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Pedri Ballon d'Or GFXGetty/GOAL

Bola de Ouro para Pedri? Maestro do meio-campo do Barcelona merece entrar na discussão de melhor do mundo após temporada colossal

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Há sempre tanta coisa acontecendo no Barcelona que mal conseguimos acompanhar tudo. O clube continua revelando talentos jovens em série, vindos de sua icônica base La Masia — especialmente Lamine Yamal, de apenas 17 anos, que já está conquistando troféus e sendo comparado a Lionel Messi. Na outra ponta, Raphinha parece ter superado de vez seu arco de redenção e agora atua como um típico ponta brasileiro habilidoso — quase uma reencarnação de Jesus Cristo com chuteiras. No comando do ataque, Robert Lewandowski segue fazendo o mesmo trabalho de sempre, como tem feito na última década, e ninguém parece notar que ele completará 37 anos em poucos meses. Fora de campo, como de costume, reina a confusão, com a diretoria midiática do clube lidando com mais um plano fracassado de retorno ao Camp Nou.

No meio de tudo isso, está Pedri. Durante boa parte da temporada 2024/25, sua influência foi mais discreta, menos visível do que a dos companheiros que atuam com as tradicionais meias azul-grená em posições mais adiantadas. Mas, depois de sua atuação decisiva na vitória do último sábado sobre o Real Madrid, na final da Copa do Rei, é difícil ignorá-lo.

Em uma final nervosa e recheada de gols no estádio La Cartuja, em Sevilha, o Barcelona levou a melhor — e foi o seu maestro do meio-campo quem abriu o caminho, marcando um golaço de fora da área. Ironicamente, esse belo gol acabou ofuscado por quase todos os demais acontecimentos da noite, embora agora finalmente pareça haver um movimento crescente para que Pedri receba o reconhecimento que merece — incluindo a possibilidade real de conquistar a Bola de Ouro ainda este ano.

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  • Barcelona v Real Sociedad - La LigaGetty Images Sport

    Novo Iniesta?

    Vale lembrar que Pedri ainda tem apenas 22 anos. Mesmo assim, já disputou 232 partidas como profissional em clubes, além de 32 jogos pela seleção espanhola. Ao longo desse tempo, tornou-se um símbolo do desgaste físico e da exposição precoce ao futebol de alto nível.

    Apesar de já ter ficado fora de 88 partidas na carreira por conta de diferentes lesões musculares e nos joelhos, Pedri não deixou seu rendimento cair. Ainda carrega nas pernas — e no cérebro — uma agilidade que o torna difícil de desarmar e preciso ao distribuir passes tanto para a esquerda quanto para a direita. Seria fácil para ele fugir da responsabilidade, mas, em vez disso, escolheu assumi-la, superando os obstáculos físicos que apareceram pelo caminho.

    “Eu vivi todas as situações”, disse Pedri em entrevista à Catalunya Ràdio. “No começo, só vinham elogios. Depois vieram as críticas, e agora os elogios estão voltando. Eu experimentei os dois lados da moeda. Diziam que eu era de vidro, e isso me machucava muito... Quando você é criticado o tempo todo, sente vontade de dar ainda mais de si, de calar as bocas que falam esse tipo de coisa. E além de calá-las, o que você quer é aproveitar. E agora estou fazendo isso — algo que eu não conseguia havia muito tempo.”

    O estilo refinado de Pedri já lhe rendeu, desde muito jovem, comparações com o grande ídolo do Barça, Andrés Iniesta — algo que só se intensificou quando ele trocou as Ilhas Canárias por Barcelona, em 2020. Mesmo assim, ele tem conseguido corresponder às enormes expectativas até aqui.

    “Assistindo a tantos jogos na TV, vendo vídeos do Andrés ou do Xavi, acho que você acaba absorvendo algo”, contou Pedri recentemente à UEFA. “Você tenta imitá-los, tenta praticar, mas é difícil atingir aquele nível. Então, o que você faz é tentar melhorar a cada dia, para que, um dia, consiga fazer o que eles faziam.”

    “Eu costumava assistir a um vídeo do Iniesta, que era meu ídolo, e tentava copiar o que ele fazia — uma jogada específica, a maneira como ele protegia a bola. Às vezes você consegue imitar; outras vezes, é difícil e frustrante. Mas, mesmo assim, você continua tentando fazer da melhor forma possível.”

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    Solução na base

    O único preço que o Barcelona teve que pagar por anos de gestão duvidosa foi a saída forçada de Lionel Messi. E, convenhamos, estamos falando literalmente de um possível maior jogador da história do futebol, então não dá para dizer que o clube saiu ileso. Ainda assim, conseguiu reconquistar o título de LaLiga em menos de dois anos após sua partida e, desde então, vem construindo uma equipe empolgante repleta de jovens talentos, mesmo que, em parte, isso tenha sido consequência das diversas restrições financeiras que limitaram suas movimentações no mercado.

    Ao lado de Pedri e Lamine Yamal, outros jovens como Pau Cubarsí, Gavi, Fermín López, Alejandro Baldé e Gerard Martín ganharam espaço para se desenvolver, com Hansi Flick dando continuidade ao trabalho iniciado por seu antecessor, Xavi. Segundo Pedri, um dos diferenciais dessa nova fase do Barça é justamente a presença quase paterna do treinador alemão: “Ele é como um pai para nós. Sempre tenta cuidar da gente. Está lá para te apoiar quando você não está jogando e está sempre disposto a ajudar. Por fora, parece ser rígido, mas está ao nosso lado nos momentos difíceis. Ele conversa, pergunta o que está errado.”

    “Foi difícil se adaptar [à linha alta], especialmente quando eu estava fora na pré-temporada e via o time tentando aplicar isso. Mas desde o começo, acho que o grupo se saiu muito bem. E quando você percebe que algo está funcionando com a ideia do treinador, isso te dá muito mais confiança.”

    Sob o comando de Flick, o Barcelona reencontrou seu brilho e voltou a ser uma das equipes mais eletrizantes da Europa. A aposta em uma linha defensiva alta e agressiva já rendeu frutos — com os títulos da Copa do Rei e da Supercopa da Espanha — e há mais conquistas no horizonte. O Barça lidera LaLiga com quatro pontos de vantagem a cinco rodadas do fim e encara uma Inter de Milão em má fase nas semifinais da Champions League.

  • FBL-ESP-CUP-BARCELONA-REAL MADRIDAFP

    Liderando estatísticas aprofundadas

    Mesmo em um elenco com uma abundância luxuosa de opções ofensivas, Pedri vem fazendo uma temporada bastante sólida. Em 52 partidas (marca superada apenas pelo companheiro e herói da Copa do Mundo Jules Koundé), o meio-campista já soma seis gols e sete assistências, com ainda um mês restante na temporada.

    Mas é em uma análise mais aprofundada que o impacto de Pedri realmente se destaca. Prepare-se para alguns números. De acordo com os especialistas do site FBRef, o camisa 8 do Barça figura entre os 10 melhores de LaLiga em várias categorias-chave: assistências esperadas (4º), passes decisivos (4º), passes para o terço final (1º — e 4º entre as cinco principais ligas europeias), passes para a área (2º — e 8º nas cinco grandes ligas), passes progressivos (1º — e 3º nas grandes ligas), bolas enfiadas (2º — e 4º entre as principais ligas), ações que geram finalizações (4º), ações que geram gols (10º), bloqueios (8º), toques na bola (2º), dribles bem-sucedidos (8º), distância carregada com a bola (6º) e pontos por jogo (8º).

    Ufa. É uma planilha de estatísticas impressionante. E ainda assim, Pedri quer mais. Recentemente, ele declarou: “O que eu poderia melhorar? Muitas coisas. Sempre dá para perder menos bolas, melhorar a quantidade de gols, escolher melhor quando acelerar ou acalmar o jogo... Tudo pode ser aprimorado.”

  • FBL-KSA-ESP-REAL MADRID-BARCELONAAFP

    Rivalidade com Bellingham

    Um aspecto adicional na ascensão de Pedri é o contraste direto com o que acontece na capital espanhola. Enquanto o Barcelona aposta majoritariamente em soluções caseiras e orgânicas, o Real Madrid segue investindo pesado em contratações de impacto vindas do exterior, como sempre fez. A rivalidade do El Clásico é construída sobre inúmeros paralelos, e a maneira como os dois clubes montam seus elencos é apenas mais um deles.

    No lado merengue, Jude Bellingham é o meio-campista em torno do qual tudo está sendo estruturado. Tanto ele quanto Pedri tiveram atuações de destaque nas finais da Copa — a imprensa espanhola, inclusive, foi especialmente generosa com o inglês —, mas foi o prodígio do Barcelona quem saiu vencedor. Um pequeno vislumbre do que esses duelos podem representar na próxima década.

    Não é preciso cavar muito para encontrar uma narrativa envolvente nesses confrontos, e Pedri vs Bellingham, por si só, já oferece um espetáculo à parte. Para os torcedores neutros, é mais uma camada de entretenimento. Para os próprios jogadores, uma rivalidade que pode impulsioná-los aos seus limites, à la Messi vs Cristiano Ronaldo.

  • FC Barcelona v Real Madrid - Copa del Rey FinalGetty Images Sport

    Formando lendas

    Pedri já teve a braçadeira de capitão do Barcelona, apesar da pouca idade. Ele é um líder no vestiário comandado por Hansi Flick e também dentro de campo, uma mente privilegiada que complementa os pés igualmente talentosos. Com Yamal, Raphinha e Lewandowski como parceiros de luxo, não há razão para acreditar que o Barça não possa conquistar uma quádrupla coroa nesta temporada.

    Ainda assim, Pedri tenta não se deixar levar pela expectativa de um possível fracasso. “Não seria exatamente uma decepção, considerando o caminho que percorremos até aqui, porque fizemos um trabalho muito bom até agora. Mas, claro, doeria”, admitiu.

    As sementes estão lançadas para que este Barcelona, intenso, vibrante e movido por sangue, conquiste a Espanha e a Europa. É fácil imaginar o roteiro sendo escrito. No caso de Pedri e Lamine Yamal, ambos já têm prestígio com a seleção espanhola após a conquista da Eurocopa no ano passado. Este pode muito bem ser o início de uma geração icônica no clube catalão, e eles estão a apenas algumas vitórias de dar o primeiro passo rumo à lenda.

    “Está claro que não temos que ter medo de ninguém”, declarou Pedri antes da final da Copa do Rei. “Somos o Barça e vamos tentar controlar o jogo contra qualquer adversário.”

  • تتويج رودري بالكرة الذهبيةAFP

    Meio-campistas em destaque na Bola de Ouro

    O triunfo de Rodri na Bola de Ouro de 2024 parecia marcar o início de uma nova era para o prêmio, após o longo domínio de Lionel Messi e Cristiano Ronaldo. A influência nas vitórias coletivas passou a pesar mais na equação, e o reconhecimento ao meio-campista do Manchester City já se mostrou acertado, especialmente diante do colapso da equipe inglesa durante sua ausência por lesão nesta temporada. Embora não seja sua principal meta no momento, Pedri também sonha com a glória em Paris.

    “Desde que o Rodri venceu, ficou claro que um jogador que comanda o meio-campo e dita o ritmo do jogo pode, sim, ganhar uma Bola de Ouro”, disse Pedri. “Fiquei muito feliz por ele, não só pela temporada que fez, mas também porque gosto muito de jogar ao lado dele na seleção. Ele controla o jogo, recupera a bola, avança, faz gols — está em todos os lugares do campo.”

    “Levantar a Bola de Ouro sempre foi um sonho meu. Mas agora ainda falta um mês, e o foco está totalmente na equipe — em conquistar os três títulos, que é o que realmente importa. Quando essa etapa terminar, aí sim podemos começar a falar sobre essas coisas.”

    Talvez Pedri ainda precise de momentos mais decisivos na campanha do Barcelona na Champions League se quiser superar os companheiros Yamal, Raphinha e Lewandowski na corrida pelo prêmio. De qualquer forma, o mundo começa, finalmente, a prestar mais atenção ao talento especial que o Barça tem em mãos.