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Bilal El KhannoussGOAL

Bilal El Khannouss - Talentos Escondidos FC: o marroquino que já impressionou Pep Guardiola e Ruud van Nistelrooy

Bilal El Khannouss deve se tornar a segunda contratação mais cara do Stuttgart em meados do próximo ano. A jovem estrela marroquina aprendeu a jogar futebol nas ruas de Bruxelas e tinha apenas 18 anos quando garantiu sua vaga na seleção do Marrocos para a Copa do Mundo de 2022.

Na área de imprensa da Cegeka Arena, estádio do Genk, Bilal El Khannouss conversa com repórteres belgas, como sempre faz com cortesia. Enquanto o meia ofensivo explica como ocorreu o empate com o Ferencváros (0 a 0), um jornalista da Sporza não consegue mais conter sua empolgação.

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  • Quem é ele?

    Eddy Demarez já havia notado quando El Khannouss voltou a campo no início do segundo tempo, mas ainda não tinha feito a pergunta. As chuteiras do belga-marroquino — ou melhor, o que restava delas — eram o motivo de sua curiosidade.

    A parte da frente das chuteiras Adidas azul-celeste — que combinam perfeitamente com as meias do Genk — estava prestes a se soltar e podia se desprender completamente a qualquer momento. Um único pedaço de fita adesiva era o que as mantinha unidas, fazendo de tudo para evitar o inevitável. Funcionou: as chuteiras de seis travas resistiram até o fim da partida.

    Essas são cenas mais comuns em campos amadores. Junto com as meias tortas, as camisas um pouco justas e os shorts com cheiro de bálsamo de tigre, as chuteiras remendadas completam um visual improvisado — algo que não combina com o futebol europeu, mas diz muito sobre o caráter de El Khannouss.

    “Levei uma pancada no pé no primeiro tempo, o que acabou rasgando minha chuteira”, explicou ele a Demarez. “No intervalo, coloquei fita nela. A gente precisa se virar com o que tem. Espero conseguir um par novo amanhã.”

    Saber se virar com o que se tem: é algo que El Khannouss conhece bem. E, quando ele precisa se virar, sua família garante que ele nunca esteja sozinho. Ele sabe o quanto é privilegiado por ser jogador de futebol, e por isso costuma refletir sobre a sociedade em geral. “Minha mãe é tudo para mim. A gente se fala três vezes por dia”, contou certa vez à revista de Bruxelas Bruzz.

    Ele tem plena consciência da sorte que tem, e por isso procura contribuir de maneira discreta. “Faço a minha parte, sem precisar que todo mundo saiba disso o tempo todo”, disse ao Het Laatste Nieuws.

    Quando está na Costa do Marfim com a seleção do Marrocos, essa percepção fica ainda mais forte. “Deus me deu uma vida de conforto. Às vezes acordo e penso: droga, hoje tenho que fazer isso ou aquilo. Mas na Costa do Marfim vi mulheres de 70 anos subindo descalças uma montanha, carregando baldes pesados de comida na cabeça só para que suas famílias pudessem comer. Coisas assim partem o coração.”

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  • Onde tudo começou

    Mas, além de ser uma pessoa humilde, El Khannouss é, acima de tudo, um jogador excepcionalmente talentoso. Um meia ofensivo — camisa 10 ou 8 — de técnica refinada, com grande explosão para o ataque, visão de jogo impressionante e uma agilidade de pés extraordinária.

    Nascido em 2004, esse talento criativo cresceu em Strombeek-Bever, mas foi realmente nas quadras e campos de Bruxelas que sua formação aconteceu. No Parque Josaphat ou sob a Ponte da Europa — os mesmos locais onde o jovem talento do Ajax, Rayane Bounida, também passou sua infância —, ele aprendeu a dominar a arte do futebol.

    Essas experiências o moldaram, tanto como pessoa quanto como jogador. “Jogávamos cinco contra cinco dentro de uma jaula”, recorda em entrevista ao De Morgen. “Até os treze anos, também pratiquei futsal no Futsal Besiktas Gent. Jogar em espaços tão pequenos ensina você a se movimentar de forma mais inteligente. Isso certamente me ajudou.”

    Aos cinco anos, seu primo o levou ao primeiro clube de futebol: o Crossing Schaerbeek. Mas ele não ficou lá por muito tempo. “Pouco tempo depois, meu treinador, Ebrahim Bouazzati, se transferiu para o Anderlecht e levou com ele seus melhores jogadores”, relembrou ao Het Belang van Limburg. “Eu fui o último sobrevivente daquele grupo.”

  • Bilal El KhannoussGetty Images

    O próximo passo

    E então veio uma transferência nas categorias de base que gerou bastante repercussão na imprensa belga. O garoto, nascido e criado em Bruxelas e com o coração roxo do Anderlecht, mudou-se para o Genk aos quinze anos. “O que o Anderlecht achou disso? Muita coisa. Alguns treinadores das categorias de base me chamaram de traidor. Disseram isso com um sorriso, mas dava para perceber que falavam sério.”

    “Joguei no Anderlecht por dez anos e fazia parte de uma equipe com Zeno Debast e Roméo Lavia”, conta ele, referindo-se aos colegas daquela época que também chegaram ao mais alto nível. Mesmo assim, o ambiente esportivo em Genk era bem mais atraente. “As perspectivas para o futuro simplesmente eram melhores lá”, afirmou ele anos depois.

    Aos 18 anos, ele fez sua estreia pelo time principal do Genk. Poucos meses depois, o Ajax — onde seu amigo Bounida agora atua — apareceu interessado, assim como uma série de outros grandes clubes estrangeiros. El Khannouss, no entanto, tomou uma decisão ponderada: renovar seu contrato com o Genk.

    Foi a escolha certa. Na temporada seguinte, ele teve sua verdadeira explosão. A recompensa veio em grande estilo: uma convocação para a seleção do Marrocos na Copa do Mundo. Com apenas 18 anos, era o jogador mais jovem do elenco. A decisão de defender o país africano, mais uma vez, não passou despercebida pela mídia belga.

    Até então, El Khannouss havia representado várias seleções de base da Bélgica. “Sou extremamente grato à Bélgica por todas as oportunidades que tive aqui, mas desde cedo eu sabia que escolheria o Marrocos”, explica.

    Essa decisão foi tomada há muito tempo — e tem uma razão profundamente emocional. “Meus avós vieram do Marrocos para a Bélgica, e sinto que essa é uma forma de retribuir algo a eles. Eles já não estão mais aqui, mas tenho certeza de que estão orgulhosos de mim.”

  • van nistelrooy(C)Getty Images

    A grande oportunidade

    Durante a campanha extraordinariamente bem-sucedida do Marrocos na Copa do Mundo de 2022 — em que a equipe chegou às semifinais —, El Khannouss teve a oportunidade de começar como titular na disputa pelo terceiro lugar contra a Croácia. Naquele jogo, enfrentou seu grande ídolo: Luka Modric. Após o memorável torneio, sua popularidade disparou — tanto no Marrocos quanto em sua terra natal, a Bélgica.

    Mesmo durante uma peregrinação a Meca, ele não consegue escapar da fama. “É ótimo ser reconhecido em todos os lugares e sentir o carinho dos torcedores, mas às vezes sinto falta do anonimato. Já aprendi a escolher restaurantes onde há poucos marroquinos. Eles estão literalmente em todos os lugares!”, diz ele, rindo.

    Depois da Copa do Mundo, El Khannouss continuou brilhando pelo Genk por mais um ano e meio, foi eleito o talento da temporada e, em 2024, aconteceu a mudança inevitável: o Leicester pagou nada menos que £22,5 milhões pelo meia ofensivo, que já havia atraído o interesse de clubes como Atlético de Madrid, Bayer Leverkusen e Liverpool.

    Nos Foxes, após a demissão de Steve Cooper, ele passou a trabalhar sob o comando do técnico Ruud van Nistelrooy. Em uma temporada fria e difícil, marcada pelo rebaixamento, El Khannouss foi um dos poucos pontos de luz. “Ele pode ir muito longe”, elogiou o ex-atacante.

    “Acho que vocês ainda vão ver e ouvir muito sobre ele”, avisou Van Nistelrooy à imprensa inglesa durante seu período no Leicester. “Ele tem potencial para se tornar um jogador de nível Champions League.”

  • Como está indo

    Thorsten Fink, que treinou El Khannouss na Bélgica, compartilha da mesma opinião. “Trabalhei com muitos jogadores, e o que vi neste rapaz é algo muito especial”, disse ele em um vídeo para o canal 433. “Ele pode se tornar um dos melhores jogadores da Europa. Estou convencido disso.”

    Pep Guardiola também foi direto ao jovem talento após o confronto entre Leicester e Manchester City. “Ele me disse que ficou impressionado com o meu futebol”, contou El Khannouss depois da partida. E, mais uma vez, mostrou seu verdadeiro caráter: “Eu não fiquei. Esse é simplesmente o jogador que eu sou. Preciso mostrar isso todas as semanas. Além disso, só procuro aproveitar o jogo e o dia — afinal, temos o melhor trabalho do mundo.”

    Com a saída de Nick Woltemade para o Newcastle na última janela, o Stuttgart viu em El Khannouss uma das principais contratações para suprir a perda do astro alemão. Com uma cláusula de obrigação de compra fixada em €25 milhões, o meia marroquino, atualmente emprestado, deve se tornar a segunda aquisição mais cara da história do clube da Bundesliga.

  • Qual é o próximo passo?

    E com dois gols em cinco jogos, El Khannouss já deixou uma excelente impressão na mídia alemã e em seu treinador, Sebastian Hoeness. “Ele tem uma qualidade incrível — e já mostrou isso na Premier League, é claro. Teve um ótimo início e é um jovem com um futuro muito promissor. Estamos muito felizes por tê-lo conosco.”

    Agora El Khannouss voltará a se juntar aos companheiros de seleção marroquina. Lá, o jovem meia tem um apelido curioso: Duracell. “Porque eu nunca consigo ficar parado. Eu realmente amo futebol. Se pudesse, ainda estaria jogando em uma quadra. Também assisto a muitos jogos — a seleção até ri de mim por causa disso.”

    O jogador de 21 anos espera alcançar seu 25º e 26º jogos pela seleção de Marrocos nos confrontos contra Bahrein e Congo. Seus avós certamente estariam assistindo com orgulho — e El Khannouss, sem dúvida, deixará seus pés falarem por ele mais uma vez. Mesmo que suas chuteiras não colaborem.