+18 | Conteúdo Comercial | Aplicam-se termos e condições | Jogue com responsabilidade | Princípios editoriais
Bellingham Ronaldo Impact GFXGOAL

Apontado como novo Zidane, Jude Bellingham parece mais um novo Cristiano Ronaldo no Real Madrid

Vestindo a camisa 5 do Real Madrid e driblando os defensores adversários para marcar um belíssimo gol, era difícil não evocar memórias de Zinèdine Zidane ao assistir Jude Bellingham jogando contra o Napoli, no emocionante confronto da Liga dos Campeões desta terça-feira (03). No entanto, apesar do do meio-campista francês ser considerado uma lenda no clube, pode ser até injusto compará-lo a Bellingham na forma atual.

Ao marcar o segundo gol merengue na vitória por 3 a 2, ele se tornou apenas o segundo jogador do Real a marcar em seus dois primeiros jogos na Liga dos Campeões pelo clube. O único outro jogador dessa lista? Cristiano Ronaldo.

Colocar Bellingham no mesmo patamar de Ronaldo após apenas nove jogos pode parecer bobo. Ronaldo, é claro, passou quase 10 anos em Madri, marcando 450 gols, conquistando duas La Ligas, quatro Ligas dos Campeões e quatro prêmios Ballon d'Or. Bellingham, em comparação, teve um início prolífico, mas o Real tem apenas uma vantagem de um ponto na liderança da La Liga. Eles não são o mesmo tipo de jogador, nem têm a mesma qualidade (ainda).

É difícil, porém, lembrar de qualquer jogador que tenha exercido um impacto tão imediato no clube como Ronaldo teve quando chegou do Manchester United, em 2009. Para um Real Madrid envelhecido, que está em busca de seu próximo 'Galáctico', há um conforto em saber que sua mais nova estrela parece já ter chegado e tem o potencial para alcançar os mesmos níveis de influência de Ronaldo na equipe.

  • Cristiano Ronaldo Real Madrid 2009 VorstellungGetty Images

    Apresentações diferentes

    Tudo começou em maio de 2008. O jornal espanhol Marca relatou que Ronaldo - à época, por consenso, considerado o melhor jogador da Premier League e suposto vencedor da Bola de Ouro - queria deixar o United. Um dia depois, Ronaldo negou. Sir Alex Ferguson convenceu o jogador a ficar por mais uma temporada, mas a reeleição de Florentino Pérez como presidente do Real Madrid em 2009 praticamente selou o acordo. Aqui, estava o arquiteto dos Galácticos originais voltando para sua cadeira dourada no Santiago Bernabéu - e ele queria a joia da Premier League.

    A aquisição de Ronaldo, confirmada, então, em junho de 2009, foi naturalmente grandiosa. A imagem é icônica: Ronaldo, com a cabeça erguida e os braços abertos, absorvendo o rugido de um estádio lotado. O branco da camisa do Real Madrid é o mais branco possível e seu cabelo está meio bagunçado. Ele foi recebido por Alfredo Di Stéfano enquanto caminhava ao palco, sendo considerado o melhor jogador da história do Real Madrid. Tudo estava preparado para que o novo contratado deixasse sua marca na grandeza do clube.

    A chegada de Bellingham, em comparação, foi bem menos em polvorosa. O jogador de 19 anos fez um tour por Valdebebas antes de conceder uma coletiva de imprensa e participar de uma sessão de fotos. Para um jogador que custou 103 milhões de euros (R$ 562,4 milhões, nas cotações atuais) - contratação mais cara do que a de Ronaldo -, esta não foi bem uma entrada gloriosa.

    Bellingham's arrival, by comparison, was tame. The 19-year-old was taken on a tour of Valdebebas. before a press conference and photoshoot. For a €103-million(£88m/$110m) million player — a more expensive signing than Ronaldo — this was hardly a glorious entrance.

  • Publicidade
  • Jude Bellingham rueda de prensaGetty Images

    Chegou como tinha que chegar

    Em certo sentido, no entanto, a apresentação de Bellingham pareceu de um maior risco. Ronaldo era o atual vencedor da Bola de Ouro e uma superestrela comprovada da Premier League, realmente não tinha nada a provar quando chegou à Espanha. Seu legado no futebol já estava bem encaminhado aos 24 anos, mesmo que ele tenha realmente se tornado uma lenda no Bernabéu.

    Bellingham é diferente. Embora seja considerado pela maioria na Inglaterra e na Alemanha como um dos meio-campistas mais talentosos do mundo, os torcedores do Madrid não estavam completamente convencidos. Lá, chegava um jogador de 19 anos, vindo de um país que nunca conseguiu produzir muitos meio-campistas técnicos valorizados pela La Liga, e que iria vestir a camisa de Zidane.

    É difícil encontrar torcidas que valorizem mais a conexão com o escudo do que a do Real. É contraditório que um dos maiores clubes da Europa, que uma marca global tão forte, seja tão carente de jogadores que 'precisam entender' o que significa ser um 'Madridista'.

    Bellingham certamente deu a impressão de que entendia isso. Em sua coletiva de imprensa de apresentação, o inglês demonstrou um misto de arrogância e humildade; um adolescente que parecia confiante em suas próprias habilidades, mas consciente de que ainda não estava no nível dos grandes do Madrid (ainda). Ele chamou o Madrid de "o maior clube na história do futebol", admitiu que teve "arrepios" quando os Blancos mostraram interesse por seu futebol pela primeira vez e chamou Zidane de um dos melhores da história - entretanto, enfatizou que não estava "tentando ser igual a ele".

    Essa foi uma maneira inteligente de lidar com tudo, uma contratação de alto valor mostrando que estava ciente do que o Madrid precisava e do que esperava trazer para o clube.

  • Cristiano Ronaldo Real Madrid Champions LeagueGetty Images

    Substituindo o insubstituível

    Era difícil ignorar o vazio a ser preenchido no Bernabéu. Ronaldo é, por praticamente qualquer medida, o melhor jogador da história do Madrid. Dependendo de qual ideologia de futebol você segue, ele é ou o melhor ou um dos melhores de todos os tempos.

    Por nove gloriosos anos, o português comandou o Real. Ronaldo quebrou todos os recordes de artilharia para os merengues e conquistou tudo o que havia para conquistar. Em uma era em que o Barcelona ,liderado por Pep Guardiola, parecia pronto para dominar o futebol espanhol e europeu, Ronaldo pôde nivelar a disputa praticamente por conta própria.

    Havia outros grandes jogadores ao seu lado - Karim Benzema, Sergio Ramos, Xabi Alonso e Gareth Bale, para citar alguns -, mas Ronaldo era o cara. Ele tinha um ar de confiança. Havia uma celebração característica, um enorme contrato com a Nike, uma iminente apreensão por parte dos defensores adversários sempre que ele tocava na bola.

    E o Madrid realmente não teve ninguém como ele desde então. Benzema liderou o ataque com seus gols após a saída de Ronaldo em 2018, mas, à medida em que entrava na casa dos 30 anos, ficou claro que não se tratava de uma solução a longo prazo. Vinicius Jr. assumiu parte do papel, especialmente devido ao seu destaque no ataque e personalidade contagiante com a bola, mas o brasileiro não tem a simpatia do futebol espanhol como Ronaldo tinha - e isso não se dá por falta de mérito próprio.

  • Jude Bellingham Real Madrid 2023-24Getty

    Todos os ingredientes de uma estrela

    Ainda assim, Bellingham parece pronto para assumir esse papel. Apesar de todas as suas palavras humildes sobre se sentir honrado por poder vestir a camisa e entender a pressão de jogar no Santiago Bernabéu, Bellingham joga como se fosse o melhor do mundo. Ele dribla mais do que todos em campo - exceto Vinicius - e encontra brechas nas defesas com corridas agudas. Parece conseguir segurar a bola por mais tempo - e depois encontra o passe decisivo. É tão habilidoso com a bola que até as decisões erradas parecem certas.

    E depois há os gols. Bellingham raramente finaliza a 25 metros do gol ou se desloca por trás do último defensor para encontrar um cruzamento perfeitamente. Ele também não corta para a perna perna direita ou gira com a perna esquerda.

    Ao invés disso, ele se infiltra nas áreas certas e nos momentos certos para aproveitar as chances que aparecem. Ele antecipa os rebotes para empurrar a bola para o fundo das redes. Mas não se engane: mostrou ao longo de sua curta carreira - e mais recentemente em Nápoles - que também é capaz de fazer o espetacular.

    Mas quando a bola atinge a rede, algo reconhecível acontece. A celebração agora característica de Bellingham começou em seus dias no Birmingham City. O meio-campista corre em direção aos torcedores - adversários ou amigos - e levanta os braços em adoração, quase em apelo por reconhecimento. Nos dias de hoje, ele a encerra com um gesto quase agressivo de agarrar o distintivo do Madrid, puxando a camisa com tanta força que não seria surpresa se a rasgasse.

    Não é o 'Siu' de Ronaldo - mas está perto.

  • Jude Bellingham Real Madrid 2023-24Getty Images

    Se igualando a Cristiano

    Ao todo, Bellingham marcou seis gols em seus primeiros sete jogos na La Liga - mesmas estatísticas de Ronaldo em sua primeira temporada no Madrid. E, embora Ronaldo tenha superado Bellingham em gols na Liga dos Campeões, maracando quatro em seus dois primeiros confrontos no torneio, os números dos dois são surpreendentemente similares até agora. Ronaldo nunca foi realmente considerado um grande garçom, mas Bellingham, mesmo que por pequena margem, já o superou nesse quesito.

    É provável que Bellingham diminua esse ritmo absurdo com o qual tem marcado gols. Ou, talvez mais pertinentemente, simplesmente não seja capaz de manter o ritmo de Ronaldo, um artilheiro do mais alto calibre, com vários arremates por jogo, e que marcou 33 tentos em 35 jogos na temporada de estreia.

    Com Vinicius de volta à forma e contando com uma melhora de Rodrygo, que teve um início um pouco abaixo no que se refere às finalizações, há uma sensação de que Bellingham está apenas temporariamente carregando o piano. Terminar a temporada com cerca de 20 gols já seria um belo retorno para um jogador que não marcou nem dez gols pelo Dortmund.

    Ainda assim, sua influência é maior significativo do que isso. Bellingham e Ronaldo são dois jogadores fundamentalmente diferentes, mas que conquistaram a torcida do Real da mesma forma. O mais novo Galáctico provavelmente nunca igualará os números de gols de Ronaldo e também terá dificuldade para igualar sua contagem de troféus. Mas, se o que importa é carisma, confiança e 'calma', os dois podem ser mais parecidos do que muitos podem imaginar.

0