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Ballon dOr New Era

Acabou a era Lionel Messi e Cristiano Ronaldo: como Jude Bellingham promete dominar a luta pela Bola de Ouro

Havia um clima de tristeza em torno do discurso de Lionel Messi no Ballon d'Or, nesta segunda-feira (30). Segurando o troféu pela oitava vez em sua carreira, o argentino falou sobre suas conquistas dos últimos 12 meses, incluindo sua glória na Copa do Mundo, antes de encerrar seu tempo no palco com uma homenagem a Diego Maradona, que completaria 63 anos naquele dia.

Messi também admitiu que o dia de sua aposentadoria está se aproximando. Houve discussões sobre quanto tempo seu corpo pode resistir e se esta Bola de Ouro seria sua última. O argentino praticamente confirmou essa possibilidade, virando-se para os outros finalistas que estavam sentados diante dele na primeira fila - Erling Haaland e Kylian Mbappé - e insistiu que eles eram os presumíveis sucessores ao troféu.

No entanto, o craque deixou uma pessoa de fora. Apesar de toda a qualidade, gols, troféus e marcas pessoais, Mbappé e Haaland não podem mais reivindicar com segurança serem a dupla incontestável no mais alto nível do futebol como Messi e Cristiano Ronaldo.

Agora, um terceiro concorrente entrou na disputa: Jude Bellingham. No momento, é o meio-campista do Real Madrid quem tem mais chances de ser o melhor jogador do mundo do ano que vem - e pode ser que seja apenas a primeira de muitas Bolas de Ouro...

  • Haaland Mbappe

    Mbappé vs Haaland

    Mbappé é o maior artilheiro da história do PSG, enquanto Haaland quebrou o recorde de gols da Premier League na temporada passada e está a caminho de quebrar vários marcos importantes na Liga dos Campeões.

    Assim como acontecia com Messi e Ronaldo, também há um choque de estilos que torna essa batalha interessante.

    De um lado, temos Mbappé, o astro parisiense, um driblador nato e ótimo finalizador. Ele marca o mesmo gol muitas vezes - o que prova que é um pouco difícil de pará-lo. Guiou o Paris a um título da Ligue 1 após uma disputa emocionante na temporada passada, marcou um hat-trick em sua segunda final seguida de Copa do Mundo, aos 23 anos - e voltou aos treinos do PSG 72 horas depois.

    E do outro lado está Haaland, o "robô". Maior, mais forte e mais rápido do que todos os outros, o norueguês é a combinação perfeita de atletismo e inteligência. Nunca um jogador de futebol tão grande conseguiu encontrar espaços tão pequenos. Ele fez 52 gols parecerem fáceis. Conquistou uma tríplice coroa histórica com o Manchester City e praticamente ridicularizou vários recordes ingleses.

    E ainda temos as personalidades contrastantes - a autoconfiança discreta de Mbappé e o tom franco, quase sinistro, das palavras de Haaland. O fato de os votantes do Ballon d'Or frequentemente se concentrarem demais em estatísticas de gols torna tudo ainda mais envolvente.

    Pelos próximos dez anos, tanto Haaland quanto Mbappé marcarão muitos gols e conquistarão muitos troféus, tanto em equipes quanto individualmente. A largada, portanto, já foi dada!

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  • BellinghamGetty Images

    Bellingham chega com 'os dois pés no peito'

    Bellingham, nos primeiros dois meses desta temporada, fez mais do que o bastante, no entanto, para mudar os rumos desta conversa. Anteriormente, havia motivos para acreditar que ele poderia um dia estar na disputa pelo prêmio, mas, com Haaland e Mbappé fazendo estragos - e um punhado de jogadores da mesma idade impressionando na Europa -, esse dia parecia estar distante.

    As coisas, é claro, mudaram drasticamente. Seus números pelo Madrid até agora nesta temporada são melhores do que os de seus principais rivais para o Ballon d'Or de 2024. O meio-campista inglês marcou 14 gols e deu seis assistências para clube e seleção até o momento - totalizando mais contribuições para gols do que Mbappé e Haaland.

    Suas atuações em grandes jogos só aumentam seus méritos. Desde seus gols decisivos no primeiro El Clássco, até o gol no último minuto para vencer o Union Berlin e outro tento na Liga dos Campeões, este é um jogador que não apenas produz com frequência, mas em situações de pressão - esta é a diferença entre os muito bons e os melhores.

    E havia certo temor de que o Real demorasse a se encontrar uma vez sem seu ídolo Karim Benzema. Mas, apoiando-se na ótima forma de Bellingham, o time de Carlo Ancelotti lidera a La Liga e segue 100% na Liga dos Campeões. Bellingham não apenas preencheu a lacuna deixada por Benzema, mas tem sido ainda melhor que o melhor do mundo da temporada passada.

    Embora o Madrid tenha três pontos a mais nesta fase da temporada em comparação ao ano passado, seu saldo de gols é melhor. Benzema, na mesma fase, registrava apenas sete tentos e uma assistência; Bellingham quase dobrou esse número de gols, mesmo jogando como camisa 10.

  • JUDE BELLINGHAM REAL MADRID LALIGA 28102023Getty Images

    O que mais Bellingham precisa fazer?

    Claro, a questão agora é se Bellingham consegue manter essa forma. Ancelotti afirmou, após a vitória no El Clásico, que consegue vê-lo marcando 20 gols nesta temporada. Mas, na realidade, ele provavelmente atingirá essa marca ainda em 2023. Uma campanha de 30 gols não está fora de questão.

    Isso dito, há um sentimento de que ele eventualmente perderá esse ritmo em algum momento, mesmo que esteja ficando cada vez mais claro a cada jogo que a mudança de sistema do Madrid tenha funcionado muito bem para o meio-campista. Desde que nada importante mude, por que ele não poderia marcar 40 gols?

    Talvez tudo isso se resuma à sua eficiência. Os 13 gols de Bellingham no Madrid vieram de apenas 19 tentativas a gol. Ele não é alguém que chuta por diversão ou se força em áreas de ataque. Cada chute a gol é calculado. Se há críticas de que a maioria dos gols de Bellingham foram marcados de perto, é apenas porque ele chega a essas áreas antes que os defensores - e companheiros. Além do impressionante gol de empate no El Clásico e do gol espetacular em Nápoles, Bellingham está marcando de onde se espera que ele marque. Afinal, existe uma arte em ser um "finalizador" de perto.

    Mas quantos gols ele precisa fazer para seguir nas discussões da Bola de Ouro? Mbappé e Haaland podem marcar 40 gols com certa facilidade, enquanto lideram suas equipes a títulos. O PSG dificilmente não vencerá a Ligue 1 e a França é a favorita atual para a Euro 2024. O Manchester City, por outro lado, também deve ser considerado favorito na Premier League e está focado no bicampeonato da Liga dos Campeões.

    Enquanto isso, o Madrid de Bellingham encontrará mais dificuldades para vencer a La Liga, com o Barcelona e o Atlético de Madrid se postando como bons rivais neste início da temporada. E também não são necessariamente favoritos na Liga dos Campeões. É possível dizer que vencer e ser artilheiro da La Liga e desempenhar papel de destaque em uma eventual boa campanha da Ingalterra na Euro seria o mínimo necessário para que Bellingham mantenha sua liderança atual pelo Ballon d'Or. A temporada é longa, mas, no momento, isso não parece impossível.

  • Luka Modric Ballon d'OrGetty

    Meio-campistas e a Bola de Ouro

    Isso tudo se torna ainda mais difícil devido ao viés pouco favorável a meio-campistas e defensores na votação do Ballon d'Or. Embora ninguém possa questionar as eleições de Messi e Ronaldo ao prêmio tenham nos últimos 15 anos, a falta de meio-campistas e defensores na disputa tem sido evidente.

    Luka Modric, é claro, ganhou o prêmio em 2018 - embora de maneira controversa. Mas, excluindo Virgil van Dijk, que ficou perto em 2019, o prêmio tem sido quase exclusivamente para os jogadores mais ofensivos nos últimos anos.

    Andrés Iniesta e Xavi chegaram ao pódio em vários momentos no início da década de 2010, mas nunca receberam mais do que 17% dos votos. Mesmo Kaká, em sua campanha vencedora de 2007, conquistou a honra enquanto atuava como segundo atacante pelo Milan. Modric foi o primeiro jogador desde Zinèdine Zidane, em 1998, a vencer como meio-campista central.

    Bellingham, é claro, não é um jogador normal. E, para este time do Madrid, ele não joga no mesmo molde de Xavi, Iniesta, Frank Lampard ou Steven Gerrard, todos jogadores respeitáveis aos olhos dos votantes em vários momentos de suas impressionantes carreiras. Mas ele ainda enfrentará uma batalha difícil devido à natureza da sua posição.

    Historicamente, também não é um prêmio para jogadores ingleses. Michael Owen conquistou o Ballon d'Or, em 2001, e, antes disso, Kevin Keegan, vestindo as cores do Hamburgo, em 1971, era o último inglês a vencer. Portanto, se Bellingham triunfar, seria um feito e tanto.

  • Jude Bellingham Kopa Trophy 2023Getty Images

    Não é uma questão de 'se', mas 'quando'

    E Bellingham, caso você não tenha percebido, ainda tem apenas 20 anos. Tem pelo menos mais seis temporadas no Santiago Bernabéu e deve melhorar ainda mais como jogador ao longo desse período. Ele próprio admitiu que sentiu uma evolução nestes três curtos meses desde que chegou a Madri. Portanto, teoricamente, esta nem é a melhor versão de Bellingham.

    O mesmo pode, é claro, ser dito para Haaland. Pep Guardiola tem um histórico impressionante de melhorar jogadores e incentivá-los a evoluir. Este é o treinador que utilizou Messi como falso nove pela primeira vez e, agora, encoraja a maioria da Europa a inverter seus laterais. Ele pode transformar Haaland, um artilheiro nato, em uma ameaça criativa nos momentos certos.

    Mbappé, também, talvez mude como jogador. Sua possível próxima chegada ao Real forçará algumas mudanças táticas. Ele ainda não tem nem 25 anos, então há muito futebol pela frente.

    Mas, enquanto Haaland e Mbappé possuem estilos de jogo já conhecidos, Bellingham é um jogador construído em cima de sua versatilidade. Ele usou o número 22 no Birmingham City e no Borussia Dortmund porque podia jogar como camisa 4, 8 ou 10. O Birmingham, inclusive, aposentou a camisa do inglês quando ele deixou o clube, mesmo registrando apenas 44 partidas pelo clube.

    Portanto, Bellingham é, sim, o primeiro favorito para o Ballon d'Or de 2024, mas é claro que Mbappé e/ou Haaland podem muito bem superá-lo quando chegarmos a julho. Mas, se isso não acontecer no próximo ano, existe a chance de que outro jogador possa fazê-lo.

    Messi e Ronaldo provavelmente já conquistaram suas últimas Bolas de Ouro. Mbappé, Haaland e, agora, Bellingham estão prontos para dominar o futebol.

    Pelo menos pela próxima década.

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