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Atletico Madrid issues GFXGetty/GOAL

Atlético de Madrid gasta demais para ser coadjuvante em mais um ano - e tropeços podem custar o emprego de Diego Simeone

Quando Clément Lenglet enfrentou a imprensa após a cruel eliminação do Atlético de Madrid para o Real Madrid na última edição da Champions League — nos pênaltis —, o francês admitiu que os companheiros que acabara de deixar no vestiário do Metropolitano ainda estavam em "estado de choque".

Apesar da forma dolorosa da queda nas oitavas de final, Lenglet adotou um tom desafiador. O Atleti havia sido a melhor equipe em campo, vencendo por 1 a 0 na noite e forçando a disputa de pênaltis, que acabou sendo decidida por conta da controversa regra do "toque duplo" — desde então modificada. Ele foi rápido em destacar que o time de Diego Simeone ainda tinha a partida de volta da semifinal da Copa do Rei contra o Barcelona pela frente.

"Fizemos uma grande atuação do início ao fim", disse o francês à Movistar Plus. "Acredito que merecíamos a vitória — como equipe, como clube, pelos torcedores e por todo o apoio que nos deram, que foi fundamental. Vamos lidar com o golpe na moral nos próximos dias. Ainda temos muito trabalho pela frente, temos competições importantes em disputa; a temporada não acaba hoje."

Mas, de certa forma, acabou sim. O Atlético jamais conseguiu se recuperar totalmente da eliminação cruel na Champions. E, na verdade, ainda não se recuperou.

Um clube que mais uma vez investiu pesado na janela de transferências iniciou a nova temporada de LaLiga de forma lenta, o que já começa a levantar questionamentos sobre se o Atlético está realmente tirando proveito do investimento feito em um elenco caro — e no técnico mais bem pago do mundo.

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  • FBL-EUR-C3-MADRID-BILBAOAFP

    Clube construído à imagem do treinador

    A decisão do Atletico de conceder a Diego Simeone uma renovação de contrato histórica em novembro de 2023 parecia totalmente lógica na época. O argentino era - e ainda é - um ícone no Metropolitano, tendo conquistado oito títulos com um clube que estava em total desordem quando ele assumiu em 2011.

    O Atleti vencer o título espanhol em 2013/14 - enquanto ao mesmo tempo alcançava a final da Champions League - é considerado um dos grandes feitos da era moderna, dada a qualidade da oposição. Desde então, Simeone tornou-se ainda mais sinônimo do Atlético, tanto que é difícil pensar em outro time que personifique tão perfeitamente seu treinador.

    No seu melhor, os Rojiblancos são absolutamente implacáveis, nunca dando menos de 100% em sua agressiva busca pelo sucesso. Como Antoine Griezmann disse recentemente, não é fácil jogar pelo Atlético porque Simeone exige tanto esforço, orgulho e paixão de seus jogadores quanto ele mesmo.

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  • Julian Alvarez Atletico Madrid 2024-25Getty Images

    Chegada de Julián Álvarez

    Já na época da renovação de contrato de Simeone, estava claro que o Atlético precisaria investir ainda mais no elenco do que havia investido para manter seu técnico. A equipe dava sinais de envelhecimento e carecia de jogadores decisivos. Por isso, dos €188 milhões gastos na janela de transferências de meados de 2024, uma quantia inicial de €75 milhões foi destinada a convencer o Manchester City a liberar o atacante argentino Julián Álvarez.

    A negociação chamou atenção em toda a Europa, mas o campeão mundial rapidamente mostrou que valeu o investimento, marcando 30 gols em 58 partidas em todas as competições. O problema para Simeone, no entanto, é que a chegada de Álvarez não resolveu todas as deficiências do time.

    O zagueiro espanhol Robin Le Normand foi uma boa adição à defesa, o atacante norueguês Alexander Sorloth cumpriu bem o papel de reserva confiável, e a versatilidade de Conor Gallagher se mostrou útil em diversas situações. Ainda assim, na temporada passada, o Atlético acabou sendo menos do que a soma de suas partes.

  • FBL-CLUB-WC-2025-TRAINING-ATLETICO-MADRIDAFP

    "Estamos perto"

    Tudo parecia ter se encaixado para o Atlético no meio da temporada, quando o time emplacou uma sequência recorde de 14 vitórias consecutivas, o que os levou a ultrapassar o Barcelona e assumir a liderança de LaLiga. No entanto, a forma da equipe despencou na segunda metade da campanha, e qualquer esperança real de título se desfez na noite de 16 de março, quando os colchoneros desperdiçaram uma vantagem de 2 a 0 em casa contra o Barça, sofrendo quatro gols nos últimos 18 minutos de jogo.

    A derrota em casa para os catalães na semifinal da Copa do Rei, no dia 2 de abril, selou o destino da temporada: os Rojiblancos já não tinham mais nada em jogo nas seis semanas finais. Restava a esperança de salvar o orgulho no Mundial de Clubes, mas essa chance também se evaporou rapidamente. O Atlético foi, como o próprio Simeone descreveu, "condenado" a uma eliminação decepcionante ainda na fase de grupos, após levar 4 a 0 do Paris Saint-Germain na estreia do torneio.

    Apesar disso, o técnico tentou adotar um tom positivo, argumentando que a queda precoce apenas evidenciava as limitações do elenco.

    "Não estamos no mesmo nível que PSG e Botafogo", afirmou — de forma um tanto curiosa ao incluir os brasileiros na comparação —, "mas conquistamos o mesmo número de pontos que os campeões da Libertadores e da Champions League, e mesmo assim estamos eliminados."

    "Essa é a beleza do futebol: ele nos mostra que estamos perto, mas sempre faltando um pouco. Estamos tranquilos, no entanto, porque sabemos exatamente o que precisa ser melhorado — e isso nos ajuda a seguir em frente."

  • Johnny Cardoso Atletico Madrid 2025Getty Images

    "Precisa dar outro passo"

    Consequentemente, apesar da campanha de 2024/25 ter sido desesperadamente decepcionante e sem títulos, o Atlético de Madrid se mostrou totalmente disposto a apoiar Diego Simeone mais uma vez nesta janela de transferências.

    Embora nenhuma contratação tenha causado o mesmo impacto midiático que a chegada de Julián Álvarez, os Rojiblancos ainda investiram mais €190 milhões em reforços, trazendo nomes como Álex Baena, Thiago Almada, Johnny Cardoso, Dávid Hancko e Giacomo Raspadori — o que deixou Simeone com uma mentalidade bastante positiva antes da estreia do Atlético na nova temporada, contra o Espanyol, no último domingo.

    “Estou muito feliz”, disse ele aos repórteres na semana passada. “Estou feliz onde estou. Ainda tenho a energia que essa função exige. Conheço bem as consequências — sejam boas, medianas ou ruins — do cargo que ocupo.”

    “O clube evoluiu enormemente, e o time precisa acompanhar essa evolução. Nos últimos anos, a equipe cresceu mais do que o clube. Depois, o clube alcançou o time. Então, o clube seguiu crescendo, mas o time estagnou. Agora, a equipe precisa dar mais um passo para alcançar o nível atual do clube.”

    No entanto, o que se viu no domingo pareceu um passo significativo para trás.

  • RCD Espanyol de Barcelona v Atletico de Madrid - LaLiga EA SportsGetty Images Sport

    'Ninguém quer vencer mais do que eu'

    Quando Simeone afirmou, após a derrota por 2 a 1 para o Espanyol, que sua equipe havia jogado bem por pelo menos uma hora, ele tinha razão. Julián Álvarez abriu o placar com uma cobrança de falta magnífica e quase ampliou no segundo tempo, finalizando com um chute rasteiro ao término de uma bela sequência de passes — algo que dificilmente se associaria de imediato a um time comandado por Simeone.

    No entanto, a forma como o Atlético desmoronou depois de sofrer o empate de Miguel Rubio, a 17 minutos do fim, reacendeu questionamentos sobre a força mental da equipe. Além disso, a decisão de Simeone de substituir não apenas Álvarez, mas também jogadores como Álex Baena e Thiago Almada — que vinham atuando bem — gerou amplo debate após a partida.

    “Queríamos colocar jogadores mais frescos”, explicou o treinador. “Gostei das atuações do Almada, do Álex e do Julián. Ninguém quer vencer mais do que eu, mas perdemos — e acho que isso tem sido uma experiência de aprendizado para mim.”

  • Newcastle United v Atletico Madrid - Pre-Season FriendlyGetty Images Sport

    'Quem tenta, não falha'

    Certamente seria surpreendente se Simeone não fizesse ajustes na equipe para o jogo em casa deste sábado (23) contra o Elche, mas é inegável que preocupa o fato de o Atlético ainda demonstrar tanta fragilidade nos momentos decisivos — e já estar correndo atrás do prejuízo logo no início de LaLiga.

    Eles podem não ter gasto dinheiro em escala “estilo Chelsea”, mas poucos clubes na Europa investiram tanto quanto o Atlético nos últimos 14 meses. Por isso, a diretoria tem todo o direito de esperar que esse investimento se traduza em títulos nesta temporada. Na verdade, mesmo antes do tropeço em Cornellà, já havia uma percepção clara de que esta seria uma campanha decisiva para o Atlético sob o comando de Simeone.

    Não há dúvidas sobre sua competência como treinador — ele construiu dois times campeões em sua passagem por Madri. Mas começam a surgir questionamentos legítimos sobre sua capacidade de montar um terceiro. Simeone se irritou com a classificação da temporada 2024/25 como um “fracasso”, argumentando: “Quem não tenta, falha. Quem tenta, não falha.” E ele tem razão ao afirmar que o time não está tão longe de conquistar outro grande título.

    No entanto, a dura realidade é que o Atlético não pode se dar ao luxo de falhar novamente. Não depois de investir tanto dinheiro — no elenco e no treinador.