Benjamin Sesko titular, Bruno Fernandes avançado e as mudanças que Rúben Amorim precisa fazer no Manchester United

Muitos torcedores do Manchester United estão perplexos com o fato de sua maior contratação na última janela, Benjamin Sesko, ainda não ter começado nenhuma das três partidas da Premier League até aqui. Mas não há desculpa para não escalar o jogador de £74 milhões contra os “vizinhos barulhentos” do Manchester City.

Sesko pareceu um pouco fora de sintonia em suas três aparições vindo do banco até agora e, quando começou em Grimsby, também teve dificuldades antes de ser acometido por câimbras e acabar sendo o 10º cobrador do time na disputa de pênaltis. Rúben Amorim explicou depois que deixou Sesko no banco contra o Burnley por conta de sua falta de ritmo de jogo, já que perdera a pré-temporada devido à chegada tardia do RB Leipzig. No entanto, o atacante esloveno já deveria estar plenamente apto agora, depois de completar 90 minutos por sua seleção tanto contra a Suécia quanto contra a Suíça, e ainda ter cinco dias para se recuperar a tempo do clássico.

A velocidade e a força de Sesko podem ajudar o United a desgastar um City mentalmente frágil e também potencializar Bryan Mbeumo e Bruno Fernandes. E, para ser franco, se Amorim não acredita que Sesko merece ser titular contra o maior rival local, então por que o clube o contratou?

Uma vaga se abriu no ataque do Manchester United para Sesko ocupar após a lesão sofrida por Matheus Cunha no primeiro tempo do jogo contra o Burnley. Perder o brasileiro foi um duro golpe para o United, dado o desempenho dele até aqui na temporada, mas isso pode acabar sendo uma bênção disfarçada, pois permitirá que Bruno Fernandes retorne à sua posição ideal no ataque.

O capitão do United recuperou seu faro de gol na temporada passada quando foi colocado mais adiantado em campo, e Rúben Amorim admitiu depois: “sentimos falta do Bruno perto da área” quando o camisa 8 foi incumbido a um papel mais recuado no meio-campo, como na derrota na final da Europa League para o Tottenham.

As chegadas de Matheus Cunha e Mbeumo, somadas à nova confiança de Rúben Amorim em Mason Mount, fizeram com que não houvesse um lugar natural para Bruno Fernandes no ataque dentro do rígido 3-4-2-1 do treinador. Por isso, ele atuou mais recuado no meio-campo nas três partidas da Premier League até agora.

O desfalque do atacante brasileiro para o clássico, assim como a provável ausência de Mount após também ter se lesionado contra o Burnley, torna Bruno Fernandes a escolha óbvia para formar dupla com Mbeumo na linha ofensiva atrás de Sesko. Isso deve dar ao capitão a oportunidade de voltar a marcar gols e distribuir assistências depois de um início de temporada discreto.

O empréstimo de André Onana ao Trabzonspor pode ter livrado o Manchester United de uma de suas piores contratações de todos os tempos, mas ainda pairam grandes interrogações sobre os três goleiros remanescentes. Altay Bayindir foi responsabilizado por dois dos quatro gols sofridos pelo United na liga até agora nesta temporada, Tom Heaton não disputa uma partida competitiva há dois anos e meio, e Senne Lammens acaba de chegar da Bélgica sem qualquer experiência no futebol inglês.

Há riscos em escalar qualquer um dos três goleiros, e há quem defenda que Heaton deveria jogar contra o City para evitar que a confiança de Lammens seja destruída caso sofra uma derrota pesada no clássico logo em sua estreia. Ao mesmo tempo, deixá-lo no banco não enviaria a mensagem certa depois que o United optou por contratá-lo do Royal Antuérpia como uma aposta de longo prazo, abrindo mão de um goleiro mais experiente como Emiliano Martínez.

As dúvidas sobre Lammens são compreensíveis: ele ainda não foi convocado para a seleção principal da Bélgica e só possui uma temporada completa de primeira divisão no currículo. Mas, se o United realmente o vê como seu futuro camisa 1, precisa depositar plena confiança nele — o que significa lançá-lo direto na fogueira, em território inimigo, no dia do clássico.

Após o fechamento da janela de transferências, Kobbie Mainoo é o único remanescente da famosa foto dos “Três Amigos”, tirada em fevereiro de 2024, na qual aparecia sentado nos painéis de publicidade de Old Trafford ao lado de Alejandro Garnacho e Rasmus Hojlund — uma imagem que, na época, parecia simbolizar um futuro muito promissor para o United, construído em torno de jovens talentos.

Pouco mais de um ano e meio depois, Mainoo quase se juntou a Hojlund e Garnacho na lista de saídas e teria deixado o clube se pudesse. O United rejeitou dois pedidos do meio-campista inglês para ser emprestado e, agora que ele vai permanecer, precisa fazê-lo sentir-se novamente uma peça importante no elenco.

A lesão de Matheus Cunha e a solução óbvia de avançar Bruno Fernandes abrem uma vaga para Mainoo no meio-campo, e Rúben Amorim seria louco se não a aproveitasse. O meio-campista marcou o gol da vitória na final da Copa da Inglaterra contra o Manchester City em 2024 e conhece essa rivalidade desde sempre, tendo crescido nas áreas dominadas pelo azul em Stockport.

Mas Mainoo não precisa apenas entrar em campo contra o City. Ele precisa de um papel maior e de mais responsabilidades pelo restante da temporada e além. O jovem de 20 anos é um dos meio-campistas mais talentosos que a Inglaterra produziu nos últimos anos, e Amorim precisa reparar o relacionamento com ele e aprender a extrair o melhor de seu talento, começando já neste domingo, no Etihad Stadium.