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Ange Postecoglou Nottingham Forest GFXGetty/GOAL

Ange Postecoglou só vai dar certo no Nottingham Forest se mostrar que aprendeu com os erros no Tottenham

Depois de um pequeno adiamento, a demissão de Nuno Espírito Santo do Nottingham Forest foi confirmada já nas primeiras três rodadas da nova temporada. O português caiu após desentendimentos internos com o recém-nomeado chefe global de futebol, Edu, além de reclamar publicamente da janela de transferências e de ver seu relacionamento com o exigente dono do clube, Angelos Marinakis, se deteriorar.

De forma curiosa, a saída de Nuno foi anunciada logo após a meia-noite de terça-feira. Menos de 13 horas depois, o Forest já tinha um novo comandante: o australiano Ange Postecoglou, ex-Tottenham. O clube até conversou rapidamente com outros técnicos da Premier League e chegou a sondar José Mourinho, mas fechou com Postecoglou.

A escolha divide opiniões. Aos 60 anos, ele chega pressionado a entregar títulos no City Ground, apesar da experiência recente no Tottenham, onde conquistou a Europa League, mas também amargou um frustrante 17º lugar na Premier League em 2024/25, em uma temporada marcada por lesões. Para ter sucesso agora, vai precisar aprender com os erros do passado.

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    Antítese tática

    A principal dúvida sobre a chegada de Postecoglou é o choque de estilos. Sob Nuno, o Forest se destacou em 2024/25 por uma defesa sólida, paciência para esperar o momento certo e contra-ataques letais. Já o “Ange-ball”, marca registrada no Tottenham, aposta em posse de bola, pressão alta, laterais que fecham pelo meio e defesa avançada — sempre com foco no ataque.

    Esse estilo ofensivo já foi alvo de críticas na Inglaterra. Depois de um bom começo em 2023/24, o Tottenham passou a ser facilmente explorado pelos rivais e terminou a última temporada em 17º lugar, com 22 derrotas — recorde negativo para um time que não foi rebaixado. Entre esses tropeços, duas derrotas justamente para o Forest.

    Agora, no City Ground, o desafio será encontrar equilíbrio. Postecoglou pode ter peças interessantes para o seu modelo, como Gibbs-White, Zinchenko e Elliot Anderson. Mas Nuno havia montado um plano que funcionava. Desfazer tudo e começar de novo seria um risco enorme.

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    Problemas de condicionamento físico

    Outro ponto de atenção é o histórico de lesões. No Tottenham, Postecoglou viveu uma crise grave em 2024/25, chegando a ter 11 jogadores fora ao mesmo tempo. Muitos críticos atribuíram isso ao ritmo intenso de treinos, que exigiam o mesmo nível de esforço dos jogos oficiais.

    Internamente, isso gerou atritos. O chefe do departamento médico, Geoff Scott, deixou o clube após 20 anos por discordar da forma como o treinador lidava com a carga física e a recuperação dos atletas. Estrelas eram apressadas de volta ou até jogavam com dores.

    O Forest, que disputará quatro competições após voltar à Europa depois de 30 anos, já não tinha um elenco tão profundo. Embora tenha feito contratações, não pode correr o risco de sobrecarregar seus principais nomes.

  • FBL-ENG-PR-NOTTINGHAM FOREST-TOTTENHAMAFP

    Clima no vestiário

    Postecoglou também enfrenta o desafio de assumir um clube onde a troca de comando não era desejada. Nuno era popular após levar o Forest de volta às competições europeias, e muitos torcedores esperavam outro perfil de substituto. Nomes como Mourinho, Marco Silva e Pochettino chegaram a ser especulados, o que reforça a sensação de que o australiano não era a primeira opção.

    Como destacou o jornalista Chris Burton, “Postecoglou está tão distante do estilo de Steve Cooper e Nuno quanto possível. Mourinho, com todos os seus defeitos, teria feito mais sentido para um time que valoriza o contra-ataque e a estabilidade defensiva. Se Postecoglou insistir no seu jeito sem ajustes, pode acabar perdendo o grupo e a torcida muito rápido.”

    Ainda há otimismo após a ótima temporada passada, mas o novo técnico terá trabalho para conquistar os torcedores. No Tottenham, ele conseguiu quebrar o ceticismo inicial com uma mentalidade de “nós contra eles”. No Forest, precisará repetir essa força de mobilização.

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    Pedigree europeu

    A contratação de Ange Postecoglou pelo Nottingham Forest está muito ligada à conquista improvável da Europa League na última temporada. O australiano levou um Tottenham em crise a vencer o Manchester United em Bilbao, encerrando um jejum de 17 anos sem títulos. O feito, no entanto, contrastou com a péssima campanha do time na Premier League, onde terminou apenas em 17º lugar.

    Mesmo assim, Postecoglou manteve sua fama de treinador que costuma conquistar troféus. Ele chegou a dizer que “sempre vence algo no segundo ano” – promessa que cumpriu no Spurs. Agora, o Forest acredita que ele pode repetir o sucesso e guiar o clube a um patamar europeu ainda maior, após a recente promoção para a Europa League.

    O próprio dono do clube, Evangelos Marinakis, já havia exaltado o treinador, afirmando que “onde quer que vá, Ange leva conquistas”. Na apresentação oficial, o Forest destacou seu currículo vencedor no Brisbane Roar, Yokohama Marinos e no Celtic, onde conquistou títulos seguidos antes de ir para o Tottenham.

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    Pode azedar rapidamente

    Apesar do otimismo, os riscos são claros. A campanha desastrosa do Tottenham na Premier League ainda está fresca na memória. Postecoglou foi criticado pela queda de rendimento, pelas falhas defensivas e pela forma como lidou com crises internas.

    No Forest, a relação com Marinakis também pode ser um ponto sensível. O português Nuno Espírito Santo caiu justamente por se chocar com o dono do clube, e Postecoglou tem fama de ser ainda mais explosivo.

    Para não repetir erros do passado, o novo técnico precisará de um início sólido, longe da briga contra o rebaixamento, mesmo com o desafio de disputar várias competições ao mesmo tempo. Caso contrário, o clima pode virar rapidamente contra ele e até contra Marinakis, que tomou a decisão de trocar um treinador popular por uma aposta de alto risco.