A base mais exigente do mundo: Manchester City estava certo ao vender Cole Palmer, Morgan Rogers e outras de suas joias?

Já se perguntou por que Rogers e Palmer fazem a comemoração “gelada” após marcar gols? Os dois eram inseparáveis quando jogavam juntos nas categorias de base do Manchester City entre 2019 e 2021, e ambos balançaram as redes na final da Copa da Inglaterra sub-18 de 2020 contra o Chelsea. Ainda assim, não há dúvida de que Palmer se destacou mais nesse nível. Rogers, atuando na ponta oposta, participou de metade dos jogos e teve bem menos impacto, contribuindo para apenas 12 gols.

Enquanto Palmer foi rapidamente promovido ao time principal, Rogers passou por empréstimos ao Lincoln City e ao Blackpool, ambos na League One (como é chamada a terceira divisão inglesa), além do Bournemouth na Championship (segunda divisão), antes de se transferir para o Middlesbrough em meados de 2023. Essas experiências o moldaram no excelente jogador que acabou conquistando o prêmio de melhor jogador da temporada da Associação dos Jogadores Profissionais da Inglaterra em sua primeira temporada completa pelo Aston Villa.

Embora o City certamente gostaria de contar hoje com a versão atual de Rogers, a verdade é que ninguém questionou sua saída na época — nem mesmo ele. O próprio jogador admitiu no mês passado: “Eu simplesmente não era bom o bastante, é isso. Eu não estava pronto, não estava preparado para estar lá. Eu não era eu mesmo, não era o jogador que eles imaginaram quando me contrataram. Eu não era o jogador certo no momento certo — nem para mim, nem para o clube.”

Veredito: decisão certa

Entre todos os jogadores revelados pela base do Manchester City no século XXI, Cole Palmer é o que realmente escapou. E, embora outros tenham despontado depois de deixar o clube, Palmer já vinha mostrando seu talento enquanto ainda pertencia ao City — e eles sabiam exatamente o quão bom ele era.

Ele marcou 42 gols e deu 19 assistências em 61 partidas pelos times sub-18 e sub-21, além de aproveitar bem suas oportunidades no elenco principal, participando de um gol a cada 185 minutos, mesmo com a maioria das suas aparições vindo do banco. O City pôde ver claramente sua evolução pouco antes de deixá-lo ir para o Chelsea, já que ele marcou em dois de seus três últimos jogos pelo clube — na Supercopa da Inglaterra e na Supercopa da UEFA.

Mesmo assim, poucos torcedores do City reclamaram dos £42 milhões recebidos pela sua venda, e a ascensão de Palmer no Chelsea surpreendeu muitos, com 22 gols e 11 assistências na Premier League em sua primeira temporada.

Palmer poderia ter sido o sucessor de Kevin De Bruyne no Etihad Stadium e preenchido a lacuna deixada por Riyad Mahrez como ponta produtivo. E imagine o orgulho dos torcedores ao vê-lo seguir os passos de Foden, tornando-se mais um talento local transformado em estrela do time principal.

Veredito: decisão errada

Jeremie Frimpong se mudou de Amsterdã para Manchester aos sete anos com a mãe e seis irmãos, e dois anos depois ingressou na base do City. Permaneceu lá por nove anos, mas acabou se sentindo travado em seu desenvolvimento, já que frequentemente atuava em categorias abaixo da sua idade.

Quando tentou discutir um novo contrato em 2019, foi friamente informado de que era “pequeno demais” e não tinha o físico necessário para o time principal, além de ser comparado a colegas que, segundo o clube, haviam evoluído mais. Assim, Frimpong decidiu sair e assinou com o Celtic, onde ganhou sequência e se transformou no lateral-direito de alto nível que é hoje.

Durante a campanha vitoriosa do Bayer Leverkusen na Bundesliga em 2024, em que teve papel fundamental, muitos torcedores do City começaram a se perguntar se o clube havia cometido um erro ao deixá-lo partir. Essa sensação só aumentou recentemente, já que a equipe tem carecido de um lateral-direito consistente devido à queda de rendimento de Kyle Walker — enquanto Frimpong se juntou ao rival Liverpool por £29,5 milhões na última janela.

Veredito: decisão errada

Michael Olise é um homem de poucas palavras, mas recentemente deixou que seu futebol falasse por ele — com impacto devastador. Rejeitado por grandes clubes como Arsenal, Chelsea e Manchester City, ele se transformou em um dos destaques do Bayern de Munique e em um dos principais garçons para Harry Kane.

Olise chegou ao City aos 15 anos, depois de ser dispensado pelo Chelsea, mas não atingiu o nível esperado e permaneceu apenas uma temporada na base, descendo um degrau ao se transferir para o Reading. Lá, se destacou rapidamente e, em dois anos, já fazia parte do time principal, chamando a atenção na Championship.

O Crystal Palace o contratou por £8 milhões — um verdadeiro achado, considerando que três anos depois o venderia ao Bayern por £52 milhões. Olise marcou 17 gols e deu 17 assistências em sua temporada de estreia na Allianz Arena, conquistando o título da Bundesliga. Nesta nova campanha, ele mantém o mesmo ritmo, deixando o City e outros grandes clubes que o dispensaram se perguntando como não conseguiram enxergar seu talento.

Veredito: decisão errada

Jadon Sancho passou apenas dois anos no Manchester City, mas foi na base do clube que deu o salto de jovem promissor para potencial talento geracional, após chegar vindo do Watford. Ele brilhou no time sub-18 ao lado de Phil Foden, destruindo adversários — inclusive seu futuro clube, o Manchester United —, mas ficou frustrado ao não ser incluído na turnê da equipe principal pelos Estados Unidos em 2017, enquanto Foden foi selecionado.

Descontente, Sancho deixou de comparecer aos treinos e forçou uma transferência de £8 milhões para o Borussia Dortmund, sem jamais atuar pelo time principal do City. Na Alemanha, explodiu como um dos jovens mais empolgantes do mundo, registrando 17 gols e 17 assistências em uma única temporada. O desempenho lhe rendeu uma transferência de £74 milhões para o Manchester United, da qual o City ainda lucrou £10 milhões extras graças a uma cláusula de revenda.

Embora sua ascensão meteórica no Dortmund tenha levantado dúvidas sobre a decisão do City na época, o rumo de sua carreira desde o retorno à Inglaterra — marcado por afastamentos no United, um empréstimo decepcionante ao Chelsea e pouca relevância no Aston Villa — acabou justificando a escolha do clube.

Veredito: decisão certa

Jamie Gittens seguiu um caminho diferente do de Olise, ingressando no City aos 14 anos após se destacar nas categorias de base do Reading. Ele era bem avaliado pelos treinadores da base, mas se sentiu motivado ao ver como Jadon Sancho — com quem compartilhava agente — acelerou sua carreira ao se transferir do Manchester City para o Dortmund. Gittens mudou-se para a Alemanha no mesmo período que Jude Bellingham e passou dois anos dividindo o vestiário com Erling Haaland.

Demorou um pouco para se destacar, mas na temporada passada Gittens chamou atenção ao registrar 12 gols e cinco assistências. Como Sancho antes dele, seu desempenho resultou em uma transferência de alto valor de volta à Inglaterra, com o Chelsea pagando até £52 milhões por ele. Seu retorno ao país natal segue um caminho parecido com o de seu antigo companheiro de equipe, tendo iniciado lentamente em Stamford Bridge, com apenas dois jogos como titular sob Enzo Maresca até agora.

Veredito: decisão certa

Liam Delap, filho do especialista em arremessos laterais do Stoke City, Rory, chegou ao Manchester City em 2019, aos 16 anos, após ser descoberto por Joe Shields, chefe de recrutamento da base que também trouxe Sancho e Gittens, entre outros talentos. Delap integrou a mesma equipe vencedora da Copa da Inglaterra sub-18 que Palmer e Rogers e foi promovido ao time sub-23 aos 17 anos. Diferente de muitos jovens da base dos Citizens, ele teve a oportunidade de jogar pelo time principal com Guardiola.

“Ele é o tipo de atacante que não temos”, disse Guardiola em 2022. “É um matador, típico atacante britânico, finalizador incrível. Tem uma qualidade especial, é um atacante diferente.”

Delap sofreu uma lesão no tornozelo logo após sua estreia, ficando cinco meses afastado, período em que o City contratou Haaland. Posteriormente, foi emprestado três vezes na Championship antes de ser vendido ao Ipswich Town por £20 milhões. Ele se destacou na Premier League com os Tractor Boys, garantindo uma transferência de £30 milhões para o Chelsea, embora uma lesão em seu terceiro jogo da temporada tenha atrasado seu impacto em Stamford Bridge. Com Haaland garantindo gols no City, o clube não deve se arrepender de lucrar com Delap.

Veredito: decisão certa

Roméo Lavia chegou ao Manchester City vindo do Anderlecht aos 16 anos e rapidamente impressionou os treinadores. Foi promovido ao time sub-23 e, em menos de um ano, estreou pelo time principal de Guardiola na Copa da Liga Inglesa. No entanto, o clube optou por lucrar com ele, vendendo quatro jogadores ao Southampton em meados de 2022.

A venda de Lavia rendeu ao City £14,5 milhões, e o clube recebeu mais £10 milhões quando o Chelsea o contratou por £58 milhões apenas um ano depois. Ele teve um início difícil no Chelsea, jogando apenas 32 minutos na Premier League em sua primeira temporada devido a lesões. Desde então, se recuperou, mas até agora se destacou mais como jogador de elenco, o que reforça que o City não errou ao vendê-lo.

Veredito: decisão certa

Pedro Porro é um dos vários jogadores contratados pelo Manchester City que nunca atuaram pelo time principal e pouco treinaram com ele. O lateral espanhol chegou ao clube em 2019, vindo do Girona — também do City Football Group — por £11 milhões, mas foi imediatamente emprestado ao Valladolid. Um ano depois, passou por empréstimo ao Sporting, com opção de compra de £7 milhões.

O clube português exerceu a opção, resultando em uma perda de £4 milhões para o City. Porro acabou se transferindo para o Tottenham, e embora tenha tido dificuldades em sua primeira temporada, tornou-se um dos laterais mais consistentes e empolgantes da Premier League, justamente quando o City precisava de um lateral-direito confiável.

Além disso, Porro tem sido um verdadeiro tormento para o City, destacando-se na vitória por 4 a 0 do Tottenham no Etihad Stadium na última temporada e no triunfo por 2 a 0 no início desta campanha.

Veredito: decisão errada

Brahim Díaz jogou apenas 50 minutos na Premier League pelo Manchester City, mas isso bastou para que o Real Madrid investisse £15 milhões nele. A transferência foi um grande voto de confiança em um jovem de 19 anos, mas a mudança ocorreu cedo demais, e Brahim teve dificuldades para conseguir espaço nos 18 meses seguintes no clube espanhol.

Ele se destacou ao ser emprestado ao Milan, desempenhando papel importante na conquista do primeiro título da Serie A do Rossoneri em 11 anos, em 2022. Um ano depois, retornou ao Real Madrid e se tornou um jogador confiável sempre que necessário.

Brahim ainda fez o City sofrer ao marcar contra seu antigo clube na última temporada, na virada por 3 a 2 no primeiro jogo dos playoffs das oitavas da Champions League. Apesar disso, poucos torcedores ou representantes do City consideram que foi um erro deixá-lo partir.

Veredito: decisão certa