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Jack Grealish rebirth GFXGetty/GOAL

Os bastidores do ressurgimento de Jack Grealish: de encostado no Manchester City a ícone do Everton

Jack Grealish estará limitado ao papel de mero espectador quando o Everton visitar o Manchester City neste sábado (18), mas será calorosamente recebido de volta pelo público do Etihad Stadium, que o adorava por sua personalidade alegre e brincalhona. Grealish alcançou o status de herói ao se tornar o centro das celebrações da incrível temporada 2022/23 dos Cityzens: ele saiu do Estádio Atatürk, em Istambul, carregando uma grande caixa de som, continuou a festa em Ibiza e depois desfilou em Manchester.

Para Guardiola, entretanto, Grealish nunca voltou a ser exatamente o mesmo jogador daquela temporada — sua segunda desde a transferência do Aston Villa, em um acordo recorde da Premier League de £100 milhões. No City, o inglês se tornou uma peça tática importante, conhecido entre companheiros e membros da comissão técnica como a “estação de descanso”, pela habilidade de manter a posse de bola sob controle e sofrer faltas. Na temporada seguinte ao triunfo da Tríplice Coroa, porém, Jeremy Doku foi contratado para disputar a posição na ponta esquerda com Grealish.

Phil Foden, que esteve lesionado ou doente em momentos-chave da temporada 2022/23, também passou a competir com Grealish por uma vaga no meio-campo do City em 2023/24. O papel do ex-Aston Villa acabou diminuindo não apenas pela forte concorrência, mas também por uma série de lesões persistentes. Ao fim de uma campanha decepcionante para Grealish — mas histórica para o City, que conquistou sua quarta Premier League consecutiva —, Guardiola prometeu: “Ele vai voltar. Ele lutou nesta temporada. Jeremy [Doku] deu um passo incrível, como todos viram nos últimos jogos, mas Jack vai voltar ao nível da última temporada — tenho certeza.”

Guardiola, no entanto, não estava correto. Depois de ter começado dez partidas da Premier League na temporada anterior e contribuído com quatro gols, Grealish fez apenas sete jogos como titular, marcou uma vez e deu uma assistência na Premier League 2024/25. Com o aumento da concorrência, agora com Savinho e Omar Marmoush, acabou sendo suplente não utilizado na final da FA Cup — mesmo com o City em desvantagem no placar contra o Crystal Palace.

No meio da temporada, Guardiola admitiu que havia, de certa forma, desistido de Grealish: “Eu quero o Jack que ganhou a Tríplice Coroa? Sim, quero. Mas tento ser honesto comigo mesmo sobre isso.” Grealish, no entanto, voltou a ser esse jogador — só precisou deixar o City e Guardiola para trás para se redescobrir.

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  • Jack Grealish David MoyesGetty

    Algo a provar

    Quando Grealish estava procurando um novo clube na última janela, teve várias conversas com David Moyes. O escocês, treinador da Premier League há mais de duas décadas, sabia exatamente como extrair de Grealish tudo o que ele podia entregar. Moyes via um jogador que havia caído na estima dos fãs de futebol — assim como ele próprio, após seu período desastroso de dez meses à frente do Manchester United, imediatamente após a saída de Sir Alex Ferguson.

    E, da mesma forma que Moyes emergiu daquele tempo angustiante em Old Trafford para vencer um troféu europeu com o West Ham e liderar um ressurgimento impressionante no Everton — que estava em perigo de rebaixamento quando ele retornou no início de 2025 —, acreditava que Grealish também poderia dar a volta por cima.

    "Ele acha que precisa fazer algo para se provar e se afirmar", explicou Moyes após contratar Grealish por empréstimo, na véspera da nova temporada. "Eu mesmo tive que fazer isso. Tive que me recuperar depois de ser derrubado. Às vezes, é preciso ter essa resiliência para reagir, lutar e mostrar a todos. Eu apenas sinto que Jack está carregando isso com ele agora. Espero que isso apareça nesta temporada porque, se acontecer, teremos muitas coisas boas de Jack."

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  • Everton v Crystal Palace - Premier LeagueGetty Images Sport

    Sentindo-se amado

    Não demorou muito para o Everton tirar o melhor de Grealish. Em sua primeira partida como titular pelo clube, ele inspirou a equipe a uma vitória por 2 a 0 sobre o Brighton, no primeiro jogo competitivo realizado no novíssimo Hill Dickinson Stadium, dando assistências para ambos os gols. Só nessa estreia, Grealish igualou o número de participações em gols de toda a sua última temporada com o City.

    No jogo seguinte, contra o Wolves, Grealish deu mais duas assistências na vitória por 3 a 2. Nenhum jogador criou mais gols na Premier League em agosto, e o meia foi justamente eleito o Jogador do Mês da principal divisão inglesa. Pouco mais de um mês depois, Grealish garantiu a vitória sobre o até então invicto Crystal Palace ao marcar nos acréscimos e selar o triunfo por 2 a 1.

    Foi seu primeiro gol com a camisa do Everton — um gol meio “truncado”, é verdade —, mas que demonstrou sua garra: ele bloqueou um chute de Daniel Muñoz dentro da pequena área e acabou desviando a bola para o gol. Grealish vinha se cobrando para balançar as redes nas partidas anteriores, e, como diz o ditado, na terceira vez deu certo.

    "Foi uma sensação inacreditável", disse ele. "E sabe o que é louco? Nos últimos jogos em que estivemos aqui, estávamos empatando e continuei dizendo a mim mesmo, no minuto 85: 'Vamos, Jack, imagine se você marcasse agora'. Fiz isso contra o Villa e o West Ham e não marquei, então hoje disse a mesma coisa de novo — e marquei."

    Grealish também dedicou o gol “a todos os torcedores dos Toffees que me fizeram sentir tão bem-vindo”. Ele acrescentou: “A maneira como me fizeram sentir desde que cheguei aqui — mesmo quando os vejo fora do estádio, apenas pelas ruas — é incrível. Não há melhor sensação na vida do que se sentir amado.”

  • Everton v Crystal Palace - Premier LeagueGetty Images Sport

    Símbolo do estádio "icônico"

    Moyes percebeu que Grealish precisava de mais cuidado e atenção do que vinha recebendo no City sob o comando de Guardiola. “Ele provavelmente precisa de um pouco de amor e atenção”, disse após o jogo contra o Palace. “Ele está fazendo uma grande diferença — sejam suas assistências, sua presença, muitas coisas. Então, todo o crédito a ele. Está jogando os minutos que talvez não tivesse nos últimos anos. Sabe, ele é tão bom. O que Jack nos dá é algo que está no limite — esperamos que no limite da criatividade e, talvez, também dos gols.”

    “Não tem nada a ver comigo, deixe-me dizer — tem tudo a ver com Jack e sua própria mentalidade de querer ser melhor”, acrescentou Moyes. “Há um pouquinho a provar, tenho certeza — acho que todos nós temos. Na vida, sempre há algo pelo qual precisamos nos esforçar. E acredito que Jack quer mostrar que é um bom jogador. Acho que ele está mostrando isso neste momento.”

    Embora o técnico do Everton não tenha tentado se apropriar do crédito pelo renascimento de Grealish, é evidente que está fazendo algo certo. O meia parece se encaixar muito melhor no Everton do que no City — justamente porque voltou a ser o protagonista, como era em seu clube de infância, o Aston Villa. Apenas Iliman Ndiaye chega perto dele no elenco do Everton em termos de talento, mas, em status, Grealish é de longe o jogador mais famoso. Ele é o centro das atenções para os torcedores, e sua camisa se tornou a mais vendida na loja do clube.

    Grealish também virou um símbolo do espetacular novo estádio do Everton, com capacidade para 52 mil pessoas e localizado às margens do Rio Mersey. “É incrível, parece icônico”, disse ele sobre a nova arena. E ele é, de fato, o seu ícone.

  • Jack Grealish EvertonGetty

    "Guerreiro em treinamento"

    Apesar de seu status de estrela, Grealish não anda como se fosse o dono do lugar. Sua atenção aos fãs em busca de fotos e autógrafos tem sido notada — assim como acontecia no City. Mas sua ética de trabalho também vem sendo comentada, de uma forma que nem sempre era elogiada em Manchester.

    “A coisa que notei é que Jack é um dos primeiros a chegar e um dos últimos a sair todos os dias dos treinos”, disse o meio-campista Kieran Dewsbury-Hall ao The Athletic. “Ele está sempre fazendo sessões de recuperação, banhos de gelo, massagens, colocando-se na melhor posição possível para render. Ele se manteve em ótima forma. Todos sabem que Jack está em seu melhor quando tem um sorriso no rosto e joga com confiança. Ele quer atuar toda semana e mostrar às pessoas do que é capaz.”

    Carlos Alcaraz acrescentou: “O que realmente me impressionou é que ele tem sido um verdadeiro guerreiro nos treinos. Queremos essa atitude. Estamos em um clube onde todos estamos juntos. Ele é um grande cara. No curto tempo em que esteve aqui, conversou com todos e tentou conhecer a todos.”

  • Everton FC v Manchester City FC - Premier LeagueGetty Images Sport

    "Bastante vulnerável"

    O retorno de Grealish à boa forma não é apenas motivo de alegria para os fãs do Everton e para os torcedores do City; qualquer pessoa com o mínimo interesse por futebol não conseguiu evitar um sorriso ao vê-lo ter sucesso novamente. O período de estagnação de Grealish no City não foi agradável, e o jogador admitiu que seu amor pelo jogo diminuiu ao ficar continuamente fora dos onze iniciais de Guardiola.

    Ele disse à Sky Sports: “Para mim, eu queria vir para cá, e o principal era aproveitar o futebol, sabe, desfrutar de jogar todos os dias. Acho que, talvez, em certas ocasiões nos últimos anos, eu tenha me desapaixonado — não desapaixonado, mas apenas não curtia o futebol tanto quanto deveria. Minha família me disse isso algumas vezes, quando eu estava em casa e tal. Isso não é culpa de ninguém, só minha. Mas, sim, eu amo futebol absolutamente e quero ter essa sensação de novo — aquela de acordar no dia do jogo e não ver a hora de entrar em campo.”

    Grealish se aprofundou mais em sua recuperação emocional ao conversar com seu ex-técnico no Aston Villa, Tim Sherwood: “Estou no meu melhor quando me sinto amado. Você sabe que sou bastante vulnerável fora do campo e queria ir para algum lugar onde pudesse sentir o amor de novo — apenas acordar e querer jogar com um sorriso no rosto. Obviamente, as pessoas têm uma percepção de mim, mas não há nada que eu ame mais do que jogar futebol. Seja no campo de treino, eu amo jogar futebol.”

  • Everton v Crystal Palace - Premier LeagueGetty Images Sport

    "Apenas vá e jogue"

    Houve também um pouco de autorreflexão sobre o que deu errado no City: “As pessoas dizem: ‘Ele gosta de sair, gosta de festas’ — e eu gosto. Quero poder viver minha vida e me divertir também, mas há um tempo e lugar para fazer isso. Vou ser honesto com você: provavelmente não escolhi os momentos certos — às vezes, no City, por exemplo, não me ajudei em certas ocasiões, vou dizer isso abertamente — mas não acho que foi tudo por causa disso.”

    “As pessoas me dizem: ‘O que aconteceu no City?’ Mas eu tive dois bons anos lá. No primeiro ano, eu estava me acostumando com tudo: indo para lá por essa quantidade de dinheiro, lidando com a pressão e apenas me adaptando à forma como o treinador queria jogar e ao ambiente. No segundo ano, ganhamos a tríplice coroa e foi um ano inacreditável. Eu adorei. No terceiro ano, atribuo isso a mim mesmo e sinto que não fiz as coisas certas naquela temporada.”

    Grealish não pode mudar o que aconteceu no City, mas ainda tem muito de sua carreira pela frente, apesar de ter completado 30 anos recentemente. Ele tem uma vaga na seleção inglesa pela qual lutar e, embora Thomas Tuchel não tenha recompensado seu bom momento com uma convocação em setembro ou outubro, as chances de Grealish voltar a ser chamado aumentam se mantiver a consistência. Ele só precisa continuar fazendo o que tem feito.

    Mas, mesmo que não faça parte da Inglaterra na Copa do Mundo de 2026, Grealish sente-se novamente como o jogador pelo qual os fãs ingleses se apaixonaram. Ele está em seu melhor momento quando se sente desejado e responsável por conduzir um time.

    “Não quero dizer isso de forma arrogante, mas gosto quando os treinadores dizem: ‘Você é o jogador de futebol, vá e faça o que quiser fazer’”, disse ele a Sherwood. “Prefiro que alguém diga: ‘Quando você pegar a bola, Jack, vá e jogue’. É isso que ele [Moyes] me diz. Obviamente, você tem seus deveres, tem papéis a cumprir sem a bola, mas ele me fala: ‘Quando pegar a bola, vá e faça o que quiser fazer.’”

    Grealish está fazendo o que costumava fazer mais uma vez. Ele não é mais a “estação de descanso”; ele é o talismã — e é assim que gosta.

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