As 10 melhores janelas de transferências na história do Manchester United

Apesar da conquista de três títulos seguidos, o United não estava preparado para seguir como estava. Eles quase firmaram a chegada de Ruud van Nistelrooy um ano antes, mas uma lesão no joelho melou o negócio. Desta vez, entretanto, o caminho estava livre para o atacante holandês ser contratado. Como se essa chegada já não fosse o bastante, a equipe ainda acertou com Juan Sebastian Veron por um valor recorde, 28 milhões de libras (mais de R$ 173,6 milhões atualmente). O grande problema, contudo, foi a venda de Jaap Stam e a consequente tentativa de substituí-lo por Laurent Blanc, de 35 anos.O resultado foi a perda do título para o Arsenal, com direito a dolorosa derrota em casa no meio do caminho. No ano seguinte, Van Nistelrooy manteve a toada de sua temporada de estreia, no entanto, e foi um dos líderes nas tratativas de reconquistar o título inglês. No fim, o holandês se tornou um dos maiores do clube, com 150 gols anotados. Veron, por outro lado, não chegou a se firmar e acabou vendido ao Chelsea dois anos depois.

O grande alvo do United naquela janela era Alan Shearer, mas o desejo do craque de voltar ao Newcastle, seu clube de infância e grande rival dos Red Devils, falou mais alto. O time, então, redirecionou todo o dinheiro que seria investido em Shearer e trouxe uma série de atletas estrangeiros não tão conhecidos. Karel Poborsky ganhou fama por um golaço na Euro 1996 e Jordi Cruyff ficou mais conhecido por ser filho do lendário Johan do que por qualquer outra coisa. Mas os dois grandes nomes da lista foram Ronny Johnsen e Ole Gunnar Solskjaer, que, juntos, não custaram mais de 2,7 milhões de libras (hoje, cerca de R$ 16,75 milhões). Johnsen se tornou um dos pilares da defesa da equipe por cinco temporadas, o parceiro perfeito para Jaap Stam. Solskjaer, enquanto isso, passou 11 anos no clube, com 126 gols - incluindo, talvez, o mais importante da história do time, em cima do Bayern de Munique, na final da Liga dos Campeões de 1999, que confirmou uma histórica tríplice coroa.

À época, parecia loucura. O United acabara de perder o título da Premier League para o Blackburn e a final da FA Cup para o Everton e acabou indo à temporada seguinte sem nenhuma contratação. Pior, ainda decidiram vender dois veteranos, Andrei Kanchelskis e Paul Ince. E a campanha começou da pior maneira possível, levando Alan Hansen a dizer a famosa frase: "Vocês não vão ganhar nada com garotos". Mas Ferguson tinha um plano. Ele sabia que aquela ótima geração estava próxima da maturidade e que Eric Cantona logo retornaria de sua suspensão, após aplicar um golpe de kung-fu em um torcedor do Crystal Palace. E o francês assim o fez. Aliás, fez mais: voltou com estilo, liderando o United a dois doubles (títulos da liga e copa na mesma temporada) e inspirando David Beckham, Paul Scholes, Nicky Butt e os irmãos Neville para os próximos anos.

Após uma janela de início de temporada quieta, apenas com as adições de Edwin van der Sar e Park Ji-sung, o United foi ao mercado seis meses depois. Acertou as chegadas de Nemanja Vidic e Patrice Evra por um total de 12 milhões de libras (na atual cotação, R$ 74,4 milhões). Mas nenhum deles causou grande alvoroço nas arquibancadas em um primeiro momento, pelo contrário. Na verdade, demoraram a engrenar, com inícios de passagens oscilantes. Mas esses primeiros meses ajudaram-nos a se adaptar ao novo clube, e, quando a nova temporada começou, estavam prontos. Vidic e Evra formaram o sistema defensivo da equipe durante os oito anos seguintes, conquistando quase tudo que foi possível (faltou apenas a FA Cup). Contratá-los por tão pouco foi um ótimo negócio.

Com a recente agonizante perda do título da temporada 2011/12 para o Manchester City, a avaliação no Old Trafford era de que faltava poderio ofensivo para reconquistar a Premier League diante do quarteto formado por Sergio Agüero, Mario Balotelli, Edin Dzeko e Carlos Tévez nos ‘vizinhos barulhentos’. Pois bem, com isso em mente, trataram de acertar com Robin van Persie, que vinha de uma temporada espetacular com o Arsenal, com 30 gols anotados, por 24 milhões libras (hoje, cerca de R$ 155 milhões). Parecia um claro acerto - e realmente foi um ótimo negócio. Van Persie terminou a campanha como artilheiro da liga, com 24 tentos, ajudando os Red Devils a reconquistar a Inglaterra antecipadamente, ainda em abril, graças a um hat-trick sobre o Aston Villa. Esta janela também teve a chegada de Shinji Kagawa, peça-chave no Borussia Dortmund bicampeão alemão de Jürgen Klopp, mas que não chegou nem perto de render tudo o que podia em Manchester.

O United precisava definitivamente ir ao mercado depois de sua pior temporada em 30 anos de Premier League. E precisavam dar suporte ao recém-chegado Erik ten Hag. E assim o fizeram. Porém, as primeiras duas contratações do holandês, Christian Eriksen e Lisandro Martínez tiveram péssimo início, ambos protagonizando momentos na derrota acachapante para o Brentford, por 4 a 0. Àquele ponto, o clube sabia que ainda precisava se fortalecer. Dito isso, foi atrás de Casemiro, cinco vezes campeão da Champions com o Real Madrid, por 60 milhões de libras (um total de R$ 372,1 milhões em cotações atuais). No fim, Eriksen se provou uma boa adição através de transferência gratuita e Martínez revolucionou o sistema defensivo da equipe, calando aqueles que o criticavam por sua baixa estatura. O único negativo da janela foi a vinda de Antony, contratado por 85 milhões de libras (hoje, cerca de R$ 527,1 milhões) e registrando apenas quatro gols e duas assistências na sua primeira temporada. Porém, ainda tem 23 anos e pode contribuir muito. Portanto, o United gastou muito, mas garantiu seu primeiro troféu em seis anos e ainda confirmou vaga na fase de grupos da Liga dos Campeões

Esta foi uma janela de mudanças em Old Trafford, que disse adeus para vários servos leais, como Denis Irwin, Ronny Johnsen e Dwight Yorke. Houve apenas uma chegada nesse período, mas foi uma baita chegada: Rio Ferdinand, por 30 milhões de libras (R$ 18,6 milhões atualmente), um recorde mundial para um defensor. Aos 23 anos, Ferdinand vinha de uma brilhante Copa do Mundo e foi um grande upgrade a Laurent Blanc, transformando o United em um time bem mais sólido e dinâmico, com sua habilidade de subir para o segundo terço do campo. Ele ajudou o United a conquistar o título logo em sua primeira campanha, ms sofreu um grande baque no ano seguinte ao ser flagrado no antidoping. Uma vez de volta, formou grande dupla com Nemanja Vidic e é lembrado como um dos maiores da história do United, com seis Premier Leagues e a Liga dos Campeões de 2008. Além dele, a única outra aquisição daquela janela foi o goleiro espanhol Ricardo, que não atuou por mais de alguns poucos jogos.

Wayne Rooney foi a estrela da Euro 2004 e seria claramente o melhor da Inglaterra nos anos seguintes. Por isso, o United não perdeu a chance de trazê-lo, acertando transferência junto ao Everton por 27 milhões de libras (cerca de R$ 167,4 milhões, atualmente) - hoje, esse preço parece uma barganha. Rooney ficou 13 anos em Manchester, levantando 16 troféus e se tornando no maior artilheiro da história do clube, mas não foi o único destaque daquela janela. Gabriel Heinze também havia chegado, após deixar o Paris Saint-Germain por sete milhões de libras (R$ 43,4 milhões na atual cotação), e não demorou para se tornar um herói local - isso até pedir para ser vendido ao Liverpool e ser mandado ao Real Madrid, ao invés disso, por Ferguson. Alan Smith, também por sete milhões de libras, foi outra chegada, mas nunca conseguiu se provar no time - pelo contrário, sofreu uma dura fratura na perna que complicou ainda mais sua passagem. Por fim, Gerard Piqué foi uma aquisição astuta à época, mas acabou rendendo muito pouco e sendo devolvido ao Barcelona, dois anos depois, por apenas cinco milhões de libras (hoje, R$ 31 milhões). Esse se provou um grande erro de Ferguson.

O United tinha acabado de reconquistar a Premier League após quatro anos, mas ainda carecia de profundidade de elenco. Portanto, foi ao mercado: trouxe Anderson, melhor jogador do Mundial sub-17 do ano anterior, e Nani por um total de 35 milhões de libras (hoje, R$ 217 milhões). Owen Gargreaves, por 17 milhões de libras (atualmente, R$ 105,4 milhões), e Carlos Tévez, por um empréstimo de dois anos por dez milhões de libras (na atual cotação, R$ 62 milhões), também foram adquiridos. E todas essas contratações obtiveram sucesso na primeira temporada, ao menos, atuando na conquista da Liga dos Campeões, em Moscou, sobre o Chelsea - e marcando gols na disputa por pênaltis. No longo prazo, entretanto, houve alguns problemas: Hargreaves sofreu com lesões, Tévez se mudou para o rival Manchester City e Anderson não correspondeu.

Como reagir após uma dura perda de título para um desafiador Arsenal liderado por um francês vanguardista? Contratando um 'xerife' holandês, um atacante produtivo e criativo e uma segunda opção a Ryan Giggs, é claro! Trazer Jaap Stam, por dez milhões de libras, Dwight Yorke, por 12 milhões de libras (cerca de R$ 74 milhões hoje) e Jesper Blomqvist, por outros quatro milhões de libras (atualmente, R$ 24,8 milhões), na mesma janela se provou um acerto muito grande e não só porque encaminhou uma tríplice coroa histórica no ano seguinte - Stam e Yorke seguiram muito bem no clube, sendo peças-chave nas campanhas que trouxeram outros três títulos consecutivos seguindo um período em que os Red Devils tinham a moral no chão depois de verem os Gunners conquistar a Premier League com 12 pontos de vantagem. Para se ter noção de quão boas as chegadas foram, Ferguson afirmou que vender Stam para a Lazio, em 2001, foi seu maior erro na carreira; com a chegada de Blomqvist, a dependência do United em Giggs foi reduzida, apesar do lateral ter tido problemas com lesão nos anos seguintes; a peça final do quebra-cabeça foi Yorke, que anotou 53 gols e 25 assistências em suas duas primeiras temporadas, formando dupla memorável com Andy Cole.