do Mundo de 2022 foi encorajadora para a USMNT, que terminou a fase de grupos à frente do Irã e do País de Gales, com Pulisic brilhando no impressionante empate em 0 a 0 contra a Inglaterra. O time de Berhalter caiu nas oitavas de final, ao sofrer uma dolorosa derrota por 3-1 para a Holanda, mas isso foi devido mais à inexperiência do que a qualquer outra coisa.

Quando a Copa América começar, em junho, Pulisic e companhia deverão estar prontos para lançar uma verdadeira candidatura ao troféu. Os EUA terão a torcida como seu 12º jogador em casa e, embora a atual campeã mundial Argentina seja a favorita enquanto Messi se prepara para fechar as cortinas de sua carreira pela albiceleste em grande estilo, há uma oportunidade única.

O Brasil está no meio de uma crise após um péssimo início de campanha nas eliminatórias para a Copa do Mundo de 2026 , e provavelmente ficará sem Neymar devido a uma lesão. Nem tudo são flores do lado argentino também, já que o técnico Lionel Scaloni poderia deixar o cargo antes do início da Copa.

Os EUA têm adversários complicados na fase de grupos, como Uruguai, Bolívia e Panamá, mas não devem temer ninguém, especialmente se Pulisic ainda estiver em sua melhor forma. A sua impressionante recuperação no Milan sugere que ele é capaz de resgatar as esperanças da sua nação.

A seleção estadunidense defendeu com sucesso o título da Liga das Nações, após uma vitória final por 2 a 0 sobre o Canadá, mas em meio às comemorações pós-jogo, Pulisic transmitiu uma mensagem forte aos seus companheiros: “É mais um passo na direção certa”, disse ele. “ Vêm aqueles grandes torneios, Copa América, Copa do Mundo, é hora de ser agressivo. Temos que dar um passo à frente, marcar os gols e mantê-los fora do nosso gol.

Um incêndio foi aceso em Pulisic desde sua saída do Chelsea. Ele redescobriu sua paixão pelo jogo e finalmente parece estar em ótimas condições físicas e mentais.

Pulisic estava igualmente confiante ao olhar para a segunda metade da temporada com o Milan, dizendo ao site oficial do clube: "Me sinto ótimo. Para mim é importante ajudar a equipe a marcar gols e obter assistências. É tudo uma questão de resultados e precisamos continuar a vencer grandes jogos.”

O Milan abriu 2024 com uma vitória impressionante por 4 a 1 sobre o Cagliari na Coppa Itália, e Pulisic deu uma contribuição significativa, saindo do banco e assistindo a Rafael Leão no último gol do time da casa. Os rossoneri não vencem a competição desde 2003, mas os torcedores já sonham com o regresso do troféu ao San Siro.

A Liga Europa também representa uma conquista realista para o Milan, especialmente com Pulisic jogando da maneira que está agora. Ele já está entre os melhores atacantes da Série A e se for para a Copa América com o mesmo ímpeto, não duvide que a seleção americana fará história.