Argentina, Brasil, James Rodríguez e EUA: os vencedores e os perdedores da Copa América

Campeã da Copa do Mundo e bicampeã da Copa América. Pela primeira vez na história do futebol sul-americano, uma equipe consegue uma "tríplice coroa" dessa maneira. Não foi o melhor torneio da Albiceleste em termos de futebol e praticamente não teve momentos de brilho, especialmente pelo fraco desempenho de Messi. No entanto, nomes como Emiliano Martínez, Rodrigo De Paul, Cristian Romero e Lautaro Martínez se consolidam como novos líderes, cada um com seu momento de glória para a consagração, liderados por Lionel Scaloni, que não para de ganhar e celebrar vitórias.

Do ponto de vista estatístico, a Argentina venceu cinco partidas e empatou uma, na qual depois venceu nos pênaltis. Justamente o Equador foi o único time que conseguiu marcar um gol no enorme Dibu.

Para que se entenda. Messi vive sua etapa mais feliz com a seleção argentina, com quatro títulos em três anos. No entanto, esta Copa América parece indicar o doloroso final de uma era. A um ano de sua chegada ao Inter Miami, seu físico já está longe da plenitude, está muito mais frágil e, por isso, ele perdeu o jogo contra o Peru e, pela primeira vez em sua carreira, não conseguiu completar a final devido a uma lesão no tornozelo.

Seu único gol foi na semifinal, em que desviou quase involuntariamente um chute de Enzo Fernández e, se não fosse pelas defesas de Dibu Martínez, sua última imagem teria sido o péssimo jogo contra o Equador, para o qual não estava em condições e não só jogou os 90 minutos desnecessariamente, como também errou o pênalti em uma tentativa mal executada de cavadinha. A nota positiva é que ele já não é imprescindível e isso facilita o caminho para quando não estiver mais presente.

Uma década após aquela Copa do Mundo que o colocou no centro das atenções, o camisa 10 colombiano viveu um mês fantástico, que o levou a ganhar o prêmio de melhor jogador do torneio, apesar de não ter conseguido fazer a diferença na final devido à forte marcação da Argentina.

O meia do São Paulo, cujo destino imediato seria voltar à Europa, terminou com um gol e seis assistências. A maioria devido ao seu impecável manejo da bola parada. O sonho dos Cafeteros sempre esteve ligado ao que acontecia quando James tinha a bola perto de sua perna esquerda.

Absolutamente esquecível a passagem da seleção dos EUA pelo campeonato: ganhou apenas seu primeiro jogo contra a Bolívia, perdeu para o Panamá novamente como na última Copa Ouro e se despediu após perder para o Uruguai. O ambicioso projeto do país continua sem dar grandes frutos ao enfrentar equipes de outras confederações, e dois anos não parecem suficientes para se preparar para a Copa do Mundo que organizarão em 2026.

Muito pior do que a atuação da equipe dos Estados Unidos foi a do país anfitrião, a apenas dois anos de sediar a Copa do Mundo que compartilhará com México e Canadá. Campos de jogo menores do que o tamanho regulamentar, gramado artificial ou híbrido com grandes deficiências, a MLS que continuou sua disputa normalmente e o vexame da final como a cereja do bolo, embora muitas das críticas possam ser compartilhadas com a Conmebol.

O encontro entre Argentina e Colômbia deveria começar às 21h de Brasília, mas quando faltavam 30 minutos e as equipes realizavam o aquecimento, apenas 30% dos torcedores havia entrado, muitos deles sem seu ingresso devido a falhas nos controles, enquanto outros milhares com o ingresso na mão não conseguiam entrar pela única porta habilitada.

Primeiro, o jogo foi adiado por meia hora, depois por mais 15 minutos e só foi começar com 1h20 de atraso em relação ao horário estipulado, com um show de intervalo da Shakira absolutamente desnecessário e anticlimático. Sem dúvida, uma grande preocupação a dois anos da Copa do Mundo.

A seleção do Uruguai chegou como uma das principais candidatas pelos nomes dos jogadores e também pelo funcionamento que encontrou sob o comando do técnico argentino. De fato, ainda é a única equipe que conseguiu vencer a Argentina desde que ela se tornou campeã do mundo, mas ao perder a semifinal contra a Colômbia, não pôde disputar a decisão.

Mas a história do Loco nesta Copa não é futebolística, e sim filosófica: na coletiva de imprensa antes do confronto contra o Canadá pelo terceiro lugar, ele criticou duramente a Conmebol pelo que aconteceu com seus jogadores e os torcedores da Colômbia, além de acusar os Estados Unidos de criar o Fifa Gate para defender seus próprios interesses. O Uruguai deve se contentar com o bronze, mas a ética de Bielsa sempre fica em primeiro lugar.

A seleção brasileira saiu com o status de perdedora desta Copa América. Dorival Júnior foi mal ao apresentar uma das piores versões da equipe que se pode lembrar. No entanto, o desempenho de Vini Jr, apontado como a figura que deveria conquistar a Bola de Ouro, deve ser rapidamente esquecido, pois foi, a nível pessoal, o maior fracasso do torneio.

O astro do Real Madrid pouco fez contra a Costa Rica, mas teve um bom desempenho na segunda rodada, aproveitando a fragilidade do Paraguai. Contra a Colômbia, foi rapidamente advertido, acumulando seu segundo carrão amarelo no torneio, o que o deixou de fora das quartas de final contra o Uruguai.

Se a esperança do Brasil é que ele seja o novo rosto da seleção, assumindo a liderança de Neymar, começou totalmente com o pé esquerdo.

Dentro de uma Copa América em que as seleções da Concacaf tiveram muita dificuldade para serem competitivas, a equipe canadense se destacou como uma revelação. Depois de alcançar a Copa do Mundo no Catar 2022 com uma eliminatória quase impecável, conseguiu deixar para trás Chile e Peru no Grupo A, parou a competitiva Venezuela, perdeu com justiça para a Argentina e quase conquistou o terceiro lugar contra o Uruguai.

Apesar de desordenada tanto para atacar quanto para defender, a seleção canadense disputou um dos jogos mais emocionantes do torneio contra La Vinotinto e é a única equipe da América do Norte e Central que pode sair com a cabeça erguida.

O México voltava à Copa América após oito anos com sede de revanche após a derrota de 7 a 0 para o Chile em 2016. A seleção pretendia promover uma mudança geracional neste torneio, mas isso acabou se transformando em um completo caos e se somou à lista de fracassos em competições internacionais.

Com apenas um gol no torneio e apenas quatro pontos em um dos grupos mais acessíveis, ao lado de Jamaica, Venezuela e Equador, a seleção mexicana foi eliminada precocemente na fase de grupos. A dois anos da Copa do Mundo, onde o México será sede e espera uma participação histórica, está mais perto de repetir uma eliminação na primeira fase do que de chegar ao mata-mata.

O crescimento exponencial da Venezuela na última década coincide com o declínio de países como Peru, Bolívia e Paraguai. Assim, sua primeira presença em uma Copa do Mundo começa a se tornar uma possibilidade concreta para 2026, com uma geração repleta de talento e liderada por Fernando Batista, que conseguiu avançar na fase de grupos com 100% de aproveitamento, mas depois tropeçou contra o Canadá e se despediu nos pênaltis.

As vitórias sobre o México e a goleada sobre a Jamaica estão entre as melhores atuações da seleção, que ainda tem muito a crescer, especialmente em partidas decisivas.

Três seleções, três histórias distintas, mas o mesmo diagnóstico: estão ficando para trás a nível continental diante do crescimento constante de Colômbia, Equador e Venezuela. Chile e Peru ainda não conseguem renovar as equipes que levaram um a conquistar o bicampeonato em 2015 e 2016, enquanto o outro a voltar a uma Copa do Mundo em 2018, apegando-se a fórmulas do passado que já não funcionam.

O caso do Paraguai é diferente, com uma geração repleta de talentos, mas nem Guillermo Barros Schelotto, nem Daniel Garnero conseguiram fazê-la dar liga.

Gustavo Alfaro sempre encontra um jeito de prevalecer. Embora sua Costa Rica não tenha conseguido avançar para a fase eliminatória, ficará na história como a que complicou a vida do Brasil na estreia e conquistou uma vitória sobre o Paraguai, terminando em terceiro no Grupo D, onde suas chances eram praticamente nulas.

Seu bom trabalho deve levá-lo ao Paraguai, com a missão de moldar um aglomerado de individualidades que ainda está longe de ser uma equipe coesa.