AFPAntonio Conte promete "trazer o chicote" após Napoli levar seis gols em derrota para o PSV na Champions League
Colapso do Napoli em Eindhoven
Nos primeiros 30 minutos, o Napoli parecia firme, organizado e confiante. O gol de McTominay, de cabeça após cobrança de escanteio, silenciou os torcedores locais e dava indícios de uma atuação convincente. Mas bastaram alguns minutos para tudo desmoronar. Primeiro, um lance infeliz de Alessandro Buongiorno, que desviou para o próprio gol um cruzamento de Ivan Perisic, anulou o bom início napolitano. O empate abalou o time, e logo em seguida Ismael Saibari virou o jogo, finalizando com frieza diante de Alex Meret e completando uma virada impressionante em apenas sete minutos.
O desastre se ampliou no segundo tempo. Dennis Man marcou logo após o intervalo, aproveitando-se da desorganização defensiva do Napoli. Pouco depois da marca de uma hora de jogo, Lorenzo Lucca foi expulso por reclamação, e a frustração de Conte virou incredulidade. Man fez seu segundo gol, e os reservas Ricardo Pepi e Couhaib Driouech completaram o massacre nos minutos finais. McTominay ainda descontou aos 41 do segundo tempo, mas já era tarde demais.
Getty Images SportFurioso, Conte critica o elenco
Após o apito final, Conte não poupou críticas e prometeu ser implacável para extrair o máximo de seus jogadores.
“Há decepção, mas quando situações assim acontecem, nunca é por acaso. Precisamos ser bons para reverter essa tendência, que em certos aspectos nunca me convenceu totalmente”, afirmou.
O técnico, de 55 anos, apontou sem rodeios o que considera a principal causa do problema: uma janela de transferências caótica, que deixou o elenco desequilibrado, com nove reforços chegando ao elenco.
“No ano passado vencemos um campeonato em que os jogadores se superaram; havia união em todos os aspectos. Na minha opinião, nove novos jogadores é demais — fomos obrigados a isso. Trazer nove rostos novos para o vestiário não é fácil. Esse é o nível: a Champions League exige isso. Temos pouco a dizer e muito a trabalhar. Mesmo com esforço, será preciso muito empenho. Este ano será complexo, mas não podemos desesperar.”
Apesar da crise, Conte insistiu que não pretende alterar seu esquema tático.
“Quando se vence, está tudo certo; quando se perde, está tudo errado”, disse. “Vocês mesmos elogiaram a escolha de jogar com quatro meio-campistas, e começamos a fazê-los coexistir. O equilíbrio que encontramos agora é o melhor possível — ter dois pontas abertos nos tira estabilidade. E também não acho justo sacrificar um dos quatro meio-campistas.”
Ele admitiu ter estado menos enérgico na área técnica, mas prometeu que isso mudará.
“Resignado? Não. Eu apenas não consegui transmitir alegria; era difícil fazê-lo durante o jogo”, explicou Conte. “O primeiro tempo foi bom, o segundo, claramente, não. Minha atitude? Fui menos agressivo, sim. Na próxima, trarei o chicote e caminharei como um domador de tigres.”
Conte tem histórico ruim na Champions League
Apesar de seu sucesso em ligas nacionais, o desempenho de Conte na principal competição europeia é decepcionante. Em toda a carreira, soma apenas 16 vitórias, 14 empates e 15 derrotas na Champions League, uma média de 1,38 ponto por jogo. O italiano só chegou às quartas de final uma única vez, há mais de uma década, com a Juventus na temporada 2012/13. Desde então, coleciona eliminações precoces: na fase de grupos com a Juve em 2013/14, nas oitavas com o Chelsea em 2017/18, novamente na fase de grupos com a Inter em 2020/21 e nas oitavas com o Tottenham em 2022/23. Agora, no Napoli, o pesadelo continua.
Após a goleada em Eindhoven, Conte alertou os torcedores para uma temporada turbulenta.
“Só abrimos a janela porque fomos obrigados”, explicou. “Tentamos trazer novos jogadores, mas isso requer tempo e paciência. Os veteranos que conquistaram o título no ano passado precisam liderar o grupo. Fomos nós que construímos essa segunda temporada, então temos de assumir a responsabilidade. Não quero ser excessivamente defensivo, afinal, meu nome é frequentemente usado apenas para gerar audiência. Precisamos trabalhar sabendo que será um ano difícil. Os mais experientes, eu e os que já estavam aqui, precisamos elevar o nível e reencontrar a unidade. Os novos, por sua vez, devem se adaptar com humildade e em silêncio. No ano passado, não havia metas pessoais ou egoístas, só o bem de Nápoles. Nápoles e os napolitanos não devem ser enganados.”
GOALMarca negativa histórica para o Napoli
Os números reforçam o tamanho da crise. Desde a derrota por 6 a 3 para a Sampdoria, em dezembro de 1997, o Napoli não sofria seis gols em uma partida oficial, e é a primeira vez que um time de Conte leva seis gols em um único jogo. O técnico, conhecido por sua disciplina rígida e organização defensiva, agora enfrenta a dura realidade de comandar uma equipe desestruturada. No entanto, ele não terá muito tempo para lamentar: no sábado à noite, o Napoli encara a Inter de Milão em um duelo pesado pela Serie A, mais um teste para a resistência e o orgulho de Antonio Conte.



