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Lionel Messi PSG GFXGOAL

O casamento entre Lionel Messi e PSG nunca daria certo - e estão melhores separados

Lionel Messi completou 38 anos nesta terça-feira (24). A conta do Paris Saint-Germain no X (antigo Twitter) desejou a ele um feliz aniversário, e então acrescentou de forma brincalhona: "Até domingo".

Alguns torcedores não ficaram nem um pouco impressionados - porque não guardam boas lembranças do tempo de Messi no Parc des Princes. E nem o argentino, para ser justo. Ele deixou isso dolorosamente claro nos últimos anos.

Nesse sentido, o confronto deste fim de semana no Mundial de Clubes entre PSG e o Inter Miami de Messi está sendo tratado como uma espécie de jogo de revanche.

Conforme ilustrado pela postagem nas redes sociais, que foi em bom tom e bastante leve, é mais semelhante a uma reunião apaziguada entre ex-parceiros que perceberam que nunca deveriam ter ficado juntos em primeiro lugar, e agora estão muito melhor sem um ao outro.

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  • Lionel Messi of Barcelona Press ConferenceGetty Images Sport

    A despedida emocionada do Barcelona

    Messi nunca quis deixar o Barcelona. O clube era mais do que uma segunda casa para ele. O argentino passou mais tempo de sua vida vivendo na capital catalã do que em sua cidade natal, Rosário, e foi lá que construiu sua família. Seu objetivo sempre foi encerrar a carreira no único clube que conheceu como profissional.

    No entanto, tanto Messi quanto o Barça foram traídos pelo ex-presidente Josep Maria Bartomeu, que deixou os blaugranas à beira da falência com sua gestão irresponsável e gastos imprudentes. Coube ao sucessor, Joan Laporta, a difícil tarefa de tentar juntar os cacos, recorrendo a manobras e brechas legais para manter o clube de pé.

    Rapidamente, porém, Laporta percebeu que o Barcelona simplesmente não tinha condições financeiras de renovar o contrato monumental de Messi — tornando a separação inevitável, apesar do discurso público da época sugerir o contrário.

    A saída devastou Messi. Não foi como ver Trent Alexander-Arnold deixando o Liverpool. As lágrimas que o argentino derramou em sua coletiva de despedida eram genuínas, sua dor evidente. Até Luis Suárez, que havia vivido sua própria separação amarga com o Barça, ficou surpreso.

    “Nunca tinha visto o Leo chorar assim no Barcelona”, admitiu o uruguaio. “Ele sofreu muito. Aquilo realmente o machucou.”

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  • FBL-FRA-LIGUE1-PSG-MESSI-PRESSERAFP

    A pressa é inimiga da perfeição

    Dada a natureza traumática de sua saída, Messi deveria ter dedicado algum tempo para refletir sobre seu próximo passo, em vez de se apressar em qualquer decisão. Como ele próprio revelou, havia outras propostas na mesa. Contudo, menos de dois dias após a dramática despedida de Barcelona, foi anunciado como jogador do PSG.

    “Chegamos a um acordo com o PSG muito rapidamente”, disse ele à France Football em outubro de 2021. “Obviamente, fui conquistado pelo projeto, pelos jogadores que o time possui, pela qualidade do grupo... todos esses fatores facilitaram o acordo.

    “Saber que tinha amigos no vestiário me permitiu acreditar que a adaptação seria simples para mim.

    “E não estava errado, porque foi realmente fácil me integrar, especialmente pelo fato de haver muitos jogadores que falam espanhol, como eu.”

    No entanto, apesar da presença de Neymar no Parc des Princes ter sido um ponto positivo, a passagem de Messi por Paris foi, em sua maioria, bastante difícil.

    “Tive dois anos em que fui tão infeliz pessoalmente que não gostei da experiência”, admitiu ao Mundo Deportivo. “Houve aquele mês (em 2022) que foi espetacular para mim por causa da conquista da Copa do Mundo, mas, fora isso, foi um período complicado para mim.”

  • FBL-FRA-LIGUE1-LORIENT-PSGAFP

    Lado familiar

    Chegar sem uma pré-temporada adequada, por conta da campanha da Argentina na Copa América de 2021, certamente não ajudou Messi a começar com o pé direito em Paris. Tampouco contribuiu uma crise de Covid-19 no meio da temporada.

    Mas a principal razão para as dificuldades de adaptação do craque no primeiro ano no PSG foi que ele também enfrentava problemas fora de campo.

    Embora muitos de seus contratempos possam ser considerados típicos de uma vida privilegiada, por exemplo, quando se irritava com o trânsito caótico de Paris, o processo de adaptação foi mais difícil do que ele e sua esposa, Antonella Roccuzzo, imaginavam. A demora para encontrar uma residência fez com que a família passasse seis semanas hospedada em um hotel.

    "As crianças não aguentavam mais", lamentou o atacante em entrevista ao Le Figaro.

    Ainda assim, os torcedores do PSG esperavam mais de Messi, e não apenas em termos de desempenho. Em sua temporada de estreia, ele marcou apenas 11 gols em todas as competições, seu menor número em 16 anos.

  • FBL-FRA-LIGUE1-PSG-TOULOUSEAFP

    O relacionamento fraco com a torcida

    Os parisienses sabiam muito bem do vínculo profundo que Messi tinha com o Barcelona. Ainda assim, esperavam que ele ao menos tentasse criar algum tipo de conexão com o PSG e sua torcida.

    Desde então, o argentino tem insistido que até hoje não entende por que seu relacionamento com os torcedores “se fraturou”, mas ele fez muito pouco para demonstrar qualquer afeição genuína por eles.

    Por exemplo, durante toda a sua passagem por Paris, ele foi até a torcida apenas uma vez após uma partida. E mesmo assim, somente a pedido de Neymar.

    Como consequência, um Messi abaixo das expectativas acabou, quase inevitavelmente, se tornando alvo de críticas, especialmente depois de provar de forma brilhante, na Copa do Mundo de 2022, que ainda era o jogador mais talentoso do planeta.

    Naturalmente, os torcedores do PSG, frustrados e apaixonados, passaram a se perguntar onde estava aquela versão de Messi enquanto o time sofria mais uma eliminação embaraçosa na Liga dos Campeões, diante do Real Madrid, oito meses antes.

  • Paris Saint-Germain v Clermont Foot - Ligue 1 Uber EatsGetty Images Sport

    Um casamento fadado ao fracasso

    A suspeita era de que Messi estava se poupando para a Copa do Mundo no Catar, que não se importava realmente com o PSG e só havia se juntado aos campeões da Ligue 1 por ser o único clube disposto a atender suas exorbitantes exigências salariais.

    Assim como seu bom amigo Neymar, ele passou a ser visto como símbolo de tudo o que estava errado com o PSG e sua política de contratações.

    Como disse um torcedor do clube em 2023: “Messi foi mais um negócio de marketing do que uma contratação esportiva. Ele acabou representando tudo o que odiamos no projeto QSI (Qatar Sports Investments) nos últimos três ou quatro anos.”

    É possível compreender esse sentimento, já que Messi e PSG sempre pareceram viver um casamento de conveniência, motivado mais por ganhos financeiros do que por ambições esportivas. Por isso mesmo, um casamento fadado ao fracasso desde o início.

    Havia, no entanto, um objetivo em comum: ambos desejavam desesperadamente conquistar a Champions League. Messi já havia levantado o troféu quatro vezes, mas não desde 2015; o PSG, por sua vez, ainda buscava sua primeira conquista.

    Mas Messi não foi a solução para os problemas dos parisienses. Na verdade, ele acabou por agravá-los, já que outra estrela no elenco era exatamente o que o clube menos precisava sob a ótica esportiva.

    O time já contava com dois atacantes pouco dispostos a colaborar na marcação. Não havia espaço para mais um, por mais talentoso que fosse. O resultado foi que jogadores como Vitinha ficaram sobrecarregados com funções defensivas, contribuindo para um PSG novamente desequilibrado, eliminado nas oitavas de final em ambas as temporadas de Messi no clube.

  • Paris Saint-Germain v FC Internazionale Milano - UEFA Champions League Final 2025Getty Images Sport

    Uma separação benéfica

    Vale lembrar, no entanto, que o PSG ainda queria que Messi assinasse um novo contrato, embora, principalmente, por razões comerciais e de marketing. Nesse sentido, sua recusa acabou sendo um grande favor ao clube.

    Além de abrir caminho para uma mudança favorável à família em direção a Miami, que também lhe permitiu reunir antigos companheiros de Barcelona, a saída de Messi viabilizou uma transformação crucial na política de transferências do Parc des Princes. Essa reestruturação foi ainda mais impulsionada com a transferência de Kylian Mbappé para o Real Madrid no ano seguinte.

    Se ambos os jogadores não tivessem sido retirados da folha salarial, o diretor esportivo Luis Campos dificilmente teria condições de investir tão pesadamente em jovens talentos de elite, o que ajudou o PSG a, enfim, se aproximar do sonho da conquista da Champions League.

    Como declarou o presidente do clube, Nasser Al-Khelaifi, após a impressionante goleada por 5 a 0 sobre a Inter de Milão, em Munique, no mês passado: o PSG demorou, mas aprendeu com seus erros. E contratar Messi foi, sem dúvida, um dele, assim como foi um erro grosseiro de julgamento da parte do argentino aceitar se mudar para Paris.

    Seu coração, claramente, nunca esteve verdadeiramente ali. O resultado foi um caso típico da era moderna, motivado por dinheiro e talvez melhor simbolizado pelo episódio em que Messi, contratado por um clube do Catar, acabou se aliando comercialmente à Arábia Saudita, algo que marcou o fim definitivo de seu vínculo com o PSG.

    É revelador, no entanto, que Al-Khelaifi tenha agradecido a Messi por sua contribuição no longo e árduo caminho rumo à glória europeia. Porque, no fim das contas, não há ressentimentos reais entre as partes antes do reencontro deste domingo.

    Pode até ter sido a pior união da história do futebol, mas a separação acabou sendo, indiscutivelmente, benéfica para ambos os lados.

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